Smely e Jujuba, os gatinhos que não estavam cabendo na mudança, conseguiram um cantinho para esperar os tutores se ajeitarem na Itália e devem se juntar a eles em seis meses. Essa, logicamente, é a boa notícia. A triste é que o post dos bigodes alcançou mais de 15 mil pessoas no Facebook, só duas manifestaram interesse em adotá-los e ambas sumiram.
Quindim e Zula, aliás, passaram pelo feed de 26,7 mil seres humanos e, três meses depois, continuam sem família ― a criatura que topou tomar conta deles quando os tutores se mudaram para a Austrália, em 2016, avisou que não poderá mais a partir de dezembro.
Onde a razão enxerga aumento da conta no veterinário por eventuais doenças da velhice, o coração deveria ver dois animais que precisam de um lar justamente por causa da velhice. Simba não chegou aos 14 anos...
Enquanto eu lia o pedido de ajuda encaminhado pela Fê, repetindo as palavras "desespero" e "choro", só conseguia pensar: "Esse casal vai para a Síria. Lutar na guerra". E o texto, de 45 linhas, ainda terminava com: "O coração está partido, mas nossa situação é mais difícil do que aparenta".
Só que, em vez da Síria, o avião pousaria na Itália. E, no lugar da guerra, rolaria um recomeço profissional, com direito a curso para alma. Sem os gatos, claro, adotados filhotes. Um deles, há 12 anos.
Essa é a história do Smely, um vovozinho que adora bolinhas de papel e não pode ver alguém sentado que já pede um colo. Foi acostumado, desde os 3 meses de idade, a passear de coleira peitoral e deixa muito cachorro com inveja.
Jujuba (Clara cover!) completou 6 anos e, apesar de ter sido resgatada morta de forme e sem o rabinho, segue dócil e ronronante.
Os irmãos moram em Bragança Paulista, mas a gente leva aonde precisar se a viagem valer a gasolina. Por favor, ajudem a divulgar: contato@gatoca.com.br. Esta é a imagem de um bicho que não faz ideia de que, em 23 dias, não terá mais família.
Em algum momento de maio, eu fiquei falando sozinha. Culpei o algoritmo do Facebook, que privilegia memes e conteúdo de qualidade duvidosa, senti mágoa das gerações mais novas, que preferem vídeos a textos, quebrei a cabeça pensando em estratégias para continuar espalhando a palavra de Gatoca.
Eis que, na semana passada, o Blogger (ferramenta que hospeda este blog) me perguntou, como quem não quer nada e com quase quatro meses de atraso, se eu gostaria de continuar recebendo o aviso dos comentários por e-mail. Lá estavam 56 pedidos de ajuda, mensagens de carinho, doações para castração, desabafos.
Para ampliar, cliquem na imagem
Desculpem se cheguei tarde ― foram horas respondendo uma a uma com carinho. E nunca mais me abandonem, ainda que involuntariamente, porque terapia custa caro.
Cães e gatos ajudam no desenvolvimento emocional, cognitivo, físico e social da criançada ― e comem ração juntos, brincam com os cocôs na caixa de areia, se escondem para não tomar banho. Meninos e meninas que crescem com um animal de estimação também ficam menos doentes e sofrem menos de ansiedade.
O vídeo explica por quê. Tem também a Laurinha sendo apertável (obrigada pelo áudio, Bá!), imagens inéditas do Simba brigando contra a doença renal (dois anos depois, ainda morro um pouquinho) e o "gritado" da Chocolate dividindo a narrativa (quem descobre onde?).
Não esqueçam de curtir (e comentar/compartilhar/se inscrever) para o canal crescer mais rápido. Informação muda o mundo. :)
Vocês devem estar sabendo que São Paulo aprovou uma lei que multa quem alimentar e abrigar pombos na cidade, né? Além de antiética, trata-se de uma medida de controle populacional
burra ineficaz.
A pedido da ONG Canto da Terra, eu escrevi um manifesto que explica por que, embasado em estudos científicos, desmistifica a espécie (Gatoca já abrigou uma pomboca!), aponta os reais problemas de saúde pública e ainda sugere soluções.
A íntegra segue abaixo do vídeo do Jairo Mattos. Sim, tem um ator da Globo lendo um texto meu! E vocês nem precisam lembrar de "Barriga de Aluguel", porque ele integra o elenco da novela das seis. rs
Vai rolar uma ação de inconstitucionalidade, pedindo a retirada da tal da lei, e a gente carece de ajuda para pressionar. Compartilhem este post usando #salveospombos.
Porque eles não merecem levar a culpa do nosso lixo!
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Guerra aos pombos: estratégia equivocada e cruel
Por que proibir a população de alimentar e abrigar pombos tende a aumentar a proliferação de doenças, em vez de reduzir, como espera a nova lei paulistana
Em junho, São Paulo condenou uma espécie que já sofre preconceito a ser ainda mais maltratada aprovando a Lei nº 16.914, de autoria do vereador Gilberto Tanos Natalini (PV), que promete multar quem alimentar e abrigar pombos na cidade. Foram realizadas duas audiências na Comissão de Administração, em 18 de dezembro de 2017 e em 8 de março deste ano, sem votação em plenário.
