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26.11.08

Duas bombas!

Pandora está com a doença do carrapato. Deu no exame de sangue. O tratamento é simples, à base de antibiótico, mas deve começar logo, por causa do quadro severo de desnutrição. Acontece que Paula não tem mais condições de continuar com ela e me pediu que providenciasse a "mudança" o quanto antes. Larguei o trabalho, peguei um trânsito infernal na Bandeirantes, assisti a cachorra vomitar a alma três vezes e, quando voltamos para São Bernardo, a clínica veterinária havia fechado.

Resumo da ópera: no banheiro aqui de casa agora mora uma pastora belga gigante. Marley não se conforma. Nem os bigodes. Muito menos a coitada. E eu cansei de repetir mentalmente que isso não podia acontecer. Quem souber de um lugar menos insalubre para acomodar nossa pantera temporariamente, mande sinal de fumaça (não há risco de contágio!).

Pan precisa de um coração que bata em sintonia ao dela, disposto a entender o abandono, a perda da ninhada, a saúde fragilizada. Como retribuição, o ser ascencionado ganhará uma amiga linda, carinhosa e fiel. Palavra de quem foi recebida com festa por tê-la recolhido da rua entre moscas, quando todas as outras pessoas lhe torciam o nariz!

25.11.08

Cão em fuga

Por razões que a ciência desconhece, o portão automático aqui de casa abriu sozinho no sábado e, quando o guarda resolveu nos avisar, Marley já estava longe. Desesperadas, Mariana e eu desandamos a correr pelo bairro debaixo de chuva, ela de pijama e eu com a saia rodada do flamenco. Todo mundo dizia que o infeliz havia rumado para a avenida, justo o caminho que a gente evita nos passeios. E de lá as opções se multiplicavam: Centro, Rudge Ramos, Santo André. Na dúvida, preferimos continuar a busca motorizadas. Ela ficou com o entorno e eu fui para longe.

Tentei primeiro o lado esquerdo da pista, depois o direito e, por fim, reto. Sem sucesso. Só de pensar na infinidade de ruelas em que o aloprado poderia ter se embrenhado, o estômago doía. Até que São Francisco de Assis me soprou a idéia de pedir informação para a moça que distribuía panfletos no farol do Metrópole: “Ele arrastava uma guia amarela? Eu vi, sim. Passou voando ali atrás da parada do trolebus”. Fiz uma volta enorme e dei de cara com a criatura, seguindo na contramão da Faria Lima.

Sem pensar meia vez, liguei o pisca-alerta, sentei a mão na buzina e só lembro da cara de pânico do motorista do ônibus crescendo na direção do Escortinho. Por um milagre, Marley atendeu ao meu chamado de primeira e, antes de provocar um acidente sério, endireitei o carro alegórico na Sapucaí, pedindo desculpas aos motoristas pelo papelão. Agora, com a taquicardia controlada, não paro de pensar como o desembestado conseguiu atravessar três avenidas gigantes e se sujar a ponto de feder carniça, em menos de 40 minutos! Bem no dia seguinte ao banho...


Obs.: Passado o susto, tratamos de providenciar uma coleira de identificação suficientemente chamativa para o meliante.

24.11.08

Plantão Gatoca

Ontem, eu fiz uma promessa a vocês que não poderei cumprir. Só verá a carinha dos filhotes da Pandora quem cruzar a ponte do arco-íris. Durante a madrugada, aliás, ela destruiu a casa inteira da Paula, tentando entender onde haviam se escondido aquelas vidas tão pequeninas. Menor ainda ficou o nosso coração.

23.11.08

Extra, extra, extra!

Os bebês da Pandora nasceram essa madrugada! A cada meia hora, ela puxava uma bolinha com a boca, rasgava a placenta, limpava o nariz da criatura, cortava o cordão umbilical numa única dentada, pressionava o corpo com a língua até ouvir o chorinho, comia a meleca toda e continuava lustrando o rebento. Paula presenciou o episódio completo, munida de tesoura, fio dental e o manual do parto, caso precisasse dar uma força à mamãe.

A notícia triste é que por três vezes o clássico chorinho não saiu. E não teve amor no mundo capaz de contornar o estrago de uma gestação na rua. Nossa guerreira bem que tentou. Rocky, inclusive, permanece lutando para chegar ao último assalto. Na verdade, só Axl, o loiro barrigudinho, parece apto a agüentar a crítica do público após a falácia de "Chinese Democracy". Pan está exausta e merece descansar. Prometemos fotos em breve!

