.
.

6.6.08

Ei, você! Me leva para casa?

A saga do Costelinha está no blog do AUG! Vai que as gateiras tenham amigos cachorreiros que queiram adotar os focinhos... Pelo menos a visibilidade é boa. :)

Ontem, aliás, recebi fotos novas da Beatriz no abrigo de Santo André. Sem comparação, né?

4.6.08

Retrato do abandono


Segunda-feira, quando Simba retalhou minha mão, vomitou o remédio para a giárdia e me fez sair chorando de nervoso rumo ao veterinário, eu dei de cara com um amontoado de costelas prestes a ser esmagado no asfalto. Estanquei o carro no meio da avenida, liguei o pisca-alerta e me joguei na frente da filha da puta que não parecia pretender frear.

Desesperado, o cachorrinho preto correu da minha asma a Vergueiro inteira e só parou no momento em que os ossos não agüentaram mais se mover. Mesmo morta de medo (já comentei que focinhos não são a minha praia, né?), eu me pus a acariciar sua cabeça, enquanto pedia ofegante para que alguém me ajudasse a pegá-lo.

Séculos depois, um anjo trouxe uma cordinha emprestada da barraca de cachorro-quente e, com muito esforço (além de boa dose de paciência), eu consegui obrigar o animal semi-enforcado a caminhar de volta. A exaustão, porém, era tamanha que o coitado recusou um par de salsichas ao se deparar com a altura do degrau Escort. E eu fiquei meia hora fazendo truques vãos para o corpo inerte na sarjeta, repleto de feridas e carrapatos.

Pelo rabo cortado, ele deve ter sido abandonado e não aprendeu a arrumar comida sozinho. As pernas tortas indicavam atropelamento anterior bem sucedido. Quando o CET apareceu mal humorado, eu respirei fundo, abracei a criatura rezando e alcei-a até o banco. Gato em pânico, cão moribundo e jornalista falida seguiram para Utinga, tomando um chá de cadeira de quase duas horas na clínica do Dr. E.

Para melhorar, as gaiolas estavam lotadas e a protetora que acolhera a Beatriz, também superlotada, fez questão de me lembrar que ninguém a quis nas feiras de adoção. Carente ao extremo, a cadelinha pede atenção o tempo inteiro, luxo inviável em uma população de 86 animais, e tem ficado cada dia mais triste no abrigo.

Eu paguei os remédios (R$ 30), a futura castração (R$ 55) e as vacinas (R$ 25) do Costelinha e ofereci mais R$ 100 para que a moça o medicasse durante duas semanas. Neste intervalo, preciso arrumar-lhe um lar temporário ou uma casa de verdade para a Bia. Se voltar para a rua, o negão não resistirá. Quando fui me despedir, ele ainda juntou um restinho de força, colocou as patas no meu colo e lambeu meu nariz em agradecimento. "Amar o belo é fácil. O verdadeiro amor, porém, tem o poder de transformar".

Cliquem na imagem para contar as costelas do Costelinha

3.6.08

Perseguição divina muda de alvo

Após o terror do Bactrim líquido, Simba passou o dia soltando puns nucleares de nervoso. Bastava a gente chegar perto. Voltei à farmácia e comprei a versão "comprimidos" (esforçando-me para não pensar em como havia ficado feliz de ter gasto apenas R$ 9 num remédio), mas achei melhor esperar a segunda-feira para minimizar o trauma. Ontem, sozinha com meus 46 quilos, segurei o gordinho numa das mãos e entreguei a outra para ser triturada à vontade enquanto tentava encaixar a maldita drágea no fundo da garganta. Três dedos a menos depois, a tarefa parecia finalmente cumprida, quando ele deu dois passos e vomitou, obrigando-me a ligar desesperada para o Dr. E. Claro que na clínica veterinária a criatura abominável comportou-se de forma exemplar. Resultado: hei de dirigir até Utinga religiosamente todas as manhãs, durante uma semana, torcendo para que a dose única diária da medicação faça efeito, se não quiser interná-lo.

2.6.08

Perseguição divina

Não bastasse a epopéia da infecção de ouvido, Simba agora está com giárdia. Eu até suspeitava, pois o cocô dele sempre foi mais mole, amarelo e fedido que o dos outros bigodes, mas não quis acreditar. Primeiro, porque faz quase dois anos que o gordinho apareceu no jardim aqui de casa. Depois, porque pensar em lhe dar remédio me gelava a espinha.

