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9.9.07

McDia Feliz

Desde que a molenga da Guda decidiu dividir a ração em pasta com os pequenos, acabou o resto do nosso sossego durante o almoço. Agora, se uma colher cai no chão, eles vêm correndo para a cozinha, atropelando uns aos outros, em busca da iguaria: escalam as pernas de quem está segurando a latinha, disputam espaço nas tigelas dos adultos a cabeçadas, lustram o piso inteiro com a língua. Igual criança no McDonad´s!

7.9.07

Café com leite

Dois anos e dez bigodes depois, chegara a minha vez de enfiar vermífugo goela abaixo de um gato. Sem Eduardo e Dr. E., peguei um copo com água, seringa, toalha, requeijão, dois terços e pedi ajuda para o braço não-acidentado da Mariana, minha irmã motociclista. Mas nem valeu a experiência porque Guda foi tão boazinha que engoliu o comprimido sozinha, assim que encostou na língua, e ainda ficou encarando o artefato bélico sobre a mesa com cara de ponto de interrogação.

6.9.07

Precocidades

Pimenta foi a primeira a cruzar os limites do quartinho em que nasceram, a enfiar a pata na tigela de água da mãe, a beber as gotinhas que ficavam nos pêlos, a subir e descer a escada da lavanderia apoiando-se no varal portátil, a cair na privada, a praticar nado borboleta na caixa de areia, a socializar com os gatos mais velhos. Nossa paixão vem do dia em que me fitou com aqueles olhinhos ainda cegos de recém-nascido – também os primeiros a abrir. Por tudo isso, permiti que fizesse companhia à minha rinite essa noite. E a alegria da pequena na cama era tamanha, que o volume do ronronar não me deixava pegar no sono.

5.9.07

Purgatório móvel

Exatas 24h após descarregar as compras do supermercado, encontramos Clara Luz dentro do carro. Analisando o banco desfiado e a poça de xixi no tapete, imagino o desespero que passara presa no cubículo de quatro rodas por tanto tempo. Certa vez, quase levei a curiosa ao dentista (o meu), porque resolvera aproveitar a janela aberta para dormir encolhida no estofado. Dessa, porém, não houve estrondo do portão automático enferrujado que despertasse a Bela Adormecida antes do claustro. Deve até ter prometido ao Papai do Céu comportar-se melhor, caso a livrasse do limbo, porque nem brigou com a Guda hoje.

4.9.07

Equívocos que comprometem uma adolescência inteira

Sei lá o porquê, mas, na minha cabeça, bufoso era uma coisa fofa, macia, volumosa. Surgiu daí o nome de uma das Gudinhas. Hoje, pesquisando no Houaiss, senti-me como aqueles pais que batizam os filhos de Videotapeson 2.0.

Acepções
■ substantivo feminino
Regionalismo: Brasil. Uso: linguagem de delinqüentes. Diacronismo: obsoleto.
1 arma de fogo; pistola, revólver
2 Regionalismo: Portugal. Uso: jocoso.
conjunto das nádegas e do ânus

3.9.07

Clã Chocolate

Atualizado em 16.01.08

Apesar de não fazer parte da ninhada, Chocolate é a cara da Guda. E a julgar pela implicância que uma tem com a outra, acredito que devam mesmo guardar alguma espécie de parentesco. Para identificar os integrantes da família estendida, aliás, basta observar as manchas de cacau pelo corpo ou atentar os ouvidos para os miados histéricos. Atendendo a pedidos, eis a ficha técnica das miniaturas:

* Pipoca (ex-Pimpão/Branquinho) já nasceu de capacete coquinho e com patas de ursinho de pelúcia.


* Pufosa (ex-Bufosa) veio na versão algodão doce.


* Os desenhos do rosto da Jujuba (ex-Vaquinho) lembram as caveiras das bandeiras de pirata.


* Pimenta parece um lobinho, com as orelhas compridas e os olhos cor de mel.


* E Kekinha (ex-Queixinho) é menina, mas tem cavanhaque.

1.9.07

Só falta parar de tomar banho e limpar a mão no cachorro

Acabo de me deparar com um montinho de cocô bem ao lado do Edifício Gatoca. Como a caixinha de areia nem está suja, sou levada a crer que os bigodes decidiram reviver o período medieval da história em que se atiravam excrementos pela janela dos castelos.

