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19.6.12

O gato indecifrável

Kiwi é um pássaro raro da Nova Zelândia, incapaz de voar porque suas asinhas nascem atrofiadas e protagonista da animação mais triste que eu assisti nestes 32 anos. Agora, ele também batiza um bigode, dono do olhar mais arrasador que já passou por Gatoca. No fim de maio, quando o vizinho da frente comentava que queria adotar um gatinho, ele atravessou a rua, fazendo São Francisco soprar no meu ouvido que esses corações podiam bater juntos.

Proposta aceita, eu entreguei ao senhor minha caixa de transporte, uma latinha de patê e pedi para os guardas ajudarem na captura do bichano. Três dias depois, outro vizinho avisou que o azarado havia caído no quintal dos cachorros e se escondera em uma pilha de caixas de papelão, onde já virava 48 horas. Os meninos conseguiram resgatá-lo e eu instalei o peludo no banheiro da nova família, para não ter de cuidar dele aqui em casa no auge da crise de rinite.

Na hora em que o sujeito ligou o chuveiro, porém, o animal desesperado quebrou tudo que viu pela frente e acabou parando no meu banheiro. Nestas quatro semanas, ele só saiu de baixo da pia para ser castrado e vacinado. Quando a gente acaricia sua cabeça, o coitado não foge, mas também não dá sinais de que está gostando, comportamento que lhe rendeu o apelido de Coma Cat, o gato sem reação.

Eu pensei que as coisas melhorariam com a doação do Zion (coming soon), só que, no quarto da suíte, ele passa a madrugada inteira chorando e sequer coloca o nariz para fora da estrutura de madeira da cama. Alguém tem um espaço maior, que bata um solzinho, para abrigar temporariamente essa criatura? Um balde de amor e duas colheres de paciência devem ajudá-lo a desabrochar.

Com Gatoca superlotada e a Pipoca doente, eu não estou dando conta. Mas pago todas as despesas e me encarrego da doação do magrelo. Vê-lo sofrendo assim me obriga a pensar em soltá-lo de novo. E isso nunca aconteceu em sete anos. Nem com os filhotes atentados, nem com os tigrados encardidos, nem com a vovó cheia de problemas, nem com a pomba que bombardeava nossa blusa de coco. Help?



Epopeia do Kiwi na busca por um lar:

:: O gato indecifrável
:: Três sinais
:: Quem avisa amigo é
:: Voo de liberdade
:: O último voo

7 comentários:

D´iulara disse...

Menina, você acredita que isso já me aconteceu uma vez?
Faz um bom tempo, mais ou menos uns 8 anos...
Encontrei um gatinho tigrado, ao qual batizei de Expedito, e o levei pra casa.
Mas o Bichano não suportava a vida entre quatro paredes. Fugia sempre que podia e só voltava para comer. Passava o dia na rua.
Mas à medida que crescia ia ficando mais agressivo.
Acabei soltando-o depois que minha filha, pequenina na época, acabou toda arranhada.E ele nunca mais voltou pra casa.
Foi um desfecho triste e, até hoje, me culpo por tê-lo deixado ir.
Mas, vai ver, alguns têm a natureza mais selvagem, né?

Torcendo pra que alguém se habilite a cuidar do genioso felino.

Beijos,
Diulara e família felina.

Em tempo : continuamos no ritual das energias positivas pela linda Pipoca.

Karina disse...

Como eu adoraria fazer lar temporário pra um felino, mas aqui em casa eu sou minoria....
Beijos

Lúcia Montrod disse...

Não deveriam existir pássaros incapazes de voar, é uma contradição muito cruel. Nem gatinhos acolhidos e acarinhados que continuam c/ medo e só querem "não estar ali". Como a Karina, aqui em casa eu também sou minoria no que se refere a "trazer gatos". Já esgotei a cota permitida. Espero que você consiga ajuda e espero ainda mais que o Kiwi vença todos os seus adversários.

Renata Lakatos disse...

Sei MUITO bem como é.. estou com uma menina assim no meu banheiro tb. Cada descarga é um tremelique, cada luz acesa é um espasmo... pelo menos ela ronrona ao receber carinho, mas se recusa a brincar ou fazer qualquer coisa que não seja comer e ficar deitada na caixinha com o cobertor.
Boa sorte com o pequeno e com a Pipoca!

ana mello disse...

Tadinho... eu tenho uma parecida aqui em casa que é só um pouquinho mais sociavel, a minha sabrina, ela foi abandonada junto com os irmãos aqui perto de casa há uns 6 anos já, por serem siameses as pessoas foram pegando e só sobrou ela pq mordia todos q tentavam pegar, eu com muito custo consegui pega-la e trouxe para casa, mas ela não aceitava ninguem, só o Valdir q tipo a adotou, mas pessoas não chegam nem perto, só consigo pega-la no susto, e assim mesmo fica toda dura no colo e começa a rosnar. Acho q isso já é do temperamento pq aqui tenho outros gatos q vieram pra ca em situações bem piores e são bem carinhosos.
boa sorte para esse anjo.

Anônimo disse...

Dá pra aguentar até novembro e trazer ele pra Curitiba? Na minha próxima casa tem espaço de sobra pra ele se soltar, e uma irmãzinha beeem atentada!

Att.,
Anna K.

Beatriz Levischi disse...

Eu acredito que todo animal acaba se entregando com a família e o espaço certo (além de uma boa dose de paciência). Sorte que Kiwi já começou (http://blog.gatoca.com.br/2012/06/tres-sinais.html), porque eu dificilmente teria coragem de soltá-lo na rua de novo...

Anna, mande sinal de fumaça: bialevischi@yahoo.com.br. ;)