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Mostrando postagens com marcador Pimenta. Mostrar todas as postagens
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3.5.24

Gato de queixo inchado, reação alérgica a picada e doença renal

Na mesma noite em que ouvi Pimenta caprichando no miadinho de caça, enquanto brincava com alguma criatura no gatil que eu não conseguia enxergar da sala, ela rejeitou as seringadas de patê do jantar. Aqui, talvez valha um parêntese de contextualização, porque espero que este post ajude mais gente que, como eu, recorreu ao Google e não teve sua angústia aplacada.


Pips é uma senhora de 17 anos, que ainda abocanha seres animados e inanimados. A gente mora em um terrenão de Araçoiaba da Serra, por onde passa de grilo a sagui (ou jacu é maior?). Desde que Simba morreu, em 2016, eu reforço a hidratação dos bigodes com água e ração úmida batida na seringa.

Pois, na fatídica segunda-feira, imaginei que a frajola estivesse de estômago cheio, fui dormir e não dei a menor importância para a aranha de jardim que me fazia companhia no quarto, terça de manhã. Até encontrar Pimenta abatida na moita de catnip, com o nariz escorrendo e os olhos lacrimejando. Nesse momento, para ser honesta, ainda pensava em rinotraqueíte.


Mas notei o papo inchado, na hora do almoço o queixo estava gorducho também e à tarde a gengiva da mandíbula inferior parecia inflada como aquelas bexigas de festinha de criança ― havia ainda uma ferida sangrando de leve na parte interna do lábio. Toda a cara de reação alérgica a picada de bicho (inseto ou aracnídeo), com o raio da aranha como principal suspeita.


Escrevi para o veterinário que acompanha a gangue a distância, medicamos e decidimos observar ― apesar de terem nascido em casa, fruto do golpe da barriga da Guda, Pips e as irmãs são ariscas. Na quarta do feriado, porém, a pequena começou a babar e achei melhor arriscar o sacolejo até uma clínica 24h obscura dos nossos confins.


A hipótese de reação alérgica fazia sentido, segundo a veterinária. O que eu não sabia é que a toxina pode afetar o fígado e os rins, e Pimenta já tem doença renal crônica, além da idade avançada ― a babação se devia ao excesso de ureia (uremia) na corrente sanguínea, que o órgão combalido não consegue filtrar e acaba causando enjoo.

Tentamos confirmar o diagnóstico com hemograma e função renal, fracassando na coleta por 59 minutos: primeiro só a vet e a assistente, depois com o Leo segurando junto, então no meu colo, usando escalpe, agulha, numa pata, na outra, na jugular, enrolada na toalha feito um burrito, chamando o dono da clínica para ajudar ― no final, a coitada urrou, me mordeu e começou a hiperventilar.


Como o inchaço já estava melhor, minha xará receitou um medicamento para o enjoo e soro subcutâneo, enfatizando que nunca havia visto uma gata tão hidratada nessa idade — no dia anterior, eu consegui dar 122 ml de líquido na seringa, entre água e patê. Lembrando que o cálculo deve considerar 50 ml por quilo de animal e Pips pesa apenas 2,25 kg.

Mucosas estavam coradas, tudo em ordem na palpação. Digno de nota apenas o peito crepitando na auscultação, que podia indicar bronquite (irritação nos brônquios), causada pela reação alérgica, ou broncopneumonia, associada a uma gripe — lembram da suspeita inicial de rino? Raio-x e ultrassom ficariam para depois, por motivos de: Dia Internacional do Trabalhador.

E a tarde já havia sido estressante para sete vidas felinas.

Escrevi um texto leve, porque a ideia é realmente ajudar quem precisar enfrentar esse infeliz alinhamento de astros. Mas o quadro renal da Pimenta agravou bastante e ela não está nada bem.

24.4.24

Gatoca agora é PB

Quando você adota metade de frajolas, outra metade de sialatas e perde a última gata em cores, sobram 50 tons de preto-e-branco.


Keka, Jujuba e Pimenta continuam grudinhas, às vésperas de completar 17 anos, mas só nos dias frios ― Guda deu um bom golpe da barriga.


