Gatoca

Educação, sensibilização e mobilização pelos animais

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26.9.25

Gatificação: necessidades especiais | EG #37

Andar pelo mundo se torna um desafio diário para um bichano que tem "necessidades especiais", seja ele idoso, cego, surdo, com problemas neurológicos ou congênitos, segundo Jackson Galaxy, autor de O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série. Cabe a nós, portanto, ajudá-lo a encontrar e maximizar sua gatitute, adaptando o ambiente.

Certifique-se de que seu amigo consegue entrar na caixa de areia tranquilamente, por exemplo, optando por modelos que têm as laterais baixinhas ou ao menos um dos lados rebaixado. Instale luzes noturnas junto ao rodapé, se ele apresentar dificuldade para enxergar à noite. Providencie rampas para que continue acessando seus cantinhos favoritos, incluindo o enriquecimento vertical e a TV felina.

Jujuba ainda não precisa desse suporte, apesar dos 18 anos, mas de vez em quando sobe na mesa do escritório pelo arranhador vertical, clique que acabei aproveitando. E improvisei muitas escadas com caixas de papelão e os próprios móveis da casa para Chocolate e Pufosa, que não escaparam da artrose na velhice.


No fim da vida, inclusive, todos os bigodes preferiam deitar nos almofadões do chão. Almofadas ainda servem para amenizar o impacto de possíveis quedas e tapetes antideslizantes as evitam efetivamente. Manter seu gato conectado ao CAMC e aos três R significa permitir que ele explore o mundo em segurança e tenha uma existência plena.


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer participar do melhor grupo de WhatsApp ou de um clube do livro diferente? Dá uma fuçada no nosso financiamento coletivoaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 18 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 32: Gatificação: um lugar para onde voltar
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem destruir a casa
CAPÍTULO 34: Gatificação: planejamento urbano antitreta
CAPÍTULO 35: Gatificação: mundo vertical e autoestradas
CAPÍTULO 36: Gatificação: relógio solar e TV de gato
CAPÍTULO 38: Gatificação: mapa da gatice (estreia no dia 22 de outubro de 2025)

19.9.25

Como usar a IA para cuidar melhor do seu gato

Eu gosto de ter o trabalho de duas décadas roubado para treinar o robô de um sistema econômico que está louco para se livrar de mim? Obviamente que não. Mas essa é uma batalha perdida e me resta contribuir ensinando vocês a usarem a inteligência artificial generativa para o que ela realmente se propõe ― se não pode vencê-los, junte-se a eles!

Notem que fiz questão de incluir "generativa" porque hoje em dia até geladeira vem com IA para regular a temperatura de acordo com os hábitos da família. Já as IAs generativas aprendem pela análise de um grande número de dados e, combinando esses dados, conseguem gerar novas informações ― não, elas não criam, quem cria somos nós.


Outra crença importante de se desmistificar é que esse tipo de inteligência artificial não serve como buscador, porque alucina. Se existir bastante conteúdo sobre o assunto, a chance de acerto aumenta, mas, se você quiser saber o fim de um livro chatíssimo que o Kindle empurrou de brinde, a criatura vai inventar personagens, enredo e até plot twists ― qualquer semelhança com fatos da vida real... 😂

Eu sei, o Google retorna cada vez resultados gerados por IA. Ao lado, porém, aparece um ícone de link que mostra de onde saiu a informação ― chequem tudo, sempre. E como saber se a fonte presta? Comecem observando se o site é conhecido (grandes veículos de comunicação têm essa vantagem), se o texto está assinado, se traz a data de publicação e se não contém erros. Depois, reflitam: a que interesses ele atende? Por fim, comparem com outras fontes.

Recentemente, tive duas experiências legais com chatbots. (Gemini, da Google, ChatGPT, da OpenAI, e o chinês DeepSeek), de onde tirei a ideia para este post. Primeiro, pedi para resumirem em tópicos explicativos um vídeo que já havia assistido, poupando-me do trabalho de digitar, e ficou mais organizado do que o roteiro do veterinário.

Testo em Gatoca muita coisa que aprendo com especialistas em comportamento animal de outros países e esses chatbots também funcionam bem como tradutores ― entendo inglês e espanhol, mas ainda apanho do francês (o resto deixei para a próxima encarnação).

