Este é um projeto que se propõe a ensinar, conscientizar e engajar corações pelos animais — ao menos durante a maior parte de seus quase 12 anos. E esta é uma jornalista especializada justamente em educação, com duas décadas de carreira entre a grande imprensa e o terceiro setor. E imagino que vocês tenham acompanhado as manifestações contra os cortes de verba nas universidades públicas e o cancelamento de bolsas de pesquisa.
Às voltas com a papelada de um edital, para seguir na batalha de vozes desgastadas contra a ignorância, minha participação desta vez se dará por aqui, em forma de curadoria didática. Fiz questão de listar canais mais à esquerda e mais à direita, para ninguém se dispensar da reflexão sobre que país as medidas atuais gestarão. E agir.
Eduardo Moreira
Explica que o investimento em educação traz benefício dobrado, porque faz girar a economia (os professores compram comida, abastecem o carro, pagam o aluguel) e gera conhecimento. Já no pagamento dos juros da dívida pública, proposta do governo, as pessoas que recebem a grana compram mais títulos dessa dívida e a bola nunca para de crescer. Eduardo é engenheiro, estudou economia na Universidade da Califórnia e fundou um banco, além de ter sido sócio de outro.
Pirula
Lembra que a escola também ensina a conviver com ideias, pessoas e realidades diferentes das nossas, além de facilitar a descoberta de um objetivo de vida, para que o dinheiro não vire um fim em si – altos índices de suicídio na Suécia, saca? E, neste vídeo, ele esclarece para que serve a ciência de base e por que ela precisa de financiamento público, sem interesses mercadológicos. Paulo Miranda Nascimento é biólogo e paleontólogo, com mestrado e doutorado pela USP.
Leitura ObrigaHistória
Também aborda a importância da produção científica, mas usando a metáfora da piscina do conhecimento, em que cada pesquisador contribui com uma gota para enchê-la e o trabalho dos gênios, que adicionam copos ou baldes inteiros, não seria possível sem seus antecessores. Icles Rodrigues é historiador, com mestrado e doutorado em curso pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Cadê a Chave
Fala sobre a falta de investimento em divulgação científica, que distancia a academia da população, e o ódio ao estudo, pregado pelo desconhecimento de quem nunca pisou numa universidade, sendo que tudo à nossa volta funciona porque alguém ralou muito – incluindo o dispositivo em que vocês me leem. A mão de obra não intelectual acabará substituída por robôs, aliás. Nilce Moretto é jornalista e Leon Martins, formado em relações internacionais, com mestrado pela Universidade de Flensburg, na Alemanha.
Tese Onze
Mastiga a que grupos o desmonte do Brasil interessa. A reforma da previdência, por exemplo, beneficia as empresas de previdência privada, o mercado financeiro, porque diminui o ônus do governo, sobrando mais grana para os juros da dívida pública, e a imprensa, que investe em aplicações financeiras atreladas a esses juros.
O sucateamento da educação beneficia governantes incompetentes (sem população com pensamento crítico para questionar), falsificadores históricos, donos de escolas, o setor privado de pesquisa (que fica com a grana das patentes) e o mercado de novo, que pode seguir explorando uma mão de obra técnica, mas silenciada.
A destruição da natureza beneficia mineradoras, ruralistas, construtoras, a indústria automobilística e a megacorporação que faz tanto o agrotóxico quanto o remédio. E a flexibilização do armamento (incluindo a liberação da caça) beneficia a indústria bélica, que lucra independente de quem morre. Sabrina Fernandes é socióloga, com doutorado no Canadá.
Slow
Desvenda como políticos populistas usam o avanço tecnológico para engajar as massas em suas mentiras, tática chamada de firehose of falsehood. E faz um paralelo com a estratégia da propaganda Russa: 1) O povo não sabe diferenciar a veracidade da informação. 2) As primeiras versões geram maior impacto e tendemos a continuar com elas mesmo desmentidas. 3) Repetições fortalecem ainda mais a crença na mentira. 4) Quanto mais fontes propagarem, maior o poder de convencimento. Estevão é biólogo de formação e estudou no Reino Unido.
