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10.5.24

Como se preparar para uma emergência tendo gatos

Preparado para deixar para trás, às pressas, a história de uma vida inteira acho que ninguém está. Mas a gente pode minimizar o impacto da tragédia seguindo as recomendações de especialistas. Eu cheguei a escrever sobre incêndio e animais, numa época em que provavelmente fracassaria tentando salvar dez gatos, e achei importante retomar o assunto agora, quando mais de 9 mil bichos afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul ainda esperam por resgate.


ANTES

Jackson Galaxy, o mestre do comportamento felino, tem um checklist para gateiros:

Mantenha as caixas de transporte no ambiente
Assim os bichanos não estranharão o cheiro diferente e entrarão sem resistência. Fora que ninguém merece ficar procurando as ditas cujas no fundo do armário mais alto com o prédio pegando fogo ou alagando!

Bloqueie espaços inacessíveis
Isso vale para qualquer lugar de onde você não consiga tirar o peludo em caso de emergência.

Adote a alimentação por refeições
Acostumar seu amigo a ter horários para comer cria uma rotina que facilita o manejo em situações de estresse.

Identifique o gato
Galaxy recomenda o microchip, para que qualquer pessoa ao encontrá-lo acesse suas informações indo a uma clínica veterinária com leitor. Mas essa prática ainda não é popular no Brasil, então sugiro a boa e velha coleira com plaquinha de identificação ― escolham um modelo de elástico, que solte se bicho se prender, evitando o enforcamento.

Tire uma foto da carinha dele
Se precisar fazer um cartaz de "procura-se", ter as características bem destacadas facilitará o reconhecimento.

Separe uma pasta com documentos importantes
Receitas médicas, exames impressos e carteira de vacinação precisam estar à mão ― seus documentos também, né? rs


DURANTE

Galaxy sugere que se cubra a caixa de transporte com um cobertor para restringir a visão do caos, evitando a superestimulação, e explica o que colocar em um kit de emergência:

Objetos com cheiros familiares
O cobertorzinho do gato e uma blusa usada sua, por exemplo, já ajudam o pequeno a se sentir menos inseguro no lugar para onde vocês forem.

Petiscos
Se ele parar de comer, ter sua guloseima favorita pode quebrar o jejum ― e a evolução para um quadro de lipidose hepática.

Brinquedinhos
Em situações adversas, brincar com seu amigo é uma estratégia para mudar o foco.

Feromônios sintéticos
Na verdade, Galaxy indica seus produtos holísticos, mas os feromônios sintéticos têm eficácia científica, porque mimetizam os naturais, que os bichanos soltam quando estão à vontade, aumentando a sensação de bem-estar.

O pessoal do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad) alerta, ainda, que deixar os peludos em correntes, caixas, canis ou baias os torna presas fáceis para a água em rápida elevação ― se não puder levá-los junto, o melhor protocolo é soltá-los para que usem seus instintos naturais de sobrevivência.

E não esqueça de desligar aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos, até para conseguir recuperá-los depois, em caso de alagamento ― os cursos de Engenharia Elétrica e de Controle e Automação, da Universidade do Vale do Taquari (Univates), fizeram uma cartilha com o passo a passo.


DEPOIS

Juliana Damasceno, doutora em Psicobiologia, ensina como lidar com gatos traumatizados:

Isole o bichano em um cômodo
O ideal é que o local esteja com baixa iluminação e sem rotas de fuga.

Bloqueie refúgios vulneráveis
A dica de impedir o peludo de ficar inacessível também vale aqui.

Crie refúgios seguros
Qualquer caixa de papelão já cumpre a função.

Não force o contato
Gato assustado pode agir de forma agressiva ou congelar e ambas as situações agravam o estresse, prejudicando ainda mais seu estado de saúde.

Ofereça alimentos palatáveis
Aqueles que você colocou no kit de emergência, lembra? Coloque perto do esconderijo e saia do cômodo.

Evite fazer barulho
Entre no ambiente de maneira cautelosa e o mais silenciosa possível, mantendo-se agachado, e falando baixo, em tons agudos.

Separe os recursos
Posicione a caixa de areia do lado oposto à comida e à água.

Tenha paciência
Pode levar um tempo para seu amigo se sentir confortável de novo.

7.5.24

Chuvas no RS: infos concentradas para ajudar animais

Atualizado em 15 de maio de 2024

Eu demorei para escrever este post porque confesso que ando fugindo do noticiário. Já vivo entre alarmes de patê na seringa, água e remédio, por causa da reação alérgica da Pimenta à suposta picada de aranha, que agravou um quadro renal delicado (17 anos!), e da gastrite da Keka, que além desses cuidados também não me deixa dormir.

E estou exausta de Brasil ― do negacionismo climático criminoso, da influência dos ruralistas mais abjetos no Congresso, dos mesmos políticos com seus projetos de poder eleitos de novo e de novo. Há 23 projetos de lei que impulsionam a degradação ambiental tramitando atualmente e só três deputadas, logicamente de esquerda, destinaram recursos de emendas individuais para a prevenção de desastres no Rio Grande do Sul este ano!

(Fora os aumentos abusivos nos itens de necessidade básica da região, os assaltos às casas alagadas, os saques por comida, a troca de tiros com a polícia, o roubo de combustível das embarcações de resgate, os estupros nos abrigos.)

Mas os animais não têm culpa da minha rotina, não votam com o rabo e precisam de ajuda. Reuni, então, informações de fontes confiáveis para quem puder doar dinheiro, produtos ou abrigar temporariamente um peludo resgatado pelas ONGs. Incluí também um perfil do Instagram para encontrar bichos perdidos, dicas para acalmar aqueles que estão fora de seu território e como estender a solidariedade às famílias ― afinal, a gente não faz diferença por aqui.


Foto de Leandro Osório


PARA AJUDAR BICHO

:: Grupos de resgate e lar temporário

É a galera que está na linha de frente, se desdobrando para salvar cães, gatos, aves, coelhos, cavalos.