A segunda experiência foi um oferecimento do Intrú, dono de um paladar exigente, já que pode caçar comida fresca e variada no nosso terreno. Eu queria, então, substituir a ração de palatabilidade imbatível por uma marca que divide o pacotão de 7 kg em saquinhos de 500 g, também super premium, apostando na sedução do cheirinho constante de novo ― já ostento pegada ambiental exemplar como vegana home officer.


E precisava avaliar os ingredientes: eles correspondiam às quantidades ideais de proteína (entre 25% a 33%), gordura (mínimo de 9%) e taurina (entre 0,1% e 0,13%), essa última essencial para os olhos e o coração, segundo o veterinário Carlos Gutierrez? O chatbot não só respondeu como listou o que continha gordura naturalmente e o que era fonte de gordura explícita, ou seja, adicionada diretamente.

Faltava decidir o sabor: de frango eu sabia que ele gostava, carne não rola nem no sachê e salmão nunca tentamos. Acontece que justo a de frango não fazem na versão "bichos castrados" e o gordinho já é... gordinho.

O chatbot pontuou as principais diferenças entre a ração normal e a de castrados: teor de gorduras e tipos de óleos, ajuste de minerais (para prevenir problemas urinários), teor de fibras e calorias (para o controle de peso) e aceitação dos sabores. Ainda concluiu: "se seu gato demonstra tendência à obesidade ou problemas urinários, a ração para castrados é a melhor opção, independentemente do sabor".

Como robô serve para ajudar com cálculos, sistematizações e informações bem-definidas, uma ferramenta para economizar tempo de trabalhos mais mecânicos, comprei a de frango. Do frajola entendo melhor ― ele é um bichano ativo e, junto com a alimentação seca, a gente sempre oferece a úmida, blindando os rins . A balança aprovou minha escolha. 😊

Sem contar que tem IA ganhando o Darwin Awards, prêmio que celebra a capacidade humana de delegar às máquinas nossa habilidade de tomar péssimas decisões, por catástrofes variadas.

Se vocês quiserem informações baseadas na experiência de um ser humano real, aliás, com bigodes que possuem a quantidade certa de dedos, o arquivo do blog coleciona 1.896 posts. E agora dá para buscar no celular também, por palavra-chave, data de publicação e categoria.


P.S.: As fotos do Intrú não são de IA. Eu fiz uma graça no Photoshop para disfarçar a incompetência do celular da Samsung em trabalhar com luz e foco ― além de estufar a bateria com dois anos de uso.

10.9.25

Gato miando de madrugada e você já tentou de tudo?

Eu sempre admirei pais de recém-nascidos porque privação de sono me faz querer cometer assassinatos. Pois desde que Keka morreu, em novembro do ano passado, nunca mais consegui ter uma noite ininterrupta de descanso. Acostumada a dormir com a família, exterminada pela velhice em 19 meses, Jujuba gritava de hora em hora.

Havia ainda as suspeitas de início de demência, ela mesma às vésperas dos 18 anos, e de hipertireoidismo ― o excesso de hormônios produzidos pela glândula da tireoide faz com que o animal precise estar o tempo todo em movimento (e ele acaba perdendo peso mesmo comendo bem).

Mas, em vez de ir atrás de um diagnóstico, receosa de que o estresse agravasse o quadro de uma gata que só aprendeu a ronronar com 13 anos e pediu colo o primeiro colo em junho, resolvi testar as dicas dos especialistas em comportamento para tutores desesperados ― e criei um esquema que está funcionando para nós, com concessões dos dois lados. rs

Brinque antes de dormir
A ideia é dar uma canseira no peludo para que ele não dê uma canseira na gente. Jujuba, porém, não cedeu nem ao girino automático importado ― e eu já havia tentado bolinhas, varinha e molas. Tem dois posts sobre o assunto no blog, que se complementam: um explica a importância de esvaziar o balão de energia dos bichanos e outro ensina como brincar de forma estruturada.

Garanta aconchego
Seu amigo pode se acalmar no quarto contigo, se você não for alérgico a gatos como eu. Pensando, então, em substituir o montinho felino em que a magrela vivia soterrada, comprei uma caminha fechada, que ainda turbino nas madrugadas geladas com bolsa térmica ― escolhi um modelo grande e bem-estruturado, porque ela não tinha o costume de ficar em lugares fechados.


Ignore a cantoria
Se o animal for jovem, precisa entender que a família segue uma rotina e não vai levantar toda vez que ele bancar o tenor. Com a velhinha solitária, contudo, aceitei de bom grado perder a batalha ― tentei por uma noite apenas e nenhuma de nós duas pregou os olhos. Os miados atravessavam do escritório, em uma ponta da casa, até o quarto, na outra.