31.8.07

Muito com pouco

Essa manhã, o Edifício Gatoca passou uma reforma geral: a fachada ganhara cores vibrantes e o interior, mobiliário de design arrojado. No bairro, bem localizado, seguro e arborizado, costumam passear felinos famosos como Garfield, Félix, Tom e Cheshire.

Ok, ok, eu só mudei as caixas empilhadas de lugar na sala. Mas foi como se recebessem um sopro de vida. Sempre me surpreendo com a paixão dos bigodes por novidades (principalmente quando qualquer mínima alteração no contexto se enquadre em tal descrição).

No dia em que montamos a primeira versão do predinho, Clara Luz pulou logo para o último andar, Simba ficou com o segundo (bem longe do gatil) e Mercvrivs, invejando a coragem dos destemidos, acabou por recusar o térreo. Hoje, não há telhado no bairro que o peludo desconheça em suas escapadelas – e alguns pisos também, mas isso já é história para uma outra crônica.

30.8.07

Crescimento em ritmo de bolo

Parece que toda a manhã, quando abro a porta do quartinho para os Gudos, eles estão maiores. Como se dormissem no forno, polvilhados com fermento. Essa fase dos tamanhos compactos, barulhos de Atari e brincadeiras malucas deveria durar mais tempo.

29.8.07

Presentes fedidos

Esses amigos que dão tigrinhos de pelúcia encardidos obrigam os gatos a submetê-los a intermináveis sessões de beleza. Praticamente o Dia da Noiva. Obrigada pelo mimo, Fê. :)

28.8.07

Etiqueta das ruas

A idéia de usar recipientes maiores para a comida e bebida dos gatos parecia tão perfeita, que não me lembrei da falta de sociabilidade do Simba à mesa. Agora, se alguém chega perto da assadeira quando ele está almoçando, é presenteado com um croque relâmpago: a gente nem vê a pata laranja se mexendo, só a cabeça do coitado abaixando e levantando com o impacto.

27.8.07

Evolução em potes

O primeiro potinho de comida do Mercvrivs era um tapeware. Até comprarmos as clássicas tigelas de plástico no pet shop. Quando Clara e Simba chegaram, tive de substituir o recipiente de água pelos de alumínio com areia no fundo, evitando que a sala vivesse alagada. Hoje, trouxe da loja de R$ 1,99 uma assadeira tamanho família para a ração do exército de bigodes e uma vasilha de cachorro para as bebidas.

24.8.07

Hospedeiro seguro

Suspeito que Simba é o único gato aqui de casa que traz pulgas da rua porque elas não devem gostar de emoções fortes. Se Clara vive pulando, Chocolate correndo e Mercv chafurdando, quem sobrou?

23.8.07

Pacote turístico com injeção

Quando Guda foi ao veterinário pela primeira vez, o chorinho de pânico era o mesmo dos outros gatos. Mas ao invés de se esconder sob os assentos do carro, preferiu viajar o caminho inteiro olhando a paisagem da janela. Ontem, para tirar os pontos da cirurgia, a curiosa ainda testou três novos ângulos de contemplação: em cima do gatil, equilibrada em duas patas, empoleirada no encosto do meu banco.

Playground gigante

Os pequenos estão na fase mais divertida da existência: aquela em que tudo vira brinquedo. Começaram afogando um dos ratinhos de gatária (primeiro presente) no pote de água, descobriram as primeiras bolinhas de papel, mastigaram as primeiras cordinhas, fizeram o primeiro caixote de mansão, com direito a teto solar.

Agora, qualquer coisa que consigam tirar do lugar –durex, baralho, toco de árvore da lareira, revista, lixo reciclável– transforma-se, rapidamente, em entretenimento. E reaparece nos cantos mais inusitados da casa.

Ontem, perceberam que as pedrinhas do jardim rolavam, apesar das arestas, e resolveram empurrá-las por toda a sala, riscando o piso. Lembro-me da época em que investia fortunas nas tranqueiras coloridas do pet shop para o Mercvrivs filhote divertir-se com a meia furada da Mariana.