E nem o intruso escapou da paleta econômica.


Para não acharem, então, que se trata sempre do mesmo gato nos posts, fica a dica: Keka tem cavanhaque, Pips bigode, Intrú máscara e Jujuba é diferente. rs

Este texto em especial traz o colorido da Lucia Trindade e da Aline Silva, estreando no Gramado da Fama. Lucia acompanha o Gatoca há uma década, mora no Rio de Janeiro, trabalha com museus (sonho!) e batizou um dos peludos de Balão. A paulistana Aline faz pesquisas na área de química, tem quatro idosos e tirou Gordinha da crise com as dicas que aprendeu aqui sobre soro subcutâneo e alimentação úmida. Bem-vindas oficialmente, meninas!


Um aperto a distância também para Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto...

... Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura...

...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida, Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba, July Grafe, Sandra Malacrida, Vera e Gabriela Fromme, que não deixam o projeto morrer! 🤗


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos e meio. ❤)

31.3.24

3 anos de casa nova, menos 5 gatos, mais 1 intruso

Por quanto tempo uma casa ainda pode ser considerada nova? E se antes mesmo de você mudar, a casa em questão, construída do zero, já colecionava problemas? Talvez, em 2025 eu troque o título para "4 anos de Araçoiaba da Serra". Ou não ― a ideia de novo faz a vida parecer menos velha, principalmente quando a gente lida com impotência e morte.

Sei que pareço um disco quebrado, mas a conjuntura não colabora, né? Nos últimos 365 dias, Pipoca e Pufosa ajudaram a superpopulacionar nosso cat sematary. E Chocolate e Keka andam flertando com o empreendimento. Ao contrário dos gatos, as plantas finalmente ganharam autonomia e paramos de apanhar do solo seco, das formigas vorazes, das pragas multicoloridas ― quem rouba nossas frutas agora são os saguizinhos.


Enfermaria ao ar livre


Duplinha do sachê


Contorcionista

Preciso contar também que, às vésperas de completar dois anos e sete meses, mais especificamente em 7 de outubro de 2023, instalamos a lendária porta do banheiro ― embora ela ainda continue sem batente de um dos lados.


Conseguimos arrumar também o cantinho dos bigodes, com prateleiras almofadadas, caixas de madeira, arranhadores de formatos variados, sofá em acquablock e um parquinho vertical que rendeu uma verdadeira obra ― grande conquista para quem começou essa jornada numa mesinha plástica de jardim.

E tentamos ter uma piscina inflável, que esvaziava sempre que chovia (longa história), depois bichou (desculpem pelo surto de dengue!) e acabou furando no limoeiro (que limão mesmo não quis saber de dar até o presente momento).


Este post-comemorativo não poderia excluir o frajola figura que decidiu morar em Gatoca, contra a vontade de Gatoca, e me rouba sorrisos úmidos nos dias difíceis com poses assim:

5.1.24

2023

Em um misticismo exclusivo, os anos terminados em três marcam transformações profundas em mim. Foi em 2003 que precisei me dividir entre o trabalho e o hospital até dona Vera perder uma longa batalha contra o câncer, perto do Natal ― e que também tive de aprender a fazer arroz, lavar privada, cuidar dos irmãos mais novos, multiplicar dinheiro no supermercado.

Em 2013, deixei o casarão de uma vida inteira para caber com dez gatos, o Leo e, esporadicamente, as enteadas em um apertamento de 60 m2. Meu apertamento ― depois de uma reforma "faça você mesmo", apelidada de terapia. Uns meses antes, por causa das crises recorrentes de alergia e asma, já havia decidido parar com os resgates e redirecionar os esforços do Gatoca para a educação.

Se minha mãe estivesse viva, provavelmente confirmaria que em 1983 juntou coragem para se separar do alcoolismo do meu pai e nos mudamos para o prédio em que minha avó morreu antes de cumprir a promessa de sorvete toda a tarde, quando o shopping em frente ficasse pronto ― para voltar atrás pouco tempo depois. A mãe, não a avó.

