.
.

13.3.14

No jokenpô da vida, amor derrete ódio

Foi uma batalha enfiar três comprimidos por dia goela abaixo da Pipoca durante quase uma semana. Madrugada sim, madrugada também, eu acordava com um bolo no estômago e vinha descalça ver se ela ainda respirava. Perdi dois quilos dos poucos que tenho porque a última coisa que sentia era vontade de mastigar. Vontade de chorar, por outro lado, dava para sair distribuindo pelo bairro. Solucei uma hora sem parar na sexta-feira. E comemorei, anteontem, ao ver o primeiro cocô na caixa de areia, depois de seis dias ― seis dias!

Imaginem, então, minha revolta ao dar de cara com os bigodes lambendo a poça de cândida que invadiu a sala na segunda à tarde! A colite que quase matou a Pipoca não era viral. Ela foi intoxicada pela faxineira do prédio, que lava a escadaria sem tomar o menor cuidado com as portas dos apartamentos ― enquanto a gente monta um verdadeiro esquema de guerra para manter os peludos longe dos produtos de limpeza a cada faxina interna.

O que me impediu de apertar o pescoço da criatura até os olhos saltarem da órbita foi o conteúdo deste vídeo. Pipoquinha finalmente reagiu ao tratamento.

11.3.14

Três vets para chamar de meus

Não, eu não tenho um clínico geral de confiança ― quando me animo com algum, a criatura desiste de atender convênio e toca pedir indicação de novo aos amigos. Mas coleciono veterinários incríveis: um para vacinas e castrações a preço de campanha, outro para os casos cabeludos e agora a Débora Toledo, da Maison 4 Patas, que me socorre por WhatsApp, atende os bigodes no feriado e ainda escreve perguntando se está tudo bem. Sorte décupla!


6.3.14

Colite carnavalesca

Quarta-feira de cinzas, para os católicos, é dia de refletir sobre a fragilidade da vida, que veio do pó e ao pó retornará. Eu não sou católica, mas me peguei pedindo a uma força maior que Pipoca continuasse pelo por mais uns anos. A via-sacra de carnaval começou no sábado, quando a pequena recusou o café da manhã. No domingo, ela só comeu um tico de sachê, tarde da noite. E, na segunda, havia sangue no cocô.

Dr. Débora, irmã de uma amiga de adolescência, leu meu relato angustiado por WhatsApp, já que nenhuma clínica estava aberta no feriado, e receitou Trissulfin, um antibiótico para infecções intestinais. Junto com o remédio, eu comprei a caixa inteira de sachês renais do pet shop, mais palatáveis do que a ração seca, porque eles andam em falta no mercado ― a bichinha tem insuficiência.

Na terça, quando voltei de São Paulo, encontrei cinco poças de sangue na areia e um vômito rosa no chão do escritório. Pipoquinha pedia socorro com esta imagem de dar nó na garganta.


Nós rumamos ao hospital, onde ela tomou soro para baixar a ureia e a creatinina, foi medicada para conter o vômito e saiu com um pedido de ultrassom para confirmar a suspeita de colite.


Ontem, Dr. N. lhe preparou um coquetel de soro: vitaminas para compensar a greve de fome, ranitidina e plasil porque os vômitos pioraram em vez de cessar, dexametasona para ajudar o intestino a desinflamar (apesar de o corticoide prejudicar os rins), e enrofloxacina para evitar bactérias oportunistas. Também enfiou-lhe gaviz goela abaixo, para proteger o estômago judiado. O vírus, se for uma colite viral, só se combate fortalecendo o organismo.


À noite, a peluda comeu um quarto da latinha de A/D de colherinha, me fazendo rir e chorar ao mesmo tempo. Hoje, teve coquetel de soro de novo, mas nada de vômito simbólico nem de banheiro de filme de terror ― na verdade, não teve cocô ainda. Pipoquinha continua querendo ficar. E eu sou uma magrela boa de briga.

5.3.14

Amar é...

...voltar cansada de São Paulo e sair correndo para o hospital. Gastar a loteria não ganha em veterinário, exames e remédios. Levar arranhão no peito. Desfilar de blusa furada. Comprar todos os sachês renais do pet shop. E A/D. E água de coco. E Gatorade. Dar comida de colherinha. Dormir de soquinho. Estocar cocôs na geladeira. Limpar chorando 13 vômitos e 9 poças de sangue na caixa de areia.

Pipoquinha está doente.


27.2.14

Coração de mãe

Este pedaço de sainha verde sou eu tentando trabalhar, num dia comum em Gatoca. Sem perceber, vira e mexe me pego pilotando o mouse feito o Horácio, com a Pimenta cabeçando o "enter" do teclado e impossibilitada de mexer a cadeira do lugar. Notem que ainda faltam quatro bigodes no vídeo ― Mercv só não estava no colo por causa do calor.

