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27.7.18

Quando tudo dá certo e, mesmo assim, dá errado

A batalha começou na quarta-feira, com a Nathália Vieira me ligando para pedir ajuda para um tigrinho atropelado no Ipiranga, bairro da amiga alérgica a gatos, que não conseguiu virar as costas. De Sorocaba, eu instruí as duas a colocá-lo na caixa de transporte, arisco por causa da dor, e escrevi para um monte de gente perguntando onde ele poderia ser socorrido àquela hora.


Ninguém soube dizer se os hospitais veterinários públicos atendem emergência sem senha e se funcionam 24h ― nem a assessoria de imprensa, cujo contato espero há dois dias. As meninas acabaram em um particular, na região. E os caras queriam cobrar R$ 1,9 mil pela consulta, uma noite de internação e meia dúzia de exames, que não eram a cirurgia ortopédica.

Pagamos a consulta e a internação (R$ 735), de puro desespero, e continuamos a correria no dia seguinte ― elas lá e eu cá. Nenhum dos hospitais públicos atendia o telefone. Só o da zona oeste caía na gravação, que também não esclarecia nossas dúvidas.

O hospital da riqueza deu início à pressão de que o animal tinha convulsionado, precisaria de transfusão de sangue por conta da anemia e só sairia de lá de ambulância. Mas negligenciou a alimentação, com a desculpa de que colocar a sonda seria agressivo.

Muitas mensagens e ligações depois, a Canto da Terra aceitou receber o peludo e a veterinária Maria Eugênia Carretero esperou-o com a ONG já fechada. Nati largou o trabalho no Itaim, voltou para o Ipiranga (tentaram nos arrancar mais R$ 200 de medicação) e seguiu de coração apertado até a zona norte. Guerreiro queria viver.


Ficou enroladinho na coberta, de soro e vitamina na veia, se sentindo amado por uma noite ― era um gatinho idoso.


Hoje de manhã, a lipidose hepática venceu.

Das lições amargas que ficam:

1) Lugar de bicho é dentro de casa! Ainda que vocês morem em uma vila, que o bairro cuide dele comunitariamente, que ele tenha vivido solto um tempão.

2) A gente sempre pode fazer algo. Mesmo sendo alérgico, morando longe, ganhando pouco (deem uma força na vaquinha, por favor: doacoes@gatoca.com.br).

3) Só levem animais a hospitais particulares se tiverem grana para pagar contas de quatro dígitos à vista ― ainda vou fazer um especial sobre o assunto.

4) Sim, o sistema está errado, privilegiando uma parcela minúscula da população. Mas a gente não pode desistir de lutar.

5) Ajudem as ONGs! Elas assumem a função do poder público, sem um centavo dos nossos impostos. E não barganham com vidas.

25.7.18

Santa Ceia

Não teve corpo e sangue de amigo, porque já basta a crueldade da ração. Nem Judas cagueta ou Pedro bundão ― gato é bicho de princípios. Muito menos morte na cruz. A gente fica só com o lance de amar uns aos outros mesmo. Nas ceias não-santas também.

20.7.18

Não compre, adote!

Hoje é Dia do Amigo e justo essa semana eu visitei Pandora, a história de resgate e doação mais emocionante deste blog. Quase dez anos depois, ela continua me recebendo de olhos brilhantes, pulinhos festivos e mordidas de amor. Mas, desta vez, eu resolvi compartilhar com vocês em vídeo.

E fiz logo um especial cheio de motivos irresistíveis para adotar um peludo, mesmo que ele seja um cão ou gato de raça ― quem compra financia crueldade! Curtam, comentem para amolecer outros corações, compartilhem com quem precisa de mais cor (e pelos) na vida.

18.7.18

5 situações em que os bigodes arruinaram minha autoestima

1) Quando eu estava limpando o banheiro, abaixada, e fui usada de escadinha.
2) No mutirão de castração em que batizaram minha blusa. E a calça. E a calcinha.
3) Na semana em que tomei uma patada na cara, com piercing na boca de brinde.
4) Toda vez que alguém deita no meu colo de bunda suja.
5) Quando chego da rua fazendo festa e sou solenemente ignorada.

13.7.18

A arte de negociar (e de unir pessoas por uma causa)

Eu passei algumas semanas pensando em como convencer a família a castrar o gato criado solto pelo bairro, que resolveu fazer serenatas de madrugada no telhado aqui de casa e acertar as roupas do varal com xixi ― já tinha conversado sobre as telas, mas sem sucesso.

Sim, pensei também em sequestrá-lo. A criatura chegou a cair na nossa garagem, única parte do terreno sem blindagem. E é um amarelão lindo e ronronante, fácil de doar. Mas fiquei com pena das crianças, que desfilam com ele para cima e para baixo, segurando daquele jeito desengonçadamente fofo.

Voltando... Ensaiei diálogos mentais, juntei links da internet, pesquisei o calendário lunar. Segunda-feira, mas precisamente às 2h17, o boêmio se pôs a brigar com outro, resistindo à mangueirada pacificadora ― isso porque eu já tinha resistido de abandonar o edredom quentinho por 50 minutos, respirando profundamente em vão.

Possuída pelo satã, de pijama e descabelada, bati então na casa dos vizinhos, mais descabelados ainda, e agendamos a bendita cirurgia. Agora, preciso de ajuda para pagar ― a família é simples (a gente mora na periferia de Sorocaba) e o marido estava desempregado até recentemente.

Se eu, tutora de nove gatos (estressadíssimos com o intruso, aliás) e dona de um projeto com animais perdi a compostura, imaginem quanto tempo esse bicho vai durar na rua, mijando na roupa alheia e deixando a vizinhança (que já ouvi atirar coisas para o alto) insone.

Quem topa trocar um almoço em fast food por um mundo melhor: doacoes@gatoca.com.br? :)

11.7.18

Viva o inconformado!

Toda família tem um indivíduo que questiona as regras, acredita que as coisas podem funcionar diferente, deita contra a maré. Eles provam que a terra é redonda (mesmo que 2.238 anos depois ainda exista gente insistindo no contrário), dão origem à luta por igualdade de gênero (mesmo que ainda não tenhamos chegado lá), levantam a voz pelos animais (mesmo que a humanidade siga surda).

Deixam o mundo mais perto de ser melhor.

5.7.18

Turnê São Francisco em Arezzo, Cortona e San Gimignano (Itália)

Gatoca visitou Assis, depois de 12 anos prestando serviços não remunerados para Chicão, e todas as imagens e curiosidades sobre a cidade italiana estão aqui, junto com a história que pouca gente conhece do protetor dos animais.

Na segunda parte da epopeia, os afrescos que representam a lenda da Verdadeira Cruz, em Arezzo, as relíquias de São Francisco que Frei Elias levou para Cortona, o eremitério onde ele rezava, a cinco quilômetros do centro, e um convite à reflexão, nas ruínas da igrejinha de San Gimignano.

Porque peregrino raiz não prega só no quintal de casa, né? Depois da musiquinha de encerramento, aliás, tem o rolê que ele fez por aqui. Curtam, comentem, compart... ah, vocês sabem.

4.7.18

Ritual da prosperidade

Certeza que os bigodes ouviram a gente comentar sobre a situação calamitosa do país e resolveram garantir o granulado higiênico (duas toneladas por mês) e a ração supermegablasterpremium. Notem que tem um lugar vazio nos almofadões. Gatoca informa que o fura-ritual será punido com apertos felícios e montinho coletivo na hora de dormir.