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19.8.16

8 gatos salvos do cubículo imundo, 2 pedidos de ajuda

Carol Costa diz que o mundo se divide em dois tipos de pessoas: as terapeutizadas e as não-terapeutizadas. Sem o segundo grupo, a senhora que manteve os bigodes presos por dez anos num quarto de móveis velhos e teias de aranha não existira. Como eu faço parte do primeiro, porém, além de entender o descompasso, não tenho problema em reconhecer limites. E sabia que, apesar de gigante no meu coração, o Gatoca não conseguiria doar sozinho bichanos ariscos, pretos e idosos.


Pedi, então, ajuda com a divulgação do caso às ONGs parceiras do projeto e Tatis me deu oito vagas na Confraria dos Miados e Latidos. Para quem não é protetor, isso equivale a ganhar na loteria acumulada, depois de se endividar até as tampas com as compras de Natal. A viagem ao Campo Limpo durou meia hora a mais do que os 60 congestionados minutos previstos pelo Waze ― Jubão e Michele toparam me acompanhar para reduzir o risco de cárcere privado.


Na zona leste, outro extremo da cidade, os peludos foram cadastrados, despulgados e transferidos para gaiolões, onde seus xixis, cocos e apetite seriam monitorados. Fortunato, Fidelis e Vitória demandaram um verdadeiro esquema de guerra para sair das caixas de transporte, tamanho o desespero. E eu voltei para casa sete horas depois, quando o sábado já virava domingo.


Nós fizemos a parte mais difícil. Agora precisamos de ajuda para doar todo mundo ― Tatis contou que eles já estão desabrochando! E para pagar as despesas veterinárias: R$ 440 de vacinas e R$ 640 dos testes de FIV e FeLV (a ração foi doada pela Farmina). Mandem e-mail que passo os dados da conta. E compartilhem este post até chegar nas famílias de comercial de margarina. Aqui, tem as descrições dos pequenos, com fotos melhores. :)














17.8.16

Pequenas alegrias da vida

Aquele momento olímpico em que você grita no banheiro para o prédio inteiro ouvir:

Zeeeeeeeeeeeeeroooooooo diarreeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaa!

12.8.16

O primeiro projeto com crianças!

"Tenho uma notícia ruim e outra boa para vocês. A ruim é que o mundo é difícil e cruel". Eu queria dizer "uma merda", mas havia pais presentes. "A boa é que a gente sempre pode fazer alguma coisa para deixá-lo melhor". Mal acabei a frase e os dedinhos já estavam levantados. Suas donas integram o Bororos, grupo de escoteiros e bandeirantes de Santo Amaro. E, com mais 50 crianças e adolescentes, trocaram a diversão do fim de semana para apoiar o Ajudanimal, de Ribeirão Pires.


A ideia era ensiná-las a produzir conteúdo para as campanhas de adoção e apadrinhamento da cachorrada, garantindo a sustentabilidade da ONG até o fim do ano. Amanda Herrera me convidou para dar a oficina de texto, que acabei transformando em sensibilização de olhar, Taciane Ribeiro, amiga importada de Indaial, ficou com a de cuidados e Leo Eichinger, com a de fotografia ― não basta amar, tem de participar!








Aqui, vale abrir um parêntese para louvar a complexidade da vida: quando nós trabalhávamos juntas, uma pá de anos e transformações atrás, Amandica sonhava com o Greenpeace e eu queria mais era distância de bicho. Fecha parêntese com fotos para dar tempo de os leitores novatos se recuperarem.




Junto com o Gatoca, veio a vontade de abraçar o universo infantil para que o projeto por um mundo melhor não se limite a enxugar gelo, com o número de vidas descartadas superando eternamente as resgatadas. E este foi só o test-drive (aguardem!).


As frases das campanhas ficaram do jeitinho que eles falaram/escreveram porque não há chacoalhão maior do que criança ajudando a gente a relembrar o que realmente importa nesta existência. Curtam os posts e fotos no Facebook, espalhem para os amigos, mostrem aos pequenos que nós temos salvação. :)






"Quero apadrinhar um cachorro. Na verdade, é uma ela. Chamei de Sol porque lembra o sol. E até me deu a pata!", Kim, 9 anos.


"Escolhi esse aqui porque ele é fofo e ficou pulando em cima de mim", Manuela, 8 anos, mesmo depois de carimbada na calça pelo parceiro. rs


"Ele manja muito da voadora! Vou chamar de morcego", Richard, 8 anos.


"Eu adotaria a Clara porque fiquei com dó. Ela tem um machucadinho no olho. É bem preguiçosa e os cachorros preguiçosos não dão trabalho", Nicky, 9 anos.


"Também levaria ele para casa porque não é tão agitado. Vou chamar de... Pretinha. É uma menina! Amo todos os animais porque eles têm um bom coração", Nicky Felicia.


"O Carente está roubando a atenção de todo mundo, supercarente", Maya, 11 anos.


"Quero o Mano Preto! Ele subiu em mim milhões de vezes e me lambeu. É um cachorro muito legal", Aliyah, 11 anos.


"Tenho pena porque ninguém escolheu ela. E não entendi por que. Ela faz amizade com qualquer um. Vou chamar de Alegria", Catarina, 10 anos.


"Muitos cães como a Lyla estão precisando de um lar melhor. É um nome que significa muito para mim. Foi personagem da minha primeira peça de teatro. Eu era muito tímida", Luiza, 11 anos.


