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4.8.16

8 gatos, 1 cubículo imundo e logo cubículo nenhum

A filha me escreveu em março do ano passado pedindo ajuda para os bigodes da mãe de 68 anos (SP). Todos eram castrados, vacinados e gordinhos, mas moravam em um cômodo de 3 m², repleto de móveis velhos, poeira e teias de aranha. A interação humana se limitava às refeições. E a única janela ventilável, disputada em dias de sol, fracassava na missão de disfarçar o cheiro dos xixis e cocôs, que começavam nas caixas de areia, raramente limpas, e se espalhavam pelo chão.








Eu sugeri acompanhamento psicológico e, se a senhora aceitasse doar os animais, fotografaria todo mundo e divulgaria aqui no blog. A resposta chegou 16 meses depois, com uma reviravolta: os prisioneiros se tornaram personae non gratae e podem ir para a rua a qualquer momento. Alguns têm dez anos. Dez anos sem caminha, brinquedinhos, cafuné nas orelhas. Dez anos e descartados. As histórias de resgate são igualmente tristes, mas os peludos seguem acreditando no ser humano e, pasmem, esbanjam carinho.






Por favor, compartilhem. O Gatoca não conseguirá salvar essas vidas sozinho. :\

África (6 anos)

Com quatro semanas de existência, os irmãozinhos dividiam uma gaiola de 30 cm² no petshop do bairro, sem água nem comida. Como ninguém quer os pretolinos, exceto às vésperas do Halloween (e não é para amar), a senhora acabou pegando os três, mais o sialata. E não conseguiu doar nenhum. África adora companhia e dengo.


Fidelis (6 anos)

É um ronronento tímido. Desconfia de estranhos em um primeiro contato, mas, se não for pressionado, logo se põe a fazer graça.




Fortunato (6 anos)

Bonito e bonzinho, o afortunado não poderia ter outro nome. É o gato mais doce da casa: não pode ver alguém que já se atira nos pés.


Hexa (6 anos)

Parece arisca, mas, com pouco tempo de convívio, já distribui cabeçadinhas, lembrando a Copa do Mundo que não deve ser nomeada.




Bebê (8 anos)

Resgatada do motor de um carro estacionado na igreja, toda suja de óleo, a tigrada não havia completado um mês. Esbanja carência e não economiza nos miados para ganhar atenção.




Cocadinha (10 anos)

Apareceu na escola em que a senhora trabalhava, já adulta, com uma sacola inteira saindo pelo ânus ― provavelmente ingerida no desespero da fome. Dizem que fugiu da casa da vizinha, onde era criada em uma gaiola de pássaro. Quando a pegavam no colo, se urinava de pânico. Hoje, faz cara de brava para a fotografia, mas é ultrameiga. Só não troca muito calorzinho com os outros bigodes.




Mel (10 anos)

Conheceu o abandono ainda na barriga da mãe, que vagava perdida em Peruíbe quando sensibilizou uma amiga da senhora. Primeira quadrúpede do recinto, é quem dá as ordens. Mas exerce esse poder com tranquilidade e gentileza. E não dispensa um afago.


Vitória (2 anos)

Arremessada sobre a cobertura de uma quadra de esportes, há 12 metros do chão, e descoberta três dias depois, Vicky quase morreu de desidratação. Vive fora do cubículo imundo, mas sem contato com pessoas e animais. E precisa de um tutor experiente na arte da conquista, que não se intimide com o festival de fuzzzzzz.

29.7.16

Gênio da sacola

Ele não realiza desejos materiais. Mas esquenta colo, faz a gente rir, lambe lágrimas, afofa blusas, toma banho junto, divide o mamão do café da manhã, espanta namorado (ops!), deixa a vida mais feliz.

Mercv é um gênio de desejos da alma. ♥

27.7.16

Receita para mudar hábitos alimentares

O título deste post poderia terminar em "hábitos", admito. Mas, como nós conversamos entre gatos e cachorros (e pombas e ovelhas e perus e lagartixas), achei melhor focar nas panelas. Para revolucionar o ato de comer é preciso quatro coisas: força de vontade, porque a tentação e o comodismo gritam conosco tempo inteiro, criatividade para substituir o que não cabe mais no prato (ou no bolso ou nos pneuzinhos), apoio de quem a gente ama e uma causa forte o suficiente para não desanimar.

