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10.6.21

Uma semente do Gatoca na ONU!

Eu já contei nestes bytes que virei personagem de um livro da Rosana Rios, autora de mais de 180 obras infantojuvenis, sobre uma menina fluente em cachorrês e um menino hábil em gatês, que se unem para salvar o bosque do bairro ─ discutindo nossa relação com o diferente e o que estamos fazendo com o planeta.


Pois "Entre Cães e Gatos" acaba de ser selecionado para o clube de leitura da Organização das Nações Unidas, na categoria redução das desigualdades! Criado em 2019 e acreditando nos livros como ferramentas de transformação, o clube pretende dialogar com as crianças sobre temas relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).



Para ampliar, cliquem na imagem

Destaque para erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável, igualdade de gênero, água e saneamento, cidades e comunidades sustentáveis, consumo e produção sustentáveis, mudanças climáticas, trabalho decente e crescimento econômico. A lista das 175 publicações em português está no site da Câmara Brasileira do Livro, um dos responsáveis brazucas pela iniciativa.

Vocês têm noção da felicidade desta ecossocialista-vegana-ativista pelos animais? ❤️





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O conteúdo do Gatoca é financiado por gente que acredita que o mundo pode ser melhor. Quer fazer parte dos despioradores? Assine nosso clube no Catarse ou doe o cafezinho em forma de PIX: doacoes@gatoca.com.br

9.6.21

Quando o X marca o tesouro

Guda é aquela gata que antecipa onde você vai sentar e se aboleta antes, impede a abertura da porta da geladeira em todas as refeições, pelo uma vez por dia faz alguém na casa tropeçar. Quando a vi centralizada nesta sombra, dei risada. Há 14 anos, Capitã Barriga confiou em Gatoca para esconder seus tesouros. E acabou virando o meu.

4.6.21

Primeiro Gramado da Fama araçoiabano!

Foram oito meses sem novos apoiadores por aqui. E não nosso reclamar, porque os corações de pudim que acompanham o Gatoca vêm resistindo bravamente aos solavancos financeiros (e emocionais) do país — nosso financiamento coletivo não só manteve as assinaturas como relevou dois meses sem atualizações no blog!

E, se antes esse dinheiro me permitia investir em projetos alternativos, como o livro infantil e o jogo de tabuleiro, agora ele tem garantido a manutenção da vida — se você aprende, dá risada e se diverte com estas linhas, veja nossa campanha no Catarse. R$ 5 fazem diferença, viu? E falta pouquinho para bater a meta de revelar os bastidores dos bigodes — coisa que já estou fazendo, porque não sei brincar de capitalismo. rs


A mais nova integrante da resistência, inaugurando o Gramado da Fama araçoiabano, é Kley Kopavnick, que nos descobriu procurando informações sobre doença renal. Pelo Instagram, ela desabafou que queria a conversar com alguém que a entendesse e perguntou se eu conhecia uma comunidade "para trocar experiências e diminuir o peso".


Melhor descrição para o Cluboca, nosso grupo no WhatsApp, não há! Foi lá, inclusive, que compartilhei a epopeia da casa nova, em 23 capítulos apócrifos, ganhando colo sempre que as coisas davam errado — e elas deram muito errado. Os apoiadores também recebem superproducinhas exclusivas (juro que elas voltarão!) e outros mimos, além do clássico mundo melhor. :)

Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe...

...Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Lilian Gladys de Carvalho, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Amanda Midori, Karine de Cabedelo, Michely Nishimura, Ana Paula de Vilas Boas e Danilo, obrigada é pouco para vocês! ❤️

3.6.21

Esponja mágica para limpar sujeira pesada de gato

Quem fizer uma visita surpresa a Gatoca antes do dia da faxina encontrará nas paredes pus, sangue e catarro. Não, eu não estou trabalhando como serial killer para complementar a renda. É que o carcinoma da Clara vaza longe com os chacoalhos de cabeça e a alergia da Pimenta produz secreções aderentes.


