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13.11.20

Colar elisabetano: como diminuir o desconforto

Eu já odeio o Tarantino no cinema. E, na sexta-feira passada, tive o desprazer de acordar em um filme dele: sangue espirrado nas paredes, coágulos no edredom, a cara da Clara lavada de vermelho — fiz um vídeo de mãos trêmulas para o veterinário (eu, que desmaio na coleta do laboratório), mas pouparei vocês das imagens de terror.

É que nos últimos três meses, desde que escrevi aquele desabafo sobre a retalhinha, o carcinoma abriu um túnel na cabeça e a coceira piorou muito, tornando cada vez mais frequentes os ataques com as garras ao machucado, também mais sensível — e a massa que crescia sob a pálpebra ainda bloqueou completamente a visão do olho direito, para minha desolação.

Ela continua comendo feliz a alimentação natural na colherinha, ronronando quando ganha carinho, tomando sol no jardim, dando banho no Mercv (!). Mas, pelo jeito, não poderá mais ficar sem o colar elisabetano (o povo escreve "elizabetano", só que está errado). A gente ainda nem conseguiu estancar o sangramento completamente, na verdade.

E, depois de chorar no chuveiro e xingar o além, resolvi compartilhar algumas dicas aqui. Se você tem um gato que precisa desse tipo de contenção — vale para cachorro também, a menos que ele seja o Marley...


Escolha um modelo leve e transparente
Com menos peso e um maior campo de visão, ele se sentirá menos incomodado. O primeiro colar da Clara era trambolhudo e eu já usava sem a coleira — cortei todos os passadores, inclusive.



Aí, Leo encontrou este, que ainda abre e fecha mais fácil:



Teste adaptações
Como o problema dela é coçar o carcinoma com as patas de trás, encurtei a versão do pet shop, que continua impedindo o acesso à cabeça, mas ajuda na hora de comer e beber água. Só tome cuidado porque, com o colar mais curto, o animal talvez consiga se esfregar nos móveis.


No ano passado, a gente tentou criar também um modelo de EVA, filmado passo a passo para um tutorial no Youtube, em que a cara da retalhinha ficasse mais livre. E foi um sucesso! Por 15 minutos.


Ela logo descobriu como dobrá-lo ao contrário...


...e nos deparamos com esta cena — light em comparação à recente:


Capriche na limpeza
Gatos são as criaturas mais asseadas do universo — e têm um olfato muito mais desenvolvido do que o nosso. Imagine sobrar com um treco todo melecado colado no seu nariz! Um paninho com álcool quebra o galho, se você não puder sair de perto do animal — a gente bobeia e a desgraça acontece, né?

Mas aconselho comprar dois colares para lavar com calma o que não está em uso. O desespero da Clara com as secreções que vazam do machucado é tanto que ela me acorda de madrugada coçando o plástico freneticamente. E eu levanto toda vez para socorrer, claro.

Liberte com monitoramento
É esperto o suficiente para bloquear patas assassinas ou dentadas mortais? Então tire o colar de tempos em tempos para que o bichano consiga fazer sua própria higiene. Ou se encarregue de limpá-lo com um pano úmido — nada de perfume, hein? Escovação também pode!

Como bônus, seja paciente, encha seu amigo de carinho, ofereça comidas diferentes. Quando a gente está doente, o que mais quer é se distrair do mal-estar.

13 comentários:

Elisa disse...

Tadinha, olha a carinha dela!! Coceira é algo que não dá para aguentar mesmo. Não medicação para atenuar, nada?

Anônimo disse...

Isso me dá tanta tristeza...

wcris disse...

Tive experiências boas com disco de papelão duro em vez de cone. Pegava um prato de sobremesa como guia (depende do tamanho do gato, pode ser que necessite um disco maior ou menor), riscava o circulo no papelão, recortava. No centro desse disco fazia um circulo menor para o pescoço. Usava a borda ou um fundo de copo como guia. Este eu fazia sabendo que depois seria talvez aumentado. Recortava este pequeno círculo, e fazia um corte reto deste para a borda do disco. Com esse corte reto dava pra por o disco no pescoço do bichano. Ajustava o circulo menor se precisasse. Depois com fita crepe eu contornava este circulo interior para ficar mais confortável no pescoço. E com esta mesma fita eu colava o corte reto feito no disco. O gato ficava como se estivesse com um grande CD enfiado no pescoço. Era melhor para se alimentar e beber agua, para dormir, pra enxergar, pra tudo. Se eles conseguissem dobrar o papelão e alcançar o ferimento, eu fazia outro. Mas antes de dobrarem o papelão durava alguns dias bem firme.

