Gatoca

Educação, sensibilização e mobilização pelos animais

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18.3.09

Enxugando gelo

Nos últimos quinze minutos, acho que meu coração alcançou o tamanho de uma ervilha, de tanto se apertar de tristeza. Larguei o trabalho, dirigi uma hora no barro de São Caetano para resgatar um gato que quase se afogara na enchente, a pedido de um amigo querido, e o vi morrer na mesa do veterinário. Era menina. Frajola. Minha perdição. O corpo ainda se mexia, o coração lembrava de bater vez ou outra, só que faltara oxigênio no cérebro e ela já não tinha mais reflexo palpebral.

Segundo Dr. N., a sensibilidade dos olhos ao toque é a última coisa que a gente deve perder, se pretende continuar vivo. Quando ele terminou a frase, a pequena partiu por inteiro. Poucas situações no universo fazem chorar quem assistiu o último suspiro da própria mãe, talvez a mais amarga das impotências. Até porque, na pior das hipóteses, do outro lado da ponte do arco-íris essa criatura azarada estará livre de nós. Dói-me constatar, porém, que fica cada vez mais difícil ajudar.

Essa noite, eu vou sonhar com aqueles olhos amarelos...

16.3.09

Mijolinas

Há um mês, Clara e Guda resolveram fazer xixi quando bate a vontade, onde quer que estejam. Já ensoparam meus livros, meu tênis, o filtro de água da cozinha. E com as caixas de areia limpinhas! O pior é que o odor impregnante funciona como um convite para que os outros bigodes repitam a porquice. Eu não sabia mais que produto de limpeza usar, até que a Michele comentou sobre os milagres do vinagre.

Aqui, vale abrir um parêntese explicativo: vinagre, para mim, tem cheiro de piolho, porque mamãe despejava vidros inteiros em nossos cabelos, antes de dar seqüência ao escalpelamento, almejando expulsar os parasitas pegos na escola da cabeça que não os pertencia. Mas a causa merecia o esforço. Só o meu quarto tomara quatro bombas ontem. Fecha parêntese explicativo.

Espirrei, então, o líquido fedorento por todos os lados, sem poupar paredes nem prateleiras, e sonhei que dormia no buffet de saladas do Viena.

13.3.09

Descobri por que Hórus anda mordedor!



Ele acaba de perder seu primeiro dentinho de leite! Pendurado na minha blusa. Por causa de uma investida cruel contra a barriga. rs

11.3.09

Conversa de maluco

Justo hoje, dia do chat do Rede Jovem, eu tive uma reunião de trabalho em São Paulo. Cheguei em casa faltando dez minutos para o bate-papo, a alface do almoço ainda grudada entre os dentes, e dei de cara com o escritório forrado de papel higiênico picado. Hórus caprichou tanto no presente, que quase não sobraram pedaços visíveis de chão!

Abri espaço para a cadeira com os pés, liguei o computador e quando entrei no recinto virtual, já havia sete pessoas esperando. Com a boa educação que mamãe me criou, cumprimentei todo mundo e comecei a responder as perguntas. Dez minutos depois, o moderador apareceu e me apresentou. Foi engraçado.

Sem o Jubão, aliás, a coisa ficaria ainda mais surreal. Trinta neguinhos falando ao mesmo tempo, com enfoques completamente diferentes, e cobrando um posicionamento meu. Várias discussões paralelas, inclusive sobre vegetarianismo (que pegou fogo!). Ou eu lia, ou escrevia. Até que o santo irmão passou a ajudar na triagem das mensagens – dentro dos limites do possível, claro!

Mal e porcamente, consegui comentar sobre a importância da castração. Mas valeu a experiência. Obrigada aos amigos não-gateiros que participaram (mesmo precisando sair na metade, porque o colega de sala caiu do telhado). Obrigada às leitoras-gateiras, que nunca me deixam na mão. E obrigada à Mari, pelos lírios que eu tive de esconder na cozinha.

9.3.09

Quer teclar comigo?

Roxa de vergonha, eu topei participar do chat do Programa Rede Jovem, idealizado pela Comunitas para oferecer oportunidades de interação com as novas tecnologias às comunidades de baixa renda. Entre os parceiros/apoiadores da iniciativa estão figurinhas carimbadas, como a Microsoft, a Fundação Itaú Social e a IBM.

No site do projeto, os adolescentes podem publicar conteúdos, integrar grupos virtuais, trocar informações. Segundo Mariana Pinheiro, costumam encabeçar os bate-papos atores, músicos, ambientalistas, esportistas e outros personagens que estimulem o pensamento crítico e a mobilização social da juventude.