Cirque du Soleil, tem vaga para jornalista aí?

25.2.14

Serviço de utilidade pública!

Nem você se suporta durante a TPM? Solidário à causa, o Gatoca resolveu juntar três paixões de mulher em um único post: gatos, bebês e chocolate. Releia sempre que sentir vontade de chorar assistindo à Sessão da Tarde, de matar o marido quando ele pendurar a toalha torta no varal ou de gastar todo o dinheiro do supermercado com potes de Nutella. Você é o marido sem coordenação motora? Então, tome vergonha na cara e compre um caderninho de colorir!






Epopeia da família Cartoon na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: Nasceram!
:: Comédia romântica que virou drama
:: Drama que virou romance

20.2.14

Drama que virou romance

No sábado, entre um almoço de aniversário e a batalha contra a sarna de ouvido que vitimou um terço da população de Gatoca, a família Cartoon foi para o novo lar (doce lar) temporário. Penélope é tão zelosa com a cria que surtou depois de dois minutos presa na caixa de transporte.


Fez minha blusa de lã passar pelo quadradinho da grade e desfiou-a inteirinha, atacou a marcha, o banco e o painel do carro, e não sossegou até se derrubar no chão. Coração de pudim, eu acabei soltando a rebelada, que, após conferir a integridade física de cada bebê dentro da caixa de papelão, se ajeitou no meu colo e só saiu na Vila Mariana.


Michele Bastos Naneti também tem uma coleção respeitável de bigodes ― incluindo a Angel, minha afigata paraplégica.


Mas conseguiu um cantinho no escritório para os filhotes mamarem...


...e mamarem em paz. rs


Como prometido, eu caprichei nas fotos para matar vocês de fofura.














Bebês crescem muito rápido. Hoje, aliás, um dos pequenos abriu os olhos! E nós estamos completamente apaixonadas.

13.2.14

Comédia romântica que virou drama

Ontem, eu acordei cheia de planos para mudar o mundo, passei a tarde resolvendo problemas dos outros e fui dormir com o coração na lixeira pela notícia de que Penélope e seus bebês de três dias precisarão sair da casa da Rosana até o fim de semana. Alérgica a gatos, morando com dez deles em um apertamento, sem chance de isolar temporários e contando centavos dos frilas, eu sempre dou um jeito de ajudar. Mas, às vezes, desanima. Essa é uma delas.

Seis vidas dependem de mim. E eu dependo de alguém que tenha um banheiro sobrando para salvá-las. Só um banheiro, em troca da experiência incrível de ver cinco pares de os olhos se abrirem, as orelhinhas descolarem da cabeça diminuta, os primeiros passinhos bêbados cruzarem o cômodo. A mãe quadrúpede faz tudo sozinha. E a bípede, como de costume, se responsabiliza pelas despesas, divulgação e doação da família PB.

Quem topa alargar horizontes?


P.S.: Quando eu buscar os piticos, que ainda não conheci, prometo encher
o blog de fotos suspirantes.

12.2.14

Nasceram!

Os bebês da Penélope resolveram deixar a vida boa da pança anteontem, às 20h. Eram três, que viraram cinco, como no meu sonho. Todos frajolinhas ― um belo desafio de desapego para quem tem Mercv como primogênito. O trabalho de parto durou quatro horas. Bruna, filha da Rosana, ajudou de Dublin por Skype, enquanto conversava com uma amiga veterinária por MSN e o marido pedia dicas para a mãe, gateira experiente, por telefone.

Penélope deve ser mamãe de primeira viagem e certamente não fez o curso de gestantes. Saiu arrastando a placenta pela casa e só sossegou quando Rosana liberou a toquinha da Lucy para a parição e sentou no chão ao lado dela. Eis o relato da parteira, também de primeira viagem:

Em alguns momentos, eu confesso que fiquei com medo. E, quando o cansaço pareceu vencer a pretolina, tomei coragem e cortei o cordão umbilical do último filhote. O tempo todo, Penélope me encarou com aqueles olhos enormes, como se tirasse força da minha presença e isso me comoveu absurdamente. Quando resolvi me tornar lar temporário, não imaginei que ampararia uma gatinha grávida. Uma experiência dessas muda as coisas de lugar e nos dá novas perspectivas. Amei!

Como eu só vou clicar os piticos no fim de semana (não surtem! rs), termino o post com a foto dos cafunés que fiz na barriguda no último domingo.

