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6.10.15

Homeopatia: desafio dos 60 dias

― Só capricornianos e virginianos podem ter dez gatos.
― Pelo menos faz a planilha da medicação em um Excelzinho, pô!
― Mas aí eu não seria capricorniana.


(Juro que usei a régua, gente. A câmera é que distorceu as linhas todas.)

30.9.15

A arte de não ser uma família

Quando eu vi a Pufosa dormindo abraçada com a Keka, lembrei da Guda estourando de grávida. E da noite em que as meninas miaram pela primeira vez fora da barriga da mãe. E de como elas cresceram fazendo tudo juntas. E do desmame lendário, que se esticou até os 2 anos de idade, me obrigando a adotar toda a família (e colecionar dez gatos).

Segundo a Câmara dos Deputados, porém, eu não posso chamar as Gudinhas de família ― ainda que elas vivam brigando entre si. Nem posso considerar os bigodes minha família. Sim, eu trabalho dobrado para comprar a melhor ração. Saio mais cedo dos aniversários porque alguém precisa tomar remédio. Adio a troca da bolsa que os infelizes furaram para pagar o veterinário.

E sou recebida com barrigadas depois das correrias de rua. Tenho lambedores de lágrimas para os dias cinzas. Ganho afofadas múltiplas no inverno. Mas família é a união entre homem e mulher. Seguindo a sugestão do Vilson Oliveira, então, vamos chamar isso de amor ― e mandar um pouco para Brasília.

24.9.15

NeverEnding Story

A ideia era levar a caixa de transporte doada por uma leitora a Cida, a protetora-diarista do DER, e não olhar para os lados nas vielas de barro. Mas como a gente faz para desver uma gatinha morando dentro da panela? Bombom foi doada filhotica a um vizinho da comunidade e passou a maior parte dos seus 9 meses presa na corrente. Cida acabou pegando-a de volta, só que a sialata morre de medo dos outros 17 (sim, 17) bigodes do barraco.




Este post terminaria com a informação de que ela adora carinho e já está castrada. Mas o WhatsApp acaba de apitar no celular com a foto da Pelúcia, também castrada e ainda assustada pelo abandono, que a própria Cida tirou no desespero. O tutor dela resolveu se mudar para o norte e, dois anos de convivência depois, deixou a peluda para trás.


Memes são mais legais de divulgar, eu sei. De vez em quando, porém, a gente precisa salvar uma vida (ou duas). Please? :)


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23.9.15

Ossos e um coração colados

A máquina de costura rendeu a Madalena uma tendinite na bacia, que transformou as tarefas mais simples do dia a dia, como caminhar até a padaria, em sessões de tortura e frustração. A tábua em queda no barraco do DER rendeu ao Brad Pitt uma fratura na bacia (e outra no fêmur), que transformou a vida dura na favela em sessões de carinho e cafuné.

Raq Vichessi compartilhou a história do branquelo no Facebook e Madá sentiu os tendões repuxarem: Brad seria o novo amigo do Calvin! Eu estava prestes a ganhar esta foto incrível, para rever sempre que sentir vontade de desistir. ♥


A filha Camilla, a namorada Marcella e até a vizinha Benê se juntaram para receber o pequeno. Guilherme, o outro filho, chegou depois, por causa da gripe. E levou de prêmio de consolação o ronrom mais alto dos bebês hollywoodianos.


Deitado na caminha, sozinho, o figura vibrava feito celular que ninguém atende.


No dia seguinte, acordou espirrando, como quase todos os irmãos nas casas novas. Fez exame de sangue, tomou antibiótico, recebeu toneladas de mimos e a gripe logo passou. Três meses depois, os ossos calcificaram tortinhos, mas nada que impeça o pega-pega com o amigo quadrúpede ― nem demais peripécias.

"Eles estão inseparáveis! Jimmy é um arteiro extremamente carinhoso. Foi a melhor escolha para o Calvin", escreveu-me Marcella no domingo. Post que começa e termina com foto emocionante merece moldura.



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17.9.15

Aniversariante do mês - setembro de 2015

Sarna de ouvido, malassezia, alergia respiratória, infecção de pele (1 e 2), intolerância alimentar, desidratação. Parece livro de estudante de veterinária. Ou música do Titãs. Ou poema do Manuel Bandeira. Mas trata-se do histórico de doenças do Simba*, de março de 2014 até o meio deste ano ― recheado de remédios que, quando funcionaram, desencadearam outros problemas.