Não sei como resolver a questão dos vizinhos, já que moro no meio do mato. Mas, para silenciar barulho, descobri um protetor de ouvido que não cai, como os de silicone e aquele laranja de espuma da farmácia ― isso na época em que a importação saía mais em conta. E, para não machucar, coloco em uma orelha só, pois o travesseiro já bloqueia o som da outra ― quando viro de lado, troco no automático.

Tenha paciência
Jujuba demorou quase um mês para relaxar no tubarão, muitas vezes preferindo deitar na pilha de contas a pagar. Aí, dormia o dia inteiro para ter bastante energia para gritar à noite. Um semestre se passou até que a sinfonia se concentrasse em um único momento da madrugada e mais perto da hora de acordar, portanto, não desanime.

*

E como ficou nossa rotina excepcional?
Entre 3h30 e 6h, eu atendo o chamado da pequena e dou sachê previamente batido no processador, que ela lambe animada na colherinha ― durante o resto do dia, faço seringadas de Pet Delícia também processada, para reforçar a hidratação porque a sobrevivente, acreditem, é renal. Se ignoro a sinfonia, ela mia cada vez mais alto até vomitar de nervoso ― diarreia costuma acompanhar.


Que super-herói vomita na horizontal?


Versão aérea


Sempre nos melhores lugares

Não sei se a peluda sente falta da família, se fica desesperada sozinha, se não reconhece a casa, se se enxerga perdida. É minha primeira experiência com os desafios da velhice ― meus pais morreram jovens. Mas não vai durar para sempre e, com o protetor de ouvido, às vezes até consigo pegar no sono de novo.


P.S.: Em gatos não castrados, o que espero que não seja seu caso, a gritaria pode indicar período de cio da própria fêmea ou de fêmeas do entorno, porque à noite eles ficam mais ativos e os feromônios pedem acasalamento. Trate de tomar vergonha na cara, então, e castre o bichinho!

5.9.25

Por que gato não deve ir para a rua, nem no interior

O mito do gato de vida livre dará seu último suspiro no interiorrr, porque as pessoas insistem em idealizar paisagens bucólicas, com moradores amorosos. Mas eu já compartilhei um vídeo do Intrú quase sendo atropelado em uma rua onde passa um carro por hora. E, quando descobri sua outra família, Seila relembrou que o jardineiro voltou de foice para revidar o ataque que ela havia sofrido pré-castração.


O frajola chegou aos 4 anos praticamente sem contato com humanos, se virando como dava pelas estradinhas de terra de Araçoiaba da Serra ― até vir parar na nossa casa. E, apesar de ter amolecido bastante nos últimos dois, ainda fica solto por causa da FeLV, que não me permite juntá-lo com a Jujuba, patrimônio histórico de Gatoca.

Pois, na segunda-feira, me contaram que a tia do pedreiro que presta serviço no bairro anda furiosa porque o gordinho entra na cozinha dela pela janela e rouba a comida da mesa. Eu divulgo para adoção, vocês acham que o meliante está mais feliz aqui e a real é que, um dia, ele pode não voltar mais.

A foto que abre o post, no entanto, foi tirada no nosso quintal mesmo, um imenso privilégio ― não entendia como a criatura não aproveitava, agora os passarinhos precisarão trocar de maternidade. rs


E temos uma nova intrusa!


O original não ataca porque é feministo ― privilégio não estendido aos machos, outro risco do acesso à rua e que lhe rendeu a leucemia felina. Mas fica agustiadíssimo.


E a história se repete...


Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
:: O desafio de aquecer um bicho que não entra em casa
:: 17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
:: A escova perfeita para aventureiros
:: Vigilantes do Peso Felino
:: Um ano do gato que eu não sabia que precisava
:: Dia de levar o pet ao trabalho
:: Ele não quer uma casa, quer uma família
:: Quando as Cataratas do Niágara visitaram Intrú
:: Um post mal-humorado fofo de Natal
:: O gato que só falta tocar a campainha!
:: Intrú adoeceu antes de ganhar uma casa
:: Ressurreição e mordidas literárias
:: Quase grudinho
:: Lado errado?
:: História de filme: a vida dupla de Intrú!
:: Agressividade por frustração?
:: Garoto propaganda do boletim +Gatoca
:: Um gato que quebra expectativas (e outras coisas)
:: Intrú conseguiu morar dentro de casa ― parcialmente