Por considerar uma medida ineficaz e antiética de controle populacional, a ONG Canto da Terra e o Fórum de Defesa e Proteção dos Animais da Câmara de São Paulo entrarão com uma ação de inconstitucionalidade, pedindo sua retirada. E precisam de pressão popular para serem ouvidos. Compartilhem estas informações! #salveospombos
:: Mentiras e esclarecimentos ::
Pombos transmitem 70 doenças ao homem?
Em 2004, o biólogo suíço Daniel Haag-Wackernagel analisou literatura mundial para doenças possivelmente relacionadas aos pombos e encontrou apenas 176 casos relatados de 1941 a 2003.
Em artigo, ele cita que isolaram 60 patógenos em penas e patas da espécie e apenas sete poderiam causar enfermidade nos humanos, indicando que, mesmo convivendo com eles, o risco de adquirir doenças por esse contato é baixo.
Os fungos e bactérias ligados às respectivas doenças ainda são encontrados em cascas de árvores, madeira úmida, solo e materiais orgânicos em putrefação, além de fezes de outras aves que vivem em bandos, não se podendo culpar exclusivamente os pombos.
Alimentar as aves favorece sua reprodução?
Milho e migalhas de pão, comumente oferecidos pela população aos pombos, estão longe de uma dieta nutricionalmente balanceada, não proporcionando ganho energético significativo para aumentar sua procriação, segundo artigo de Wetswood, publicado em 1996.
:: Desdobramentos indesejados ::
Acúmulo de sujeira em locais já poluídos
Weber relata, em artigo de 1994, que os pombos são extremamente adaptáveis e a redução da alimentação em focos isolados acaba fazendo com que migrem para centros com excesso de lixo, multiplicando a quantidade de fezes passíveis de contaminação nessas regiões.
Aumento da violência contra a espécie
Já perseguidas, as aves sofrerão ainda mais maus-tratos com uma lei que as vilaniza, visto que o atendimento à espécie na Canto da Terra triplicou desde sua aprovação.
:: O real problema ::
Desinformação e cegueira seletiva são os principais desafios de saúde pública na cidade de São Paulo, que ignora a sujeira de praças, escolas, bibliotecas e outras áreas abertas, assim como a falta de moradia digna de parcela significativa da população, que (sobre)vive em casas de madeira e chão de terra batida.
:: A solução ideal ::
Investir em educação, limpeza e habitação
Haag-Wackernagel afirma, em artigo de 1995, que o simples ato de limpar as ruas, impedindo o acúmulo de lixo em locais públicos, já é suficiente para a redução da população de aves. É preciso, portanto, criar políticas públicas de manutenção do espaço público e educação ambiental, além de garantir condições decentes de moradia a todos os cidadãos.
Construir pombais ecológicos
Estratégia de países europeus como Espanha, Portugal e Itália, os espaços contam com comida de qualidade e ninhos onde os ovos botados são substituídos manualmente por imitações, permitindo que os pombos choquem normalmente, sem se multiplicarem.
Eu prometi, há 283 posts, publicar a foto que inspirou a caneca do Mercv ― organização até é meu forte, mas assuntos mais importantes acabaram passando na frente (menos o último post, que foi enrolação mesmo). Pois, acreditem, o figura dormia assim:
E Marina (MOKC) o eternizou nesta aquarela delicada:
Para quem está chegando agora, a lojoca nasceu no dia 10, em comemoração aos 11 anos de projeto. E a gente só tem mais oito canecas, sete chaveiros e três ecobags ― é uma coleção ultraexclusiva.
Obrigada, Juliana Ripoli, Eliane Bortolotto, Andrea Baroni, Michele Inocencio, Alice Azevedo e Marcelo Verdegay, por ajudarem o Gatoca a continuar despiorando o mundo! ♥
Lembram do Amarelo, o mijão de roupa no varal, que eu pedi ajuda para castrar em julho? A vaquinha foi um sucesso e a cirurgia também. Aproveitando o gancho, fiz um vídeo explicando as vantagens da operação e esclarecendo as clássicas mentiras. Spoiler: cachorros e gatos esterilizados vivem mais! :)))
Espalhem (e curtam, comentem, compartilhem, se inscrevam no canal, cliquem no sininho para receber notificação dos vídeos novos)! As ruas já estão cheias de bicho passando fome, morrendo de frio e sendo maltratado por seres (des)humanos.
Em maio, eu publiquei um desabafo, pedindo sugestões de como continuar despiorando o mundo com o Gatoca. Referia-me ao alcance do projeto, mas a Denise Pinheiro achou que ele também deveria ser sustentável e propôs uma loja. Neguei de pronto. Só sei costurar botão, pintar cartela de bingo e fazer minhoca de massinha. E me anima ainda menos encarar fila de correio.
