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20.10.15

Homeopatia ou morte

Cena 1: borrifo a homeopatia diluída em água acima (bem acima!) da cabeça da Jujuba, para que ela inale. A criatura se põe a gritar, arma o rabo e passa meia hora escondida embaixo do fogão.

Cena 2: deixo a porta da cozinha aberta, almejando minimizar a sensação de acuamento, e aperto o gatilho do borrifador. A fera sai em disparada, enquanto Guda e Pimenta correm para baixo do jato, felizes da vida.

Cena 3: enfio a homeopatia goela abaixo da jaguatirica com a seringa. Mentira, essa cena nunca existiu.

Cena 3 real: misturo a homeopatia no sachê e Jujuba lambe até o plástico do fundo do pote. Infarto postergado.


16.10.15

Lar temporário do lar temporário

O lar temporário oficial para a Catrina não rolou a tempo. Mas eu cumpri minha promessa e, sábado de manhã, fui buscá-la no condomínio. Soraia e Evelin também honraram sua parte no combinado e me entregaram a pequena consultada, vermifugada, despulgada e perfumada (dona Sônia não saiu na foto porque continua viajando).


Do lado de dentro do predinho, ela era pura felicidade (e vesgolice).


Onde eu enfiei a bichana? No apartamento do Jon Levischi, que não abre as janelas, sem telas, desde então ― irmão mais novo de coração de pudim, coraçãozinho de pudim é. Carmem Veronica, a tutora temporária oficial, voltaria de Indaiatuba na segunda do feriado, só que precisou resolver um problema de família. E nós ficamos de acertar os detalhes da transição de lar-doce-lar hoje.


Para compensar a demora nas notícias, porque meu computador se rebelou, termino o post com uma cartinha do Jubão e mais fotos de La Muerte. :)

Catrina aprende muito rápido. Precisa de uma ou duas vezes para entender o que pode e o que não pode. Já sabe que na cozinha não é lugar de baderna. Não tenta comer nada nosso. Mas tem um pulmão gigante para avisar que quer ração com cheirinho de nova. Ensaiou afiar a unha no sofá, eu tirei e não fez mais. Logo sacou que Red Hot antigo é mais legal e canta junto.


Não quebra nada nem joga no chão. Só que também não brinca. Nem de bolinha. Desfilou na mesa de jantar no primeiro dia, depois não subiu mais. E isso eu nem proibi. Até achei que o vidro geladinho seria gostoso no calor. Curte ficar na janela, olhando a paisagem. Quando eu levanto, me segue pela casa.


Ah, ela também aprendeu, no segundo dia, que dormir em cima da cama é muito mais gostoso do que embaixo.



Epopeia da Catrina, La Muerte na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: Notícias da Morte
:: Morte quer vida nova!
:: Chuchuia
:: Onde Está Catrina?
:: A gata mais azarada de Gatoca

9.10.15

Notícias da Morte

Soraia, a síndica do condomínio onde Catrina resolveu tentar a chance de mudar de vida, me ligou à hoje tarde (ou melhor, ontem, porque já passou da meia noite). Disse que a moradora que a alimentava se animou com minha atitude e levou a gatinha ao veterinário por conta própria ― só não a adota porque tem uma bichana idosa, em tratamento pesado por causa da falência renal.

Para a surpresa de todo mundo, La Muerte é castrada. E meu queixo terminou de cair ao ouvir que o pessoal bacana do prédio se uniu para me entregá-la vermifugada, despulgada e banhada. Soraia ainda ajudou com a ração. O pedreiro dedou quem mandou dar um sumiço na coitada. E dona Sônia, que está viajando, emprestou o apartamento até sábado, quando a vesgolina precisa ir para o lar temporário.

Os corações de pudim que se ofereceram, até agora, estouraram a cota de bichos por metro quadrado ou me pediram um prazo de hospedagem, coisa que não tenho como estimar ― Jacob demorou três anos para conquistar a Glaucia, enquanto os bebês da família Hollywoodiana ganharam uma família em poucos meses.

Assistam ao vídeo da pequena e pensem no assunto com carinho?