- Grupo de Resposta a Animais em Desastres (chave pix: 54.465.282/0001-21 ou via cartão de crédito: doe.gradbrasil.org.br)
- Grupo de Resgate Animal de Belo Horizonte (chave pix: 48.793.976/0001-95)
- ONG Princípio Animal (chave pix: 29.880.059/0001-01)
- ONG Voluntários da Fauna (chave pix: 35.815.847/0001-09)
- Instituto Por Mais Empatia (chave pix: 46.877.372/0001-00)
- Projeto Dê Uma Chance (chave pix: projetodeumachancepoa@gmail.com)
- Resgatinhos POA (chave pix: resgatinhospoa@gmail.com)
- Gato do Mato POA (chave pix: 22.774.735/0001-05)
- Gatoteca POA (chave pix: gatotecapoa@gmail.com)
- Pet Fauna (chave pix: 002071944009)
- Gattedo (chave pix: contato@gattedo.com.br)
- Only Cats Canoas (chave pix: onlycatscanoas@gmail.com)





Filhotes resgatados pelo Only Cats boiavam presos na caixinha de transporte


:: Onde reencontrar ou adotar um amigo

Dezenas de páginas foram criadas no Instagram para reunir famílias gaúchas e seus pets ― e quem não for pego precisará de um novo lar, assim como a galera resgatada pelos projetos acima.

RIO GRANDE DO SUL

- Ache seu Pet RS
- Adotar e Encontrar - Pets

PORTO ALEGRE

- Ache seu Pet POA
- Animais Resgatados na Enchente
- Porto Alegre: Animais Resgatados da Enchente
- Dogs Enchente
- Tô Salvo Pet
- Resgatados IPA
- Abrigo de Cachorros Vítimas da Enchente
- Vem Adotar (região das Ilhas do Guaíba)
- Pontal Animais (Eldorado do Sul e Ilhas)
- Resgatados das Ilhas (Ilhas, Guaiba e Orla)
- Animais Achados e Perdidos - Enchente 2024 (Guaíba e Eldorado do Sul)
- Cães Resgatados - Centro Humanístico Vida da Baltazar
- Animais Resgatados - Escola Alcides Cunha
- Animais Resgatos Sarandi Zona Norte ♥️
- Resgates Animais Sarandi
- Projeto Anjos de Patas
- Pipoca & Graveta

NOVO HAMBURGO

- Amparo Animal
- Animais da Enchente NH
- Farms Dog Hotel
- Universiadde Feevale
- Animais Resgatados Liberato
- Animação Cão
- Abrigo de Cães Lima e Silva
- Gatos da Corte
- Abrigo Temporário Panorâmico
- Dogs Sol Nascente
- Cães Resgatados (Santo Afonso)

CANOAS

- Meu Bicho Tá Salvo
- Pet Resgatado
- Ache seu Dog Ulbra

SÃO LEOPOLDO

- Animais Perdidos SL
- Encontre seu Pet SL
- Cães Resgatados (Vila Brás e arredores da Scharlau)
- Dogs Sol Nascente

OUTROS

- Ache seu Pet Esteio (Esteio)
- ONG Gepar (Esteio)
- Resgatados Estância (Estância Velha)
- Dogs Sol Nascente (Estância Velha)


:: Consultoria comportamental

Território Felino
Além de compartilhar stories no Instagram diretamente de Porto Alegre, como a lista de voluntários que estão organizando lares temporários para tirar os gatinhos dos abrigos, a veterinária Amanda Daniella oferece um help para quem quiser arriscar o LT e não sabe como fazer a adaptação: (51) 98189-7056.

Isa Gateira
Em resposta a uma seguidora, explicou em vídeo como promover segurança emocional para manter os bichanos desalojados mais calmos, já que a família se torna o único referencial de território em situações assim:

Deixe que fiquem nas caixas de transporte, se quiserem. Providencie esconderijos com caixas de papelão e mantinhas. Ofereça petiscos ― qualquer coisa que conseguirem comer é lucro. Mantenha o banheiro perto. Um ambiente mais escuro também pode minimizar o estresse. Se eles aceitarem carinho, acolha.

É possível marcar horário para um SOS comportamental solidário com ela também.

Larissa Rüncos
Psiquiatra de felinos, produziu um e-book gratuito sobre como prestar os primeiros socorros psicológicos aos peludos resgatados, destinado tanto a voluntários quanto a veterinários. E disponibilizou um formulário para quem está enfrentando dificuldades nesse manejo receber orientações.

Ela explica, ainda, que o número inferior de gatos salvos das enchentes se deve justamente ao comportamento menos gregário deles, que, diferente dos cachorros, tendem a se afastar do grupo em situações de perigo, escondendo-se e permanecendo em silêncio, além de evitar a manipulação por estranhos.


PARA AJUDAR GENTE

Como e quais roupas doar
O perfil Não Tenho Roupa ensina! Não mandar as peças sujas ou em mau estado espero que os leitores deste blog já saibam ― acreditem, doaram ao Gatoca um banheiro de gato sem lavar! Mas tem dicas em que eu nunca havia pensado, como amarrar os pares de sapatos para que não se separem no transporte.

Envio grátis pelos Correios
Mais de 10 mil agências no Brasil inteiro estão recebendo e transportando gratuitamente água (prioridade), alimentos da cesta básica, material de higiene pessoal e limpeza a seco, roupas de cama e banho, e até ração.

Para não faltar comida
O projeto Marmitas do Bem entrega 3,5 mil refeições por dia ― chave pix para doação: 53.019.216/0001-65. E o Movimento dos Sem Terra (MST) lançou uma campanha para apoiar 500 famílias produtoras de arroz que perderam suas hortas e lavouras.

O desafio da água potável
85% da população chegou a ficar sem abastecimento e várias estações de tratamento foram destruídas, atrasando a normalização dos serviços ― Felipe Neto conseguiu arrecadar R$ 4,8 milhões para comprar 220 filtros que purificam in loco, emergencialmente, e a Força Aérea Brasileira já fez chegar às regiões atingidas.