Sexta-feira, porém, encontrei uma gota de sangue na caixa de areia e desisti de tentar justificar a catinga ambiente de Cheetos bolinha. Seguindo o conselho do veterinário, comprei sulfa + trimetropim, coloquei 2 ml na seringa, apliquei no fundo da garganta e assisti perplexa a criatura correr babando pelo quarto por meia hora. Nem o requeijão tapeou. Mariana disse que o remédio devia ter um gosto tão ruim quanto o Bactrim da nossa infância. E não é que era ele mesmo?!


Obs.: Sei que fotos de cocôs são plasticamente condenáveis, mas achei importante publicar pelo quesito "utilidade pública". Se seu bigode faz cocô assim, pode passar na farmácia mais próxima e pedir um terço emprestado à vizinha.


Leia também:

:: Era uma vez uma giárdia...
:: Giárdia exterminada!

30.5.08

Pane no sistema! – parte 4

Dilema materno

Três dias após o nascimento das pequenas, Guda se deparou com o dilema da mulher moderna: dedicar-se à família ou investir tempo e esforços em projetos pessoais? Cansada da função de cabideira entocada, bastava abrirmos a porta do quarto para que ela atravessasse ventando, ainda que fosse preciso arrastar a ninhada toda no peito. Por outro lado, se alguém fizesse menção de se aproximar da favelinha, a leoa instantaneamente dava meia volta, pisando duro. Seu miado até engrossou. Sorte que as rebentas passaram a guardar os resmungos para ocasiões especiais, como a tortura da hora do banho ou os recorrentes momentos em que a gorducha resolvia deitar-se descompromissadamente sobre elas.

Primeiros passos

Pimenta foi a primeira a abrir os olhos, além de outras precocidades contadas aqui no blog. Mesmo sem enxergar, cerca de duas semanas depois, as cinco meninas já estavam dando voltas bêbadas pelo edredom que margeava a caixa de papelão. E ninguém batia a esperteza das frajolas! Guda não cansava de trazê-las de volta pelo cangote, completamente desesperada, a cada nova aventura.

*continua*


Capítulo anterior: Pane no sistema! – parte 3

28.5.08

Pane no sistema! – parte 3

Cabideira anti-social

As voltas da Guda pela casa passaram a durar cerca de dois segundos e meio, intervalo máximo entre os chorinhos dos brinquedos de borracha recém-nascidos, ansiosos pelo cabide leiteiro materno. Durante o dia, enquanto as bolinhas de pêlo pisoteavam-se para tapear o frio, a mãe orgulhosa alternava afagos personalizados, conseguindo a proeza de envolver todos num único abraço. Tamanha era a corujice da criatura, que quando viu Mercvrivs espiando a cena pela janela do quartinho, pôs-se a pular e grunhir assustadoramente, como se o Homem do Saco estivesse prestes a levar seus pimpolhos.

Tudo que entra...

No momento em que me dei conta de que precisava encher o pote de ração da barriguda de três em três horas, achei melhor comprar-lhe um recipiente extra. Aproveitei e já trouxe também aqueles de ferro com areia embaixo para impedir que a água passeasse sem rumo pelo piso de madeira. Como não encontrei bacias gigantes, Guda continuou a esvaziar a areia do prato improvisado a cada usada. E eram dezenas por dia (ou, ao menos, pareciam)!

*continua*


Capítulo anterior: Pane no sistema! – parte 2

26.5.08

Alice em busca do País das Maravilhas

Sábado passado, teve reunião das voluntárias do Adote um Gatinho e eu finalmente conheci a sede localizada na Barra Funda. Ao contrário das outras meninas, porém, evitei decorar nomes e manias da população rotativa, pois tal situação me deprime além da conta. Um abrigo é sempre um abrigo, por mais que ofereça segurança, ração à vontade, atendimento veterinário cinco estrelas. Nenhum protetor consegue dar atenção diferenciada a tantos animais, comida especial nos finais de semana, presente de aniversário, colo durante o temporal.

Eis que Alice vem roçar em minhas pernas, desesperada por carinho, comprovando a tese. Nunca vi um felino capaz de fazer massinha no chão duro, enquanto caminha. Contaram-me que sobrara para trás num despejo, junto com a irmã e mais dez gatos, demorando uma eternidade para acostumar-se com a falta de sorte.

Um ano depois, sua triste sina parecia prestes a mudar, quando o casal de Sumaré que acabara de adotá-la resolveu devolvê-la porque era muito grudenta (!). Alice entrou em depressão, adoeceu, passou dias internada. Ao voltar para o abrigo, ficou separada dos demais habitantes provisórios, protegida de novas contaminações, mas nunca mais recuperou o peso perdido.