Epopeia da Catrina, La Muerte na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: Lar temporário do lar temporário
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:: Onde Está Catrina?
:: A gata mais azarada de Gatoca

7.10.15

Catrina, La Muerte

Na primeira semana, eu ajudei a descarregar as caixas de papelão e vi a gatinha no gramado do prédio. Na segunda, a gente pintou as paredes. Na terceira, rolou o faxinão. Na quarta, depois de encher a peluda de carinho, dei de cara com este comunicado pedindo para não alimentá-la, senão ela não iria embora:


Como o apartamento não é meu, em vez de escrever no cartaz que não se resolve problemas assim, toquei a campainha da síndica, tirando do alçapão da alma um sorriso simpático. Ela disse que até tem pena da bichana, mas os moradores estão reclamando que ela entra pelas janelas do primeiro andar atrás de comida e carinho. Comida e carinho.


Nessas horas, torço para um maluco apertar o botão de implosão do mundo. Só que a síndica completa que, em 19 anos, isso nunca havia acontecido e fica claro a encomenda de São Francisco. Batizei-a de Catrina, porque os desenhos do rosto lembram a morte mexicana. Para quem não assistiu "Festa no Céu", a explicação segue abaixo da foto.


Eles acreditam que o pior que pode acontecer a alguém é cair no esquecimento. No dia 2 de novembro, celebram, então, seus antepassados com festa. Nos resta menos de um mês para dar uma nova vida a La Muerte. Mas eu preciso de um lar temporário urgente, para castrá-la antes que encurtem suas lembranças aqui ― conversei no bairro por quatro horas e não consegui ninguém. :\

Espalhem o post neste e no outro mundo?



Epopeia da Catrina, La Muerte na busca por um lar:

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:: A gata mais azarada de Gatoca
:: Morte de vida nova!
:: A gata mais sortuda de Gatoca
:: Morte também faz aniversário

6.10.15

Homeopatia: desafio dos 60 dias

― Só capricornianos e virginianos podem ter dez gatos.
― Pelo menos faz a planilha da medicação em um Excelzinho, pô!
― Mas aí eu não seria capricorniana.


(Juro que usei a régua, gente. A câmera é que distorceu as linhas todas.)

30.9.15

A arte de não ser uma família

Quando eu vi a Pufosa dormindo abraçada com a Keka, lembrei da Guda estourando de grávida. E da noite em que as meninas miaram pela primeira vez fora da barriga da mãe. E de como elas cresceram fazendo tudo juntas. E do desmame lendário, que se esticou até os 2 anos de idade, me obrigando a adotar toda a família (e colecionar dez gatos).

Segundo a Câmara dos Deputados, porém, eu não posso chamar as Gudinhas de família ― ainda que elas vivam brigando entre si. Nem posso considerar os bigodes minha família. Sim, eu trabalho dobrado para comprar a melhor ração. Saio mais cedo dos aniversários porque alguém precisa tomar remédio. Adio a troca da bolsa que os infelizes furaram para pagar o veterinário.

E sou recebida com barrigadas depois das correrias de rua. Tenho lambedores de lágrimas para os dias cinzas. Ganho afofadas múltiplas no inverno. Mas família é a união entre homem e mulher. Seguindo a sugestão do Vilson Oliveira, então, vamos chamar isso de amor ― e mandar um pouco para Brasília.

24.9.15

NeverEnding Story

A ideia era levar a caixa de transporte doada por uma leitora a Cida, a protetora-diarista do DER, e não olhar para os lados nas vielas de barro. Mas como a gente faz para desver uma gatinha morando dentro da panela? Bombom foi doada filhotica a um vizinho da comunidade e passou a maior parte dos seus 9 meses presa na corrente. Cida acabou pegando-a de volta, só que a sialata morre de medo dos outros 17 (sim, 17) bigodes do barraco.




Este post terminaria com a informação de que ela adora carinho e já está castrada. Mas o WhatsApp acaba de apitar no celular com a foto da Pelúcia, também castrada e ainda assustada pelo abandono, que a própria Cida tirou no desespero. O tutor dela resolveu se mudar para o norte e, dois anos de convivência depois, deixou a peluda para trás.


Memes são mais legais de divulgar, eu sei. De vez em quando, porém, a gente precisa salvar uma vida (ou duas). Please? :)


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23.9.15

Ossos e um coração colados

A máquina de costura rendeu a Madalena uma tendinite na bacia, que transformou as tarefas mais simples do dia a dia, como caminhar até a padaria, em sessões de tortura e frustração. A tábua em queda no barraco do DER rendeu ao Brad Pitt uma fratura na bacia (e outra no fêmur), que transformou a vida dura na favela em sessões de carinho e cafuné.