Jana Viscardi
Questiona o clima de guerra gerado pelos discursos do Bolsonaro (contra especialistas e a educação em geral), as explicações simplistas e teorias da conspiração, a voz única que mata a liberdade de pensamento (a partir de diferentes informações coletadas) e a pluralidade na produção do conhecimento. Colocar os indivíduos uns contra os outros faz o país crescer? Jana Viscardi é linguista, com mestrado pela Unicamp e doutorado na Alemanha.
Greg News
Explica por que evangélicos, olavetes e militares disputam o controle do MEC, segundo maior orçamento do país (R$ 116 bilhões) e responsável por 100 mil escolas, dois milhões de professores e 40 milhões de alunos. Spoiler: a bancada evangélica espera que o aluno se torne um fiel, defende a escola sem partido, o combate à “ideologia de gênero” e o ensino domiciliar.
Os olavetes enxergam futuros militantes da guerra cultural e querem ressuscitar o método fônico, que não contextualiza o aprendizado na realidade cotidiana das crianças. E os militares as veem como soldados, brigando pela militarização das instituições.
Existe ainda a disputa entre os ricos, com formação privada livre, construtivista e flexível acompanhando os altos preços das mensalidades, e os pobres, com formação pública focada em repressão e moralismo, modelos ultrapassados e na falta total de espírito crítico. Gregório Duvivier é escritor e humorista, mas nada disso é piada.
Meteoro Brasil *novo*
Analisa as manifestações do dia 15 de maio, realizadas em quase 200 cidades do Brasil, a cobertura em massa da imprensa e a estratégia (fracassada) do governo de negar a realidade dos cortes de última hora.
Conversa com Pedro Rossi *novo*
Esclarece o erro do Ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, que conseguiu comparar o orçamento familiar ao público e ainda citar a avó: 1) Família não determina a própria renda, enquanto o governo pode decidir arrecadar mais para fazer frente às circunstâncias. 2) A grana gasta por ele não desaparece — circula na sociedade e volta em forma de arrecadação. 3) Família não administra uma máquina de fazer dinheiro e títulos da dívida pública nem define a taxa de juros que a enforcará.
Não existe governo sem dinheiro, pois ele é soberano monetariamente — só quebrou na década de 80 porque estava endividado em moeda estrangeira (atualmente, inclusive, somos credores externos). Nos momentos de crise, portanto, o governo tem de fazer o inverso das famílias: dar ao setor privado as condições de retomar o circuito da renda. Falar em apertar o cinto também desperta a desconfiança dos investidores, que sobem ainda mais os juros. Pedro Rossi é economista, com mestrado e doutorado pela Unicamp.
Mais Greg News *novo*
Nesse vídeo, Duvivier concorda que o país está em crise, mas lista estratégias mais eficientes de gerar dinheiro do que cortar os R$ 2 bilhões das universidades. O governo poderia, por exemplo, desistir de perdoar a dívida do agronegócio, totalizando R$ 17 bilhões. Também dá para cobrar as multas ambientais, que Bolsonaro quer anistiar — só entre 2015 e 2017 o Ibama aplicou, em média, R$ 3,8 bilhões em multas por ano. E, mesmo sem a anistia, o órgão já deixa de arrecadar R$ 20 bilhões anuais pela demora na digitalização de processos.
É possível tributar também as igrejas, somando, por baixo, R$ 5 bilhões ao ano. E tem, ainda, a opção de cobrar os 134 deputados caloteiros, que devem R$ 487,5 milhões à Receita Federal ou ao INSS — isso sem falar nas pessoas físicas, do pai do Neymar ao dono da Havan, que seguem renegociando suas dívidas.
E-farsas
Desmistificador de fake news desde antes de a expressão cair em bocas e dedos brasileiros, para vocês consultarem quando receberem foto de gente pelada na universidade pelo WhatsApp.
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