Vegetariana há 9 anos e meio, eu tenho compartilhado os desafios do veganismo no Facebook, com os restaurantes bacanas que pipocam por São Paulo e as receitas que nem sempre dão certo aqui em casa. E vibro a cada relato de amigo que se animou a adotar a "Segunda Sem Carne" ― porque há que se começar de algum lugar, né? Bora incentivar o pessoal contando como foi (ou está sendo) a transição de vocês? :)


Zahra, criada na mamadeira pela Natali Zarth

22.7.16

Paranapiacaba calling

Gente bacana vai a Paranapiacaba para curtir o fog londrino, sem pagar o chocolate quente em libras. Canalhas vão a Paranapiacaba para abandonar animais em meio à neblina, sem serem reconhecidos. Os meninos que tomam conta do estacionamento na beira da estrada falaram que é comum carro parar, abrir a porta, desovar bicho e ser perseguido pelo coitado até a força acabar.

Desorientados, eles vão se acumulando na vila, dependendo da compaixão de estranhos para não passar mais um dia de barriga vazia.


Na parte alta, uma avó benzedeira se divide entre os cuidados com os moradores do orfanato desativado e as dezenas de cachorros com doenças variadas. Na parte baixa, os donos das lanchonetes dividem os restos da comida dos turistas com mais um monte de animais famintos.


Nossa ideia era levar casinhas para amenizar o frio, mas nem essa ajuda pudemos dar porque a vila é patrimônio histórico e precisa de autorização até para retocar a pintura desbotada dos bancos de madeira. O último mutirão de castração realizado pela prefeitura completou três anos e o abaixo-assinado da comunidade por melhores condições a bípedes e quadrúpedes foi solenemente ignorado.


No Festival de Inverno de 2015, em vez de resolver o problema, dizem que o Centro de Controle de Zoonoses de Santo André ameaçou retirar os bichos errantes com a "carrocinha", prática proibida pela lei nº 12.916, desde 2008. Vanessa Vertematti, Leo Eichinger e eu distribuímos toda a ração do porta-malas e voltamos para São Bernardo com gosto de impotência na boca.


No dia seguinte, acionei o CCZ para perguntar se eles planejavam alguma ação no local e sugerir que somássemos esforços. Dr. Ricardo me passou o contato do Robson Lopes, na vigilância sanitária, que saiu de férias sem retornar minhas ligações. E lá me instruíram a procurar a assessoria de imprensa, que devolveu a batata quente ao CCZ, acrescentando na mensagem a Secretaria de Gestão de Recursos Naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense.

Quase um mês depois, porém, sigo falando sozinha. Quem topa engrossar o coro? É só mandar o link deste post para: santoandre.rtgcz@gmail.com e rolopes@santoandre.sp.gov.br, escrevendo no assunto: "Informação sobre Paranapiacaba e proposta de parceria". Espalhem também para os amigos! A imagem abaixo precisa mudar.

20.7.16

Amigo é...

Aquela criatura que a gente ama até quando odeia.

19.7.16

Nosso primeiro milhão!

Não é de dinheiro, mas significa que milhares de histórias se cruzaram com a do Gatoca nestes 9 anos. E que, a cada clique, o mundo se tornou um tico menos cinza. Obrigada! Obrigada! Obrigada! ♥


Para ampliar, cliquem na imagem

15.7.16

Farmina por conta da casa!

Atualizado em 11 de janeiro de 2017

Simba adora comer. É o primeiro gato a chegar nos potes de ração e o último a sair, com o queixo cheio de farelinhos. Nunca enjoou do sabor, que só troca por presunto ― coisa que não tem aqui em casa há mais de nove anos. Quando passei a comprar a versão renal, por causa do resultado trágico do check-up de 2014, o leãozinho perdeu a empolgação das refeições. E, em duas semanas, emagreceu quase meio quilo. Nós tentamos todas as opções do pet shop até descobrir a Farmina.