Mutirões para reconstrução
A plataforma Meu Lar de Volta conecta pessoas que querem ajudar a quem precisa, oferecendo um mapa interativo que permite visualizar em tempo real as necessidades de cada localidade afetada ― limpeza, material de construção, kits de higiene pessoal, eletrodomésticos, cestas básicas.

Mora fora do Brasil?
Em parceria com a Frente Nacional Antirracista (FNA), a Central Única das Favelas (Cufa) recebe doações pelo PayPal e redireciona: doacoespaypal@cufa.org.br.


Divulguem outras iniciativas (que vocês conheçam) nos comentários, porque vai continuar chovendo ― e a gente não está atuando na raiz do problema.

*

Leia também: Como se preparar para uma emergência tendo gatos

3.5.24

Gato de queixo inchado, reação alérgica a picada e doença renal

Na mesma noite em que ouvi Pimenta caprichando no miadinho de caça, enquanto brincava com alguma criatura no gatil que eu não conseguia enxergar da sala, ela rejeitou as seringadas de patê do jantar. Aqui, talvez valha um parêntese de contextualização, porque espero que este post ajude mais gente que, como eu, recorreu ao Google e não teve sua angústia aplacada.


Pips é uma senhora de 17 anos, que ainda abocanha seres animados e inanimados. A gente mora em um terrenão de Araçoiaba da Serra, por onde passa de grilo a sagui (ou jacu é maior?). Desde que Simba morreu, em 2016, eu reforço a hidratação dos bigodes com água e ração úmida batida na seringa.

Pois, na fatídica segunda-feira, imaginei que a frajola estivesse de estômago cheio, fui dormir e não dei a menor importância para a aranha de jardim que me fazia companhia no quarto, terça de manhã. Até encontrar Pimenta abatida na moita de catnip, com o nariz escorrendo e os olhos lacrimejando. Nesse momento, para ser honesta, ainda pensava em rinotraqueíte.


Mas notei o papo inchado, na hora do almoço o queixo estava gorducho também e à tarde a gengiva da mandíbula inferior parecia inflada como aquelas bexigas de festinha de criança ― havia ainda uma ferida sangrando de leve na parte interna do lábio. Toda a cara de reação alérgica a picada de bicho (inseto ou aracnídeo), com o raio da aranha como principal suspeita.


Escrevi para o veterinário que acompanha a gangue a distância, medicamos e decidimos observar ― apesar de terem nascido em casa, fruto do golpe da barriga da Guda, Pips e as irmãs são ariscas. Na quarta do feriado, porém, a pequena começou a babar e achei melhor arriscar o sacolejo até uma clínica 24h obscura dos nossos confins.


A hipótese de reação alérgica fazia sentido, segundo a veterinária. O que eu não sabia é que a toxina pode afetar o fígado e os rins, e Pimenta já tem doença renal crônica, além da idade avançada ― a babação se devia ao excesso de ureia (uremia) na corrente sanguínea, que o órgão combalido não consegue filtrar e acaba causando enjoo.

Tentamos confirmar o diagnóstico com hemograma e função renal, fracassando na coleta por 59 minutos: primeiro só a vet e a assistente, depois com o Leo segurando junto, então no meu colo, usando escalpe, agulha, numa pata, na outra, na jugular, enrolada na toalha feito um burrito, chamando o dono da clínica para ajudar ― no final, a coitada urrou, me mordeu e começou a hiperventilar.


Como o inchaço já estava melhor, minha xará receitou um medicamento para o enjoo e soro subcutâneo, enfatizando que nunca havia visto uma gata tão hidratada nessa idade — no dia anterior, eu consegui dar 122 ml de líquido na seringa, entre água e patê. Lembrando que o cálculo deve considerar 50 ml por quilo de animal e Pips pesa apenas 2,25 kg.

Mucosas estavam coradas, tudo em ordem na palpação. Digno de nota apenas o peito crepitando na auscultação, que podia indicar bronquite (irritação nos brônquios), causada pela reação alérgica, ou broncopneumonia, associada a uma gripe — lembram da suspeita inicial de rino? Raio-x e ultrassom ficariam para depois, por motivos de: Dia Internacional do Trabalhador.

E a tarde já havia sido estressante para sete vidas felinas.

Escrevi um texto leve, porque a ideia é realmente ajudar quem precisar enfrentar esse infeliz alinhamento de astros. Mas o quadro renal da Pimenta agravou bastante e ela não está nada bem.

11.4.24

Teste: você tem a personalidade ideal para um gato?

O veterinário espanhol Carlos Gutierrez definiu como deve ser o tutor perfeito, baseado nos estudos da Universidade Autônoma de Barcelona, que realizou o primeiro levantamento populacional do mundo sobre a relação entre pessoas e bichanos, e de pesquisadores das Universidades da Flórida, Carroll e Marquette, que mapearam as principais diferenças de personalidade entre gateiros e cachorreiros.

Aproveitando a habilidade que todo jornalista pagador de boletos tem de transformar conteúdo em entretenimento, eu inventei, então, este teste. Quantas características valorizadas pelos peludos você coleciona?


Empatia

Pessoas com maior sensibilidade emocional conseguem se colocar no lugar de seus gatos e perceber o que estão sentindo, qualidade essencial para quem tem bichos que se afetam facilmente por coisas que não fazem tanta diferença para outros animais ― e evitar situações de estresse ajuda a prevenir problemas de saúde como gripe e lipidose hepática.

Timidez

Introversão costuma vir acompanhada de um grande poder de observação, permitindo ao tutor tímido ser o primeiro a identificar mudanças comportamentais nos peludos, como o fato de passarem a comer menos depois da chegada do novo pet.

Introspecção

Quem gosta de estar consigo mesmo, desfrutando do tempo de seu jeitinho, dará aos gatos, avessos a barulho e agito, uma casa mais tranquila, sem necessidade de descobrirem todos os buracos à prova de festa.

Criatividade

Um humano criativo estará sempre pensando em formas de enriquecer o ambiente e entreter criaturas que tende a se entediar fora de seu habitat natural ― e não hesitam em trocar brinquedos caros por aquela caixa de papelão em que veio o mop.