Raq Vichessi compartilhou a história do branquelo no Facebook e Madá sentiu os tendões repuxarem: Brad seria o novo amigo do Calvin! Eu estava prestes a ganhar esta foto incrível, para rever sempre que sentir vontade de desistir. ♥


A filha Camilla, a namorada Marcella e até a vizinha Benê se juntaram para receber o pequeno. Guilherme, o outro filho, chegou depois, por causa da gripe. E levou de prêmio de consolação o ronrom mais alto dos bebês hollywoodianos.


Deitado na caminha, sozinho, o figura vibrava feito celular que ninguém atende.


No dia seguinte, acordou espirrando, como quase todos os irmãos nas casas novas. Fez exame de sangue, tomou antibiótico, recebeu toneladas de mimos e a gripe logo passou. Três meses depois, os ossos calcificaram tortinhos, mas nada que impeça o pega-pega com o amigo quadrúpede ― nem demais peripécias.

"Eles estão inseparáveis! Jimmy é um arteiro extremamente carinhoso. Foi a melhor escolha para o Calvin", escreveu-me Marcella no domingo. Post que começa e termina com foto emocionante merece moldura.



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17.9.15

Aniversariante do mês - setembro de 2015

Sarna de ouvido, malassezia, alergia respiratória, infecção de pele (1 e 2), intolerância alimentar, desidratação. Parece livro de estudante de veterinária. Ou música do Titãs. Ou poema do Manuel Bandeira. Mas trata-se do histórico de doenças do Simba*, de março de 2014 até o meio deste ano ― recheado de remédios que, quando funcionaram, desencadearam outros problemas.

Eis que meu ceticismo capricorniano resolveu dar uma chance à homeopatia. E, quatro fórmulas, dezenas de seringadas e uma infinidade de mensagens trocadas com a Dr. Maru depois, o loiro finalmente pôde relaxar. Enquanto sonha com os bichinhos que caçava no jardim da nossa antiga casa, eu me pergunto onde se esconderam os últimos nove anos.

No petisco, amontoam-se 12 velinhas, deixemos claro, porque ele apareceu em Gatoca com três anos de bônus. E minha vontade é não apagar nenhuma delas, para obrigar o tempo parar.



*Novelinha: Conheça a história do Simba

Outros aniversários: 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

15.9.15

Bicho bem-cuidado não transmite doenças

Vacinar, vermifugar e impedir o acesso do animal à rua evita que você pegue enfermidades sérias, como raiva, sarna e toxoplasmose

:: Raiva

Contágio
Mordida ou lambedura de cães e gatos infectados.
Sintomas
Agitação, sensibilidade à luz e sons altos, dificuldade de respirar e engolir, baba, delírio, agressividade, taquicardia, tremores generalizados.
Riscos
Quando o vírus ataca o sistema nervoso, há paralisia progressiva das extremidades, seguida de morte.
Prevenção
Vacine o peludo anualmente.

:: Sarna (escabiose)

Contágio
Contato com os ácaros causadores da doença – a sarna negra, ou demodécica, não passa para humanos.
Sintomas
Coceira intensa, principalmente à noite, e formação de pontos avermelhados e crostas, especialmente nas palmas das mãos, punhos, braços e tronco.
Riscos
Sem tratamento, surgem lesões na pele, que podem provocar infecções.
Prevenção
Mantenha a casa sempre limpa, proteja seu amigo contra sarna, pulgas e carrapatos, e evite o contato com animais contaminados. Cachorros ainda precisam de escovação e banhos periódicos.

:: Toxocaríase

Contágio
Ingestão de ovos do parasita.
Sintomas
Febre, tosse, diarreia, perda de peso, falta de ar.
Riscos
Quando penetram nos vasos sanguíneos, as larvas espalham-se para vários órgãos. Nos olhos, podem levar à cegueira.
Prevenção
Dê vermífugo para seu pet.

:: Toxoplasmose

Contágio
Contato oral com as fezes do gato contaminado, que devem ficar expostas durante três dias.
Sintomas
Febre, gânglios e órgãos com tamanho aumentado, e transtornos visuais.
Riscos
Cegueira, problemas cardíacos e neurológicos. Se o contágio ocorrer durante a gestação, o feto corre risco de aborto – mamães previamente infectadas não prejudicam o bebê.
Prevenção
Limpe a caixa sanitária do bichano diariamente (grávidas devem usar luvas), não dê comida crua para ele e impeça seu acesso à rua.