Italiana, ela veio para o Brasil em 2003 e em 2009 ganhou fábrica em Bragança Paulista, para aproveitar o segundo maior mercado pet do mundo. Seus produtos exibem o selo "cruelty free" porque não são testados em centros de pesquisa ― para medir a eficiência, a empresa alimenta os animais na casa dos tutores, orientada pela Università degli Studi di Napoli Federico II, de acordo com as respectivas doenças pré-existentes, sem induzi-las.

(Sim, há os bichos que morreram para virar ração. No mundo ideal, a gente não precisaria deles para manter vivos os bichos que amamos. No mundo ideal, aliás, ninguém tiraria cães, gatos, baleias, tigres e elefantes de seu habitat para serem úteis ou servirem de entretenimento. Mas nós tiramos. E os felinos, infelizmente, são carnívoros estritos.)

Seguindo a linha natureba da N&D, agora a Vet Life também aboliu os transgênicos e substituiu os conservantes artificiais BHA e BHT pelo tocoferol, 100% natural e antioxidante, esticando a vida dos peludos. Vanessa Vertematti, a moça bonita da foto, trabalha lá e visitou Gatoca para celebrar nossa parceria.

Todo mês, os bigodes ganharão dois pacotões de ração, para que o projeto continue educando, conscientizando e mobilizando corações de pudim. :)))


*A mudança ainda não contempla as embalagens de 7,5 kg da Vet Life Renal Feline.

13.7.16

Cuidado com cheiros fortes!

Quando a gente se mudou para o apertamento, Pimenta desenvolveu uma alergia respiratória highlander, que venceu o tratamento com corticoide e seis remédios homeopáticos. Eu achava que tinha a ver com a poluição da Anchieta, nossa nova vizinha, e com as baixas temperaturas, já que a frajola piorava no inverno, e não me toquei que a faxineira também havia mudado.

Sem poder delegar o serviço a outra pessoa e novata nesta coisa de viver em condomínio, eu diluía pouco o produto de passar no chão para deixar o ambiente mais cheiroso. E um olfato 200 vezes mais desenvolvido do que o nosso (em uma casa cinco vezes menor do que a anterior) pifou. No frio, as janelas ainda ficavam mais fechadas, agravando o quadro.

Como cheguei a essa conclusão? Morrendo de alergia também, três anos depois (pobre Pimenta!). Espirrei loucamente, lacrimejei, senti a cabeça latejando e precisei escancarar os vidros para aguentar o perfume-pesadelo. Fica a dica: quem tem bicho deve evitar todos os tipos de odores fortes, inclusive aquele que os pet shops adoram borrifar nos coitados ao final do banho.

8.7.16

Teste de conhecimento felino

Os oito bigodes estão amontoados porque...

a) A diária da almofada vizinha custava mais caro.
b) Simba é um astro do rock miado e tem fã-clube.
c) Gatoca se mudou para o Alasca, fugindo de São Francisco.
d) Em caso de fiscalização, a vigilância sanitária não conseguiria contar oito bigodes.

5.7.16

Das constatações da vida

O tempo que um gateiro gasta para tirar os pelos da blusa é inversamente proporcional ao tempo que os pelos levarão para grudar de novo na blusa ao sentar no carro.


Foto do Leo Eichinger ♥

2.7.16

Celebridade, veganismo e Snapchat

A ideia era compensar a vontade dos croissants do evento sobre storytelling com um hambúrguer de mentira caprichado ― nós encontramos no Vegano SP, de soja e cogumelos + maionese, alface, tomate e cebolas empanadas (ainda ganhamos bolo fofinho de milho e de banana!). Mas, como eu falo do Gatoca até na fila do supermercado, acabei me aventurando sem querer pelo estranho mundo do Snapchat.

No meio da "pregação", a moça que comia ao meu lado sacou o celular do bolso e sugeriu um vídeo rápido para divulgar o projeto. Depois de me esconder atrás do Leo (e de muita insistência dos dois), topei gravar porque nada dura mais do que 24 horas nessa rede social de gente jovem. Agradeci a gentileza, nos despedimos e voltamos para casa.