Inconformismo

Em um mundo desenhado para cachorros, domesticados há mais tempo, pessoas com o espírito combativo conquistaram adequações importantes para os bichanos, como as clínicas especializadas em felinos ― e seguem na luta.

Independência

Por mais que o pequeno seja ronronento, você deve ter notado que ele também aprecia ficar em seu cantinho. E ninguém melhor do que um indivíduo autossuficiente para encontrar o equilíbrio entre os momentos de solidão que seu amigo tanto precisa e de socialização com cafuné liberado.


RESPOSTA

:: Até 3 características

Você provavelmente integra o grupo dos tutores de gato pragmáticos, representado por 35% dos participantes do estudo. Apesar de considerar o bichano parte da família, não tem um vínculo afetivo tão forte e acha trabalhoso cuidar dele.

:: A partir de 4 características

Bem-vindo ao universo das emoções complexas, coabitado por 65% dos gateiros, que sentem grande conexão com seus companheiros, sempre a postos quando precisam de apoio ― confessando, inclusive, compartilhar coisas que jamais diriam a outras pessoas.

28.3.24

Chocolate não anda mais

Pensem em uma gata de 17 anos e meio que tem os olhos brilhantes, as mucosas coradas mesmo sem comer sozinha, hidratação de fazer inveja à gen-z, zero ocorrência de vômito, cocô de exposição. Mesmo assim, Chocolate foi saindo cada vez menos de sua cama nuvem, parou de ronronar, o miado ficou rouco.


Ok, nos últimos meses rolaram uns sintomas respiratórios em parzinho com a Jujuba. E a ataxia, que de vez em quando escorregava uma pata ou atrapalhava um salto ― bem mais sutil do que em dezembro. E a respiração acelerada, sem diagnóstico certo. Mas eu aceitei que ela não conseguiria mais caçar croquetes no parquinho vertical e seguimos.

Na esperança de desvendar o mistério da apatia repentina, paguei, então, um veterinário da cidade para vir aqui em casa. Ele cogitou problema no coração, que explicaria a respiração acelerada, a apatia e a ataxia intermitente, pela falta de oxigenação adequada do sistema nervoso central. Só que não pegou nada na auscultação.


A respiração acelerada também podia ter a ver com uma broncopatia, resquício de infecções respiratórias malcuradas, o que justificaria o catarro na garganta e os engasgos bizarros que vem e vão. Só que não apareceu na auscultação igualmente ― nem as tais áreas de silêncio, que dedaram o derrame pleural da Pipoca.

Temperatura, linfonodos e tireoide estavam ok, a elasticidade da pele foi considerada exemplar para a idade e recebi elogios pela longevidade ― o vet brincou que a pequena havia envelhecido melhor do que ele, que nem velho era. Durante a palpação da região lombar, porém, ela mordeu o coitado, ressuscitando a suspeita de artrose.

Eu não queria fazer os exames. Choco é uma gata sensível à manipulação, que passou dias com diarreia de pingar só porque lhe botaram um estetoscópio no peito, no ano passado. E teve cistite quando aumentei as seringadas de patê, receosa com o leve emagrecimento. Mas o homeopata escreveu um pedido tão fofo que cedi.


A equipe de raio-x veio aqui também, porque decidi não economizar nos últimos cuidados com os bigodes, todos na sobrevida ― almoços fora podem esperar e roupa já nem compro mesmo. A ranheta pareceu tranquila e só com o sague no xixi da manhã seguinte é que percebi que sofreu calada.


O resultado deu coração "com dimensões usuais para a idade referida" e pulmões "com aspecto de senescência" ― no latim vulgar, pulmões de velha. O problema estava na coluna, com um combo de espondilose ventral + esclerose das placas terminais + espaços intervertebrais com acentuada redução + opacificação/mineralização do forâmen intervertebral.

E da última visita ao tronquinho no gatil, com o equilíbrio prejudicado, para cá, menos de dez dias depois, a peluda perdeu quase completamente a mobilidade, andando com dificuldade apenas até o banheiro, colado ao colchonete coberto com tapete higiênico.


As patas traseiras ainda amanheceram inchadas hoje e o nível avançado desse desafio a prestações pode compreender um trombo ― coágulo de sangue que surge em um vaso sanguíneo do corpo, impedindo a circulação.


O prognóstico definitivamente não é bom, mas com a Keka dividindo os cuidados intensivos, que têm avançado madrugada adentro e recomeçado antes de clarear, só me restou encaixar o choro na hora do banho.

14.3.24

A importância dos três Rs para um gato | EG #28

Você, que acompanha esta série inspirada em O Encantador de Gatos desde o início, pode comemorar porque nós finalmente chegamos à parte prática do livro do Jackson Galaxy! Nos capítulos anteriores, explicamos como a gatitude está ligada ao Gato Essencial e poder caçar, apanhar, matar, comer, se limpar e dormir (CAMCLD) torna um bichano mais confiante e dono orgulhoso de seu território.

Neste e nos próximos capítulos, vocês aprenderão como proporcionar a infraestrutura em que essas atividades ocorram todos os dias de forma previsível, baseando-se nos três Rs: rotina, ritual e ritmo. Isso porque cada casa tem seus ciclos naturais de ascensão e queda de energia, definidos pelos momentos em que a família se levanta, sai para o trabalho ou escola, retorna e vai dormir.

Estabelecer rituais e rotinas para os peludos considerando esses picos de energia ajuda a criar um ritmo para as interações primárias (da alimentação à brincadeira) que contemple as necessidades deles e as nossas. Bora tornar a coisa visual, então!


Balão de gatinho

O balão de energia de um gato começa encher quando ele dorme para se preparar para a caça. Ao acordar, precisará de um alvo para essa energia, que, na natureza, seria uma presa. Ganhar carinho ou participar da agitação familiar só acrescenta mais ar ao balão, que continua demandando liberação. E aqui entramos nós.