Na casa de Sorocaba, alugada, a tinta áspera não ajudava e qualquer esfregada de bucha tradicional rendia um borrão azul. Eis que Leo lembrou da esponja de melamina, indicada pela Rosa Yukari para limpar tênis (coisa que a gente quase não usa no interiorrr), escondida no fundo da gaveta da lavanderia.

Naquela época, só se encontravam versões japonesas dela, em lojinhas de importados. Hoje, dá para comprar em redes grandes de material de construção e até supermercados — com embalagem em português, rs. Minhas sextas-feiras mudaram! Pensem em uma jornalista com lua em virgem, que chegou a fazer molho nos catarros!


Agora, é só umedecer a esponja com água e ir passando nas paredes (e portas, armários, cadeiras), sem precisar apelar à força-bruta.


Para potencializar o efeito e tirar o encardido deixado pelos gatos, como vocês veem no vídeo, uso esta receita de sabão líquido natural. Compartilhem suas dicas nos comentários!

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Agora em junho tem série nova! Todo mês, o Gatoca publicará dicas e curiosidades da bíblia "O Encantador de Gatos", escrita pelos especialistas em comportamento Jackson Galaxy e Mikel Delgado, com fotos e vídeos da gangue para ilustrar. Se quiser ser avisado, é só assinar nosso boletim ou entrar no canal do Telegram.

28.5.21

Aniversários felinos não comemorados

Nos últimos dois meses, os únicos "aniversários" lembrados por aqui foram os das caixas da mudança, que insistiam em atravancar o caminho e fazer desaparecer coisas importantes. Isso significa que os 15 anos de adoção da Clara, no dia 10 de abril, passaram batido, assim como os 14 da Guda, em 7 de maio, e de todas as Gudinhas, duas semanas depois.

Sete bigodes de nove, um recorde de negligência! Mas temos bons motivos: recomeçar mais perto da natureza, em uma casa melhor ventilada e iluminada, na torcida por menos crises de alergia/asma, sem a insegurança do aluguel, que nos desabrigou em plena pandemia. E não faltará festerê!

Leitores de exatas notarão um gato frajola não-aniversariante sobrando nas fotos. É Mercv, nosso penetra favorito. rs





*Novelinhas: conheça as histórias da Clara, da Guda e das Gudinhas

Outros aniversários da retalinha: 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 |2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

Outros aniversários da barriguda: 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

Outros aniversários das pequenas: 2020 | 2019 (especial Dia do Abraço) | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009

25.5.21

Bate-papo: o papel da educação na proteção animal

Atualizado em 28 de maio de 2021

Mônica Campiteli e Gabriel Bitencourt me convidaram para pensar junto, como o título deste post dá o spoiler, o papel da educação na proteção animal. A live rolou no dia 26, mas ficou gravada aqui. Quem acompanha o Gatoca sabe que sou jornalista de formação, blogueira por opção e ativista por acidente — há quase 14 anos. Por isso destaco a superbio dos meus parceiros de conversa:

Mônica é bióloga, mestre e doutora em física aplicada à medicina, guardiã do santuário de animais que visitei em janeiro do ano passado e, porque o dia dela tem mais horas do que o nosso, vice-presidente em um projeto social. Gabriel é professor com especialização em educação ambiental, vice-presidente da Anda, colunista da rádio Ipanema e ainda militou como vereador por 12 anos em Sorocaba.

Semanalmente, o Papo de Ambientalista discute questões socioambientais, direitos dos animais e veganismo — pensado especialmente para o público não vegano, com a intenção de oferecer informações que motivem e orientem decisões. Tudo pautado na ciência, claro, no respeito a todas as formas de vida e em valores anticapitalistas.