No apertamento, descubro que Jessica Ludwig tem 43 mil seguidores no Instagram (porque mal consegui instalar o Snapchat) e morro de vergonha retroativa.

29.6.16

Nono quase-aniversário do Gatoca

Há 3.285 dias, eu lutava com a ferramenta de publicação deste blog para criar um layout minimamente apresentável, usando todos os meus conhecimentos de Word ― lembram dele? rs



Os bigodes já eram dez e as peripécias já rendiam histórias engraçadas, mas só tive coragem de escrever o primeiro post 42 dias depois, me enganando que ninguém leria. E quase morri de felicidade com o primeiro comentário, vindo de uma estranha. Socorrinho não fazia ideia da dimensão que tomaria este projeto. Nem eu.

Preparem-se para mais um festerê em agosto!



Festinhas anteriores: 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

23.6.16

A gata mais sortuda de Gatoca

Estão sentados? Então, procurem o banco/cadeira/sofá mais próximo ― vale apelar ao chão também (ou, pelo menos, dar uma encostada na parede). Agora, respirem profundamente para preparar o coração. Os mais sensíveis talvez precisem de lenços de papel, melhor buscar. Todo mundo pronto? Lembram do resultado "fraco positivo para FeLV" da Catrina, que a fez perder a primeira família?


Tem a história completa dela aqui, mas acho que vocês vão querer ler depois, né? Só para situar os novatos, FeLV é leucemia felina, doença causada por um vírus que enfraquece o sistema imunológico. Pois o novo teste deu NEGATIVO! O organismo da vesgolina conseguiu neutralizar o vírus. Isso ocorre em apenas 30% dos casos.

Cliquem na imagem para celebrar as letrinhas com a gente. : )))



Epopeia da Catrina, La Muerte na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: Notícias da Morte
:: Lar temporário do lar temporário
:: Morte quer vida nova!
:: Chuchuia
:: Onde Está Catrina?
:: A gata mais azarada de Gatoca
:: Morte de vida nova!

21.6.16

Cães e gatos também ficam gripados

Escrevo este texto de nariz tampado, entre espirros. No meu colo, Chocolate mal abre o olho direito de tanta secreção. Penso nos bichos que vivem nos quintais e concluo que não há necessidade de esperar a temperatura baixar mais para abordar o assunto. A veterinária Bárbara Benitez me ajuda.

Cães e gatos podem ficar gripados quando esfria, embora seja uma gripe diferente da nossa ― eles não pegam a nhaca humana (nem H1N1) e a gente não pega a nhaca animal. Nos cachorros, o principal vilão é o vírus da parainfluenza canina (CPIV). Já as doenças do complexo respiratório felino, calicivirose e rinotraqueíte entre as mais comuns, têm vários agentes causadores.

O tratamento alopático ocorre com inalação, antibiótico para as infecções secundárias e fisioterapia respiratória ― nós optamos pela homeopatia. Vale tomar cuidado especial com filhotes e vovôs, mais frágeis, independente da estação do ano. Se o melhor amigo de vocês apresentar febre, coriza, espirros, apatia, falta de apetite, olhos lacrimejantes e lesões no interior da boca, portanto, procurem um especialista.

Está quentinho por aí? Que tal aconchegar um bicho na rua?


* Texto escrito para o Yahoo! e atualizado em 21.06.16

16.6.16

Inteligência emocional

"Se eu não posso odiar todo mundo, vou ficar aqui no meu cantinho."

14.6.16

A vida como ela é

Vocês entenderão o post sem conhecer a história dos esqueletinhos da dona Lourdes ― jornalistas manjam de amarração. Mas quem clicar no link nunca mais será o mesmo. Brother saiu do cortiço com paredes forradas de baratas há oito anos. E me trouxe uma amiga (a Denise Sanches Granja), uma ONG (o Adote um Gatinho), uma causa (a proteção animal, que eu, tutora de bigodes gorduchos, sequer sabia que existia).