Todas as interações humanas com os bichanos colocam ou tiram energia desse balão. Mas, depois de cumprir os rituais básicos da nossa própria rotina matinal (banho, café da manhã, pia de louça), a gente vai embora, deixando o coitado prestes a explodir. E ele ainda terá de lidar com barulhos de passarinhos, trânsito, vizinhos.

Para receber um novo pico de energia quando voltamos ao lar, exaustos. Na tentativa de se regular, surgem comportamentos de agressividade redirecionada, rabo chicoteando, tremor nas costas, lambedura frenética de parte do corpo do nada. Você estica a mão para um cafuné e toma bufada, mordida, corrida?

Com as ferramentas certas, essa realidade pode mudar!


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos e meio de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 29: Três Rs: brincando do jeito certo (estreia no dia 17 de abril!)

8.3.24

O primeiro brinquedinho... que Intrú nem viu

Tem coisa mais frustrante do que ganhar presente que você precisa esperar para usar (porque ainda não serve, porque veio sem pilhas, porque te falta uma piscina)? Pois fazia tempo que eu namorava um puzzle toy para o Intrú, que sofre da síndrome do pote vazio, não sentir fome (ou assassinar meia fauna de Araçoiaba da Serra) quando a gente precisa passar o dia fora.


O problema é que as formigas do jardim avançam na ração antes mesmo de ele terminar de comer e fica difícil deixar qualquer coisa lá fora ― inclusive nossos corpos. Até do comedouro antiformigas da Tok&Stok elas riem!


Aí, Viviane comentou no Cluboca sobre as placas que sua família usa há 20 anos e me permiti sonhar: comprei três, com a ajuda das madrinhas do frajola, para apoiar bem o tabuleiro.


Logo de cara, precisei improvisar com fita adesiva porque a superfície, lisa demais, fazia o brinquedo escorregar, o que tornaria o desafio de movimentar as pecinhas para descobrir as guloseimas uma tortura.




Mas frustrante mesmo foi voltar de Sorocaba, horas depois, e encontrar o comedouro interativo intocado pelo gato e dominado pelas formigas.



Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!

6.3.24

Gato vomitando: 4 dicas que ninguém dá

Há quase oito anos, desde que Simba adoeceu, eu lido com gatos renais e vômitos. Depois dele se foram Mercv, Guda, Pipoca, Pufosa ― só Clara morreu diferente. Mas ninguém havia me dito que existem alimentos e comportamentos inofensivos que podem agravar o quadro, até eu pedir ajuda no Cluboca, nosso grupo maravilhoso de apoiadores.

O desafio atual é Keka, com gastrite causada justamente pela doença renal crônica. Diferente dos outros bigodes quando avançavam na enfermidade, porém, ela tem vontade de comer. Um paladar seletivo para sachê, mas tudo bem ― quase 17 anos espremidos em um corpinho de metade do tamanho original.


Mia persistentemente, limpa o potinho, só que acaba botando tudo para fora, horas depois. Vanessa confirmou que peixe tende a ser menos pesado. Elisângela achou na internet uma lista de peixes magros e gordos. Bárbara lembrou da veterinária dizendo que Gisele vomitava menos com eles porque se tratava de uma carne menos alergênica para os bichanos.

Aí, Lorena comentou do enjoou que sente no calor, Roberta emendou com o relato de que sempre encontra um vomitozinho nas noites quentes, Viviane associou ao fato de os peludos beberem água mais afoitos ― e realmente havia mais líquido nos bofes da frajola. De posse dessas informações, escrevi para o vet da gangue, testei com a Keka e compartilho a vitória de três dias sem vômitos por aqui!

Priorizem os sabores de peixe
Proteína de peixe é mais facilmente digerida pelo organismo, provocando menos reações imunológicas (de defesa). A magrela aceitou bem o sachê de peixe branco, mas já não segurou o de atum, que é mais gordo. Na alimentação forçada, notei que a latinha de porco da Pet Delícia funciona melhor, o que faz sentido porque, contrariando o senso comum, porco pode ser uma carne magra, depende do corte.

Suspendam a ração seca
Tanto a versão normal quanto a versão renal pioravam as crises da Pufosa e produzem o mesmo efeito com a frajola. Existem opções de ração úmida (latinha, sachê, patê, alimentação natural) para todos os bolsos no mercado, não precisam assaltar um banco.

Encontrem o equilíbrio do estômago
A gente fica feliz quando um animal convalescente se empolga nas refeições, mas a chance de ele vomitar tudo depois é enorme. E longos períodos de barriga vazia são igualmente delicados. Se seu amigo não consegue recuperar o embalo, ofereçam pequenas quantidades de comida batida no processador ― listei dicas para não errar aqui.


Cuidem do conforto térmico
Beber água demais ou muito rápido também pode causar vômitos. Nós não temos ar-condicionado por motivos de: alergia e planeta. Mas acionei climatizador e umidificador na batalha contra o sufoco térmico do interiorrr.

1.3.24

Por que gatos jogam coisas no chão?

A única coisa que os bigodes atiraram no chão, nestas quase duas décadas, foram eles mesmos ― os gatos de vocês também caem das prateleiras quando estão dormindo ou ganhando carinho? Mas vejo pelos memes que se trata de um comportamento comum e achei interessante as hipóteses levantadas pelo veterinário espanhol Carlos Gutierrez.


Em seu canal no Youtube, ele explica que esse hábito vem da caça, quando os bichanos estimulam a presa a correr com petelecos, dando a ela vantagem em uma competição que reconhecem desigual. Também pode ser uma estratégia para chamar a atenção, disputando com o capitalismo que nos obriga a pagar boletos na maior parte do tempo.

Ou só brincadeira, por causa do barulho dos objetos se espatifando, principalmente quando têm uma rotina tediosa, sem enriquecimento ambiental ― e acabo de me tocar porque nunca aconteceu em Gatoca, sempre superpopulacionada. rs

28.2.24

Pele flácida em gato: velhice ou desidratação?

