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17.12.21

Os bastidores do gatil lendário de Gatoca!

É fato que os bigodes se acostumaram com o apertamento mais rápido do que eu — que não me acostumei nunca, na verdade. Mas foi na janela de São Bernardo, respirando a poluição da Anchieta, que Pimenta desenvolveu a rinite alérgica highlander. Vir para o interior, portanto, equipararia qualidade de existência à conta bancária, em queda livre.

E eles aproveitaram bastante a casa concretada de Sorocaba. Até a gente ser moralmente despejado no meio da pandemia, sem nunca ter atrasado um centavo de aluguel, e a rural Araçoiaba da Serra se tornar uma opção. Obra, mudança e semanas de caos quase viraram separação, já contei aqui. Clara morreu. Secaram os frilas.

A gangue ganhou, então, um gatil improvisado, que resistiu por nove meses — na real, acho que eles sentiram pena da gente porque aqueles bambus apodrecendo e as telas velhas com barriga não seguravam mais ninguém. Em outubro, consegui comprar os caibros e toras de eucalipto para o gatil oficial, que Leo trouxe equilibrados no carro. Só que ainda faltava o alambrado, bem mais caro.

No mês seguinte, quando Pipoca quase partiu na última crise renal, batalha de uma década, resolvi dar um salto de fé e encomendei a cerca. Foi aí que o Gatoca saiu no boletim do Catarse, recebeu o selo "Projeto que Amamos" e começou a cair apoiador do lustre — vocês não tem ideia de como sou grata! O novo empreendimento é maior do que nossa casa: 90 m2 contra 60 m2!


A construção levou 13 dias, de sangue, suor, brigas — jornalista e designer armados com marreta e maquita.




A cada faixa do alambrado, pesado e pouco maleável, a gente tentava um método diferente, para tomar outro baile: começar a instalação de baixo para cima, de cima para baixo, prender tudo na esquerda ir desenrolando, deixar a sobra no topo e cortar depois, enterrar a sobra no gramado.








A limpeza de mato e plantas tóxicas rendeu três sacões de lixo. E o manacá, que estava com dificuldade de vingar, acabou dando lugar ao berço do futuro resedá, que os gatos poderão mastigar à vontade. Leo arrumou um tronco de árvore, vítima da poda da empresa de luz, para afiarem as garras. Tampou as brechas de fuga pelos contêineres com pedras do terreno vizinho. E quase arrancou o catnip que ele mesmo havia plantado.

No sábado retrasado, rolou o open cattery!


Guda, Keka e Pufosa se meteram a explorar tudo. Mercv deitou no primeiro quadrado de grama macio. Já Jujuba não saía de jeito nenhum. Se a gente tentava estimular, voltava correndo. E terminou a tarde laranja de rolar na terra do barranco. O catnip foi solenemente ignorado, até o quarto dia, quando passou a juntar fila. Pimenta e Pipoca arriscaram subir no tronquinho, só que quem está descascando o coitado inteiro é a Chocolate.




















A pequena rabugenta merece um parágrafo exclusivo, aliás: depois de dar a maior canseira no gatil improvisado, conseguiu escapar três vezes da blindagem oficial. O bairro ficou sem pedra e a peste aparecia do outro lado da cerca, como Houdini! Precisamos resgatar os macarrões de piscina do lixo e nos contentar com o toque de cortiço que sempre sobra na decoração.


Nosso banheiro continua sem porta, inclusive. Mas os bigodes terão vida, ao final.

6 comentários:

Kely disse...

Que velhice maravilhosa eles vão ter nesse quintalzão...🥰

Anônimo disse...

Aqui eu plantei bem perto da cerca uma fileira de clorofitos. Crescem rápido e formam uma touceira pra evitar fugas por baixo...

Anônimo disse...

Gente, o Céu dos Gatos deve ser bem parecido!
Até eu queria aquele deck de madeira

Patrícia Sloi Urbano disse...

Maravilhoso esse gatil. Eles merecemos. Sonho com o dia em que eu possa proporcionará isso para os meus bichanos também.

Elaini disse...

Ah tô tão feliz por vcs!

Giovanna disse...

Que maravilha! Que beleza de deck de madeira. Parabéns! E que sejam todos muito felizes.