Esta jornalista-amante-de-bigodes foi convidada em comemoração ao Dia dos Animais. Quem quiser poupar minha esquizofrenia de conversar sozinha, sem ganhar absolutamente nada com isso, dê uma passadinha por na quarta-feira (11/03), às 16h. ;)

7.3.09

Dica retardatária de verão

Ontem, no grupo de discussão das voluntárias do AUG, surgiu o dilema sobre como diminuir a tortura dos bigodes em meio ao calor caatinguense que tem castigado São Paulo. Lu Alves contou que passou a encher metade dos bebedouros com água gelada, três vezes por dia. Eu resolvi experimentar aqui em casa e quase caí de costas quando vi o Mercv, que só põe a língua para fora embaixo da torneira, se acabando no balde de refresco.


P.S.: Apelar ao ventilador não é uma boa idéia, porque o gato pode ficar resfriado e até pegar uma pneumonia. Muito cuidado, aliás, com o câncer de pele! Bigodes de pêlo claro, principalmente no nariz e nas orelhas, não devem tomar sol - quando inevitável, passem protetor.

5.3.09

Bigodes no Diário do Grande ABC

Digitalizar uma página de jornal é tentativa sempre inglória, mas como nem todo mundo tem a sorte (coff!) de morar no interior para ler o Diário do Grande ABC em papel, aí vai o scann da edição de segunda-feira:

Para ampliar, cliquem na imagem (cortada, rs)


A matéria da Isis faz uma crítica pesada à atuação dos Centros de Controle de Zoonoses (CCZs) e cita o Gatoca como referência em assuntos felinos, além de "importante aliado dos bichos abandonados na busca por um novo lar"! :)

O texto completo (sem fotos) está no site do jornal, dividido em três partes – os números ficam embaixo de "notícias relacionadas", por isso muita gente passa batido.

P.S.: Adivinhem quem é o cachorro do meu relato? rs

3.3.09

Notícias de Curitiba – parte 2

12 de janeiro de 2009

O nome mudou, o endereço mudou, mas Merlin continua o mesmo! No sábado, pela manhã, resolvi liberá-lo com o pessoal. Todos se cheiraram, para alguns ele eriçou o pêlo. Acompanhei a movimentação munida de guia, spray de água e choquinho, mas não precisei de nenhum aparato de emergência. Merlin se identificou instantaneamente com a Severina. Até brincaram um pouco, embora ele estivesse mais interessado em passear e farejar o jardim. Após 20 minutos, devolvi-o na casinha e ele ficou super quieto. Situação inacreditável, pois a criatura não pára de andar, correr ou latir, quando não faz tudo isso simultaneamente. Até abriu uma trilha na grama, paralela ao muro, de tanto brigar com o cachorro do vizinho!

No domingo, tornei a soltar o figura com a turma e também correu tudo bem, exceto pelo fato dele ser hiperativo e abrutalhado (acho que não tem noção da força e do tamanho que Deus lhe deu). Hoje, porém, o destrambelhado saiu para festejar com a Severina e, sem querer, pisou no Caesar. O rottweiler rosnou, avisando que não havia gostado, mas continuou deitado. Só que Merlin voltou a saltar na Severina, como se nada tivesse acontecido, e acertou o rott de novo, que partiu para cima indignado. Você acredita que maluco ainda correspondeu? E como cachorro gosta de barraco, todo mundo entrou no bolo. Ainda bem que meus focinhos me obedecem. Com meia dúzia de berros consegui apartar o rebu e arrastar o sem noção para a horta.

*continua*

2.3.09

Só R$ 1!

Quem comprar o Diário do Grande ABC hoje vai ter uma surpresa! ;)

27.2.09

Notícias de Curitiba – parte 1

Resolvi publicar os dois meses de cartinhas da Miharu em quatro posts, para ninguém desistir de ler na metade. rs

31 de dezembro de 2008

Oi, Bia!

Como vai o coração de pudim? Fique sossegada que Merlin está bem e feliz. Toda vez que entro na horta, ele me "convoca" pra brincar de pega-pega, usando como troféu a sua blusa (que pareceria mais intacta se tivesse voltado da guerra). Ele é um cachorro muito inteligente e aprende fácil. Pela manhã, começou o foguetório, mas o floral já está fazendo efeito... Quando sentir saudades, venha visitá-lo!

2 de janeiro de 2009

Passei a virada dividida entre os bigodes e os focinhos. Merlin corria em direção ao barulho, voltava para a cerca, brincava um pouco, ciscava o chão feito galinha, punha-se a perseguir o próximo barulho. Sempre de rabinho enrolado e levantado. Parou de mastigar o sofá, que continua inteiro (com exceção daquela lateral sem espuma, do primeiro dia). Neste fim de semana, quero ver se começo a socializá-lo com os meus cachorros. Ele anda doidinho para brincar com a turma.