Aí, veio a Marina Kater-Calabró com a mesma ideia e a oferta de tocarem a lojoca colaborativamente, me deixando apenas com a parte boa: pensar nos produtos, escrever os textos, fornecer os modelos. Mercv estrela a edição comemorativa de 11 anos, porque foi o bigode que me adotou quando eu não gostava de bicho ― sim, vocês leram certo, eu não gostava de bicho.
A tiragem é ultraexclusiva para sentir o clima. Marina (MOKC) ilustrou as canecas em aquarela, inspirada numa foto real do Mercv (publico no próximo post).
E Denise (Lina Gatolina) pintou as ecobags e costurou os chaveiros de nariz-amor.
Nada com preço "made in China", mas também sem trabalho análogo à escravidão.
Na pata de um animal de estimação (seja ele cachorro, gato, galinha), tudo pode virar arma: ossinho, cordinha, sacola plástica, ratinhos e bichinhos de pelúcia. Mas não é para ficar neurótico! Basta seguir as dicas simples do vídeo e curtir seu amigo sossegado. :)
Tem também imagens da Chocolate drogadita (um atentado à família tradicional felina) e da salsichinha da Fernanda Dias, que cultiva um passatempo macabro. Curtam, comentem, compartilhem, se inscrevam no canal, cliquem no sininho para receber notificação dos vídeos novos, encostem o dedão do pé no nariz!
Eu só queria que os bigodes tivessem um gramado para tomar sol deitadões, descarregar a nhaca e almoçar salada. Mas eles são criaturas ambiciosas e também almejam usá-lo como banheiro, o que arruína todas as opções anteriores, já que o excesso de ureia queima completamente as folhas.
Entre receber um salário para assumir a função de descarga do jardim em período integral e apelar à versão sintética, sem good vibes, a gente decidiu dar uma chance a cada tipo de grama existente no mercado. Lá no fundo, a preta, ou o que restou dos tufos que eles fizeram questão de arrancar um a um. E, aqui na frente, a São Carlos, recém-plantada.
A batalha começou na quarta-feira, com a Nathália Vieira me ligando para pedir ajuda para um tigrinho atropelado no Ipiranga, bairro da amiga alérgica a gatos, que não conseguiu virar as costas. De Sorocaba, eu instruí as duas a colocá-lo na caixa de transporte, arisco por causa da dor, e escrevi para um monte de gente perguntando onde ele poderia ser socorrido àquela hora.
Ninguém soube dizer se os hospitais veterinários públicos atendem emergência sem senha e se funcionam 24h ― nem a assessoria de imprensa, cujo contato espero há dois dias. As meninas acabaram em um particular, na região. E os caras queriam cobrar R$ 1,9 mil pela consulta, uma noite de internação e meia dúzia de exames, que não eram a cirurgia ortopédica.
Pagamos a consulta e a internação (R$ 735), de puro desespero, e continuamos a correria no dia seguinte ― elas lá e eu cá. Nenhum dos hospitais públicos atendia o telefone. Só o da zona oeste caía na gravação, que também não esclarecia nossas dúvidas.
O hospital da riqueza deu início à pressão de que o animal tinha convulsionado, precisaria de transfusão de sangue por conta da anemia e só sairia de lá de ambulância. Mas negligenciou a alimentação, com a desculpa de que colocar a sonda seria agressivo.
Muitas mensagens e ligações depois, a Canto da Terra aceitou receber o peludo e a veterinária Maria Eugênia Carretero esperou-o com a ONG já fechada. Nati largou o trabalho no Itaim, voltou para o Ipiranga (tentaram nos arrancar mais R$ 200 de medicação) e seguiu de coração apertado até a zona norte. Guerreiro queria viver.
Ficou enroladinho na coberta, de soro e vitamina na veia, se sentindo amado por uma noite ― era um gatinho idoso.
Hoje de manhã, a lipidose hepática venceu.
Das lições amargas que ficam:
1) Lugar de bicho é dentro de casa! Ainda que vocês morem em uma vila, que o bairro cuide dele comunitariamente, que ele tenha vivido solto um tempão.
2) A gente sempre pode fazer algo. Mesmo sendo alérgico, morando longe, ganhando pouco (deem uma força na vaquinha, por favor: doacoes@gatoca.com.br).
3) Só levem animais a hospitais particulares se tiverem grana para pagar contas de quatro dígitos à vista ― ainda vou fazer um especial sobre o assunto.
4) Sim, o sistema está errado, privilegiando uma parcela minúscula da população. Mas a gente não pode desistir de lutar.
5) Ajudem as ONGs! Elas assumem a função do poder público, sem um centavo dos nossos impostos. E não barganham com vidas.
Não teve corpo e sangue de amigo, porque já basta a crueldade da ração. Nem Judas cagueta ou Pedro bundão ― gato é bicho de princípios. Muito menos morte na cruz. A gente fica só com o lance de amar uns aos outros mesmo. Nas ceias não-santas também.