Qualquer ser vivente que queira despiorar o mundo é bem-vindo. 💚

21.5.21

Bastidores da mudança para Araçoiaba

Eu já contei aqui o pesadelo que foi nosso encerramento forçado de ciclo em Sorocaba e recomeço inacabado em Araçoiaba da Serra — dois meses depois, continuamos sem porta no banheiro! Mas, se a vida entre caixas demandou aos humanos escalonar as discussões, os nove gatos pareciam estar no paraíso.


Diferente da mudança para o apertamento, em São Bernardo, quando Jujuba retalhou meu braço, eles se dividiram em guetos e Pipoca passava as madrugadas gritando, ou mesmo da vinda para o interiorrrrr, com trilha sonora estendida de bufadas, em 24 horas os bigodes esbanjavam segurança e aconchego.




Quer dizer, 24 horas para cada grupo, porque a gente trouxe as coisas inanimadas no dia 31 de março, a primeira leva dos animados em 1º de abril, com o escritório preparado, e, quando voltamos para buscar a segunda, já tarde da noite, as caixas de transporte tinham ficado em casa.


Não sobrou grana para o gatil planejado, mas Leo improvisou um com as telas velhas, bambus roubados do terreno vizinho e macarrões — o mais perto que chegamos de um jardim com piscina. Isso, claro, depois de a gangue quase nos enlouquecer em 60 m2, de janelas fechadas.




A primeira a fugir foi Jujuba. Depois, o combo Pipoca, Keka e Pimenta. O recorde, porém, ficou com a Chocolate, que a gente colocava para dentro e já descobria outra brecha, tipo fila de brinquedo do Playcenter. Guda, a gata-baiana, demorou um mês e meio para ousar. Mercv e Pufosa sequer tentaram.

Simba morreu antes da nossa mudança para Sorocaba, sem nunca mais ter pisado em um quadradinho de grama. Clara Luz conseguiu conhecer Araçoiaba. ❤


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20.5.21

Guardiãs felinas

Dizem que gatos nos protegem de energias negativas, tipo ódio, tristeza e angústia. Como o clima por aqui está pesado, sem perspectiva de impeachment, os bigodes resolveram redirecionar suas carreiras: Guda assumiu a função de guardiã da luz.



Pufosa, da burocracia.


E Pipoca, da reciclagem.

14.5.21

O Gatoca acabou?

Pela primeira vez, em quase 14 anos, eu não senti vontade de voltar, confesso. A primeira semana sem atualização foi culpa da mudança — para quem não recebe o +Gatoca, o dono pediu o imóvel que a gente alugava em Sorocaba de volta, no meio da pandemia. A segunda semana também, porque sobramos com uma obra inacabada, depois de tomar um golpe da empresa de casas de contêiner — que deveriam ser construções rápidas e baratas.

E a terceira, eu achava, pois a vida entre caixas e nove bigodes idosos ficou insustentável — imaginem uma criatura tentando fazer miojo na pia do banheiro, enquanto a gata dos cristais na bexiga se esvai em diarreia, a da insuficiência renal vomita poltergeists e a do carcinoma aparece com bicheira! Na quarta semana, percebi que não queria era sair da cama — não que esse seja um luxo para tutores de gangue.


Comecei a pandemia até que bem, recriando pinturas famosas e desencardindo prateleiras. O Gatoca já sobreviveu, inclusive, a trabalhos simultâneos em cidades diferentes, problemas de saúde e perdas felinas bastante doídas. Mas, quando você precisa brigar com montadores de armário que não usam o raio da máscara dentro do seu quarto, incentivados por um boçal, a existência parece perder o sentido.

E 49 dias se passaram mudos por aqui.


Foto para o curso "Design é Fluxo", com a maravilhosa Raquel Matsushita

Aí, chegou uma mensagem pelo Instagram...


...e outra...


E outra.


Resolvi, então, dar mais uma chance à humanidade.