Ela adora gente, bolinhas, cafuné. Possui pelagem tricolor rara, olhos verdes e precisa urgentemente de um lar. Começa hoje em Gatoca a corrida rumo ao País das Maravilhas! Conversem com suas famílias, encaminhem o link deste post aos amigos, pensem em idéias mirabolantes. E sigam o Coelho Branco!

24.5.08

Pane no sistema! - parte 2

Dez bigodes em casa!

Já ouviram falar na lenda das gatas que comem os filhotes recém-nascidos? Pois Guda seguiu o caminho inverso e vomitou mais duas bolinhas de pêlo na madrugada pós-parto, aumentando o montante para cinco. Existe a possibilidade, também, dos girinos pretos e brancos terem se desdobrado, descolado, multiplicado. O fato é que, no dia seguinte, a família inteira estava limpinha e o sangue do local havia misteriosamente desaparecido. Como elas conseguem? Uma antiga chefe chamaria de "autonomia delirante". Confesso que eu sentia calafrios ao pensar no fim que levariam os cocôs daquela população toda...

*continua*


Capítulo anterior: Pane no sistema!

22.5.08

Pane no sistema!

Guda estava mesmo grávida, não eram gases. O relógio marcava 19h quando nasceu o primeiro filhote britânico: após duas semanas intermináveis, um barulho de patinho de borracha vazava do quartinho. Eu confesso que só percebi porque estranhei a ausência da gorducha na porta de geladeira. Ela escolheu um dia congelante (como o que resolvemos acolhê-la) e deu à luz dentro da caixa de papelão escura, no único cômodo da casa iluminado por 60 W, virada para o fundo.

Ainda assim, eu fiz um vídeo de péssima qualidade para a posteridade. Nosso primeiro parto, com duração de menos de duas horas, tinha cinco tons de marrom sujo e muitos sons engraçados. Os bebês (um preto, um branco e um malhado) pareciam ratos, com cabeça de vaca e nariz de palhaço.

*continua*

21.5.08

Aprendendo a fazer buscas

Mês passado, veio parar aqui no Gatoca gente que procurava convites de aniversário do Rei Leão, boneco de plástico que reza o Pai Nosso, enfeites em potes de Danoninho, fotos de pererecas suadas (!), imagens de grão de feijão, machos peludos, simpatias para ficar briguenta, textos sobre os hábitos alimentares da igreja, Tiranossauros lutando, vídeos de entregadores do China in Box.

Um menino digitou no campo de busca do Google que tinha 15 anos e pretendia "ficar mais gostosinho". Vários outros nós cegos continuaram sem saber se os vegans matam baratas, se existe pimenta venenosa, se limão é bom para a calvície. Saiu frustrado, ainda, o tiozão que queria dicas de como pintar os bigodes brancos. Nossos bigodes (brancos, pretos, marrons e amarelo) agradecem as visitas! rs

20.5.08

Família tricolor adotada em peso!

Certas notícias exigem que se prepare o espírito do receptor com antecedência. Ontem, Mariana Bellegarde enviou-me um e-mail contando, de supetão, que a família tricolor resgatada do armário das baratas* fora inteirinha adotada e eu quase enfartei!

Lagartixa conquistou o carinho de Adrienne Firmo, moradora da Zona Leste. Tartaruga ficou com Alessandro Mendosa, pai da gatinha Sandy. Minhoca virou a princesa de Marcela Barboza. E Íris, a mãe, rumou para a casa de Júlia Cabral, em Pinheiros, onde não desgruda de Suri, uma frajolinha filhote também doada pelo AUG, e Tofi, a cachorrinha vira-lata de três meses.

Abrigar um animal abandonado temporariamente desentope as veias coronárias:

Oi, Bia!

Meu coração está radiante. É isso mesmo: a cada gatinha que ia embora, eu ficava mais feliz. Pensei que não serviria para lar temporário, que me apegaria demais, que meu apê viraria a sucursal dos felinos. Quando vi Susan em apuros, porém, decidi que precisava ser forte. Aceitei, consegui e mal posso acreditar! É uma alegria saber que as meninas foram entregues a boas famílias e terão a vida que todo bichinho merece! Confesso que quase me deixei levar pelo jeito meigo da Lagartixa, mas acabei resistindo. A experiência valeu tanto a pena que já estou com outra mamãe de barriga cheia, para começar tudo de novo!

Beijos

Mariana Bellegarde



*História completa dos montinhos de ossos da dona Lourdes, constantemente atualizada.

19.5.08

Golpe da Barriga – parte 7

O aniversário

Um ano se passou (acharam que eu ia contar a história das meninas antes do dia 22?! rs), Isnard desapareceu e barriGuda acabou virando Guda, a mãe mais babona de todo o universo. Separá-la das filhas equivalia a sentenciá-la à morte, sem venda nos olhos! Ultimamente, porém, as pequenas andam tão endiabradas, que a coitada deu para se esconder embaixo da minha cama quando chega a hora de deitar, na esperança de passar despercebida e se livrar do agito noturno.