22.11.08

Lava, lava, lava, lava...

Ontem, Marley foi tomar banho. Seu primeiro banho fora, aproveitando a diária da hospedagem na clínica veterinária que a Pandora não usou. Quando a criatura chegou pulando no recinto, já me avisaram que o processo levaria umas duas horas. O que eles não deviam imaginar é que a coitada responsável pela tarefa retornaria à recepção descabelada e cuspindo pêlos. Eu também não previ que nosso cão indoável jantaria a gravatinha.

21.11.08

Delicadezas

Quando Miharu leu o post sobre o milagre das caixas de transporte, ficou tão sensibilizada que resolveu mandar reforços pelo correio, de Curitiba! Em caso de incêndio, cabem uns quatro bigodes esmagados aí dentro da barraca vermelha fácil! Só não garanto que eu consiga carregar. rs


Os presentes da Marcia vieram de mais longe ainda, com o convite para uma visita a Sherbrooke e a justificativa de que o Canadá anda precisando de mais gente como eu. Começo a juntar as moedinhas para garantir a passagem de 2020 esse ano mesmo! ;)


Obrigada pelo carinho, meninas! :)

19.11.08

Bigodes no Rancho!

Qualquer amante de animais ou telespectador do Fantástico sabe que o Rancho dos Gnomos abriga as versões originais dos nossos bichos de pelúcia - entre as 400 vidas do santuário ecológico estão leões, tigres, macacos, onças e veados-catingueiros, todos apreendidos por maus-tratos, tráfico ou exploração em circos. O que vocês não devem imaginar é na quinta-feira eu recebi um e-mail da "família do Rancho", dizendo que o Gatoca passara a integrar a seção de links do novo site, comprometido em divulgar iniciativas de cunho informativo relacionadas ao meio ambiente. Agora a responsabilidade dobrou! rs

16.11.08

Marley no cinema!

Alguém seria capaz de escolher um nome mais perfeito para o nosso cão indoável?! rs

http://cinema.uol.com.br/ultnot/multi/2008/11/13/0402326CC0913326.jhtm?marley--eu-0402326CC0913326


P.S.: Quem topa assistir a pré-estréia comigo? :)

13.11.08

Casa de esperança

Enquanto eu pensava num jeito poético de começar esse post, recebi dois e-mails de leitores querendo participar da vaquinha da Pandora e achei melhor optar pela objetividade: parem os depósitos! A conta do veterinário foi quitada e sobrou dinheiro até para o ultra-som (com 20% de desconto, graças à Drª. Raquel). Como o pessoal da clínica suspeitava, nossa pantera está mesmo grávida!

As bolinhas de pêlo (cinco ou seis) medem 9 cm, se mexem feito dancing flowers e devem dar as caras em dez dias. Eu nunca fiquei tão prostrada em frente a um computador, aliás. Assistir aquelas mini-vértebras enfileiradas e os coraçõezinhos batendo acelerados me encheu de emoção. Pan, no entanto, acho que trocaria tudo por um punhado de grama para esvaziar a bexiga.


De banho tomando, nós rumamos para o Brooklin, onde a família Plank aguardava ansiosa a chegada da princesa. Paula soube do abandono pela Fabi, presidente do Mopi, e não teve dúvidas de que se tratava da sua futura cachorra. Só faltava convencer o Bob, um border collie de 16 anos, também resgatado das ruas.


O primeiro contato entre os peludos pareceu promissor, com direito a rabinho balançando da parte dele e uma exibição tímida de dentes da parte dela. Agora, os filhotes poderão vir ao mundo em paz e talvez até integrar a matilha dos Plank, antigo sonho da jornalista, inspirado na coleção de corgis da rainha Elizabeth II.