Eis que meu ceticismo capricorniano resolveu dar uma chance à homeopatia. E, quatro fórmulas, dezenas de seringadas e uma infinidade de mensagens trocadas com a Dr. Maru depois, o loiro finalmente pôde relaxar. Enquanto sonha com os bichinhos que caçava no jardim da nossa antiga casa, eu me pergunto onde se esconderam os últimos nove anos.

No petisco, amontoam-se 12 velinhas, deixemos claro, porque ele apareceu em Gatoca com três anos de bônus. E minha vontade é não apagar nenhuma delas, para obrigar o tempo parar.



*Novelinha: Conheça a história do Simba

Outros aniversários: 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

15.9.15

Bicho bem-cuidado não transmite doenças

Vacinar, vermifugar e impedir o acesso do animal à rua evita que você pegue enfermidades sérias, como raiva, sarna e toxoplasmose

:: Raiva

Contágio
Mordida ou lambedura de cães e gatos infectados.
Sintomas
Agitação, sensibilidade à luz e sons altos, dificuldade de respirar e engolir, baba, delírio, agressividade, taquicardia, tremores generalizados.
Riscos
Quando o vírus ataca o sistema nervoso, há paralisia progressiva das extremidades, seguida de morte.
Prevenção
Vacine o peludo anualmente.

:: Sarna (escabiose)

Contágio
Contato com os ácaros causadores da doença – a sarna negra, ou demodécica, não passa para humanos.
Sintomas
Coceira intensa, principalmente à noite, e formação de pontos avermelhados e crostas, especialmente nas palmas das mãos, punhos, braços e tronco.
Riscos
Sem tratamento, surgem lesões na pele, que podem provocar infecções.
Prevenção
Mantenha a casa sempre limpa, proteja seu amigo contra sarna, pulgas e carrapatos, e evite o contato com animais contaminados. Cachorros ainda precisam de escovação e banhos periódicos.

:: Toxocaríase

Contágio
Ingestão de ovos do parasita.
Sintomas
Febre, tosse, diarreia, perda de peso, falta de ar.
Riscos
Quando penetram nos vasos sanguíneos, as larvas espalham-se para vários órgãos. Nos olhos, podem levar à cegueira.
Prevenção
Dê vermífugo para seu pet.

:: Toxoplasmose

Contágio
Contato oral com as fezes do gato contaminado, que devem ficar expostas durante três dias.
Sintomas
Febre, gânglios e órgãos com tamanho aumentado, e transtornos visuais.
Riscos
Cegueira, problemas cardíacos e neurológicos. Se o contágio ocorrer durante a gestação, o feto corre risco de aborto – mamães previamente infectadas não prejudicam o bebê.
Prevenção
Limpe a caixa sanitária do bichano diariamente (grávidas devem usar luvas), não dê comida crua para ele e impeça seu acesso à rua.

:: Clamidiose

Contágio
Contato com as secreções do gato infectado pela bactéria.
Sintomas
Gripe com febre alta, dor de cabeça severa, calafrio, respiração curta, mal-estar, debilidade generalizada.
Riscos
Sem tratamento, a doença pode provocar pneumonia e problemas no rim, fígado e coração.
Prevenção
Vacine seu bichano anualmente.


* Texto escrito para a revista AnaMaria, agora da Editora Caras.

10.9.15

Salvo pela metade

Uma pessoa normal termina a aula de ioga, troca de roupa para almoçar com a amiga que veio da Espanha, vê um gato na rua se desesperar com dois cachorros gigantes e segue viagem zen, arrumada e no horário, acreditando que São Francisco dará um jeito no babado.

Esta jornalista estanca o carro, se põe a conversar com o frajola esgoelando na árvore (os cachorros já estavam longe), caça um adolescente de uniforme escolar para ajudar, trepa nas costas do coitado e demora cinco minutos para descolar todas as garras do bichano do tronco.


No chão, enquanto o adolescente se despede sem entender muito bem o que aconteceu, ganha esfregadas, cabeçadas e mais gritinhos do peludo, que não era castrado, mas parecia bem cuidado. E sai com a criatura debaixo do braço, atrás de um possível dono.

Os vizinhos aposentados já assistiam ao show do portão. E todos apontam o clube, que abriga uma colônia inteira de gatos dóceis, como seu local de origem. Resignada, ela devolve o pequeno sob a porta mastigada pelo tempo, certa de que São Francisco não dará um jeito no babado.

9.9.15

Conscientização: o trabalho por trás dos holofotes

Quando eu caminho pelo DER... (Sim, a epopeia do mutirão de castração terminou em março. Só que, nos meses que se seguiram, nós socorremos vários bigodes da comunidade, conseguimos famílias de comercial de margarina para os filhotes, passamos vergonha, ficamos putos, demos risada, nos emocionamos e continuamos ajudando quem não se vira sozinho ― as histórias estão todas no pé deste post.)