E deve ter sido em 1993 que sofri um bullying persistente por nunca ter beijado na boca ― resolvi inventar um caso na viagem com as "amigas" à Caraguatatuba, que acabou desmascarado e só piorou tudo. Para dar uma ideia do impacto, o beijo de verdade tardou mais cinco anos ― e, por favor, não façam as contas.

Finalmente chegamos a 2023, assunto desta retrospectiva, com três gatas mortas em 15 semanas, a expectativa de um sabático ao final destas quase duas décadas felinas e um intruso estragando tudo. Guda partiu em março, com 17 anos, Pipoca em julho e Pufosa dois dias depois, ambas com 16.

Além da exaustão, sobrou um gosto amargo porque Pipoquinha chegou a reverter o primeiro derrame pleural ― que demandou uma releitura da escolha de Sofia de 11 anos atrás. E, pouco antes delas, já havíamos pedido o Mercv (com quem vira e mexe sonho) e a Clara, igualmente idosos.

A dinâmica da casa, acostumada a nove bichos preenchendo vazios e silêncios, mudou completamente ― ainda não acostumei a me referir à gangue no feminino. Sem a mãe e metade das irmãs, Jujuba virou uma gata carente e Keka deu para me acordar aos berros cada vez mais cedo ― 4h44 o recorde! Quem não mudou foi o Leo (amo essa foto!), parceiro de soro, de obra, de cova.

Comentei aqui no blog que envelhecer com os bigodes tem me feito enxergar o tempo de outra forma ― as adaptações demoram mais, o corpo não funciona do mesmo jeito, a gente precisa fazer um esforço ativo para não deixar a curiosidade morrer junto com o resto.

Eis que Intrú veio chacoalhar essa energia, com seu olho verde-vida, o pelo brilhante, o nariz rosinha ― lembra Mercv jovem, principalmente quando dorme de boca aberta. No dia 27 de outubro, começava o projeto castração, bem-sucedido, mas com pós-operatório turbulento e duas bombas: a idade e a FeLV. Mesmo assim, persisto na campanha de adoção, porque ele merece morar do outro lado da porta de vidro da lavanderia.

No ativismo, aliás, o ano prometia com a criação do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais pelo governo federal. E ficou só nisso mesmo. Eu diminuí o ritmo de publicação dos posts e a frequência de envio do boletim para conseguir dar conta de tudo ― rolou Gramado da Fama em fevereiro, maio e julho, mas aquém da ambição do nosso financiamento coletivo.

O blog perdeu o puxadinho no servidor de mais de uma década, passando justo o 1º de abril fora do ar. E ainda assistimos portão e telhado araçoiabanos voarem com o temporal de novembro ― que também nos deixou sem luz e água por três dias. Nos intervalos, porém, a gente comemorou.

Os dois anos de casa nova, os 16 do Gatoca (em dose dupla!), os aniversários da Chocolate e das Gudinhas (e o primeiro aniversário sem Guda, bem como o segundo sem Mercv, em homenagem), o Natal customizado ― com brinquedinhos para as peludas, lasanha de marmita em companhia do Intrú e Amigo Secreto de Talentos no Cluboca, o grupo de apoiadores mais maravilhoso do universo!

A geriatria dominou o conteúdo de serviço: gastrite por doença renal, cérebro cansado, fralda, artrose, ataxia, escova de bebê, patê lisinho para seringa. E desabafei sobre o difícil equilíbrio ao cuidar de bichanos. A série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, ganhou dez capítulos inéditos: sobre os bigodes felinos, a visão e a audição, como eles caçam e o que comem, hábitos de limpeza e sono, arquétipos, lugares de confiança e esconderijos-casulos.

Também teve teste de latinha em molho e o controverso sabor peixe, e textos sobre alimentação úmida, o gosto da água e ração de insetos (+ novidades gringas). O enriquecimento ambiental foi turbinado com sofá e prateleiras repaginados, a primeira cama nuvem, arranhadores caseiros (com passo a passo) e parquinho vertical ― que rendeu uma miniobra!