Que assuntos vocês gostariam de ver por aqui? :)


O conteúdo do Gatoca é financiado por gente que (ainda) acredita que o mundo pode ser melhor. Quer fazer parte da transformação? www.catarse.me/apoiegatoca

26.3.21

Cantinho da reflexão

Jujuba afiou as garras no sofá, que fica ao lado do arranhador. Keka se pôs a babar as seringadas de água, depois de quatro anos e meio. Pimenta assassinou uma dúzia de insetinhos na última semana. Guda fez xixi na cozinha. Mercvrivs ganhou petisco extra para encarar a gangue e aumentar o constrangimento. Quatro gatas ainda não acordaram.


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19.3.21

Gateiras: nem loucas nem solitárias

Eu nunca me importei de ser chamada de "louca dos gatos". Até sexta-feira passada, quando o Universa, portal feminino do UOL, distorceu uma entrevista que dei para encaixar nesse estereótipo. A pauta, segundo mensagem da repórter no Instagram, abordaria a relação de mulheres com os bigodes, especialmente durante a pandemia. E nós conversamos ao telefone por quase uma hora.


Deixei claro que tinha um parceiro de longa data e minha rotina praticamente não mudara na quarentena, porque trabalho em casa há 15 anos e a gangue se formou na mesma época. Cheguei, inclusive, a criticar o estigma da solteirona entupida de gatos, defendendo que lidamos melhor com as personalidades complexas dos felinos e podemos escolher não casar mais com os trastes humanos.

Minha primeira surpresa, quando a matéria entrou no ar, foi ler um depoimento imenso em primeira pessoa, com palavras e expressões que não uso, porque a jornalista fez anotações livres, em vez de gravar e transcrever o relato, e botou tudo na minha boca — verbos repetidos à exaustão, ideias truncadas, vegetariana em vez de vegana, dona em vez de tutora.


E a foto do Gatonó, à direita, decepada

Para não contradizer o título, "Loucas por gatos: como bichanos viraram antídoto para solidão no isolamento", meu status de casada desapareceu, assim como o comentário de não ter sentido tanto o impacto da quarentena. O título, aliás, foi alterado depois de publicado, como denuncia a url da página — "Melhor amigo da mulher: elas contam histórias de amor com seus gatos".


Para ampliar, cliquem na imagem

Tudo pelo clique: essa morte horrível do jornalismo. A repórter até demonstrou boa-vontade de corrigir os problemas apontados — embora, na terceira edição, tenha transformado Leo em vegano e reduzido aos peludos os múltiplos motivos da nossa mudança para Sorocaba. Mas continuava não sendo um depoimento meu. E a essência estava errada.

Os bigodes nos fazem companhia, sim. Uma companhia incrível! Mas a expectativa de que outro ser pode preencher nosso vazio é equivocada. Passado o susto inicial com o surto de covid, por exemplo, quando o povo saiu correndo para adotar animais de estimação, o abandono e os casos de maus-tratos aumentaram.

Associar os bichanos a gente doida, com dificuldade de relacionamento, também tira a chance de muitos deles ganharem um lar, por preconceito. E, o pior de tudo, é mentira. Nós somos diversas: solteiras, idosas, workaholics, lésbicas, ricas, casadas, jovens, com filhos, endividadas, heterossexuais, donas de casa, não binárias.

Levantei esse debate no grupo de apoiadores do Gatoca (conheçam nossa campanha!) e compartilho aqui alguns depoimentos. Bora apagar, de uma vez por todas, essa fogueira medieval?

Aline Fagundes

"Não sei de onde tiram esse negócio de que gato é bicho de mulher solitária, rs. Se fosse um animal subserviente, mas, pelo contrário, é um bicho que te manda ter semancol e se enxergar diariamente. 😂"

Fernanda Barreto

"Quando adotei os meus, já namorava há uns dois anos com meu marido. Amo cachorro também, mas não ia dar para ter em um apartamento pequeno, saindo às 5h30 e chegando quase às 20h. Aí, adotei mais um para fazer companhia ao primogênito."