6 de janeiro de 2009

Sua camiseta está em petição de miséria. Depois da chuva, do barro e das mordidas, pouca coisa restou. As crianças agradecem as bolachas. Distribuo-as em frente o portão do Merlin e digo que é presente dele. Não sei se entendem, mas ficam todos perto e se deliciam. No primeiro intervalo sem água, coloquei o Ciro (cão Alfa) na horta e os outros começaram a latir. Oito focinhos quase se engalfinharam! Vou te pedir que converse com São Francisco de Assis e São Pedro, para mandarem um céu azul no próximo fim de semana.

*continua*

25.2.09

Bagagem extra – parte 3

Enfim, paz!

Quando Chocolatinha entrou no cio precocemente, ganhou um parceiro fiel de chiliques: onde quer que a criatura fosse com seu berreiro, Simba fazia questão de acompanhá-la, empolgando-se especialmente nos refrões. Semi-ensurdecida, achei melhor antecipar a castração da pequena.

A cirurgia não durou meia hora, mas ela demorou umas cinco para recobrar a consciência. Como de praxe, desfilou bêbada pela sala, trombou nas paredes, tentou comer a ração do pote sem que a boca abrisse. No dia seguinte, porém, já pulava de um lado para o outro, ostentando molas imaginárias nos pés.

*continua*


Capítulo anterior: Bagagem extra – parte 2

Outros aniversários: 2024 | 2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

Despedida: Saudade

22.2.09

Bagagem extra – parte 2

Mudança de planos

Uma semana após o resgate, ao invés de voltar para o pet shop, Chocolate foi parar é no veterinário. Não queria saber de comer, enjoava com o cheiro de leite, passou a andar pela casa cabisbaixa, fugindo de carinho e dos outros bigodes. Culpa da sarna de ouvido.


Dr. E. limpou as orelhas negras, aplicou uma injeção de antibiótico para a febre e aconselhou comprarmos Foldan (além do vermífugo e do remédio antipulgas). Em quatro dias, o nariz trufado da pequena havia recuperado a cor e ela se encheu de confiança para revidar os ataques impiedosos da Clara Luz.

*continua*


Capítulo anterior: Bagagem extra

18.2.09

Gente que faz

Karina é meu braço direito aqui em casa. E o esquerdo também. Ela cozinha divinamente, recicla o lixo, briga com os vizinhos que ainda não se tocaram que o planeta está acabando. Hoje, levamos sua gatinha para castrar no Dr. E. e a família maluca queria, de qualquer forma, reembolsar a gasolina gasta no percurso. Minha amiga, se metade das pessoas do mundo tivesse a sua consciência, eu faria mil viagens de Utinga a Diadema.


P.S.: Naru se recupera bem, já passeou pelo apartamento, subiu na cama e nem ligou para o curativo do pós-operatório.

14.2.09

Bagagem extra

No dia 14 de fevereiro de 2007, João apareceu aqui em casa segurando uma criatura de rabinho quebrado e nariz sujo de chocolate. Tão pequena (quatro meses no máximo!), já vagava sem rumo pelas ruas bairro. Coloquei-a no carro, evitando olhar para a sua carinha de pelúcia, e dirigi determinada até o pet shop do Sonda. Três bigodes era mais que suficiente. Só que a gaiola de doação estava lotada e eles me pediram para voltar em uma semana. Começou aí o nosso amor.

Chocolatinha lembrava o coelho da Duracell, acompanhando-me para cima e para baixo. Quando corria, as patas pareciam desarticuladas. Seu pêlo cheirava a talco e bastava encostar-lhe os dedos para ligar o motorzinho de ronrom. No ápice da fome, visitava os potes de ração de todo mundo, deixando o seu por último. Por várias vezes, peguei-a revirando o lixo da lavanderia, costume deprimente que demorou a largar. Apesar de adorar um cafuné, morria de medo de colo.

Clara ficou furiosa com a concorrência. Para falar a verdade, bom anfitrião mesmo só o Mercv, que acabava levando de graça os fuzzzzzz recebidos dos outros gatos. Eles tinham os mesmos olhos de ressaca ao acordar, o focinho rosa de felicidade e trejeitos singulares para brincar de bolinha ou dormir em cima da pata.

*continua*


P.S.: Eu sei que vocês já conhecem essa história, mas é que eu resolvi continuar a novelinha da pequena. :)

Aniversariante do mês – fevereiro de 2009

Antes, eu achava que a Chô* preferiria ser filha única. Hoje, sei que ela gosta é de se sentir exclusiva em meio à penca de bigodes. Almejando comemorar o segundo aniversário da pequena em Gatoca, comprei um ratinho florescente só para ela (entregue a portas fechadas!), deixei que a criatura comesse o sachê de salmão antes de todo mundo e ainda passei a madrugada encolhida na cama para que ela pudesse deitar de atravessado.


*Novelinha: Conheça a história da Chocolate