O blog ainda alertou para os perigos do calor, garras que entram nas almofadinhas, a incompatibilidade de banho e antipulgas, inchaço que vira abscesso, os malefícios da imobilização pelo cangote. Ensinou a identificar dor, ronco e marcação fantasma, se declarar com os olhos, pesar seu amigo com precisão.

E, mesmo quebrada por dentro, não podiam faltar os posts de entretenimento: nossa experiência tragicômica com inteligência artificial, a briga com o ChatGPT, o desafio dos seriados, o ataque de um serial killer, a visita de pterodátilos, as releituras de Dalí, gatos fazendo gatices, a inviabilidade do nosso reality show, minha soneca com o inimigo, a Pimenta do clima e as vergonhas de gateiro.

Que 2024 bata mais leve ― porque a idade dos integrantes fixos e o gênio do temporário dão o spoiler de que fácil não será. rs


Retrospectivas dos anos anteriores: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

29.12.23

Nossos presentes de Natal, com penetra

Eu já contei aqui que não sou uma adulta natalina ― nem de rituais em geral. Gosto de marcar começos e encerramentos de ciclos, mas de um jeito que faça sentido para mim, não por imposição social. Na infância, inclusive, aproveitava o pacote completo do Natal, com pinheiro natural, presépio decorado, luzinhas na calçada, Papai Noel deixando rastro de brocal, uvas passas herdadas dos panetones alheios.

Depois deste 2023 desafiador, Leo e eu decidimos, então, ficar por aqui mesmo, em Araçoiaba, com lasanha de marmita e a companhia dos gatos sobreviventes ― de volta ao masculino porque Intrú fez questão de participar da ceia da tarde.


Pimenta foi a única que ganhou brinquedo, já que, 16 anos e 7 meses depois, ainda se diverte caçando bichos animados e inanimados. Batizei o ratinho de Topo Gigio, um sonho nunca realizado, pois a Bia criança queria uma versão que falasse e se mexesse sozinha, como a da televisão.


Chocolate curtiu a escovação-cafuné, compatível com seus 17 anos, e os croquetes no parquinho, em que ficou semanas sem conseguir subir por causa da ataxia.


Já Keka não conseguiu aproveitar nem os croquetes nem o parquinho, porque perdeu quase 1 kg desde o ataque do Intrú ― como as irmãs, ela também passou dos 16 anos, avançada na insuficiência renal. Mas compensei comprando uma ração nova, ainda mais cara do que a anterior, pois o céu é o limite para essa gente. E o paladar seletivo da frajola aprovou!


Jujuba teve seus arranhadores horizontais de papelão renovados.


E Intrú ficou com os de segunda mão, como todo irmão mais novo ― a caminha Leo improvisou por causa das noites frias. A ideia é ele acostumar com ela no seu cantinho favorito para depois a gente colocar em um lugar mais protegido.


No sachê especial a criatura nem tocou, preferindo a boa e velha Pet Delícia ― não sem antes me bater (story nos destaques do Instagram). Capacidade de lidar com a frustração: 2, cruzado de esquerda: 10. rs

Ainda rolou o Amigo Secreto de Talentos do Cluboca, nosso grupo de apoiadores, em que presenteei a Adrina com uma radionovela de O Gato e o Diabo, escrito por James Joyce ― foram três dias para gravar a narração (prefeitura asfaltado a rua com caminhões da Idade Média), incluir a trilha sonora e os barulhinhos todos, fotografar e tratar a imagem da Pips.

E da Vanessa ganhei esta ilustra com o Intrú, que ainda procura uma família para poder morar do outro lado da porta de vidro.