4.2.14

Escovinha mágica

Eu adoro o verão. Mas tenho preferido o trânsito da Anchieta ao calor senegalês dos últimos dias e dormido de janela escancarada. Os bigodes perderam a dignidade há tempos. E nem as pedrinhas de gelo nos potes d'água estão dando conta do mal-estar coletivo. Como os climatizadores mais baratos desapareceram das lojas, eu resolvi apelar à Furminator, uma escovinha gringa que retira subpelos e pelos soltos.

Lancei um pedido de "importação" no Facebook, já que aqui a geringonça de US$ 29 custa indecentes R$ 200, e a fofa da Rosana Russo me deu de presente um exemplar de Dublin. O resultado é assustador! Além de deixar os quadrúpedes mais refrescados e acabar com os vômitos de charutinhos, a Furminator reduz consideravelmente os tufos de pelos espalhados pela casa ― minha rinite alérgica ficou ainda mais feliz do que os bichanos!

Foram quatro horas para "tosar" todo mundo. Clara, Chocolate e metade das Gudinhas me obrigaram a fazer a escovação andando e uma hora eu desencanei porque a cabeleira não parava de sair, confesso. Mas vejam a diferença entre o desempenho do modelo tradicional...


...e da Furminator (que não pagou um centavo por este post):


Acessório obrigatório para gateiros! Só tomem cuidado para não pesar a mão e machucar a pele dos bigodes.

30.1.14

Verão pede cuidados especiais

Siga as dicas da veterinária Keila Regina de Godoy para deixar os dias quentes mais agradáveis e evitar problemas a seu animal de estimação

1) Mantenha o local das refeições limpo
Jogar no lixo as migalhas de ração babada e lavar os potes com mais frequência evita a contaminação por insetos, aves e roedores ― o saco de ração deve ser guardado em local fresco, seco e sem incidência direta da luz solar, prevenindo a oxidação das vitaminas e o desenvolvimento de fungos e bactérias.

2) Ofereça água em abundância
Cães e gatos tomam mais água nesta época do ano, porque ela ajuda a regular temperatura corporal. O ideal é consumir ao longo do dia, no mínimo, 60 ml por quilo de peso. Isso quer dizer que, se seu melhor amigo tem 5 quilos, precisa beber 300 ml diariamente.

3) Tome cuidado com os bebedouros
Eles devem ficar longe do sol, porque ninguém gosta de água morna, né? Para os cachorros brincalhões, compre vasilhas pesadas, assim eles não correm o risco de tombá-las e passar sede.

4) Improvise uma fonte para o gatos
Colocar um motorzinho de aquário dentro de uma tigela grande estimula a hidratação voluntária, já que os bichanos adoram uma torneira e costumam torcer o nariz para a água parada.

5) Seque as dobras da pele após o banho
A combinação de calor e umidade pode agravar problemas de pele nos cães enrugadinhos, como o bulldog e o shar-pei.

6) Reforce a proteção contra pulgas
Elas proliferam-se loucamente nesta época do ano, transmitindo doenças, além de provocarem desconforto e alergias.

7) Passeie nos horários mais frescos
Quando o sol está forte, o animal desidrata mais fácil e corre o risco de queimar as almofadinhas das patas. Não esqueça de oferecer água durante o percurso e após o término.

8) Mantenha o carro ventilado
Vale abrir os vidros ou ligar o ar-condicionado. E nunca deixe o bicho preso no veículo exposto ao sol. Bigodes e focinhos não transpiram e podem sofrer um aumento agudo da temperatura, seguido de morte.

9) Passe protetor solar nos branquelos
Animais de pelo claro também têm câncer de pele. Compre um produto específico para eles e passe nas orelhas e nos focinhos, regiões menos protegidas.


* Texto escrito para a revista AnaMaria, da Editora Abril.

29.1.14

Baseado em fatos reais

Cena 1: Rosana Russo, leitora do Gatoca, me manda esta mensagem fofa:

Bia, você não tem ideia de quão importante foi na minha vida. Eu estava em um momento muito ruim e sem rumo, quando encontrei seu blog. Você me inspirou a mudar, tomar atitudes, deixar o ativismo de sofá. Li, li, li e caí de amores.

Já tinha gatos e colaborava financeiramente com o AUG. Aí, resolvi tentar ajudar uma colônia perto do trabalho, mas deu tudo errado. Apareceu, então, o Sparky e a ideia de ser lar temporário. Agora estou aqui, pronta para ajudar. Pode parecer bobagem, mas isso preencheu meus dias e me deu novo ânimo.



Cena 2: eu sonho que uma pomba entra no quarto, se ajeita no meu cabelo esparramado sobre o travesseiro e dá à luz cinco filhotes... de gato!


Cena 3: minha sogra comenta que um pretolino anda fazendo a maior gritaria no telhado de madrugada. Eu chuto que deve ser uma fêmea no cio, prestes a engravidar, e me comprometo a castrar a bichinha se eles conseguirem pegá-la.