Lorena da Fonseca

"Sou a humana da Jaguatirica e da Tapioca desde 2014. No início de 2015, comecei a namorar com meu marido e, desde o meio de 2016, moramos todos juntos. Fiz lar temporário até 2018, quando descobrimos que a Tapioca tem FeLV. Sim, eu recebo emoticons da louca dos gatos dos Simpsons. Mesmo tendo só duas gatas. Por outro lado, meu marido sempre recebeu elogios porque faz lar temporário. 'Ahhh que fofo!'. 😒 É bom que temos uma divisão: eu sou a favorita da Jagua e o Fábio é o favorito da Tapi. 🤍🖤"

Bárbara Santos

"Tenho 30 anos, sou ex-funcionária pública, atualmente trabalho como data engineer e sou mãe de gatos. Não digo tutora, porque tutor é aquele responsável. Eu sou mãe, eles nasceram do meu coração e temos um laço de adoção. São os únicos filhos que terei. Neste mês de março, a Bia questionou em nosso clubinho: por que ainda associam mulheres que preferem gatos a pessoas tristes e solitárias? Eu não sou solitária, muito menos triste. Ajudo uma rede de mulheres imensa, trabalho fora (agora em home office), fiz duas faculdades onde consegui amigos incríveis, que me acompanham desde então.

A escolha pela maternidade felina é apenas uma de muitas que eu, como mulher, feminista, pessoa ciente de seus privilégios, posso fazer. Também posso estudar, trabalhar, trocar de profissão (aquela 'dos sonhos' de muitos, com estabilidade), viajar, morar com meu namorado (que também ama gatos), ter amigos, curtir, e amar e ser mãe de gatos. Não ter filhos humanos é uma escolha empoderadora. Significa que posso decidir os rumos da minha vida. E ela não depende de casamento e filhos para ser feliz e repleta. Não serei a velha dos gatos. Serei a mulher que escolheu a companhia felina por amor. A velha dos gatos é a mulher livre, que merece ser olhada com mais carinho e menos estereótipos."

Adrina Barth

"Desde pequena, sempre tive um amor enorme pelos animais. Eu era daquela que achava cachorros/gatos/passarinhos na volta da escola e levava para casa. Meus pais ficavam loucos! Meu passeio favorito no centro da cidade? Visitar o Aviário São Paulo, com filhotes à venda — isso na década de 80, hoje sinto horror à venda de animais. Mas meus pais nunca me deixaram ter gatos, então só adulta é que pude, por iniciativa própria, adotar meus bichanos. Fui de zero a dez gatos em cinco anos, porque é difícil parar quando você começa. E sou muito grata por tê-los em minha vida. Essa companhia me fez ver o mundo de outra forma, com mais compaixão e percebendo as dores e tristezas dos que sofrem. Eles me fazem ser melhor. Fui mãe solo por muitos anos, mas há três tive a sorte de encontrar um companheiro que não gostava de gato e, em pouco tempo, também foi transformado por eles. Hoje formamos uma família feliz: dois humanos, dez bichanos e três galinhas."

Patrícia Sloi Urbano

"Tenho 55 anos e os gatos entraram na minha vida através do meu companheiro. Moramos juntos desde 2005, sem filhos humanos por opção — nunca senti vontade de ser mãe. Em 2010, ele trouxe uma gatinha para casa, uma frajolinha. Eu não gostava de gatos e não queria nenhum, até porque tínhamos um casal de chinchilas. Mas ela era tão pequena e frágil que deixei que ficasse e, em pouco tempo, me apaixonei. De lá para cá, essa paixão só aumentou. Hoje, temos seis gatos e cuido de duas colônias de animais de rua e de quatro bichanos semidomiciliados na rua em que minha mãe mora. Eles fizeram de mim uma pessoa melhor. Tornei-me vegana e conheci o verdadeiro amor incondicional. Os gatos entraram na minha vida por acaso, mas não porque eu fosse solitária, triste ou entediada. Não me imagino mais sem eles. Quero seguir em meu processo de envelhecimento e evolução bem-acompanhada."

