.
.

10.4.09

Aniversariante do mês – abril de 2009

Há três anos, eu tinha certeza que não conseguiria cuidar do Mercvrivs e de um vaso de planta. Há três anos, Clara Luz* faz nosso coração bater mais forte em Gatoca. Para comemorar a adoção que deu início à superpopulação de bigodes, comprei sachês de atum e salmão, dois saquinhos de catnip e essa coisa penosa e barulhenta de pendurar na parede.


Claro que a geniosa preferiu passar a tarde abraçada com o meu chinelo sujo.

*Novelinha: conheça a história da Clara

7.4.09

Hay que endurecer, pero sin perder la ternura

Eu não pretendia contar esse causo, porque sei que os leitores do Gatoca preferem protagonistas de bigode. Mas como a Débora perguntou nos comentários, aí vai:

Quinta-feira retrasada, a caminho da academia, eu quase fui atropelada por um cachorro desgovernado. A maioria das pessoas juraria que o filhotão Duracell fugira de casa. Essa jornalista calejada pensou logo em abandono – com direito à gravatinha amarela, para que o primeiro coração de pudim do bairro se sentisse obrigado a resgatá-lo.

Botei o peso-pesado no colo e saí tocando as campainhas da rua. Todo mundo se sensibilizava com a história, mas ninguém podia ajudar. Suspeito que os arquitetos modernos andam cometendo a gafe de projetar mansões sem banheiros. Passei também em vários pet shops e veterinários (esses, por incrível que pareça, só faltavam torcer o nariz).

Na última tentativa, a moça da recepção confirmou que o focinho havia tomado banho lá, bem no dia anterior. Ligaram para a responsável, só que ela que estava ocupada demais para atender o telefone. Vinte minutos depois, enquanto eu encarava o rostinho machucado do pequeno, já pensando em desistir da busca, a fulana retornou.

Fiz questão de entregá-lo pessoalmente, graças à carona de uma cliente da clínica, para avaliar as chances de nova desova, em local ainda mais distante. Eis que Obama havia mesmo escapado. E fora recebido com festa, por uns seis indivíduos diferentes. Eu perdi a musculação (e a fisioterapia*), mas minha esperança na humanidade ganhou duas colheres de açúcar àquela tarde.

*Joelho direito e esquerdo resolveram tirar férias juntos, por tempo indeterminado, após quatro anos de dedicação exclusiva ao flamenco. :\

3.4.09

Nojento, tchan!

Passada a fase "caçador de cabelo", Hórus descobriu que gosta de lamber cera de ouvido. Dos outros, claro.

2.4.09

Bigodes x raízes: 5 dias sem acidentes

Pode alguém que cuida de dez gatos e vários peludos temporários (incluindo um Marley!) ser um serial killer de flores? Carol Costa, dona de 86 vasos e do Estáquio, uma planta carnívora que ainda não decidiu se pertence ao reino animal ou vegetal, acha que não. E para provar sua tese, deu-me de presente esta orquídea pomposa, junto com meia dúzia de dicas de como mantê-la viva, até mesmo numa casa recheada de bigodes. Durante o level basic, porém, preferi isolar a coitada na cozinha, onde o acesso dos vândalos é monitorado. E lá permanece a pobre mártir desde sábado. Façam suas apostas!

31.3.09

Diga-me com quem andas...

Depois de quase 30 anos de escola particular, ovo de Páscoa da Kopenhagen e dentes sem cárie, eu fui parar no mailing de supostos ecoterroristas. Mamãe deve ter dado cambalhotas no túmulo de orgulho! Para quem não sabe, ontem à tarde, jornalistas e ativistas receberam uma carta assinada pela Frente de Libertação Animal, assumindo a autoria do incêndio na fábrica da Perdigão, em Goiás. Verdade ou mentira, justo o endereço de e-mail que eu nunca divulgo estava entre eles. Caro Lobo Mau, se você acompanha esse blog, não mate a Chapeuzinho de curiosidade.

29.3.09

Quem espera sempre alcança

Devotas à mãe felina, as Gudinhas raramente se misturam com seres humanos. Pimenta até que se comporta de forma menos selvagem, mas o fato da Pufosa ser justo a gata mais peluda e macia da casa me obrigava a acreditar num Deus irônico. Eis que, 676 dias depois do nascimento, a misantropa se deixou acariciar. Por três minutos inteirinhos. E ainda ronronou!

27.3.09

O mico da década!