Dos 26 resgatados daquele caso, que extrapolou 365 dias, ele é o único de quem recebo notícias com frequência. Eis que, no jantar de aniversário da Dê, elas soaram menos fofas do que de costume. O relato começou com a mania do frajola de dormir na cabeça da mãe humana, foi interrompido pelo "parabéns" e centrou na madrugada do cheiro de cocô misterioso.

Dê revirou os cobertores, levantou os travesseiros, procurou embaixo da cama e nada. O marido, sonolento, respondeu qualquer coisa aleatória sobre as buscas e continuou a dormir. Meia hora depois, vencida pelo cansaço, ela resolveu dar uma passadinha no banheiro antes de voltar para os lençóis e o espelho desvendou o enigma: sim, a meleca estava em seu rosto. (Pausa para o estômago recuperar o funcionamento normal.)

Compartilho o causo aqui para derrubar o mito dos bichos de pelúcia. E mostrar que amor de gateiro de verdade não esmorece. rs

10.6.16

Três passos para a felicidade

Nestes dias de temperatura abaixo dos 10ºC, eu tenho trabalhado de janelas fechadas, pijama sob a roupa e gatos (no plural mesmo) esmagados no colo. As mãos acordam e vão dormir geladas. Os dedos travados decidem a hora de trocar o computador pelas cobertas, turbinadas por 15 minutinhos de aquecedor ― suficientes para afastar a friaca do quarto, sem estourar a conta de luz. Os pés seguem inesquentáveis.

Antes de pegar no sono, penso na infinidade de pessoas e animais que vivem nas ruas, sem janelas, pijama, cobertas, aquecedor. Cinco séculos depois, a gente ainda não aprendeu a dividir. Não por falta de dinheiro, mas de empatia. E de saber que a felicidade, todos os estudos comprovam, dura mais quando se gasta com o outro (podem pesquisar no Google). Listo, então, três ideias simples para ressuscitar o coração:

Passo 1
Separem aquela blusa que não sai do armário há alguns invernos e doem a quem precisa. Vale deixar na caixa da campanha do agasalho do shopping/ONG/igreja, mas funciona melhor entregar pessoalmente. Encarando outros olhos, a gente percebe que o mundo é muito maior do que nossas reclamações.

Passo 2
Aqueçam um bigode ou focinho sem família. Dá para fazer casinhas com bacia e distribuir pela cidade, abrir a garagem nos dias mais congelantes ou apoiar o trabalho de uma organização não governamental que atua nessa área ― aqui tem algumas.

Passo 3
Engajem os amigos na causa. Entre memes e comentários indignados de política, compartilhem este post. Publiquem fotos das boas ações. Troquem críticas por incentivo. O mundo precisa mudar e só depende da gente. :)

8.6.16

Contabilidade equilibrada (e descansada)

A tutora tem três trabalhos: o que paga as contas, o voluntário e o doméstico, que não paga as contas nem é voluntário, mas não se pode rejeitar. Os bigodes são dez, que conseguem sujar os lugares mais inusitados do apertamento dormindo o dia inteiro e comem ração fortunosa especial para doença renal.

Administrar a papelada toda da casa e ainda fazer sobrar dinheiro no fim do mês tiraria o sono de qualquer jornalista sem uma Chocolate para chamar de sua ― e babar nos códigos de barra.

3.6.16

Máfia de Gatoca

Acabo de assistir à cena: Mercv, indignado que o colo estava ocupado pela Pipoca, vai para cima da Jujuba, que se esconde embaixo da cama ao mesmo tempo em que Pimenta coloca o folgado para fora do escritório com tabefinhos sequenciais. Ninguém mexe com a Guda Nostra.

2.6.16

Da arte de recomeçar

Estes não são um gato e uma criança quaisquer. Luigi perdeu sua família em novembro do ano passado, junto com o irmão. E Valentina é filha da Glaucia e do Ricardo, que já tinham adotado Jacob e Chuvisco aqui. Em dezembro, eles decidiram esticar a família para acolher os meninos, mesmo com receio da recepção do tigre. E a experiência já havia rendido boas fotos. Mas esta é a prova irrefutável de que os animais recomeçam mais fácil do que a gente.