Como eu ia escrevendo, quando caminho pelo DER, as crianças vêm me contar que adotaram novos bichinhos, os adultos denunciam quem andou maltratando os veteranos e quase todo mundo pensa que sou veterinária. Seu Luis, dono do pet shop, me parou na rua no último fim de semana para comentar que o pessoal vive perguntando a data do próximo mutirão.

Acontece que, como vocês sabem, eu sou jornalista. E me dou melhor costurando palavras do que barrigas. Ou ensinando tutores a cuidarem de seus peludos. Ou articulando parcerias que beneficiem bípedes e quadrúpedes. E decidi recorrer ao poder público ― os Centros de Controle de Zoonoses costumam operar uma cota de animais por ano de graça.

Drª. Juliana, do CCZ de São Bernardo, disse que a verba de 2015 acabou e o agendamento só retornará em dezembro. Mas a comunidade já pode ligar para se informar. Imprimi, então, um cartaz com o telefone e expliquei ao seu Luis como incentivar os clientes a fazerem valer seus direitos. Dependendo da demanda, vai que rola um mutirão da prefeitura no DER, né?



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3.9.15

Meditação para os fortes

Se você quiser alcançar shamatha no sol aqui em casa, terá de disputar com os bigodes ― enquanto eles disputam o colo entre si.


E prepare-se para ter o fone de ouvido mastigado pela Chocolate, o som do celular abafado pela bunda do Mercvrivs e o braço esquerdo esmagado pelo salto da Clara, lá do alto da janela.

2.9.15

Favela com emoção

Toda ida ao DER é uma aventura. No domingo, enquanto caçava a pretolina sarnenta para aplicar a segunda dose do remédio, lembrei de todas as vezes em que seu Moacir me recebeu no barraco de cueca samba-canção. E da tarde em que saiu com ela pelas vielas de terra atrás da neta, para ajudar na captura de um filhote assustado, e o pessoal apontava para a "muié dos gatos" ― notem: eu estava ao lado de um idoso seminu!


Várias situações inusitadas foram contadas nos posts do mutirão de castração. Mas acho que nenhuma ganha do dia em que Julia Roberts e Benedict Cumberbath rumaram para a casa da Susan. Durante quase uma hora, eu persegui os peludos na laje da dona Ermínia descalça. Pisei em todo tipo de entulho que uma obra pode gerar. Engatinhei, deitei, rolei. E, para completar o espetáculo, atravessei o telhado do vizinho de bunda. Ida e volta.


Obs.: As fotos são da Pretinha Cover, porque este é um blog de família. Ela está quase boa, aliás, e também quer uma para chamar de sua.


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29.8.15

Oitava festinha do Gatoca

Lembro dos aniversários que juntavam fácil 50 pessoas. Da fileira do cinema preenchida pela turma do colégio técnico. Das excursões aos museus de São Paulo. Em algum momento das duas últimas décadas, as relações se virtualizaram. E a gente passou a botar o nariz cada vez menos para fora de casa ― ou da tela do computador.

Não seria diferente com a festa de oito anos do Gatoca: toneladas de carinho por e-mail, WhatsApp e Facebook, os fiéis companheiros para o abraço real. Denise adotou um dos ex-queletinhos da dona Lourdes, o caso que me trouxe para a proteção animal. E casou com Fernando, que viaja para a Croácia e nos diverte gravando vídeos de roupão.

Yone nunca faltou a uma comemoração do projeto. Mari e Jubão compram rifa, divulgam os resgatados para os amigos, me incentivam a continuar ambicionando (um e-book, um vlog, um mundo melhor). E Leo amassa barro junto na favela, abre mão do cinema para levar gato para a zona norte, cozinha feijoada vegetariana, dorme sentado enquanto escrevo este post.

Isso precisa ser agradecido em átomos. ♥


A caminho do Genésio, vermelho-paixão


Os gateiros que a gente escolhe


Família de três


Fernise


O milagre da unha pintada

Festinhas anteriores: 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

26.8.15

Complexidade felina

Quem não gosta de gato não gosta de gente. Gato é o bicho mais parecido com o ser humano que existe! Inclusive nas esquisitices.

21.8.15

Os últimos de nove

Eu já fui uma pessoa que andava pela rua despreocupada, sem enxergar os bichos que esperam uma chance de deixar de andar pela rua preocupados. Já ignorei a incompetência do poder público em lidar com a questão. Já telefonei para ONG pedindo resgate de 30 gatos e não tomei uma desligada na cara. Em setembro de 2007, com uma senhora de blusa pendurada no corpo por pregadores, descobri a proteção animal.