Cena 4: como se esperasse a deixa de São Francisco, Penélope adentra a cozinha, onde a gente conversava, cheia de charme. E grávida!


Se fosse filme, criticariam o roteirista pelo absurdo e sairiam do cinema antes do fim. Mas como se trata de vida-vivinha-da-silva, o post continua: no mesmo domingo, a pequena rumou para a Bela Vista, onde Rosana (que não mora em uma mansão) arrumou um cantinho para a família (re)nascer em paz.

E Gatoca acaba de entrar em contagem regressiva!


Epopeia da família Cartoon na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: Nasceram!
:: Comédia romântica que virou drama
:: Drama que virou romance
:: Bebês de chocolate
:: Bolão e batizado
:: Para matar de ternura
:: A primeira ida ao vet a gente nunca esquece
:: Castração da Sessão da Tarde
:: Família Cartoon em oferta: Lindinha
:: Família Cartoon em oferta: Lilica
:: Família Cartoon em oferta: Pedrita
:: Família Cartoon em oferta: Batatinha
:: Família Cartoon em oferta: Patti Maionese
:: Família Cartoon em oferta: Penélope Charmosa
:: Batatinha na telinha
:: Happy ending: Lindinha
:: Happy ending: Patti Maionese
:: Sad ending: Batatinha
:: Campanha "Cansei de Ser Gato sem Família"
:: A Volta dos que não Foram
:: Ostentação
:: Gatela
:: Happy ending quádruplo!

23.1.14

Unidos por uma pata quebrada

Gleisson topou hospedar o Sparky temporariamente por causa da namorada, que é leitora do Gatoca. E decidiu ficar com o pequeno para sempre porque sentiu nos ossos o sufoco de um pós-operatório de fratura ― quebrou o pé saltando de paraquedas, passou semanas sem poder se mexer, tomando remédios fortes para a dor, e ainda ganhou estes pinos vitalícios.

Depois de cinco dias monitorando o frajola praticamente em tempo integral, para evitar que ele abrisse os pontos sem precisar usar o colar elisabetano, de enfiar-lhe goela abaixo a farmácia inteira de comprimidos, de escrever 71 linhas de recomendações para a Amanda, que tomou conta do peludo no Ano-Novo, eu já imaginava que isso aconteceria. Mas esperei o comunicado oficial, que chegou no sábado: "Impossível desapegar. Já era".

Sparky agora se chama Reginaldo, porque é a única criatura da casa, entre humanos, plantas e animais, que aguenta os bregas que Gleisson gosta de tocar. E tem uma irmã pretolina, a Pituta, com quem demorou 18 dias para se acertar ― seu passatempo favorito era perseguir a coitada, que rosnava e se escondia na mobília, até ofegar. Coisa de filhote, como bem ilustra esta cartinha:

Você não tem noção, Bia! Reginaldo é hiperativo! Pituta às vezes se ajeita em cima da mesa, só assistindo às palhaçadas dele. Aí, quando ele cansa, ganha um cutucão de graça. Eu acho o máximo! Juntinho, juntinho mesmo eles só ficam quando estão brincando de judô. Mas é muito rápido e ainda não deu para fotografar. No fundo, está um estragando o outro.

A pata segue em recuperação. O pequeno já caminha e pula normalmente, mas ainda corre tripezinho. Se depender dos paparicos do Gleisson, porém, logo, logo ele aprenderá a voar. São Francisco não joga dados. :)


Epopeia do Sparky na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: Chute de presente de Natal e ajuda para a cirurgia
:: Retirada da cabeça do fêmur e doações
:: Agradecimento e esperança na humanidade

20.1.14

Ciência

Descobri por que bruxas e metaleiros gostam de gatos pretos. Para o experimento, foi necessário uma Guda, uma peça de roupa escura e 35 segundos das duas no mesmo ambiente.

15.1.14

Faça você mesmo!

Quem tem gatos sabe que seus brinquedos favoritos são aqueles que custaram praticamente nada ― ou que você não comprou para eles, mas isso é assunto para outro post. Caixas, fitinhas, sacolas plásticas e bolinhas de papel causam disputas acaloradas aqui em casa. E não foi diferente com o mimo natalino da Yone Sassa. Notem que se trata de um rolinho de papel higiênico de extremidades cortadas e adesivo no centro.

Depois dos petelecos coletivos, Clara ganhou o direito de arrancar tirinha por tirinha do presente, até não sobrar mais nenhuma. A diversão dura pouco, mas vale a pena. No site gringo da Friskies, há outras ideias legais. E eu escrevi o passo a passo de quatro brinquedos reciclados para a revista AnaMaria no ano passado. Falta de grana não é desculpa para ter bichos entediados, hein!