Marina Kater

"Os gatos foram minha liberdade. Eu era hiperalérgica quando criança e meu pai não era muito fã deles. Só tinha contato com os bichanos da minha madrinha, que morava na Granja Viana e via esporadicamente, sempre em doses homeopáticas para não morrer entupida. Mas sempre soube que, um dia, teria um gato. A primeira coisa que fiz quando saí de casa foi adotar a Olívia, filhote tricolor de 45 dias de uma das gatas da minha madrinha. Curiosamente, minha alergia havia sumido. Olívia foi minha companheira por 16 anos. Me viu namorar, casar, ter três filhos e me divorciar. O primeiro grande amor da minha vida. ♥️ Meu ex até gostava de gatos, mas não teria se a escolha fosse dele. Nunca foi. Tive outra gata junto com a Olívia e fiz uma série de lares temporários nesse tempo. No ano em que me separei, minhas duas senhorinhas morreram e adotei dois meninos. Não fico mais sem gatos. Até tutora-de-coração eu sou, do gato do meu namorado."

Paula Melo

"Desde criança, eu adorava animais. E, de tanto insistirmos, meus pais adotaram uma gatinha. Eu tinha uns doze anos. Quando me casei, começamos com duas, depois veio a terceira — uma casa, para ser um lar, precisa de gatos! Me separei, fui morar em Brasília e levei as três. Tempos depois, casei de novo, não oficialmente, e as gatas logo se apegaram ao novo pai. Essas já viraram estrelinhas, mas outros foram aparecendo e chegamos a oito.

Os dois mais velhos, Kitty e Benjamim, eram das minhas enteadas. Nasceram no quintal delas, foram passar um tempo conosco e, como a mãe não gostava muito, ficaram. Aí, no meu trabalho, apareceu o Café. O Piano, na garagem do prédio. O Jojô, no veterinário — ele não tem parte de uma pata. Acabei me comovendo, então, com outra gata de patinha torta, a Jade. Preta surgiu na portaria do prédio. E, por fim, Mia atravessou uma avenida de seis pistas na minha frente e se escondeu embaixo do meu carro horas depois.

Isso foi um pouco antes de nos mudarmos para o Rio, com uma parte da turma viajando de avião, na cabine, e outra de carro, em um trajeto longo e cansativo. Também acho que os gatos provocaram uma mudança importante em mim: conheci diversas pessoas que atuam na causa animal, percebi o prazer que existe em se doar, notar o sofrimento dos outros, se importar. Trabalhando em casa na pandemia, praticamente sem sair, eles são fundamentais para nossa sanidade mental. É muito amor e diversão! E perrengues, claro. Mas a gente esquece só de olhar para as carinhas deles."

Aline Silpe

"Tenho 44 anos, três gatinhos, dois deles já idosos, e sou solteira por opção, embora não me sinta solitária. Sempre amei/cuidei de bichanos, desde pequena. Uma das minhas primeiras lembranças somos eu, aos 3 anos, e meu pai limpando os olhinhos remelentos dos filhotes da mamãe gata que ganhava as sobras das minhas refeições, no hotel em que nos hospedamos durante uma viagem de férias em Vila Velha (ES). Nossa casa foi lar de muitos peludos, alguns resgatados, outros que a 'adotavam' por encontrar nela um porto seguro. Curiosamente, só fui ter cachorros há pouco mais de dez anos, também resgatados, embora não me lembre dos meus pais proibindo quando era criança. Acho que tem mais relação com minha personalidade, que se identifica mais com o comportamento dos felinos.