O branquelo adora ser amassado pela Valentina!


E amoleceu Jake também.


As brigas cessaram, embora veteranos não morram de amores pelo Feijão ― que gosta menos ainda de fotografias.


Esta semana, Glaucia contou que está rolando uma redefinição de lugares na king size para esquentar o primeiro friozinho dos peludos lá.

27.5.16

Mais aniversariantes do mês - maio de 2016

Só Pipoca se parece com a mãe. E fisicamente, porque o gênio agridoce as cinco irmãs devem ter puxado do pai (ou "dos pais", em uma festinha de misantropos). Mas elas estão mais próximas desde que a gente se mudou para o apertamento ― até porque ele possui 240 m² a menos. E deixam manhãs, tardes e noites mais felizes com seu desajeito social.

Uma ninhada inteira para chamar de minha (e me chamarem de louca), há nove anos. ♥










*Novelinha: conheça a história das Gudinhas

Outros aniversários: 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009

19.5.16

Aniversariante do mês - maio de 2016

Este é o semblante (ou três quartos dele) de uma gata que botou cinco meninas no mundo. E que não poderá se livrar delas, como seus ancestrais faziam, porque eu adotei a família inteira. E que há dois dias enfrenta os 14ºC batateiros de temperatura no mesmo canto da cama.

Guda* me dá lições de inabalabilidade (consultei essa no Houaiss, confesso) desde 2007, data de sua chegada em Gatoca ― com destaque especial para o parto das Gudinhas. Nestes nove anos, eu retribuo com calmaria.


*Novelinha: conheça a história da Guda

Outros aniversários: 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

17.5.16

6 mitos sobre alimentação animal

Tem gente que aproveita o tempo livre viajando. Eu integro a panela dos idealistas que resolve fazer mutirão de castração. O que essa informação tem a ver com o título do texto? É que foi subindo e descendo as vielas de terra do DER que descobri que muitos tutores compram ração colorida achando que tem mais nutrientes, quando, na verdade, elas estão cheias de corante e sódio, substâncias que estimulam a formação de cristais. Eis a importância de compartilhar as informações abaixo.

1) Ração barata NÃO significa economia
Além do corante e do sódio, citados anteriormente, elas também levam ingredientes de qualidade questionável, como farinha de subprodutos de frango em vez de carne fresca, ou não apropriados a animais carnívoros, como glúten de milho e farelo de soja. Quem economiza na alimentação certamente gastará com veterinário e remédios mais para frente.

2) Mudança de marca NÃO pode ser de repente
O ideal é misturar um terço da nova com dois da velha no primeiro dia, metade de cada uma no segundo e dois terços da nova com um da velha no terceiro. Troca abrupta dá diarreia ― e caprichada, porque o bicho tende a comer mais do que de costume, animado com o sabor diferente.

3) Leite de vaca NÃO faz bem para gatos
Depois do desmame, que geralmente ocorre na sexta semana de vida, os bigodes não precisam mais de leite. Muito menos de vaca, rico em lactose, que o organismo deles não consegue digerir, gerando acúmulo de gases, dor e até diarreia.

4) Cães NÃO precisam de carne
Considerados onívoros oportunistas, o organismo dos cachorros se adapta para obter os nutrientes essenciais a partir de vários alimentos. Se quiserem um amigo vegetariano, basta elaborar um cardápio que compense as limitações e supra suas necessidades.

5) NÃO se deve dividir comida humana
Cebola, pimenta e outros condimentos são tóxicos para os peludos. Alimentação natural possui vários benefícios, mas deve ser preparada especialmente para o animal, compondo um cardápio balanceado.

6) Dar água da torneira NÃO é recomendável
Gato com esse hábito, aparentemente, fofo fica sem beber nada quando a gente está fora de casa, aumentando o risco de problemas urinários. Estimulem o bichano a se hidratar usando potes grandes (eles não gostam de encostar os bigodes nas bordas), colocando pedrinhas de gelo no calor ou investindo em bebedouros elétricos.


* Texto escrito para o Yahoo!

12.5.16

Ingressos esgotados!