Terça-feira, dia 6, antecipando as comemorações do seu aniversário, eu deixei-a ficar no quarto. Como agradecimento, agüentei a criatura passeando em cima de mim a madrugada inteira, toda feliz. O café da manhã teve ração da lata, que ela só aceitou comer depois de se certificar que ninguém mais queria. A bolinha nova foi trocada pela encardida, toda furada de dente, para que as mimadas pudessem brincar com o penacho colorido. Nem da caixa de panelas inox ela pareceu fazer muita questão. Bem que dizem que a maior alegria de uma mãe é ver seus rebentos feliz. Eu também dormi com o coração cheio. :)

* FIM *


Capítulo anterior: Golpe da Barriga – parte 6

Outros aniversários: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

Despedida
:: Saudade
:: Primeiro aniversário sem Guda
:: Um ano sem Guda (amanhã)

18.5.08

Gatoca de alma nova!

Decidi mudar o arquivo do Gatoca, pois se continuasse a organizar pela chegada dos bigodes aqui em casa, "Pane no sistema" teria milhares de textos, já que contempla a fase atual, contra meia dúzia das outras categorias. Agora, clicando no menu lateral, vocês podem ler as peripécias de cada peludo, os especiais publicados em datas comemorativas, as pequenas conquistas desses nove meses de blog, os melhores posts, o epopéico caso dos montinhos de ossos da dona Lourdes (antes e depois dos resgates), várias outras tentativas atabalhoadas de socorro animal, incluindo ratos e pombas! As séries contam a história dos dez felinos protagonistas e vêm sendo escritas nos seus respectivos aniversários. Façam o favor de prestigiar, porque perdi o final de semana inteiro nessa reestruturação! rs

17.5.08

Golpe da Barriga – parte 6

Versatilidade vocal

Chocolate Tamanho Família aprendeu rápido que a cozinha era o templo das gostosuras da casa e a geladeira, o altar onde devia ajoelhar-se a cada refeição familiar. Se demorávamos para nos sensibilizar com sua cara de grávida pidona, o barrigão logo passava a ocupar DUAS cadeiras da mesa em protesto. Quando os falsetes pela ração da lata deixavam de causar comoção, ela tirava do bolso um miado completamente diferente, como se estivesse sendo dublada. Chegou a simular som de porta rangendo, de criança chorando, de cachorro abandonado, de velha ranzinza.

Contagem regressiva

O barrigão da futura mamãe parecia crescer de meia em meia hora. Dr. E. até havia comentado que a gestação das gatas durava apenas dois meses, mas eu não fazia a menor idéia de quando aquelas bolinhas de pêlo decidiriam pegar no batente, muito menos quantas eram (torcia em silêncio, porém, por uma ninhada de três, número simpático a adoções emergenciais).

*continua*


Capítulo anterior: Golpe da Barriga – parte 5

16.5.08

Golpe da Barriga - parte 5

Abre parêntese: essa novelinha é da Guda, cujas filhotas estão quase completando um ano de vida, gente! Não tem ninhada nova vindo por aí, graças a São Francisco de Assis! Achei melhor explicar também que troquei o título dos posts, atendendo a pedidos, para que as Gudinhas ganhem uma série exclusiva. Fecha parêntese.

Não se mexe com quem está quieto

Depois de invadir a favelinha três vezes com a espada em punho, Clara Luz levou uma surra da Chocolate Tamanho Família! Na primeira investida, a obsessiva entrou pela lavanderia quando eu abri um milímetro da porta para jogar o guardanapo no lixo. Na segunda, pulou o vitrô do banheiro, que alguém esquecera aberto. E na última, aproveitou a micro-fresta da janela do próprio quartinho, alargando o buraco obstinadamente com a cabeça. Não preciso dizer que o incidente a deixara toda dengosa, né?!

Arrumação para a maternidade

Quando voltamos do almoço de Dia das Mães na casa do Eduardo, a barriguda estava tão branquinha e macia, que parecia ter ficado de molho no Comfort. Pelo jeito, os preparativos para o grande dia haviam começado! Na hora de dormir, inclusive, ela passou um tempão no meu armário, procurando um cantinho para se acomodar. Desconhecendo as necessidades de grávida (e tendo constatado que banheiro e potes de comida jamais caberiam junto com os sapatos), porém, levei-a de volta ao quartinho.

*continua*

ANTES


DEPOIS


Capítulo anterior: Golpe da Barriga - parte 4