A história é longa, ganhou coletânea nestes links: 1 e 2, e se reflete em cada par de olhos que o Gatoca ajuda. Quando essa ajuda chega tarde, lembro das palavras da Susan, que acabaram virando meu mantra: "Foque nas vidas salvas". Dezenas em oito anos. E sete bazares de Natal do AUG, quatro campanhas do agasalho, um arraial, três produções de textos para a agenda e o calendário ― e a quarta em processo.

Porque eu virei voluntária. E quem troca de lado do balcão aprende a dar em vez de pedir. Mas Su se sensibilizou com a campanha do DER, no ar desde abril, e me ofereceu duas vagas na ONG para tirar os últimos filhotes da favela.


No domingo, Julia Roberts e Benedict Cumberbath se despediram do barraco sem janelas e entraram para o site de doação de bichanos mais famoso do país.


No domingo, eu voltei no tempo e tive certeza de que pularia o muro daquele cortiço da Vergueiro de novo.



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18.8.15

Refilmagem

Durante 17 dias, a imagem do Johnny Depp na janela acompanhou meu café da manhã, os banhos corridos em tempo de crise, as noites musicadas pela Anchieta. Em dois fins de semana, eu voltei ao DER para convencer Silvana a devolver o pequeno, mas não a encontrei. E o celular, informado pela mãe, sempre dava caixa postal. No terceiro, a porta se abriu desconfiada.

Os mesmos vizinhos que comentaram que o gatinho sofria disseram a ela que eu o levaria a força, ignorando meu porte de lutadora da Somália. Misto de fofoca e inveja, a única verdade sobre o desfecho do tigrinho é que a família realmente acreditava se tratar de uma tigrinha e comprou todo o seu enxoval rosa.


Sim, enxoval, porque tem até arranhador ― e o plano ambicioso de parcelar a casinha de R$ 260 da Cobasi.


Silvana trabalha até tarde como auxiliar de dentista e Marcelo madruga em um armazém que abastece lanchonetes famosas. No tempo que sobra, porém, eles enchem o peludo de carinho, dão banho com xampu especial, colocam na tigela pink ração premium para filhotes, se divertem com os brinquedinhos escondidos no buraco aberto pelo pedreiro.


Johnny dorme toda noite com Thiago, um garoto de 8 anos apaixonado por animais. E não vai mais para a rua porque o casal perdeu Pelongo com uma martelada na cabeça, desferida por outro vizinho gente boa. Quando as sementes da nossa conversa germinarem, há uma boa chance de o bigodinho ganhar um amigo quadrúpede ― as telas já virão para a primavera.

Agora, a gente pode lembrar desta imagem. :)



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13.8.15

7 jeitos de esquentar seu amigo

Cães e gatos nascem com um casaco de pele politicamente correto, mas também sentem frio e estão mais propensos a adoecer no inverno

1) Providencie uma casinha
Principalmente se o animal morar no quintal. E não precisa gastar uma fortuna no pet shop. Usando a criatividade, bacias e caixas de papelão forradas com jornal viram cafofos aconchegantes. Só não vale instalá-los na corrente de vento ou debaixo do chuvaréu.

2) Improvise uma cama
Bichos que vivem dentro de casa farão a maior festa com aquele cobertor que você não usa mais. Para recém-nascidos órfãos, coloque uma garrafa com água quente sob a manta e troque sempre que ela esfriar.

3) Compre roupinhas
Cães idosos, magrelinhos ou com o pelo curto precisam de reforço para se aquecer. Escolha um modelo folgado e, se o animal parecer incomodado, tente um tecido mais leve. Gatos lidam melhor com temperaturas baixas e, como não curtem "penduricalhos", podem ser poupados da tortura.

4) Maneire no banho
Pelo molhado no frio baixa a imunidade, principalmente de bebês e vovôs. Quando a situação ficar insustentável, use água morna, seque seu amigo com cuidado e, para evitar choques térmicos, deixe-o no local do banho por 20 minutos.

5) Capriche na ração
Até nosso apetite aumenta o inverno, já que o metabolismo acelera para manter a temperatura do corpo, certo? Tome cuidado, porém, para não exagerar na quantidade de comida, porque obesidade também causa problemas de saúde.

6) Brinque mais com ele
Bichos sedentários sentem mais frio. Se você não quiser suar junto com o peludo, organize uma caçada a bolinhas ou ratinhos.

7) Abrace bem apertado
Existe coisa melhor nesta vida do que trocar calor assim?

FONTE: Nivaldo Albolea, veterinário


* Texto escrito para a revista AnaMaria, da Editora Abril.