Pode parecer individualista (e talvez seja), mas me vejo uma pessoa inteira, um ser humano que gosta de companhia, sem fazer disso uma muleta para sua existência. E os gatos são assim: independentes, que sabem valorizar um ambiente compartilhado harmonioso. Quantas e quantas histórias já vivenciei de ferais que viraram uns doces depois de um pouco de carinho, alimento e segurança? Não sei contabilizar o número de animais que já tive, até porque muitos foram 'hospedes' à procura de um lar. Mas considero todos fundamentais no meu crescimento como ser humano consciente de suas responsabilidades e no respeito à vida alheia, seja ela humana ou de quatro patas."

Renata Godoy

"Tenho 51 anos, cinco gatos e sou solteira. Com essas características, alguns conhecidos e muitos desconhecidos devem me ver como 'a velha louca dos gatos'. Tirando o 'velha', sou louca por gatos. Morei na zona leste de São Paulo, em um bairro com muitos bichanos soltos pela rua. O primeiro que cuidei foi o Nino. Era adolescente, nada sabia sobre castração e, um dia, ele desapareceu. Cresci, me formei, namorei, viajei, comecei a ganhar o bastante para me sustentar e me mudei. A partir daí, pude realmente adotar e ser responsável por alguns peludos. Os dois primeiros nasceram de uma gata que a mãe de uma amiga cuidava no interior. Tinham problemas neurológicos e ela sabia que comigo seriam bem-cuidados. Estão com 12 anos agora!

Depois, aos poucos, chegaram as meninas. Canela, para que a população felina tivesse uma representante feminina. Depois, Safira e Pérola, mãe e filha devolvidas pela 'tutora' depois de dois anos! Nunca entenderei gente que age assim com os animais. Safira e Canela devem ter uns 13 anos agora. Pérola faleceu de câncer, um dos períodos mais difíceis que passei como mãe de gato. E, recentemente, adotei a Rimpoche, que vivia em uma colônia de gatos de um cemitério em Santos. Ela é muito medrosa, mas está, aos poucos, se adaptando.

Os cinco são o xodó dos tios, eram o xodó do avô e são queridos pela cat sitter e pelos amigos humanos da mãe. Carinhosos, companheiros, falantes, brincalhões e mimados. Em todos esses anos, conheci muita gente legal, que ama os animais. E apoio o trabalho de pessoas e ONGs que lutam arduamente para proporcionar uma vida digna a esses seres vivos, algo que deveria ser responsabilidade de toda a sociedade. Louca dos gatos, não. Por gatos? Sempre!"

Tatiana Pagamisse

"Tenho 40 anos, uma gata e sou casada. Como solteira, morava em casa térrea com meus pais, irmãos e um cachorro. Papagaio, periquitos, outras aves, até coelhos e codornas habitaram nosso lar, mas nunca gatos. Nem por isso nutria algum tipo de antipatia pelos felinos. Ao contrário: tinha bastante curiosidade sobre como seria conviver com estas criaturinhas. Quando meu marido e eu nos casamos, viemos morar em um 'apertamento'. Por trabalhar no esquema home office, eu passava bastante tempo sozinha e, ao mesmo tempo, sentia falta da companhia e do amorzinho dos bichanos (sentimento egoísta este, reconheço). Também acreditava que poderia contribuir para a causa animal adotando.

Como o marido sempre foi 'cachorreiro', de início houve uma resistência sobre a escolha de adotar um gato. Foi só ele conhecer Bolota, porém, resgatinha idosa hospedada em Gatoca, que o jogo virou, não é mesmo? Bolota viveu seu restinho de vida em tranquilidade conosco. E, depois dela, veio Tampa, também resgatada — já há 9 anos aqui. Para contribuir ainda mais com a causa animal, abraçamos o veganismo. E seguimos felizes com nossas escolhas."