Também a versão digital do livro Relatos de um Gato Viajante, de Hiro Arikawa, um vídeo de bigodices e esta mensagem apertável:

Meus presentes são a razão disso aqui existir (de novo Bia!). Separei uma imagem que me fez pensar em você com o Intrú e aquele livro que falei: Relatos de um Gato Viajante. Não só porque os seus viajaram um bocado contigo (SBC, Sorocaba, Araçoiaba) como também porque tanto a vida quanto a passagem para o outro lado são uma viagem, e me conforta pensar que, de vez em quando, tanto nós quanto nossos amados gatinhos viajamos cruzando a fronteira entre os planos para matar a saudade. ❤️

Espero que o festerê por aí tenha tido a cara de vocês. A retrospectiva vai ficar para o ano que vem, quando todo mundo voltar à rotina de pagador de boletos, para compensar a trabalheira. :)

8.12.23

Parquinho vertical: como acostumar os gatos (ou não)

Envelhecer com os bigodes tem me feito enxergar o tempo de outra forma ― já escrevi sobre isso algumas vezes, mas neste ano cheguei perto do chefão. As adaptações demoram mais, o corpo não funciona da mesma forma, a gente precisa fazer um esforço ativo para não deixar a curiosidade morrer junto com o resto.

E foi assim que nosso projeto do parquinho vertical completou seis meses ― da obra para isolar e revestir as portas do contêiner à última rodada de croquetes felinos, no domingo. Só que estou me adiantando: a real é que achei que liberaria a entrada no escritório e as gatas de mais de 16 anos se estapeariam para ver quem experimentaria o playground primeiro.


Elas já trepam na estante do corredor, dormem na prateleira mais alta da sala, vira e mexe derrubam a caixa de Pet Delícia do topo da estante da lavanderia. Mas ignoraram solenemente o empreendimento doado pelas queridas Vanessa Aguiar e Laíze Damasceno.

Em 23 de julho, eu tentei sensibilizar a gangue com sachê ― o catnip nem contou. Keka conseguiu comer sem subir, equilibrada em duas patas. Jujuba, colocada por mim na primeira prateleira, derrubou o potinho e pulou em seguida, no maior estilo Joelma ― o edifício em chamas, não a cantora. Ninguém entendia a escada vazada.

No sábado seguinte, comprei Churu, que as meninas do Cluboca chamam de "cocaína dos gatos", na expectativa de guiar as peludas pelo circuito. Chocolate arremessou para todo lado. Pimenta cheirou e saiu andando. Jujuba derrubou o celular que filmava o mico, quebrando meu tripé. Só Keka aprovou, mas também não foi muito longe ― aí, quando eu já havia desistido, se aventurou sozinha.

O terceiro teste rolou no dia 5 de agosto, com Dreamies, que definitivamente fez mais sucesso, tirando a ânsia de vômito da Pips, que esfarelava os croquetinhos, e da Choco, que demorava tanto para mastigar que eles caíam da boca. Gostar do petisco, aliás, não significa gostar do parquinho. As criaturas ficavam atrás de mim (e do pacote), sem perceber o conteúdo espalhado no playground.

E só Pimenta venceu o desafio da ponte, a única parte instável do conjunto ― Keka levou mais duas semanas e Choco conseguiu apenas em 11 de setembro! O recorde de travessia da escadinha vazada ficou com a frajola, em 20 de agosto ― isso porque eu deixei uma distância conservadora entre os degraus!

De lá para cá, em todo fim de semana distribuo croquetes entre os módulos, que Pips nunca mais arriscou a procurar. Jujuba segue achando tudo muito estranho. E a maior emoção ocorreu quando Choco e Keka disputaram o mesmo petisco, por lados diferentes da ponte ― ainda um tabu.


Keka só vai mesmo pela comida. Mas a ranheta adora se isolar das irmãs no refúgio que apelidamos de "casa das montanhas".


Já valeu a empreitada. :)


P.S.: Eu gravei (e decupei e editei) 45 vídeos para vocês se divertirem rindo da minha cara, morrerem de fofura com as gatas e aprenderem uma ou outra coisinha ― mesmo que seja o que não fazer quando o assunto envolve parquinho vertical, guloseimas e gatos.

4.10.23

Gata do tempo e o tempo do relógio

Abro este post com um arco-íris de Pimenta para contar que...


...trombei com esta imagem na internet e guardei para recriá-la com os bigodes em 4 de janeiro de 2017!