― Esta casa parece show. Se você não chega cedo para pegar lugar, fica sem.

Leo se referia ao café da manhã com mais gatos na cozinha do que cadeiras. Mas também vale para o trabalho no escritório de mesa única, as tentativas frustradas de privacidade no banheiro, a paisagem dos janelões com orelhas, a cama de solteiro em dia de frio.

10.5.16

Convivência em harmonia

Eu coloquei Margarida, ainda filhote, para fora do apartamento três vezes. Ela sempre voltava ao banheiro, onde vivia a coleção de insetinhos que a gente não tinha coragem de matar. Um a um, eles foram desaparecendo. E Margarida aparecia à noite, quando os gatos dormiam inofensivos no outro extremo da residência. Até que sumiu também.

Semanas depois, a encontrei gigante, de dia, no teto da sala, para a completa indiferença dos bichanos. Margarida poderia morar em uma casa com jardim, mas prefere ficar aqui. Eu poderia usar inseticida, mas prefiro a Margarida. Os bigodes... ah, os bigodes são os bigodes, né?

(Sim, lagartixas engolidas causam platinosomose se portarem o parasita da espécie Platynosomum concinnum. Besouros também. Aranhas e abelhas são ainda mais perigosas, por causa do veneno ― aqui tem um texto bem explicadinho. Prefiro, então, caprichar na ração e dar um troco para a neurose comprar jujubas.)

5.5.16

Gato iogue

O universo felino se divide em dois grupos: de um lado, os bigodes que ficariam muito putos se tomassem uma vomitada da irmã e tratariam de limpar a meleca antes de ter sua imagem manchada por toda a eternidade. Do outro, o Mercvrivs.


*Para os hindus, iogue é quem atingiu a libertação, "a quem nada perecível tem poder, para quem as leis da natureza não existem mais, que foi emancipado desta vida, de modo que mesmo a morte não adicione nada a seu êntase".

3.5.16

Gatoca no Global Causes 2016

Não devia ter 150 pessoas naquele auditório de telões duplos. Representantes de ONGs como Greenpeace e Médicos Sem fronteiras sentados logo ao lado (obrigada, Paula Martinez Ramos!) para assistir às palestras do Facebook sob o mote "What do you have heart for", iniciativa ocorrida simultaneamente em 30 países.


O prédio já dava uma pista da grandiosidade do evento: R$ 60 de estacionamento, saguão com mais elevadores do que eu consegui contar, funcionários de sorriso branco-reluzente, três marcas de hidratante para as mãos no banheiro, acesso livre à geladeira de bebidas. E comida para vegetarianos!

A abertura ficou por conta da diretora de negócios Malu Lopes. Renata Gimenez, gerente de parceiros, falou sobre a estratégia da empresa de criar soluções para aumentar a arrecadação das organizações que melhoram o mundo. Gabriel Lucinski, especialista em páginas, explicou as funcionalidades da ferramenta e tirou mil dúvidas. Cris Dias, estrategista criativo, deu dicas de campanha. E Marco Salero, o homem do marketing social, desmistificou a ferramenta de anúncios.

Ainda rolou um painel com dobradinhas de sucesso Facebook-ONGs, um publieditorial da produtora que recuperou (e multiplicou) a grana roubada dos velhinhos da Divina Providência e a história fodástica da dona Vanilda, contada pelo Luciano Huck, para quem eu fui obrigada a tirar o chapéu, o cachecol e os meiões de vó ― que capacidade de envolver a plateia!


Diogo Dzodan, vice-presidente da América Latina, encerrou a manhã com o relato de sua passagem pela prisão (lembram do cara que se recusou a fornecer informações sobre o WhatsApp para a justiça?) e que virou um projeto para filhos de presidiários.


Jornalista há 17 anos, eu participei dos mais variados eventos. Mas nenhum me encheu de orgulho como esse. Em 2007, escolhi fazer parte da solução.