Atualizado em 11 de março de 2024

Em algum mês de 1994, eu passava vergonha inclinando cada vez mais na cadeira do oftalmologista, enquanto a assistente tentava alcançar o olho em fuga para ensinar como colocar a lente de contato ― morro de aflição, cheguei a desmaiar nos exames pré-operatórios dos 5,5 graus de miopia. Três décadas depois, eis que o veterinário me manda puxar a pálpebra inferior justo da Chocolate.


A vida é mesmo uma roda gigante, não?

Mas me atropelo. Essa conversa começa com uma possível rinotraqueíte, em uma gata de 17 anos, doente renal crônica. E sem que eu soubesse avaliar se a pele estava flácida pela queda na produção de colágeno, como acontece com idosos humanos, ou por desidratação, apesar da persistência nas seringadas de patê.


Aqui entra a orientação do vet de puxar a pálpebra, porque elas dificilmente ficam flácidas por velhice, servindo de critério de desempate ao apontar graus maiores de desidratação. O teste funciona desta forma:


Como a pele retorna assim que Leo solta (vocês não acharam que eu encararia essa bomba, né?), diferente da lateral do corpo, que demora mais, a hidratação da pequena pode ser considerada sob controle. E para dar um parâmetro de comparação, segue um vídeo da Keka quando era mais nova:


Se a pele do seu amigo levar três (ou mais) segundos para se reestruturar e ele não estiver velhinho como a gangue aqui, corra ao veterinário. Vale ressaltar também que mesmo a flacidez de velhice pode mudar de animal para animal, porque depende da compleição física de cada um ― Keka ainda tem a pele mais firme e a diferença de idade para Choco é de apenas sete meses.


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21.2.24

Existe gato dominante (ou alfa)? | EG #27

Chocolate adoraria. Mas a verdade é que ninguém liga para os esbravejos dela. O mais perto de um líder que Gatoca teve foi Simba, aquele ímã social que Jackson Galaxy, autor de O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série, chama de "mojito" ― falamos sobre os arquétipos felinos aqui. Confiante, ele tirava a vida de letra, enquanto "napoleões" e "invisíveis" ficam obcecados em cuidar das próprias coisas, passando a maior parte do dia ansiosos por isso.

A dominância clássica só existe em relacionamentos marcados por uma hierarquia rígida e há poucas evidências de grupos de bichanos que tenham um único gato sempre no topo. Adeptos à flexibilidade e ao compartilhamento, eles ocupam diferentes funções, dividindo o tempo em seus pontos favoritos, e podem revezar o papel de manter tudo sob controle.

Comportamentos que entendemos como agressivos ou "dominantes", demonstram as pesquisas, estão mais relacionados à idade e à familiaridade dos integrantes da gangue. E esse rótulo acaba fazendo com que a gente enxergue os peludos como adversários, tentando subjugá-los em vez de compreendê-los.



(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para os peludos (estreia no dia 15 de março!)

2.2.24

Artista mostra como os gatos enxergam!

Eu já falei sobre a visão dos bichanos na série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy. Mas o artista digital Nickolay Lamm mostrou como eles efetivamente enxergam usando fotografias editadas. O projeto What do Cats See? contou com a orientação de biólogos e veterinários, e eu fiquei sabendo dele pelo canal espanhol Mascotas y Familias Felices.

O que vocês imaginam que a Chocolate estava vendo quando olhava para mim?


Campo visual

A visão panorâmica dos peludos é maior que a nossa (200 graus contra 180), por isso as imagens que simulam nosso olhar têm uma tarjinha preta nas pontas ― nas laterais eles enxergam 30 graus, contra os nossos 20.


Visão noturna

Como os gatos possuem mais bastonetes, que capturam a luz com mais eficiência, também veem melhor no escuro ― de seis a oito vezes, em comparação ao ser humano.




Em plena luz do dia, por outro lado, ficam saturados, como se o mundo fosse um filme esbranquiçado.


Foco

A predominância dos bastonetes também faz com que os bichanos enxerguem mais embaçado, já que a nitidez é de responsabilidade dos cones, que eles têm em menor quantidade. No geral, nós conseguimos ver imagens bem-focadas a uma distância máxima de 30 a 60 metros, enquanto para os peludos essa distância se reduz a 6 metros.


Cor

Os cones respondem, ainda, pela captação das cores, portanto, outra vantagem nossa, que contamos com uma paleta não só mais variada como vívida. Os gatos são considerados dicromáticos, distinguindo comprimentos de onda de 450 a 454 nanômetros (azul-violeta) e de 550 a 561 nanômetros (amarelo-verde), e não enxergam vermelho. Há estudos, porém, que dizem que o verde para eles fica mais brilhante.




Movimento

Deixei o mais curioso para o final: os peludos veem em câmera lenta! Isso não significa mais devagar, mas, sim, que percebem coisas que nos passam batido, porque se movem muito rápido, como o bater de asas do beija-flor ― habilidade muito útil quando se lida com pequenos animais que mudam de direção rapidamente durante uma perseguição.

Esse poder, no entanto, vem com uma fraqueza associada: aos seus olhos, objetos que se movem muito lentamente parecem parados ― nós temos a capacidade enxergar velocidades dez vezes mais lentas do que nossos amigos.

31.1.24

Quando correr com seu gato ao veterinário?

Eu sou da prevenção, com ascendente em planejamento, metas, indicadores de quantidade/qualidade, monitoramento. E acredito que quanto menos estresse submetermos um gato, animal que ainda preserva uma essência selvagem, mais feliz e longeva será sua vidinha.

Mas emergências acontecem e, às vezes, a gente não tem escolha ― como no dia em que Pufosa se intoxicou com alguma porcaria do jardim ou quando Pipoca ganhou uma colite ao tomar de canudinho a cândida que a faxineira do prédio deixou entrar no nosso apertamento.


Para ajudar vocês a identificarem o nível de gravidade do enrosco, a veterinária Maria Eugênia Carretero dividiu os principais problemas felinos em três categorias:

:: Consulta comum ::

Tratam-se de casos difíceis de piorar, que raramente viram urgências ou emergências, permitindo uma espera atenta de até 15 dias.

