Gatoca

Educação, sensibilização e mobilização pelos animais

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10.9.25

Gato miando de madrugada e você já tentou de tudo?

Eu sempre admirei pais de recém-nascidos porque privação de sono me faz querer cometer assassinatos. Pois desde que Keka morreu, em novembro do ano passado, nunca mais consegui ter uma noite ininterrupta de descanso. Acostumada a dormir com a família, exterminada pela velhice em 19 meses, Jujuba gritava de hora em hora.

Havia ainda as suspeitas de início de demência, ela mesma às vésperas dos 18 anos, e de hipertireoidismo ― o excesso de hormônios produzidos pela glândula da tireoide faz com que o animal precise estar o tempo todo em movimento (e ele acaba perdendo peso mesmo comendo bem).

Mas, em vez de ir atrás de um diagnóstico, receosa de que o estresse agravasse o quadro de uma gata que só aprendeu a ronronar com 13 anos e pediu colo o primeiro colo em junho, resolvi testar as dicas dos especialistas em comportamento para tutores desesperados ― e criei um esquema que está funcionando para nós, com concessões dos dois lados. rs

Brinque antes de dormir
A ideia é dar uma canseira no peludo para que ele não dê uma canseira na gente. Jujuba, porém, não cedeu nem ao girino automático importado ― e eu já havia tentado bolinhas, varinha e molas. Tem dois posts sobre o assunto no blog, que se complementam: um explica a importância de esvaziar o balão de energia dos bichanos e outro ensina como brincar de forma estruturada.

Garanta aconchego
Seu amigo pode se acalmar no quarto contigo, se você não for alérgico a gatos como eu. Pensando, então, em substituir o montinho felino em que a magrela vivia soterrada, comprei uma caminha fechada, que ainda turbino nas madrugadas geladas com bolsa térmica ― escolhi um modelo grande e bem-estruturado, porque ela não tinha o costume de ficar em lugares fechados.


Ignore a cantoria
Se o animal for jovem, precisa entender que a família segue uma rotina e não vai levantar toda vez que ele bancar o tenor. Com a velhinha solitária, contudo, aceitei de bom grado perder a batalha ― tentei por uma noite apenas e nenhuma de nós duas pregou os olhos. Os miados atravessavam do escritório, em uma ponta da casa, até o quarto, na outra.

Não sei como resolver a questão dos vizinhos, já que moro no meio do mato. Mas, para silenciar barulho, descobri um protetor de ouvido que não cai, como os de silicone e aquele laranja de espuma da farmácia ― isso na época em que a importação saía mais em conta. E, para não machucar, coloco em uma orelha só, pois o travesseiro já bloqueia o som da outra ― quando viro de lado, troco no automático.

Tenha paciência
Jujuba demorou quase um mês para relaxar no tubarão, muitas vezes preferindo deitar na pilha de contas a pagar. Aí, dormia o dia inteiro para ter bastante energia para gritar à noite. Um semestre se passou até que a sinfonia se concentrasse em um único momento da madrugada e mais perto da hora de acordar, portanto, não desanime.

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E como ficou nossa rotina excepcional?
Entre 3h30 e 6h, eu atendo o chamado da pequena e dou sachê previamente batido no processador, que ela lambe animada na colherinha ― durante o resto do dia, faço seringadas de Pet Delícia também processada, para reforçar a hidratação porque a sobrevivente, acreditem, é renal. Se ignoro a sinfonia, ela mia cada vez mais alto até vomitar de nervoso ― diarreia costuma acompanhar.


Que super-herói vomita na horizontal?


Versão aérea


Sempre nos melhores lugares

Não sei se a peluda sente falta da família, se fica desesperada sozinha, se não reconhece a casa, se se enxerga perdida. É minha primeira experiência com os desafios da velhice ― meus pais morreram jovens. Mas não vai durar para sempre e, com o protetor de ouvido, às vezes até consigo pegar no sono de novo.


P.S.: Em gatos não castrados, o que espero que não seja seu caso, a gritaria pode indicar período de cio da própria fêmea ou de fêmeas do entorno, porque à noite eles ficam mais ativos e os feromônios pedem acasalamento. Trate de tomar vergonha na cara, então, e castre o bichinho!

5 comentários:

alinesilpe disse...

Sem esquecer que até o Intrú também acaba se beneficiando dos mimos! 🤭

Anônimo disse...

Em 2008, novata na vida de mãe felina e sem nenhuma informação, não conseguia dormir uma só noite sem ter que levantar quase de hora em hora para subornar um gato bebê que insistia em "esmurrar" a porta do quarto fechada.
Hoje, depois de aceitar que porta foi feita para ficar aberta e que a cama é deles, consigo dormir a noite toda no pedaço de cama que me cabe e ainda conto com aquecedor de pés e costas.

Anônimo disse...

Aqui, por um tempo, tentei cannabis. Não deu muito tempo para analisar e ver a efetividade. Preferi testar isso a deixar minha véia chapada de gaba.

Neide Rodrigues disse...

Acho que meu loirinho deve miae por se sentir sozinho, já que é o único que não dorme om a gente no quarto. Vou dar mais atenção pra ele antes de dormir, quem sabe resolvo a carência?

Renata disse...

Também já houve um escandaloso insistente aqui em casa. De repente, resolveu que continuar dormindo no quentinho da cama fazia mais sentido. Ele deixou umm irmão, herdeiro das habilidades vocais. 🤣