Nos quase sete anos que dividem planejamento de publicação, esmagaram-se duas mudanças de casa, três cidades (São Bernardo, Sorocaba e Araçoiaba), uma obra com pandemia e desgoverno, cinco gatos mortos (Clara, Mercv, Guda, Pipoca, Pufosa) — e outras intensidades que meu senso de autopreservação provavelmente enfiou nas samambaias.

Foi quando compartilharam esta ilustração no Instagram, mês passado, que decidi tirar do papel o que sem querer acabou virando um projeto de longo prazo.


E não poderia escolher melhor modelo do que nossa performer de soneca.


GATA DO TEMPO

Chuvoso


Encoberto


Nublado


Parcialmente nublado


Ensolarado


Aquecimento global


Está liberado imprimir e colar na geladeira! 😂

27.9.23

A melhor escova para gatos idosos!

Com a velhice, os bigodes vão sentindo cada vez mais dificuldade para se limpar e a gente precisa dar uma força — principalmente nesta época do ano, em que o casaquinho de pelo reforçado durante o inverno resolve se desmanchar pela casa ou acumular no estômago, com o objetivo de deixá-los mais refrescados para o verão.


Quem tem gatos a partir de 7 anos já pode começar a prestar atenção nos sintomas de artrose, aliás. E, acima dos 12, ela é praticamente certa — nove em cada dez bichanos. Foi em uma escovação, inclusive, um tanto violentamente, que Pufosa tentou me avisar. Até pouco tempo atrás, a gente usava a Furminator, que funciona maravilhosamente para os nós, mas causa desconforto nas regiões sensíveis.

Com a morte dela (e seu rastafári), decidi testar a dica da escova de bebê. E, após pesquisar em lojas físicas, acabei comprando pela internet para levar também o pente, por mais R$ 2. Combinação perfeita, já que ele desembaraça melhor o pelo longo da Pimenta, sem a dureza da Furminator, ainda ajuda a limpar a escovinha.


As quatro meninas amaram o carinho com cerdas! Além de liberar serotonina, aumentando a sensação de bem-estar e felicidade, a escovação também reforça o vínculo com seu amigo. E Jujuba está dois tons menos vermelha de rolar no nosso deck de bairro não asfaltado — poeirão que a Furminator não limpava tão bem.

15.9.23

Gatos dormem menos do que parece | EG #22

Eles podem até passar mais da metade do dia de olhos fechados, mas boa parte desse tempo é gasta com sonecas curtas, estratégia de quem está no meio da cadeia alimentar, precisando se manter protegido de outros predadores e também caçar seu próprio alimento — cerca de 30 tentativas para uns oito ratinhos, segundo Jackson Galaxy em O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série.


Quando pegam no sono profundo, porém, sonham como a gente, chegando a tremelicar olhos, bigodes e patinhas com a contração dos músculos — a gangue aqui protagoniza altas batalhas e banquetes oníricos! E o ritmo circadiano (o famoso relógio biológico) dos bichanos também muda com a duração do dia e a incidência de luz, assim como o nosso.


Ok, eles dão um baile na gente à noite, mas não são animais verdadeiramente noturnos e, sim, crepusculares, com picos de atividade ao anoitecer e amanhecer, como os roedores, sua principal presa — e nesses períodos ainda enxergam melhor do que eles! Isso não significa que vocês precisam trabalhar no fuso japonês, porque os peludos acabam se adaptando à nossa rotina.

*

(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 23: A importância dos três Rs (estreia no dia 13 de outubro!)

1.9.23

Nunca segure seu gato pelo cangote!

Antes que alguém aponte a contradição, a foto do post é cenográfica: Pimenta tem a pele do pescoço mais flácida por causa da idade (16 anos!) e eu puxei de levinho só para ilustrar a prática ultrapassada — e imagino que a maioria de vocês já deve ter visto um veterinário deixar o gato japonesinho de tanto esticar, né?

Pois essa estratégia é altamente contraindicada porque a região da nuca possui inúmeras terminações nervosas, sensíveis a dor. E, para conseguir a imobilização desejada, garganta, traqueia e esôfago acabam pressionados, aumentando o desconforto. Ficar parado, aliás, não significa que o bichano se acalmou. Trata-se de um comportamento chamado de "congelamento", típico de presas em casos de medo excessivo.