Desfecho mais que perfeito, se eu não tivesse visto o focinho da minha fiel escudeira espremido entre as grades do portão para se despedir. Eita coração de pudim!... :\

P.S.: Obrigada pelo empenho fantástico de vocês na divulgação da Pandora! E também pela ajuda com as despesas. Vou respondendo os e-mails aos poucos, nos intervalos dos subfrilas. :)

11.11.08

Caixa de esperança

Chega uma hora em que a gente se vê obrigado a estabelecer critérios objetivos para socorrer a infinidade de animais cujos olhares de súplica acompanham nossos passos desconcertados pela rua. Doentes, cegos, estropiados e panacas girando em círculo no meio da avenida valem resgate. Os demais têm de se contentar com um punhado de comida, algum carinho no pêlo emaranhado e meia dúzia de lágrimas disfarçadas.

Ontem de manhã, desovaram esta pastora belga na encruzilhada aqui de casa feito um artefato de macumba. Imensa de grávida, a coitada passou o dia jogada na calçada, como se estivesse morta, despertando nas pessoas que tropeçavam em suas patas a mesma compaixão da bituca de cigarro. Dizem que ela só levantou a cabeça para abocanhar, com sacola e tudo, as salsichas que eu comprei na barraca de cachorro-quente.


Mesmo atolada de trabalho, eu perdi a tarde tentando encontrar-lhe um abrigo provisório (sem dez bigodes e um Marley encrenqueiro preso ao poste). Quando começou a chover, porém, não agüentei imaginá-la submersa, convenci dois transeuntes a colocarem seus 35 quilos de barriga dentro carro e nós rumamos para a clínica veterinária mais próxima. A gestação da criatura parece avançada, embora não dê para descartar totalmente a possibilidade de piometra.

Dr. N. aceitou cuidar dela, no máximo, até sexta-feira, por causa do feriado. Eu já deixei um cheque de R$ 258, incluindo a consulta (R$ 60), o banho (R$ 40), os vermífugos (R$ 18) e as quatro diárias da hospedagem (R$ 35 cada) – o Frontline havia sobrado da doação da Merial. Preciso saber, então, se alguém topa acolher a futura família após esse período. Diferente do nosso cão indoável, Pandora é super quieta, doce, obediente. E de raça européia! Sem contar que a experiência de assistir ao nascimento de uma ninhada arrepia a alma.


Outra pergunta importante: vocês se comprometem a divulgar os filhotes incansavelmente até que todos encontrem um lar decente, além participar da vaquinha das vacinas e das castrações? Em caso de silêncio generalizado ou de respostas negativas, minha metade capricorniana racional autorizará o aborto sem a menor culpa. Para estar vivo não basta respirar.


Obs: Esta última foto é de hoje, provando que ração de qualidade, atendimento veterinário e um tico de amor transformam qualquer sapo em príncipe. Quem quiser ajudar com as despesas, aliás, eis o número das contas:

BB
Beatriz Levischi
Ag: 1561-X
C/c: 6830905-8

Itaú
Textrina Serviços Ltda. ME
Ag: 0185
C/c: 08360-7


Epopeia da Pandora:

:: Caixa de esperança
:: Casa de esperança
:: Nascimento da ninhada
:: Morte da ninhada
:: Devolução
:: Boletim - 28 de novembro
:: Boletim - 1º de dezembro
:: Boletim - 8 de dezembro
:: Sítio temporário
:: Doação de conto de fadas
:: Primeira primavera
:: Segunda primavera
:: Festa em Sorocaba
:: Terceira primavera
:: Quarta primavera
:: Quinta primavera
:: Sexta primavera
:: Sétima primavera
:: Oitava primavera
:: Nona primavera (atrasada), com vídeo!
:: Décima (e última) primavera
:: Fim
:: Pandora veio me visitar!

8.11.08

Adestramento, faça chuva ou faça sol

Nós não pretendemos ficar com o Marley. Mas o fato é que ele continua aqui e a situação beira o insuportável. São quase três meses de trabalho com o barulho ensurdecedor da fera tentando derrubar a porta da sala, quase três meses de idas ao ortodontista sem escovar os dentes porque não deu para entrar em casa, quase três meses desenterrando partes do carro do jardim para abrir o portão da garagem sem risco de fuga, quase três meses de passeios torturantes (para ambas as partes).

Quem acredita que eu não estou investindo energia suficiente para encontrar-lhe um lar decente, sinta-se convidado a colaborar. Há cartazes da criatura espalhados pelo ABC inteiro, anúncios no Vida de Cão, Cachorro Perdido, Sampa Online, dúzias de amigos repassando os apelos (as ONGs, infelizmente, só investem na doação dos seus resgatados). Quando converso com alguém, de chefe de redação a garçom de restaurante, arrumo sempre um jeito de contar a história do figura. Todo mundo acha lindo, mas ninguém quer o enrosco. Exatamente como acontece aqui no blog. Por isso, inclusive, penso que o adestramento vale a pena.