Sabe aquele trabalho de presidiário, que você passa dias se perguntando por que aceitou fazer? Pois graças a um deles, eu estou entre os finalistas do Prêmio Abril de Jornalismo 2009! Morta de vergonha, tentei adestrar os cachos rebeldes, pintei o olho pela primeira vez esse ano e atravessei São Paulo para tirar a foto da premiação. Como se as 3x4 de funcionário do mês já não fossem suficientemente constrangedoras, o moço atrás da câmera me cumprimentou e lascou:

- Fica em pé naquele fundo preto e vai mudando a pose.
- Como assim?
- Vira para um lado, para o outro, coloca a mão na cintura...
- Posso mandar um retrato dos meus gatos?

23.3.09

Notícias de Curitiba – parte 4

4 de março de 2009

Desisti de administrar as encrencas que Merlin conseguia aprontar com um focinho diferente a cada dia, para quebrar a monotonia. Miti, o akita, até gostou de ter um parceiro de brincadeiras, só que Hime que não curtiu nadinha a idéia de dividi-lo com o intruso. E Severina sentiu falta dos amigos, isolada na horta.

O figura aprendeu, então, a se divertir sozinho, perseguindo os passarinhos que aterrissam no terreno e provocando o cachorro do vizinho. Nem pede mais para sair. No domingo, convenci a Sev a lhe fazer uma visita. Mas depois do quinto “cain”, achei melhor socorrer a companheira de folguedos.

Infelizmente, os florais de Bach não amenizam a força do destrambelhado. Com os exercícios diários de corrida no espaço de 400 m², aliás, Merlin está ainda mais musculoso e sarado. Quando a agitação toma conta, porém, basta acarinhar as orelhas para que ele deite e feche os olhinhos. Uma paixão!

Semana passada, o bebezão desencavou um pedaço da sua camiseta e carregou para cima e para baixo, por um bom par de dias. Vou mandar teus beijos. Ele ficará feliz.

Um grande abraço!

Miharu

* FIM *

Para ampliar, cliquem na imagem
(Da esquerda para a direita: Merlin se divertindo com o nó de corda ganho da Mari; trilha feita nas brigas com o cachorro do vizinho; vaso de plástico que virou brinquedo; Severina, a cara-metade na falta de noção; ataque de meiguice.)


Epopéia do Marley na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: O dia da castração
:: Cão antifurto
:: Destruição em massa
:: O macho alfa
:: Tentativa de assassinato
:: Aberta a temporada de passeio!
:: Felicidade nas pequenas coisas
:: Coleta seletiva de lixo
:: O primeiro banho
:: Marloca
:: Experiência com florais
:: Separando remédios e guloseimas
:: Vida em sociedade
:: No limite!
:: Adestramento, faça chuva ou faça sol
:: O primeiro banho fora
:: Cão em fuga
:: Classe até para doença
:: Petisco mágico
:: Rumo ao estrelato
:: Alexandre Rossi criou um monstro
:: A tão sonhada adoção
:: Notícias de Curitiba

19.3.09

Notícias de Curitiba – parte 3

14 de janeiro de 2009

Na segunda-feira do quebra-pau, fui trabalhar com o coração na mão, pensando se deveria soltar o Merlin de novo com o pessoal, à noite. Caso não o fizesse, a socialização terminaria no mal estar e, se eles tornassem a se encontrar, seria briga na certa. Peguei então meu medo, enfiei no bolso do jaleco e reduzi o tempo de confraternização para dez minutos. Merlin voltou para a casinha feliz da vida. Acontece que hoje ele resolveu cheirar a traseira da Cléo e a rottweiler ficou louca. Toca apartar outro rebu! No caminho da horta, o destemido ainda brigou com dois cachorros! Acho que vou tentar a adaptação com os akitas...

19 de janeiro de 2009

Continuo deixando o Merlin com a galera, de manhã e à noite. Pena que ele não consegue brincar de forma mais delicada. Severina, aliás, é sua cara-metade na falta de noção. Quando os dois estão juntos, os outros focinhos até saem de perto. Merlin já aprendeu a comer na hora em que eu coloco a ração e a não passar pelos portões sem autorização. Por incrível que pareça, a horta permanece intacta!

*continua*

18.3.09

Enxugando gelo

Nos últimos quinze minutos, acho que meu coração alcançou o tamanho de uma ervilha, de tanto se apertar de tristeza. Larguei o trabalho, dirigi uma hora no barro de São Caetano para resgatar um gato que quase se afogara na enchente, a pedido de um amigo querido, e o vi morrer na mesa do veterinário. Era menina. Frajola. Minha perdição. O corpo ainda se mexia, o coração lembrava de bater vez ou outra, só que faltara oxigênio no cérebro e ela já não tinha mais reflexo palpebral.

Segundo Dr. N., a sensibilidade dos olhos ao toque é a última coisa que a gente deve perder, se pretende continuar vivo. Quando ele terminou a frase, a pequena partiu por inteiro. Poucas situações no universo fazem chorar quem assistiu o último suspiro da própria mãe, talvez a mais amarga das impotências. Até porque, na pior das hipóteses, do outro lado da ponte do arco-íris essa criatura azarada estará livre de nós. Dói-me constatar, porém, que fica cada vez mais difícil ajudar.