:: Clamidiose

Contágio
Contato com as secreções do gato infectado pela bactéria.
Sintomas
Gripe com febre alta, dor de cabeça severa, calafrio, respiração curta, mal-estar, debilidade generalizada.
Riscos
Sem tratamento, a doença pode provocar pneumonia e problemas no rim, fígado e coração.
Prevenção
Vacine seu bichano anualmente.


* Texto escrito para a revista AnaMaria, agora da Editora Caras.

10.9.15

Salvo pela metade

Uma pessoa normal termina a aula de ioga, troca de roupa para almoçar com a amiga que veio da Espanha, vê um gato na rua se desesperar com dois cachorros gigantes e segue viagem zen, arrumada e no horário, acreditando que São Francisco dará um jeito no babado.

Esta jornalista estanca o carro, se põe a conversar com o frajola esgoelando na árvore (os cachorros já estavam longe), caça um adolescente de uniforme escolar para ajudar, trepa nas costas do coitado e demora cinco minutos para descolar todas as garras do bichano do tronco.


No chão, enquanto o adolescente se despede sem entender muito bem o que aconteceu, ganha esfregadas, cabeçadas e mais gritinhos do peludo, que não era castrado, mas parecia bem cuidado. E sai com a criatura debaixo do braço, atrás de um possível dono.

Os vizinhos aposentados já assistiam ao show do portão. E todos apontam o clube, que abriga uma colônia inteira de gatos dóceis, como seu local de origem. Resignada, ela devolve o pequeno sob a porta mastigada pelo tempo, certa de que São Francisco não dará um jeito no babado.

9.9.15

Conscientização: o trabalho por trás dos holofotes

Quando eu caminho pelo DER... (Sim, a epopeia do mutirão de castração terminou em março. Só que, nos meses que se seguiram, nós socorremos vários bigodes da comunidade, conseguimos famílias de comercial de margarina para os filhotes, passamos vergonha, ficamos putos, demos risada, nos emocionamos e continuamos ajudando quem não se vira sozinho ― as histórias estão todas no pé deste post.)

Como eu ia escrevendo, quando caminho pelo DER, as crianças vêm me contar que adotaram novos bichinhos, os adultos denunciam quem andou maltratando os veteranos e quase todo mundo pensa que sou veterinária. Seu Luis, dono do pet shop, me parou na rua no último fim de semana para comentar que o pessoal vive perguntando a data do próximo mutirão.

Acontece que, como vocês sabem, eu sou jornalista. E me dou melhor costurando palavras do que barrigas. Ou ensinando tutores a cuidarem de seus peludos. Ou articulando parcerias que beneficiem bípedes e quadrúpedes. E decidi recorrer ao poder público ― os Centros de Controle de Zoonoses costumam operar uma cota de animais por ano de graça.

Drª. Juliana, do CCZ de São Bernardo, disse que a verba de 2015 acabou e o agendamento só retornará em dezembro. Mas a comunidade já pode ligar para se informar. Imprimi, então, um cartaz com o telefone e expliquei ao seu Luis como incentivar os clientes a fazerem valer seus direitos. Dependendo da demanda, vai que rola um mutirão da prefeitura no DER, né?



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3.9.15

Meditação para os fortes

Se você quiser alcançar shamatha no sol aqui em casa, terá de disputar com os bigodes ― enquanto eles disputam o colo entre si.


E prepare-se para ter o fone de ouvido mastigado pela Chocolate, o som do celular abafado pela bunda do Mercvrivs e o braço esquerdo esmagado pelo salto da Clara, lá do alto da janela.

2.9.15

Favela com emoção

Toda ida ao DER é uma aventura. No domingo, enquanto caçava a pretolina sarnenta para aplicar a segunda dose do remédio, lembrei de todas as vezes em que seu Moacir me recebeu no barraco de cueca samba-canção. E da tarde em que saiu com ela pelas vielas de terra atrás da neta, para ajudar na captura de um filhote assustado, e o pessoal apontava para a "muié dos gatos" ― notem: eu estava ao lado de um idoso seminu!