Vocês podem argumentar que a mãe carrega os filhotes assim, só que ela abocanha o pescoço todo, não apenas a pele. E, com poucas semanas de vida, eles também pesam menos. Nem boas lembranças sobram porque esse transporte ocorre em situações de perigo, quando a família precisa se mudar para um local seguro.

Confesso que não sabia disso tudo, mas tem post de 2016 comentando que a gente não imobilizava os bigodes pelo cangote porque parecia aumentar o estresse. E no ano passado a American Association of Feline Practitioners (AAFP) junto com a International Society of Feline Medicine (ISFM) publicaram um guia atualizado com as melhores práticas de manuseio felino.

As diretrizes focam em uma interação amigável, paciente, que respeite o tempo dos peludos e crie associações emocionais positivas — do preparo em casa antes de ir à consulta, passando pelos cuidados com o ambiente da clínica até o manejo em procedimentos específicos, como limpar os ouvidos ou coletar sangue.

E vocês podem compartilhar o PDF em português com o vet que cuida do seu amigo — para curiosos de outras profissões, recomendo a leitura até a página 13 (ou 1.105 do documento). :)



2.8.23

Um arranhador para lembrar da Pipoca

A gente tinha o cone e o sisal comprados, a experiência acumulada com o tutorial do melhor arranhador para gato, os dedos calejados da cola quente. E eu não sei pintar nem esculpir.


Resolvi, então, homenagear a Pipoca substituindo seu modelo favorito de peixinho, aquele descabelado que facilitava o acesso à minha mesa de trabalho, por uma versão com libélulas, o insetinho que a magrela mais gostava de caçar — deem um desconto para o sobrepeso das libélulas, porque elas precisam resistir às mordidas e unhadas, né?


Quem estreou a novidade foi a Pimenta, mas Keka e Chocolate também aprovaram. Como comentei no post com o passo a passo para arriscar em casa, esse arranhador faz sucesso em Gatoca há 13 anos — Jujuba só trocou pelo horizontal de papelão, depois de passar pelo sofá (rs), provavelmente por algum desconforto da velhice.

21.7.23

Silêncio no silêncio

Eu moro numa rua em que praticamente não passa gente, sem vizinhos a olho nu, cujo comércio mais próximo fica a 7 minutos de carro. E descobri que a casa podia se tornar ainda mais quieta com a morte tripla da família Guda, em menos de quatro meses.

A dinâmica mudou completamente: 16 anos de miados e cores, que enchiam os almofadões e se espalhavam pelos cômodos, resumidos a três gatas PB e uma agregada — pensem que Gatoca já teve simultaneamente, além da gangue de dez, nove temporários, mais dois cachorros!

Em todo o canto falta e a cada luto se somam os anteriores.



13.7.23

12 vezes obrigada!

Como meus pais morreram cedo, os amigos ficaram com a incumbência das perguntas constrangedoras, tipo: "Você não sente medo de morrer encalhada com dez gatos?" — a criatura em questão, inclusive, se tornou referência na luta por uma educação pública de qualidade no Brasil, por isso terá seu nome preservado. rs

O fato é que, 12 anos atrás, minha história se entrelaçou justamente à de um cara que não curtia o movimento, independente da quantidade de integrantes. E ele não só deu uma chance à gangue como aprendeu a aplicar soro, abriu mão de passeios, me esperou atrasada para comer com a mesa posta, aceitou que nenhum filme passaria incólume aos alarmes de remédio e patê na seringa.


Seis mortes, covas rasgadas no frio, na chuva, com o dedo cortado na faca de cozinha — fora a obra e a mudança para Araçoiaba conturbadas.


E também um gatil, um parquinho, um arranhador, pão de queijo e bolo de banana veganos quando eu só conseguia chorar. Obrigada por abraçar meus projetos, Leonardo Eichinger, mesmo os que parecem não fazer muito sentido, como tirar fotos de conto de fadas com abóboras no gramado. ❤️


Amo você, com todo o caos que acompanha!