Só que os dois profissionais para quem ofereci a parceria recusaram o "desafio". Se a Juju agilizar mesmo o contato com o Alexandre Rossi, agradeço de joelhos. E a vaquinha fica como plano B – sugiro que os interessados em participar já mandem um e-mail para bialevischi@yahoo.com.br, indicando o valor da contribuição mensal (o treinamento deve durar um semestre). Marley não merece ser descartado feito um sapato velho, de novo, porque teve o azar de nascer cachorro. Dessa vez, vocês pegaram pesado.

6.11.08

Mulher à beira de um ataque de nervos

Para comemorar os 26 anos da Mariana, João e eu decidimos lhe dar de presente uma assinatura da Superinteressante. O primeiro exemplar chegou hoje, juntinho com o aniversário. As folhas pareciam brilhantes, lisinhas, com cheiro de novas. Escrevi "pareciam", porque nosso cão indoável conseguiu estourar a caixa do correio e o que nós recolhemos do jardim foram dezenas de retalhos molhados de texto. Quase três meses de tentativas frustradas de educá-lo depois, eu jogo a toalha!

Ninguém agüenta mais as mordidas, a correspondência triturada, os passeios arrastados, as coisas quebradas na garagem, as fugas desembestadas, as roupas sempre sujas, o sufoco para entrar e sair de casa, as retaliações aos bigodes. Marley toma conta da gente como um leão, tem um faro absurdo, aprende o que interessa com a maior facilidade. Mas precisa querer usar tudo isso para o bem. E eu preciso urgentemente de voluntários para participar da vaquinha mensal do adestrador. Dez indivíduos contribuindo com R$ 30? Trinta com R$ 10? Alguém se habilita, peloamordedeus?

5.11.08

Semana de combate a pulgas e carrapatos

Até o dia 9, quem morar na grande São Paulo e comprar Frontline ajudará a desparasitar também os focinhos e bigodes desovados no Centro de Controle de Zoonoses. É que 10% do dinheiro arrecadado durante a campanha da Merial será revertido em produtos para o CCZ-SP. Eu não estou ganhando um centavo pelo post, mas conheço bem a situação deprimente daquelas vidas. Se puderem, colaborem! :)

4.11.08

Um é pouco, dois é bom, três vira festa! – parte 6

Dois anos depois

O tempo voou como nos filmes de roteiro mal costurado e o comportamento arisco do Simba deu lugar a uma placidez quase incômoda, de quem confia cegamente no coração de seus raptores. Não tardou para o esconde-esconde tímido nos caixotes de leite virar pega-pega alucinado, brincadeira de cordinha, caça-ração. Seus miados, porém, continuaram lembrando aquelas sinetas de loja de periferia, em que o vendedor nunca está no balcão. Bastava o telefone tocar, aliás, para que o tagarela se pusesse a participar animado da conversa.

Dia 17 de setembro agora, comemoramos seu segundo aniversário em Gatoca com uma verdadeira orgia gastronômica: todas as opções de comida humana e canina que o leãozinho adora integravam o cardápio. Ele não perdeu o medo de vassoura, cinto e saco de lixo. Nem o jeito misterioso de olhar. Como um cachorro adestrado, ainda vem correndo se alguém bate na perna. E sempre me espera voltar da rua rolando de um lado para o outro no tapete, com as patinhas de camurça dobradas. Mas a cabeça finalmente resolveu ficar proporcional ao resto do corpo – ou um tico menor. rs

* FIM *


Capítulo anterior: Um é pouco, dois é bom, três vira festa! – parte 5

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31.10.08

Simba com gás

Uma das vantagens da vida de freelancer é decidir viajar em plena quinta-feira-dia-de-nada, passar horas conversando com a Amanda em Piracaia, morrer de inveja da obediência da Maya (uma pastora alemã duas vezes maior que o Marley), testar os dons maternais com a pequena Alice e descobrir que Simba arrumou um jeito mais saudável de colaborar com o orçamento doméstico do que trazer passarinhos depenados para o jantar.