Várias situações inusitadas foram contadas nos posts do mutirão de castração. Mas acho que nenhuma ganha do dia em que Julia Roberts e Benedict Cumberbath rumaram para a casa da Susan. Durante quase uma hora, eu persegui os peludos na laje da dona Ermínia descalça. Pisei em todo tipo de entulho que uma obra pode gerar. Engatinhei, deitei, rolei. E, para completar o espetáculo, atravessei o telhado do vizinho de bunda. Ida e volta.


Obs.: As fotos são da Pretinha Cover, porque este é um blog de família. Ela está quase boa, aliás, e também quer uma para chamar de sua.


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29.8.15

Oitava festinha do Gatoca

Lembro dos aniversários que juntavam fácil 50 pessoas. Da fileira do cinema preenchida pela turma do colégio técnico. Das excursões aos museus de São Paulo. Em algum momento das duas últimas décadas, as relações se virtualizaram. E a gente passou a botar o nariz cada vez menos para fora de casa ― ou da tela do computador.

Não seria diferente com a festa de oito anos do Gatoca: toneladas de carinho por e-mail, WhatsApp e Facebook, os fiéis companheiros para o abraço real. Denise adotou um dos ex-queletinhos da dona Lourdes, o caso que me trouxe para a proteção animal. E casou com Fernando, que viaja para a Croácia e nos diverte gravando vídeos de roupão.

Yone nunca faltou a uma comemoração do projeto. Mari e Jubão compram rifa, divulgam os resgatados para os amigos, me incentivam a continuar ambicionando (um e-book, um vlog, um mundo melhor). E Leo amassa barro junto na favela, abre mão do cinema para levar gato para a zona norte, cozinha feijoada vegetariana, dorme sentado enquanto escrevo este post.

Isso precisa ser agradecido em átomos. ♥


A caminho do Genésio, vermelho-paixão


Os gateiros que a gente escolhe


Família de três


Fernise


O milagre da unha pintada

Festinhas anteriores: 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

26.8.15

Complexidade felina

Quem não gosta de gato não gosta de gente. Gato é o bicho mais parecido com o ser humano que existe! Inclusive nas esquisitices.

21.8.15

Os últimos de nove

Eu já fui uma pessoa que andava pela rua despreocupada, sem enxergar os bichos que esperam uma chance de deixar de andar pela rua preocupados. Já ignorei a incompetência do poder público em lidar com a questão. Já telefonei para ONG pedindo resgate de 30 gatos e não tomei uma desligada na cara. Em setembro de 2007, com uma senhora de blusa pendurada no corpo por pregadores, descobri a proteção animal.

A história é longa, ganhou coletânea nestes links: 1 e 2, e se reflete em cada par de olhos que o Gatoca ajuda. Quando essa ajuda chega tarde, lembro das palavras da Susan, que acabaram virando meu mantra: "Foque nas vidas salvas". Dezenas em oito anos. E sete bazares de Natal do AUG, quatro campanhas do agasalho, um arraial, três produções de textos para a agenda e o calendário ― e a quarta em processo.

Porque eu virei voluntária. E quem troca de lado do balcão aprende a dar em vez de pedir. Mas Su se sensibilizou com a campanha do DER, no ar desde abril, e me ofereceu duas vagas na ONG para tirar os últimos filhotes da favela.


No domingo, Julia Roberts e Benedict Cumberbath se despediram do barraco sem janelas e entraram para o site de doação de bichanos mais famoso do país.


No domingo, eu voltei no tempo e tive certeza de que pularia o muro daquele cortiço da Vergueiro de novo.



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18.8.15

Refilmagem

Durante 17 dias, a imagem do Johnny Depp na janela acompanhou meu café da manhã, os banhos corridos em tempo de crise, as noites musicadas pela Anchieta. Em dois fins de semana, eu voltei ao DER para convencer Silvana a devolver o pequeno, mas não a encontrei. E o celular, informado pela mãe, sempre dava caixa postal. No terceiro, a porta se abriu desconfiada.

Os mesmos vizinhos que comentaram que o gatinho sofria disseram a ela que eu o levaria a força, ignorando meu porte de lutadora da Somália. Misto de fofoca e inveja, a única verdade sobre o desfecho do tigrinho é que a família realmente acreditava se tratar de uma tigrinha e comprou todo o seu enxoval rosa.


