Não precisa ser vidente para acertar a causa da morte de seis em cada dez bigodes. Basta chutar insuficiência renal. Muito gateiro, porém, desconhece que essa doença silenciosa pode afetar o funcionamento dos rins de seus melhores amigos. Surpresa com a falta de informação geral, a
Carol Toledo sugeriu um post aqui no blog sobre o assunto. E as veterinárias Marcela Malvini Pimenta e Marianna Pantano responderam nossas perguntas prontamente. Tirem suas dúvidas, espalhem para os amigos, compartilhem experiências nos comentários. :)
O que caracteriza insuficiência renal?
Uma alteração na capacidade de filtragem dos rins, que passam a reter ureia e creatinina (compostos tóxicos) e eliminar água, vitaminas e proteínas. Quando essa alteração ocorre de forma súbita, recebe o nome de doença renal aguda (DRA). Se o processo for gradual, chama-se doença renal crônica (DRC).
Quais são as principais causas?
A causa mais comum da insuficiência renal crônica é o envelhecimento do bicho. Já a insuficiência renal aguda costuma estar ligada a fatores isquêmicos, infecciosos ou tóxicos, como a ingestão de determinadas plantas e medicamentos.
Por que tantos gatos sofrem do tipo crônico?
Porque a capacidade de absorção de seus rins é maior, fazendo com que eles bebam menos água, essencial para expelir toxinas e prevenir inflamações, infecções e cálculos renais. A urina fica, então, mais concentrada e passa a sobrecarregar o órgão. Há, ainda, a propensão de algumas raças para o desenvolvimento da doença, como no caso dos persas.
Quais são os sintomas?
O animal perde o apetite, emagrece rapidamente, passa a tomar água em excesso e faz xixi (clarinho) a todo momento. Desidratação, vômitos, prisão de ventre e mucosas pálidas também podem integrar o pacote. Muitas vezes, porém, a insuficiência renal crônica evolui sem alarde.
E os riscos?
O agravamento da doença tende a provocar infecções do trato urinário, úlceras na boca e no estômago, pressão alta que leva à cegueira e até morte.
Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito com exame físico, em que o veterinário avalia a presença de dor, o tamanho, a forma e a textura dos rins, exames laboratoriais (de sangue e urina) e de imagem (radiografia e ultrassom). Mas raramente identifica-se o problema na fase inicial, por causa da ausência de sintomas.
E como trata?
É preciso manter o bicho hidratado, adotar uma dieta com baixo nível de proteínas e, se necessário, realizar sessões de fluidoterapia, para diluir as substâncias indesejáveis do sangue. Quando parte significativa do órgão foi comprometida, porém, resta apenas a opção de controlar a doença ― transplantes têm taxas enormes de rejeição e condenariam os doadores à morte, já que a chance de sobrevivência com um único rim é praticamente nula.
Há cura?
A insuficiência renal crônica é irreversível. Mas o tratamento adequado pode evitar ou desacelerar sua evolução e as complicações sistêmicas, proporcionando uma boa qualidade de vida por meses ou até anos.
Dá para prevenir?
Além de levar o animal ao veterinário anualmente, é imprescindível estimulá-lo a beber mais líquido. Ofereça água sempre limpa e fresca, em recipientes largos e rasos (reparem no plural!), porque os bichanos não gostam de encostar os bigodes nas laterais. E alterne a ração seca com sachês e latinhas, opções úmidas. Insuficiência renal aguda se previne mantendo medicamentos, plantas tóxicas e produtos químicos longe do alcance dos peludos, além de impedir o acesso à rua.