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11.3.21

Pimenta à milanesa: receita felina

Ingredientes

- 1 banheiro para gato, tamanho grande
- 1 esponja de limpeza
- Detergente líquido a gosto
- 1 saco de granulado higiênico
- 1 gata bem peluda

Modo de preparo

Lave o banheiro usando a esponja e o detergente. Adicione todo o granulado higiênico, tomando o cuidado de distribuir uniformemente no recipiente. Leve ao quintal e espere a gata mais peluda da casa se pôr a rolar.



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5.3.21

O perigo das coleiras para gato!

Houve uma época em que eu não sabia que coleira felina deveria ser de elástico para evitar que os bigodes se enroscassem nas coisas e sufocassem. Aprendido isso, ainda acreditava que valia a pena mantê-los identificados dentro de casa, para o caso de uma eventual fuga. E as telas acabaram me fazendo desencanar.

Até novembro, quando Clara passou a usar o colar elisabetano de tecido, por causa do carcinoma. Escolhi um modelo que sustentasse o cone, mas com uma parte de elástico para garantir a segurança. E foi assim que, depois de meses de papinha na colher, escovação e fortunas gastas com tapete higiênico, quase perdi a retalhinha.

Leo tinha saído cedo e eu ainda juntava forças para começar o dia, quando ouvi um barulho estranho vindo da sala. Casada com uma criatura que sempre esquece algo, segui sonada para o banheiro, priorizando a água no rosto. E Chicão ligou o alerta do "corre que pode ser gatice".

Lá estava a coitada com o colar fora da cabeça, mas ainda preso pela coleira, se enforcando cada vez mais ao empurrá-lo com as patas traseiras, enganchadas no tecido — o barulho era do corpo em desespero se chocando contra o no chão. Sem tempo para pensar, juntei a gata-polvo, voei até o escritório arranhada e cortei o "enforcador" tremendo.

Os dez segundos mais eternos (e angustiantes) destes 41 anos. Tentei comprar outra coleira, mas confesso que faltou coragem. Prefiro assumir o risco de a pequena tirar o colar e coçar a lesão, já que trabalho em casa, do que encontrá-la morta.

25.2.21

Felinos modernos

Animal solitário, o gato selvagem se refugiava em buracos de árvores ou fendas nas rochas, alimentava-se de pequenos mamíferos, aves e até répteis, e gostava de descansar à beira de rios e lagos. Gregários mas só no inverno, nossos bichanos se escondem embaixo do edredom ou atrás do sofá, comem ração, barata e até mamão, e são obrigados a se refrescar em volta do pote de água.

18.2.21

Cuidados paliativos para gatos: delicadeza e paciência

Quando a gente recebe o diagnóstico de doença sem cura de um ser amado (bípede ou quadrúpede), antecipa os cinco estágios do luto: primeiro se recusa a acreditar, depois sente raiva, tenta barganhar com uma força organizadora do caos, cai em depressão e acaba aceitando. Mas ainda resta o desafio dos cuidados paliativos, que garantirão alguma qualidade nesse finzinho de vida.

Escrevi "desafio" porque não é fácil gastar tempo e dinheiro cuidando de alguém que não ficará bem — e, no caso dos gatos, que rosna, morde e arranha porque não entende os remédios, a alimentação forçada, os curativos. No começo, sob o impacto da notícia e o despreparo para lidar com a morte, a coisa até que flui bem. Após meses da mesma rotina, repetitiva, cansativa e inglória, é preciso exercitar a paciência.

Meu desafio atual se chama Clara. E confesso que às vezes dou umas tropeçadas. Na maior parte do tempo, porém, procuro prestar atenção nos detalhes que tornam os dias da retalhinha mais leves. O ponto ideal em que o patê processado se sustenta na parte de trás da colher, que ela consegue lamber com gosto. A coçadinha no pescoço depois de colocar o colar elisabetano detestado. Um colo não pedido, mesmo que esteja quente e voe pus no teclado.

São 26 anos de jornada nessa estrada, que começou na adolescência, com o câncer da minha mãe. E sigo odiando a impotência. Mas aprendi a chorar só no final.