- Coceira
- Otite recente
- Tártaro
- Problemas crônicos de locomoção
- Problemas crônicos de má ingestão de alimentos

:: Urgência veterinária ::

Não existe risco imediato de morte, mas é melhor agilizar a consulta porque, sem tratamento, ela pode chegar.

- Palidez
- Mucosas amareladas
- Falta de apetite
- Vômitos recorrentes
- Dificuldade de urinar
- Secreção vaginal
- Tumores
- Fratura sem hemorragia

:: Emergência veterinária ::

Hora largar tudo e sair correndo, pois cada minuto importa!

- Dificuldade de respirar
- Salivação excessiva
- Desmaio
- Convulsão
- Ausência de urina por 24 horas
- Hemorragia
- Atropelamento

Em São Paulo, é possível recorrer aos hospitais públicos, que atendem gratuitamente, a ONGs como Canto da Terra, Uipa, Apasfa e Natureza em Forma, que cobram valores solidários, e a faculdades de veterinária como as das universidades USP, Unip, FMU, Umesp e Anhembi Morumbi, em que os alunos clinicam orientados por professores, a preços populares. Deixem outras indicações nos comentários!

24.1.24

4 funções curiosas para a língua áspera dos gatos

Não, não é para lixar nossos braços que os gatos têm a língua rugosa. Mas, antes de explicar por que ela ajuda na limpeza e na alimentação dos bichanos, vale contar que essas espinhas, também conhecidas como papilas gustativas, são feitas de queratina, como nossas unhas, ocas por dentro e mudam conforme a idade.

1) Represamento e desossa
Filhotes possuem a língua menos rugosa para mamar e as papilas mais arredondadas no entorno para evitar que o leite saia da boca. Já na fase adulta, elas ficam mais afiadas, servindo para separar a carne do osso.

2) Hidratação otimizada
As pontinhas ocas permitem que os felinos bebam água de um jeito mais rápido e eficiente ― para mantê-los longe da insuficiência renal, porém, invistam em bebedouros elétricos.

3) Higienização sem esforço
A cavidade das papilas também armazena saliva, facilitando a limpeza dos pelos, e o formato possibilita fazer muito menos força.

4) Refrigeração
Ao final da lambeção, seu amigo estará com a temperatura corporal até 1ºC mais baixa. As informações são do veterinário espanhol Carlos Gutierrez e a modelo, made in Gatoca.

5.1.24

2023

Em um misticismo exclusivo, os anos terminados em três marcam transformações profundas em mim. Foi em 2003 que precisei me dividir entre o trabalho e o hospital até dona Vera perder uma longa batalha contra o câncer, perto do Natal ― e que também tive de aprender a fazer arroz, lavar privada, cuidar dos irmãos mais novos, multiplicar dinheiro no supermercado.

Em 2013, deixei o casarão de uma vida inteira para caber com dez gatos, o Leo e, esporadicamente, as enteadas em um apertamento de 60 m2. Meu apertamento ― depois de uma reforma "faça você mesmo", apelidada de terapia. Uns meses antes, por causa das crises recorrentes de alergia e asma, já havia decidido parar com os resgates e redirecionar os esforços do Gatoca para a educação.

Se minha mãe estivesse viva, provavelmente confirmaria que em 1983 juntou coragem para se separar do alcoolismo do meu pai e nos mudamos para o prédio em que minha avó morreu antes de cumprir a promessa de sorvete toda a tarde, quando o shopping em frente ficasse pronto ― para voltar atrás pouco tempo depois. A mãe, não a avó.

E deve ter sido em 1993 que sofri um bullying persistente por nunca ter beijado na boca ― resolvi inventar um caso na viagem com as "amigas" à Caraguatatuba, que acabou desmascarado e só piorou tudo. Para dar uma ideia do impacto, o beijo de verdade tardou mais cinco anos ― e, por favor, não façam as contas.

Finalmente chegamos a 2023, assunto desta retrospectiva, com três gatas mortas em 15 semanas, a expectativa de um sabático ao final destas quase duas décadas felinas e um intruso estragando tudo. Guda partiu em março, com 17 anos, Pipoca em julho e Pufosa dois dias depois, ambas com 16.

Além da exaustão, sobrou um gosto amargo porque Pipoquinha chegou a reverter o primeiro derrame pleural ― que demandou uma releitura da escolha de Sofia de 11 anos atrás. E, pouco antes delas, já havíamos pedido o Mercv (com quem vira e mexe sonho) e a Clara, igualmente idosos.

A dinâmica da casa, acostumada a nove bichos preenchendo vazios e silêncios, mudou completamente ― ainda não acostumei a me referir à gangue no feminino. Sem a mãe e metade das irmãs, Jujuba virou uma gata carente e Keka deu para me acordar aos berros cada vez mais cedo ― 4h44 o recorde! Quem não mudou foi o Leo (amo essa foto!), parceiro de soro, de obra, de cova.

Comentei aqui no blog que envelhecer com os bigodes tem me feito enxergar o tempo de outra forma ― as adaptações demoram mais, o corpo não funciona do mesmo jeito, a gente precisa fazer um esforço ativo para não deixar a curiosidade morrer junto com o resto.

Eis que Intrú veio chacoalhar essa energia, com seu olho verde-vida, o pelo brilhante, o nariz rosinha ― lembra Mercv jovem, principalmente quando dorme de boca aberta. No dia 27 de outubro, começava o projeto castração, bem-sucedido, mas com pós-operatório turbulento e duas bombas: a idade e a FeLV. Mesmo assim, persisto na campanha de adoção, porque ele merece morar do outro lado da porta de vidro da lavanderia.

No ativismo, aliás, o ano prometia com a criação do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais pelo governo federal. E ficou só nisso mesmo. Eu diminuí o ritmo de publicação dos posts e a frequência de envio do boletim para conseguir dar conta de tudo ― rolou Gramado da Fama em fevereiro, maio e julho, mas aquém da ambição do nosso financiamento coletivo.