Sim, enxoval, porque tem até arranhador ― e o plano ambicioso de parcelar a casinha de R$ 260 da Cobasi.


Silvana trabalha até tarde como auxiliar de dentista e Marcelo madruga em um armazém que abastece lanchonetes famosas. No tempo que sobra, porém, eles enchem o peludo de carinho, dão banho com xampu especial, colocam na tigela pink ração premium para filhotes, se divertem com os brinquedinhos escondidos no buraco aberto pelo pedreiro.


Johnny dorme toda noite com Thiago, um garoto de 8 anos apaixonado por animais. E não vai mais para a rua porque o casal perdeu Pelongo com uma martelada na cabeça, desferida por outro vizinho gente boa. Quando as sementes da nossa conversa germinarem, há uma boa chance de o bigodinho ganhar um amigo quadrúpede ― as telas já virão para a primavera.

Agora, a gente pode lembrar desta imagem. :)



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13.8.15

7 jeitos de esquentar seu amigo

Cães e gatos nascem com um casaco de pele politicamente correto, mas também sentem frio e estão mais propensos a adoecer no inverno

1) Providencie uma casinha
Principalmente se o animal morar no quintal. E não precisa gastar uma fortuna no pet shop. Usando a criatividade, bacias e caixas de papelão forradas com jornal viram cafofos aconchegantes. Só não vale instalá-los na corrente de vento ou debaixo do chuvaréu.

2) Improvise uma cama
Bichos que vivem dentro de casa farão a maior festa com aquele cobertor que você não usa mais. Para recém-nascidos órfãos, coloque uma garrafa com água quente sob a manta e troque sempre que ela esfriar.

3) Compre roupinhas
Cães idosos, magrelinhos ou com o pelo curto precisam de reforço para se aquecer. Escolha um modelo folgado e, se o animal parecer incomodado, tente um tecido mais leve. Gatos lidam melhor com temperaturas baixas e, como não curtem "penduricalhos", podem ser poupados da tortura.

4) Maneire no banho
Pelo molhado no frio baixa a imunidade, principalmente de bebês e vovôs. Quando a situação ficar insustentável, use água morna, seque seu amigo com cuidado e, para evitar choques térmicos, deixe-o no local do banho por 20 minutos.

5) Capriche na ração
Até nosso apetite aumenta o inverno, já que o metabolismo acelera para manter a temperatura do corpo, certo? Tome cuidado, porém, para não exagerar na quantidade de comida, porque obesidade também causa problemas de saúde.

6) Brinque mais com ele
Bichos sedentários sentem mais frio. Se você não quiser suar junto com o peludo, organize uma caçada a bolinhas ou ratinhos.

7) Abrace bem apertado
Existe coisa melhor nesta vida do que trocar calor assim?

FONTE: Nivaldo Albolea, veterinário


* Texto escrito para a revista AnaMaria, da Editora Abril.

10.8.15

Oitavo aniversário do Gatoca

Vocês têm noção de quantos números cabem em oito anos? 1.028 postagens, 8.616 comentários, 2.953 curtidas no Facebook, 105 bichos socorridos, 25 parceiros, R$ 21.110 financiados coletivamente (R$ 3.000 doados pelo Wings For Change), 240 apoiadores, 51 cães e gatos castrados em mutirão.

São milhares de motivos para comemorar (obrigada! ♥). E outros milhares para continuar a educar, conscientizar e mobilizar corações de pudim. A festa ocorrerá no Genésio, dia 15 agora, a partir das 17h. E a sequência do projeto depende de vocês: com R$ 0,33 centavos por dia, muitas vidas podem ser reescritas.

Participem do Clube do Gatoca na Kickante!

Tornem-se coautores de um mundo melhor.



Festinhas anteriores: 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

7.8.15

Desfecho frustrante

Para a maioria dos moradores que caminham por esta viela no DER, o casebre da foto é uma construção comum: pequena, escura, em eterna reforma. Na janela aparentemente vazia, porém, a impotência me encara. Johnny Depp, o gatinho que sempre sentava ao lado da caixa de transporte esperando ter chegado sua vez de ganhar uma família bacana, acabou doado para a vizinha.


Filhote carinhoso e brincalhão, ele agora passa os dias enquadrado nesta moldura solitária, sem os irmãozinhos nem um ser humano sequer para acariciar-lhe as orelhas ― Silvana trabalha fora até tarde e jura que o tigrinho castrado no mutirão do Gatoca é fêmea.