28.4.16

Síndrome do paninho

Quase três anos após a mudança para o apertamento, Pimenta (que, nove anos depois, ainda não deixou de ser Pimenta) descobriu um passatempo adorável: se pendurar na toalha de banho do Leo até soltá-la do registro para poder dormir enroladinha no banheiro. A cama de solteiro que eu trouxe da casa antiga, só por causa deles, não proporciona conforto suficiente. Nem os almofadões que Tati Pagamisse doou. Nem as prateleiras com vista panorâmica para a Anchieta da Laura Paro.

Se estendo a toalha no varal, a criatura apela à de rosto ― vocês têm noção do prazer que é enxugar olhos, boca e nariz em uma toalha peluda? Toca pagar R$ 137 no suporte mais barato do C&C, dinheiro que eu tinha prometido gastar com algo mais edificante. Para assistir a peste derrubar o paninho de louça, esfregar a bunda e dar uma coçadela nas orelhas.

26.4.16

Prateleiras e enriquecimento ambiental

Esqueçam caminhas personalizadas, brinquedos importados, manta fleece (sempre quis escrever essa palavra). Gatos gostam é de prateleiras ― para saltar, dormir, vomitar ração recém-mastigada. Eu escrevi um post sobre enriquecimento ambiental (animado e inanimado) no ano passado, mas a grana sempre ia embora nos resgates inusitados.


Eis que Laura Paro, a primeira adotante do projeto, nos convidou para visitar Carlotinha e doou seu trio seminovo! Nos dias de faxina, os bigodes se empoleiram em pares ― Chocolate não conta.


Até o Simba, que não consegue mais pular na vertical por causa da coluna de vovô, deu um jeito de curtir a vista privilegiada: sobe penduradinho com as garras da frente e chacoalha as patas de trás para alçá-las à base. ♥

20.4.16

Aniversariante do mês - abril de 2016

Dos clichês do universo animal, talvez o mais repetido seja o de que eles é que nos adotam. Mas aconteceu exatamente assim com a Clara Luz*, há dez anos. Eu escolhia concentrada a ração do Mercvrivs, quando senti minha blusa sendo puxada para o alto. Cedo demais para morrer, girei sem fazer a mais remota ideia de que sairia do pet shop com uma gata de patchwork ― a história completa está nos links do fim do post.

Mercv se apaixonou instantaneamente e guarda mágoa até hoje por ter sido trocado pelo Simba. Chocolate precisou ficar separada da geniosa por dois longos anos. Pipoca ainda sofre com as perseguições for fun, embora elas andem raras. Como boa ariana, Clara desperta amor e ódio por onde passa. Neste coração, porém, apesar da coleção de caras feias, só tem ronrom.



*Novelinha: conheça a história da Clara

Outros aniversários: 2015 |2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

15.4.16

12 números para apoiar o Gatoca

- Quase 9 anos de projeto.
- 1.097 posts escritos ― 1.098 com este. :)
- 4,5 mil leitores alcançados mensalmente.
- 9.011 comentários.
- 25 parceiros.
- 107 bichos socorridos (97 gatos, 7 cães e 3 aves).
- 3.819 curtidas no Facebook.
- R$ 21.110 financiados coletivamente (R$ 3.000 doados pelo Wings For Change).
- 50 animais castrados em mutirão (11 cães e 39 gatos).
- 1 e-book publicado.
- 9 minutos de bate-papo com o Marcelo Duarte na Rádio Bandeirantes.
- 1 puxadinho no Yahoo!.

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Quem topa ser coautor de um mundo melhor?


13.4.16

Soneca com emoção

Apesar de trabalhar há mais tempo como freelancer do que empregada, eu tenho uma coleção de ex-chefes queridos. De um deles (na verdade, uma), ganhei um traveisseirinho de camomila que os bigodes logo dominaram. Chocolate ama aquele travesseirinho! Passa o dia deitada sobre as bolotas vermelhas, até sair com cheiro de calmaria ― só o cheiro.

Acontece que o sono da pequena encrenqueira deve ser uma releitura da vida real e, dia sim, dia não, ela despenca da prateleira levando o travesseirinho junto. Aterrissa de pé e me olha com um misto de susto e vergonha, enquanto eu a encaro incrédula por mais uma soneca enfartante. Que se repetirá depois de amanhã.