O blog perdeu o puxadinho no servidor de mais de uma década, passando justo o 1º de abril fora do ar. E ainda assistimos portão e telhado araçoiabanos voarem com o temporal de novembro ― que também nos deixou sem luz e água por três dias. Nos intervalos, porém, a gente comemorou.

Os dois anos de casa nova, os 16 do Gatoca (em dose dupla!), os aniversários da Chocolate e das Gudinhas (e o primeiro aniversário sem Guda, bem como o segundo sem Mercv, em homenagem), o Natal customizado ― com brinquedinhos para as peludas, lasanha de marmita em companhia do Intrú e Amigo Secreto de Talentos no Cluboca, o grupo de apoiadores mais maravilhoso do universo!

A geriatria dominou o conteúdo de serviço: gastrite por doença renal, cérebro cansado, fralda, artrose, ataxia, escova de bebê, patê lisinho para seringa. E desabafei sobre o difícil equilíbrio ao cuidar de bichanos. A série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, ganhou dez capítulos inéditos: sobre os bigodes felinos, a visão e a audição, como eles caçam e o que comem, hábitos de limpeza e sono, arquétipos, lugares de confiança e esconderijos-casulos.

Também teve teste de latinha em molho e o controverso sabor peixe, e textos sobre alimentação úmida, o gosto da água e ração de insetos (+ novidades gringas). O enriquecimento ambiental foi turbinado com sofá e prateleiras repaginados, a primeira cama nuvem, arranhadores caseiros (com passo a passo) e parquinho vertical ― que rendeu uma miniobra!

O blog ainda alertou para os perigos do calor, garras que entram nas almofadinhas, a incompatibilidade de banho e antipulgas, inchaço que vira abscesso, os malefícios da imobilização pelo cangote. Ensinou a identificar dor, ronco e marcação fantasma, se declarar com os olhos, pesar seu amigo com precisão.

E, mesmo quebrada por dentro, não podiam faltar os posts de entretenimento: nossa experiência tragicômica com inteligência artificial, a briga com o ChatGPT, o desafio dos seriados, o ataque de um serial killer, a visita de pterodátilos, as releituras de Dalí, gatos fazendo gatices, a inviabilidade do nosso reality show, minha soneca com o inimigo, a Pimenta do clima e as vergonhas de gateiro.

Que 2024 bata mais leve ― porque a idade dos integrantes fixos e o gênio do temporário dão o spoiler de que fácil não será. rs


Retrospectivas dos anos anteriores: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

29.12.23

Nossos presentes de Natal, com penetra

Eu já contei aqui que não sou uma adulta natalina ― nem de rituais em geral. Gosto de marcar começos e encerramentos de ciclos, mas de um jeito que faça sentido para mim, não por imposição social. Na infância, inclusive, aproveitava o pacote completo do Natal, com pinheiro natural, presépio decorado, luzinhas na calçada, Papai Noel deixando rastro de brocal, uvas passas herdadas dos panetones alheios.

Depois deste 2023 desafiador, Leo e eu decidimos, então, ficar por aqui mesmo, em Araçoiaba, com lasanha de marmita e a companhia dos gatos sobreviventes ― de volta ao masculino porque Intrú fez questão de participar da ceia da tarde.


Pimenta foi a única que ganhou brinquedo, já que, 16 anos e 7 meses depois, ainda se diverte caçando bichos animados e inanimados. Batizei o ratinho de Topo Gigio, um sonho nunca realizado, pois a Bia criança queria uma versão que falasse e se mexesse sozinha, como a da televisão.


Chocolate curtiu a escovação-cafuné, compatível com seus 17 anos, e os croquetes no parquinho, em que ficou semanas sem conseguir subir por causa da ataxia.


Já Keka não conseguiu aproveitar nem os croquetes nem o parquinho, porque perdeu quase 1 kg desde o ataque do Intrú ― como as irmãs, ela também passou dos 16 anos, avançada na insuficiência renal. Mas compensei comprando uma ração nova, ainda mais cara do que a anterior, pois o céu é o limite para essa gente. E o paladar seletivo da frajola aprovou!


Jujuba teve seus arranhadores horizontais de papelão renovados.


E Intrú ficou com os de segunda mão, como todo irmão mais novo ― a caminha Leo improvisou por causa das noites frias. A ideia é ele acostumar com ela no seu cantinho favorito para depois a gente colocar em um lugar mais protegido.


No sachê especial a criatura nem tocou, preferindo a boa e velha Pet Delícia ― não sem antes me bater (story nos destaques do Instagram). Capacidade de lidar com a frustração: 2, cruzado de esquerda: 10. rs

Ainda rolou o Amigo Secreto de Talentos do Cluboca, nosso grupo de apoiadores, em que presenteei a Adrina com uma radionovela de O Gato e o Diabo, escrito por James Joyce ― foram três dias para gravar a narração (prefeitura asfaltado a rua com caminhões da Idade Média), incluir a trilha sonora e os barulhinhos todos, fotografar e tratar a imagem da Pips.

E da Vanessa ganhei esta ilustra com o Intrú, que ainda procura uma família para poder morar do outro lado da porta de vidro.


Também a versão digital do livro Relatos de um Gato Viajante, de Hiro Arikawa, um vídeo de bigodices e esta mensagem apertável:

Meus presentes são a razão disso aqui existir (de novo Bia!). Separei uma imagem que me fez pensar em você com o Intrú e aquele livro que falei: Relatos de um Gato Viajante. Não só porque os seus viajaram um bocado contigo (SBC, Sorocaba, Araçoiaba) como também porque tanto a vida quanto a passagem para o outro lado são uma viagem, e me conforta pensar que, de vez em quando, tanto nós quanto nossos amados gatinhos viajamos cruzando a fronteira entre os planos para matar a saudade. ❤️

Espero que o festerê por aí tenha tido a cara de vocês. A retrospectiva vai ficar para o ano que vem, quando todo mundo voltar à rotina de pagador de boletos, para compensar a trabalheira. :)