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4.7.19

O texto que nunca escrevi

"Lúcia Já-Vou-Indo" era o calmante da turma. Se a gente não ficasse quieto durante a parte chata da aula, nunca saberia a continuação da história. Foi com a leitura de fundo da tia Rita que ilustrei meu primeiro e último livro de elefante. Acontece que os desenhos se intimidavam conforme a escrita seguia ganhando pernas. E dentes.

Os diários todos da adolescência ainda tenho — não, não há neles uma única linha sobre o primeiro beijo, porque ele também se atrasou. Já os cadernos de redação morreram com minha mãe. Vieram, então, as matérias. Centenas, em tela, papel brilhoso, folha suja. E umas edições e revisões em lombada quadrada.

Das crônicas não lembro o parto. Parece que só foram mudando de formato — do caderno para o e-mail dos amigos, descansando neste blog.

Respiro, logo escrevo.

Mas nunca aprendi. Quer dizer, fui alfabetizada, obviamente. E até tenho um diploma de jornalismo, vocês sabem. Só que ninguém me ensinou a escrita das estantes. Quando abracei Marcelino Freire, ao final dos três dias de curso no Sesc, a reparação estava feita.

Rufem os bigodes!


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4 comentários:

Unknown disse...

Eu só não estudei o jornalismo. De resto... vc contando sou eu sempre escrevi, nunca me organizei para tentar publicar (ainda. Já já chego) Falta-me um Marcelino Freire, pelo visto. 😆
Ivalu

Beatriz Levischi disse...

Tem Sesc perto de você, Ivalu? Fique de olho na programação. Eles sempre convidam escritores fodas para palestras e cursos. E Marcelino também dá um curso online, pago.

Anônimo disse...

Nossa..."Lúcia já vou indo"está guardado junto com as lembranças boas da adolescência...aprendi a contação de histórias, no curso de magistério, com esse livro...tempo bom...Quando ainda tinha pai, mãe e irmãos todos juntos...

Beatriz Levischi disse...

Essa é a mágica da literatura! <3