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8.5.15

Adoção platônica

Vejo Pretinha de barriga raspada ao longe. Lembro da castração, das consultas veterinárias, dos miados chacoalhantes no carro, do ultrassom, da coleta de sangue. Pretinha me vê chegando na favela ao longe. Ignora a castração, as consultas veterinárias, os miados chacoalhantes no carro, o ultrassom, a coleta de sangue. E vem ronronar no meu colo.

O apetite voltou, a gengiva avermelhou, a apatia causada pelo combo anemia-infecção-hepatose se foi. Mas a pequena continua passando a maior parte do tempo na rua ― como os outros bigodes da família. Se houve uma fração de segundo nestes nove anos e meio em que eu quis não ter dez gatos, essa fração piscou nos relógios do DER no domingo.



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2 comentários:

Silvia Balloni disse...

Infelizmente, dói o coração. Aperta a alma e sinceramente não sabemos o que fazer.
Semanas que se foram, deparei com um gato adulto, lindo. Aparentemente recém jogado na rua. Eu, lotada. Já sem conseguir enfiar um fio de cabelo, liguei. Já era tarde. Normalmente, horário que pessoas estão dormindo.
Já ligando em casa, na esperança de que no dia seguinte conseguisse algo. Também não tive a ligação bem recebida. Triste, deixei a ração que sempre carrego para dar aos que estão em busca de comida. Coloquei a água. Fui embora com coração apertado. No dia seguinte ao passar soube que o mesmo havia se tornado uma estrela.
É duro. Tenho tentado bater na porta de partidos com a esperança de que possa ser levado a conscientização na secretaria da educação. E pelo menos no ensino básico possa formar sementes boas. Assim como os que apareceram nos depoimentos do gatoca.
Ultimamente nem abaixo assinado tem tido resultado. Dias difíceis.

Beatriz Levischi disse...

Um dia a gente chega lá, Silvia. ;)