Nós perdemos o timing. Ele, o happy ending.


P.S.: Dois bigodinhos ainda podem ter um final feliz. Escolham um dos cartazes da campanha e divulguem para os amigos. :)


Leiam também:

:: Panfletagem por uma causa nobre
:: Inscrição em três etapas - parte 1
:: Inscrição em três etapas - partes 2 e 3
:: Protetor é quem cuida
:: Mutirão de castração é para os fortes
:: Se há uma chance, Gatoca é a favor
:: Da favela para Hollywood!
:: Mutirão de castração é para os fortes - parte 2
:: O primeiro de nove!
:: Sementes
:: Adoção platônica
:: Adoção Gremlin
:: Quase famosos
:: Ossos e um coração partidos
:: Felicidade que nunca chega
:: Descanso merecido
:: Para bater recordes de bilheteria!
:: A arte de enxugar gelo
:: Quando a coisa fica preta
:: Refilmagem
:: Os últimos de nove
:: Favela com emoção
:: Conscientização: o trabalho por trás dos holofotes
:: Ossos e um coração colados
:: NeverEnding Story
:: De Hollywood para o Japão
:: De Hollywood para os palcos
:: Halloween da sorte 2015
:: De Richard Gere para os braços do Pepê
:: Black Friday fracassada

5.8.15

Abraço em forma de bytes

No conforto de sua casa, Itacira Ossiama lembrou que os gatinhos do DER dormem no chão de cimento (quando não tomam chuva nas vielas de terra batida da favela) e comprou estas cobertinhas. Elas não resolvem o problema do abandono na cidade. Mas deixaram sete vidas mais macias ― onde cabe um filhote, espremem-se dois. Ou três, quatro...


Do outro lado do planeta, Rosana Russo lembrou desta jornalista coração de pudim e arrumou um espaço na mala para os mimos japoneses da foto. Eles não mudam nossa relação desumana com os animais. Mas me animaram a continuar ensinando, conscientizando e inspirando quem tropeça neste blog a melhorar o mundo.


Cada comentário de vocês faz diferença. :)

31.7.15

Miados personalizados

Gritos na sala.

― É o Mercvrivs atazanando a Clara.
― Como você sabe?
― Pelo tom, volume e duração. Pode ir lá olhar. Ela deve estar escondida em algum buraco, enquanto ele se esfrega em tudo que vê pela frente.

Namorado vai incrédulo, pega a gata atrás do pote GG de ração, o valentão lustrando os pés da mesa com as bochechas e volta como se tivesse testemunhado a divisão do Mar Vermelho. Sim, há quem pergunte se eu decoro o NOME de todos os bigodes.

29.7.15

Quando a coisa fica preta

Teve anemia severa, infecção, hepatose. Depois, teve traqueíte. Agora, tem gânglio inchado no pescoço. O que não tem é dinheiro infinito para dar conta de todas as demandas da favela ― vocês verão abaixo que eu não me refiro somente à Pretinha. No post anterior, fiz uma brincadeira, porque não peço ajuda para meus gatos. Neste, escrevo sério.

Não posso pagar o carinho com que Fernanda cuida da bichana enquanto não chega sua família de comercial de margarina. Mas preciso reembolsar os R$ 377,91 gastos com a veterinária, os exames (ultrassom de abdome, citologia, hemograma e função hepática) e os remédios (antibiótico, corticoide e complexo B) ― a inflamação do gânglio é sequela do combo anemia + infecção + hepatose.


Também quero tratar a sósia da pretolina, que continua no barraco sem janelas, perdeu os bebês na castração e agora está com sarna. A epopeia durará, pelo menos, três meses e cada pipeta do medicamento custa R$ 50. Seria mais fácil trocar de celular e sumir no mundo, sim. Se fizesse isso, porém, a gente não compartilharia a felicidade de ter tirado mais um filhote dessa vida no domingo (coming soon).

O projeto funciona. Só precisa de vocês: doacoes@gatoca.com.br. :)



Leiam também:

:: Panfletagem por uma causa nobre
:: Inscrição em três etapas - parte 1
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:: Adoção platônica
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:: Descanso merecido
:: Para bater recordes de bilheteria!
:: A arte de enxugar gelo
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