Dr. Débora, irmã de uma amiga de adolescência, leu meu relato angustiado por WhatsApp, já que nenhuma clínica estava aberta no feriado, e receitou Trissulfin, um antibiótico para infecções intestinais. Junto com o remédio, eu comprei a caixa inteira de sachês renais do pet shop, mais palatáveis do que a ração seca, porque eles andam em falta no mercado ― a bichinha tem insuficiência.
Na terça, quando voltei de São Paulo, encontrei cinco poças de sangue na areia e um vômito rosa no chão do escritório. Pipoquinha pedia socorro com esta imagem de dar nó na garganta.
Nós rumamos ao hospital, onde ela tomou soro para baixar a ureia e a creatinina, foi medicada para conter o vômito e saiu com um pedido de ultrassom para confirmar a suspeita de colite.
Ontem, Dr. N. lhe preparou um coquetel de soro: vitaminas para compensar a greve de fome, ranitidina e plasil porque os vômitos pioraram em vez de cessar, dexametasona para ajudar o intestino a desinflamar (apesar de o corticoide prejudicar os rins), e enrofloxacina para evitar bactérias oportunistas. Também enfiou-lhe gaviz goela abaixo, para proteger o estômago judiado. O vírus, se for uma colite viral, só se combate fortalecendo o organismo.
À noite, a peluda comeu um quarto da latinha de A/D de colherinha, me fazendo rir e chorar ao mesmo tempo. Hoje, teve coquetel de soro de novo, mas nada de vômito simbólico nem de banheiro de filme de terror ― na verdade, não teve cocô ainda. Pipoquinha continua querendo ficar. E eu sou uma magrela boa de briga.