Beatriz Levischi disse...

Ela está tomando, Elisa. Mas a coceira causada pelo carcinoma é cruel.

Adorei a dica do papelão, Cris! Para Clara não adianta porque ela não pode alcançar o ferimento de jeito nenhum. Foram cinco dias para estancar o sangramento. :\

Unknown disse...

Te entendo... Minha gatinha de 16 anos tbm tem um tumor de origem carcinoma na boca que está se espalhando pelo corpo 😥 e por isso vive com o colar conforto... Ela tem 3, mas não adianta, pq, vive tirando e coçando o rosto (e olha q ela nunca fica sozinha)e é sangue p tudo quanto é lado, e por isso está com anemia... Bom, agora estou pensando em comprar um transparente p testar. É como vc disse: Enquanto ela está usando um, os outros estão lavando... Infelizmente ela é mt idosa e não é possível uma cirurgia e nem quimioterapia, mas estamos dando qualidade de vida e as consultas são quase que semanais...Estamos há 16 anos juntinhas e seu nome é Mamãe ❤!

Beatriz Levischi disse...

Como está a Mamãe? Deu certo o colar transparente?

Clara perdeu a batalha no dia 3 de agosto. :\

https://blog.gatoca.com.br/2021/08/saudade.html

Renda Turca e Artesanatos disse...

😌minha gatinha está enfrentando esse problema, me identifiquei em todas as suas postagens. Vamos encaminhar para a oncologia de gatos😔😔e ver o que é possível fazer em relação a tratamentos.

Anônimo disse...

O colar transparente e mais fino( tipo plástico de pasta de elástico) tem sido excelente para meu gatinho. Ele fica confortável, enxerga em volta e as orelhonas ficam livres pá ele é mais aberto.

Anônimo disse...

Estou a procura de um cone transparente e com a circunferência bem aberta, me deparei com a história e doer me identifiquei. Resgatei um gatinho com uma ferida na temporada cheio de miase, depois de muitos gastos com cirurgia e nada de cicatrização e criou um couve flor levei em outro veterinário que fez o exame e deparei com esse inferno de doença. É muito triste ver um gato de certa forma saudável mas sofrendo aí mesmo tempo o ultimo procedimento foi eletroquimioterapia que foi muito bom e esta cicatrizando a ferids que era muiito grande. Fico desesperada com o coça coça me coloco no lugar dele. A luta é grande mas não posso deixá-lo. O Nhanhão é um gato branco de mais ou menos 10 anos. Gratidão por compartilhar a experiência pois quase não tem relatos dos tutores.

Anônimo disse...

Muito obrigado por compartilhar suas dicas e experiências, me deu muita tristeza por passo algo parecido com meu amiguinho James. Acho que ver que outras pessoas tbm tem esse tipo de problema e não cedem a tristeza me ajuda a continuar. Estimo a melhora da Clara e que vcs sejam muito felizes da pra perceber o amor que vcs tem para com ela, ela é uma gatinha de sorte. Um grande abraço.

Anônimo disse...

Resgatamos um gato siamês com esporatricose. Ele está tratando em casa ,mas o cone faz ele alcançar os membros inferiores como a causa a patinha traseira .. isso nos preocupa demais pela lambedura e mordidas que ele causa abrindo mais ferimentos..💔

Beatriz Levischi disse...

Desculpem o atraso na resposta! Foram meses complicados por aqui — oito idosos e quatro batalhas perdidas, depois de longos períodos de cuidados.

Espero que você tenha conseguido minimizar o desconforto da sua gatinha, Renda Turca!

E do James também! Clara morreu no dia 3 de agosto de 2021, mas teve uma vida boa até quase o finalzinho.

Como está o Nhanhão? A eletroquimioterapia valeu mesmo a pena?

Vocês testaram outros modelos de cone, tutores do siamês com esporo?

Anônimo disse...

Olá, minha gatinha começou a usar hj o colar, comprei de um plástico mais fino e cortei um pouco para melhorar a visão.... Eu tô tão traumatizada em vê -la desconfortável, ela fica tentando tirar o colar, é uma tortura , eu não sei se ela vai s acostumar