10.8.16

Nono aniversário do Gatoca

Se o Gatoca fosse uma criança, estaria aprendendo frações. Se pagasse as contas, não existiria mais, porque meu recorde se resumiu a meia década empregada no mesmo lugar ― trabalhar em casa de pijama não conta. Nove anos é tanto tempo que recebi mensagem de uma leitora fofa esta semana dizendo que sua mãe, fã do projeto, já havia falecido.

E nós colecionamos um monte de números juntos! 1.130 posts, mais de 1 milhão de visualizações, 9.258 comentários, 4.236 curtidas no Facebook, 115 bichos socorridos, 25 parceiros, R$ 21.110 financiados coletivamente (R$ 3 mil do Wings For Change), 240 apoiadores na campanha, 51 cães e gatos castrados em mutirão, 1 e-book, com direito a entrevista para a Rádio Bandeirantes, 15 integrantes no Clube da Kickante (esse pode melhorar, rs), 65 quilos de ração doados pela Farmina (os primeiros!).

E teve também o puxadinho no Yahoo!, para mostrar aos engravatados que nem só de raças e acessórios vivem os amantes de animais, a participação no Global Causes, iniciativa do Facebook para ONGs realizada em 30 países simultaneamente, a conta na rede social verificada.

Um zigalhão de motivos para comemorar (obrigada! ♥). E outro zigalhão para continuar a educar, conscientizar e mobilizar corações de pudim. A festa ocorrerá no Tubaína Bar, dia 20, a partir das 18h. Fica pertinho da Paulista (e do metrô Consolação) e o cardápio é caprichado, inclusive para veganos ― nhoque, pastel, salgadinhos, bolo de chocolate.

Venham ganhar apertos! :)


Festinhas anteriores: 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

5.8.16

Olimpíada Gatoca 2016

Nossos gatletas treinaram duro ao longo do ano para competir nas modalidades "air swimming", "ginástica artística sentada", "levantamento de próprio peso", "salto em fundura" e "luta egípcia". O comitê técnico informa que nenhum dinheiro de ração foi desviado e as prateleiras seguem sólidas na parede para receber os turistas.

Que vença o menos preguiçoso!









4.8.16

8 gatos, 1 cubículo imundo e logo cubículo nenhum

A filha me escreveu em março do ano passado pedindo ajuda para os bigodes da mãe de 68 anos (SP). Todos eram castrados, vacinados e gordinhos, mas moravam em um cômodo de 3 m², repleto de móveis velhos, poeira e teias de aranha. A interação humana se limitava às refeições. E a única janela ventilável, disputada em dias de sol, fracassava na missão de disfarçar o cheiro dos xixis e cocôs, que começavam nas caixas de areia, raramente limpas, e se espalhavam pelo chão.








Eu sugeri acompanhamento psicológico e, se a senhora aceitasse doar os animais, fotografaria todo mundo e divulgaria aqui no blog. A resposta chegou 16 meses depois, com uma reviravolta: os prisioneiros se tornaram personae non gratae e podem ir para a rua a qualquer momento. Alguns têm dez anos. Dez anos sem caminha, brinquedinhos, cafuné nas orelhas. Dez anos e descartados. As histórias de resgate são igualmente tristes, mas os peludos seguem acreditando no ser humano e, pasmem, esbanjam carinho.






Por favor, compartilhem. O Gatoca não conseguirá salvar essas vidas sozinho. :\

África (6 anos)

Com quatro semanas de existência, os irmãozinhos dividiam uma gaiola de 30 cm² no petshop do bairro, sem água nem comida. Como ninguém quer os pretolinos, exceto às vésperas do Halloween (e não é para amar), a senhora acabou pegando os três, mais o sialata. E não conseguiu doar nenhum. África adora companhia e dengo.


Fidelis (6 anos)

É um ronronento tímido. Desconfia de estranhos em um primeiro contato, mas, se não for pressionado, logo se põe a fazer graça.




Fortunato (6 anos)

Bonito e bonzinho, o afortunado não poderia ter outro nome. É o gato mais doce da casa: não pode ver alguém que já se atira nos pés.


Hexa (6 anos)

Parece arisca, mas, com pouco tempo de convívio, já distribui cabeçadinhas, lembrando a Copa do Mundo que não deve ser nomeada.




Bebê (8 anos)

Resgatada do motor de um carro estacionado na igreja, toda suja de óleo, a tigrada não havia completado um mês. Esbanja carência e não economiza nos miados para ganhar atenção.




Cocadinha (10 anos)

Apareceu na escola em que a senhora trabalhava, já adulta, com uma sacola inteira saindo pelo ânus ― provavelmente ingerida no desespero da fome. Dizem que fugiu da casa da vizinha, onde era criada em uma gaiola de pássaro. Quando a pegavam no colo, se urinava de pânico. Hoje, faz cara de brava para a fotografia, mas é ultrameiga. Só não troca muito calorzinho com os outros bigodes.




Mel (10 anos)

Conheceu o abandono ainda na barriga da mãe, que vagava perdida em Peruíbe quando sensibilizou uma amiga da senhora. Primeira quadrúpede do recinto, é quem dá as ordens. Mas exerce esse poder com tranquilidade e gentileza. E não dispensa um afago.


Vitória (2 anos)

Arremessada sobre a cobertura de uma quadra de esportes, há 12 metros do chão, e descoberta três dias depois, Vicky quase morreu de desidratação. Vive fora do cubículo imundo, mas sem contato com pessoas e animais. E precisa de um tutor experiente na arte da conquista, que não se intimide com o festival de fuzzzzzz.