Essa noite, eu vou sonhar com aqueles olhos amarelos...

16.3.09

Mijolinas

Há um mês, Clara e Guda resolveram fazer xixi quando bate a vontade, onde quer que estejam. Já ensoparam meus livros, meu tênis, o filtro de água da cozinha. E com as caixas de areia limpinhas! O pior é que o odor impregnante funciona como um convite para que os outros bigodes repitam a porquice. Eu não sabia mais que produto de limpeza usar, até que a Michele comentou sobre os milagres do vinagre.

Aqui, vale abrir um parêntese explicativo: vinagre, para mim, tem cheiro de piolho, porque mamãe despejava vidros inteiros em nossos cabelos, antes de dar seqüência ao escalpelamento, almejando expulsar os parasitas pegos na escola da cabeça que não os pertencia. Mas a causa merecia o esforço. Só o meu quarto tomara quatro bombas ontem. Fecha parêntese explicativo.

Espirrei, então, o líquido fedorento por todos os lados, sem poupar paredes nem prateleiras, e sonhei que dormia no buffet de saladas do Viena.

13.3.09

Descobri por que Hórus anda mordedor!



Ele acaba de perder seu primeiro dentinho de leite! Pendurado na minha blusa. Por causa de uma investida cruel contra a barriga. rs

11.3.09

Conversa de maluco

Justo hoje, dia do chat do Rede Jovem, eu tive uma reunião de trabalho em São Paulo. Cheguei em casa faltando dez minutos para o bate-papo, a alface do almoço ainda grudada entre os dentes, e dei de cara com o escritório forrado de papel higiênico picado. Hórus caprichou tanto no presente, que quase não sobraram pedaços visíveis de chão!

Abri espaço para a cadeira com os pés, liguei o computador e quando entrei no recinto virtual, já havia sete pessoas esperando. Com a boa educação que mamãe me criou, cumprimentei todo mundo e comecei a responder as perguntas. Dez minutos depois, o moderador apareceu e me apresentou. Foi engraçado.

Sem o Jubão, aliás, a coisa ficaria ainda mais surreal. Trinta neguinhos falando ao mesmo tempo, com enfoques completamente diferentes, e cobrando um posicionamento meu. Várias discussões paralelas, inclusive sobre vegetarianismo (que pegou fogo!). Ou eu lia, ou escrevia. Até que o santo irmão passou a ajudar na triagem das mensagens – dentro dos limites do possível, claro!

Mal e porcamente, consegui comentar sobre a importância da castração. Mas valeu a experiência. Obrigada aos amigos não-gateiros que participaram (mesmo precisando sair na metade, porque o colega de sala caiu do telhado). Obrigada às leitoras-gateiras, que nunca me deixam na mão. E obrigada à Mari, pelos lírios que eu tive de esconder na cozinha.

9.3.09

Quer teclar comigo?

Roxa de vergonha, eu topei participar do chat do Programa Rede Jovem, idealizado pela Comunitas para oferecer oportunidades de interação com as novas tecnologias às comunidades de baixa renda. Entre os parceiros/apoiadores da iniciativa estão figurinhas carimbadas, como a Microsoft, a Fundação Itaú Social e a IBM.

No site do projeto, os adolescentes podem publicar conteúdos, integrar grupos virtuais, trocar informações. Segundo Mariana Pinheiro, costumam encabeçar os bate-papos atores, músicos, ambientalistas, esportistas e outros personagens que estimulem o pensamento crítico e a mobilização social da juventude.

Esta jornalista-amante-de-bigodes foi convidada em comemoração ao Dia dos Animais. Quem quiser poupar minha esquizofrenia de conversar sozinha, sem ganhar absolutamente nada com isso, dê uma passadinha por na quarta-feira (11/03), às 16h. ;)

7.3.09

Dica retardatária de verão

Ontem, no grupo de discussão das voluntárias do AUG, surgiu o dilema sobre como diminuir a tortura dos bigodes em meio ao calor caatinguense que tem castigado São Paulo. Lu Alves contou que passou a encher metade dos bebedouros com água gelada, três vezes por dia. Eu resolvi experimentar aqui em casa e quase caí de costas quando vi o Mercv, que só põe a língua para fora embaixo da torneira, se acabando no balde de refresco.


P.S.: Apelar ao ventilador não é uma boa idéia, porque o gato pode ficar resfriado e até pegar uma pneumonia. Muito cuidado, aliás, com o câncer de pele! Bigodes de pêlo claro, principalmente no nariz e nas orelhas, não devem tomar sol - quando inevitável, passem protetor.