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29.4.09

CCZ: notícias exclusivas sobre a manifestação!

Atualizado em 30 de abril de 2009

"Você não é a Bia Levischi? Menina, eu adoro suas crônicas! Acesso o blog várias vezes por dia, para ver se tem novidade. Seus bigodes são fantásticos!".

Enquanto a abordagem acima rolava do lado de fora do Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo, representantes das maiores ONGs da cidade discutiam o futuro dos animais confinados do lado de dentro, sem comida, sem assistência veterinária, sem chance de adoção. Jornalistas "coração de pudim" não puderam participar, mesmo com todo o fã-clube presente.

E como as informações divulgadas no G1, no Virgula, no blog da Barbara Gancia e no SP Record soavam desencontradas, preferi caçar alguém que tivesse cruzado o portão do Carandiru dos bichos, antes de escrever qualquer coisa. Renato, do Projeto Natureza em Forma (responsável pela doação de mais de 3 mil cães e gatos, no antigo casarão da Av. Paulista), ficou até o fim da reunião com Marco Antonio Vigilato, o diretor do "presídio", e topou dar essa entrevista exclusiva ao Gatoca:

Quem participou da conversa de ontem?

Vou te falar na ordem em que o pessoal foi se apresentando: Feliciano Filho (deputado do PV), Luiz Scalea (ex-Associação Protetora de Animais São Francisco de Assis - Apasfa), Roberto Tripoli (vereador do PV), Carlos Rosolen (Projeto Esperança Animal – PEA), Nina Rosa (Instituto Nina Rosa), Silvana Andrade (Agência de Notícias de Direitos Animais – Anda), Sônia Fonseca (Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e Sociedade Zoófila Educativa, representando a Elizabeth McGregor, da World Society for the Protection of Animals – WSPA), Barbara Gancia (Folha de S.Paulo e Band News), Julio César de Oliveira (vereador de Jundiaí), Luisa Mell ("De lugar nenhum, mas protetora de alma!"), Marco Antonio Vigilato (CCZ-SP), Regiane Souza (Coordenação de Vigilância em Saúde – Covisa), Rita Garcia (Programa de Proteção Animal da Covisa), Rogério Bráulio (CCZ-SP) e José Curti (Projeto CEL). Havia também um pessoal da Record, mas sem identificação.

E o que foi discutido nesse encontro?

Após as apresentações, cada um deveria explicar por que estava lá. Sônia começou, falando o que achava certo e errado no CCZ, e quis saber sobre o programa para a contenção da Leishmaniose. Nina Rosa insistiu na necessidade de segregação entre o controle das zoonoses e o trato de cães e gatos, por meio da construção de um novo prédio, com outros funcionários, triados pelo fato de gostarem de animais. Como as explanações demoraram muito, Luiz acabou encerrando a rodada de reivindicações.

Ele contou que esteve no CCZ dois meses antes da comissão de vereadores denunciar aquele cachorro comido pela bicheira e deu de cara com outro animal apodrecendo. Os funcionários disseram que o bicho havia acabado de chegar, mas as fichas acusavam uma estadia de sete meses, sem qualquer atendimento veterinário. Indignado, Luiz chamou a polícia e fizeram um boletim de ocorrência. O B.O. provava a divergência entre os números de resgates e eutanásias costumeiramente informados pelo órgão à imprensa.

"Por esse episódio, você não tem uma segunda chance!", ele disparou. Vigilato permaneceu de cabeça baixa o tempo inteiro, mexendo em seu BlackBerry. Tripoli cobrou datas (de feiras de adoção e de abertura das castrações para as ONGs) e finalmente passou a palavra ao diretor, que avisou que comentaria tópico por tópico, partindo da Leishmaniose. Quinze minutos depois, porém, Tripoli e Feliciano cochicharam, o segundo levantou, tomou-lhe o microfone e anunciou para a câmera da Record que, como estavam sendo enrolados, eles mesmos montariam um cronograma para o CCZ.

Todo mundo saiu da sala. Eu fiquei, com o Luiz e a Barbara, porque tinha propostas a fazer. Quando Silvana terminou de sabatinar Vigilato, apresentei-me e ofereci apoio voluntário para as feiras de adoção e os mutirões de castração. Mão de obra e inteligência, sem agressão. Ele respondeu que havia 200 animais lá dentro para doar, se eu quisesse entrar, e me mandou conversar com a Rita. Fui andando atrás dele, mas o advogado reforçou que a pessoa responsável era a Rita.

Questionei, então, se ela possuía autonomia para aprovar os projetos que a gente propusesse, porque se estivesse lá para barrar, eu não a conhecia e não teria pudores de ir para cima. Voltei para a sala com cara de bosta, acompanhando o advogado. Luisa Mell reclamava que a reunião fora marcada por ela para as ONGs e não para os parlamentares. Pelo menos os funcionários do CCZ pareciam preocupados. Como só enxergavam o portão abarrotado de gente e os gritos ecoavam absurdamente, deviam pensar que umas 15 mil pessoas estavam prestes a invadir o pátio e acabar com tudo.

Quais são os próximos passos?

Parece que uma nova manifestação ocorrerá, dessa vez em frente à prefeitura, para exigir que Gilberto Kassab tome uma atitude.

Fachada do CCZ que virou velório


Faixas para todos os gostos




Abraço pelos animais


Galera impedindo a passagem dos carros, na Av. Santa Eulália


Roberto Tripoli (vereador do PV) anunciando as ONGs que participariam da reunião com o Vigilato


Luisa Mell (ex-Late Show) conversando com Feliciano Filho (deputado estadual do PV)


Fábio Paiva (Holocausto Animal) e George Guimarães (Veddas)


Nina Rosa (Instituto Nina Rosa)


Simone (Pinxi), Virgínia Lee (irmã da Rita) e Dani Xavier (voluntária do AUG)


Gabriela Toledo (PEA)


Fabiana Pino (Mopi) e Fowler (Focinhos Gelados)


Cynthia, Dani Xavier, eu e Ju Bussab (AUG)


Organizadores do evento: Lilian Rockenbach (ex-Apasfa), Carlos Rosolen (PEA) e Ângela Caruso (Quintal de São Francisco)

28.4.09

Propaganda é a alma do negócio

Quatro amigas-jornalistas-amantes-de-animais toparam divulgar a manifestação que ocorrerá amanhã, em frente ao CCZ! Lucia Freitas é figurinha carimbada na blogosfera, Mônica Nunes coordena o Planeta Sustentável, da Editora Abril, Cristiane Senna escreve para a Marie Claire, da Globo, e Carolina Costa edita a AnaMaria, o Guindaste e o Retribua, além de colaborar para a Rede Ecoblogs. Obrigada pela ajuda, meninas! :)

Obs.: Nos links estão os respectivos posts.

26.4.09

Caverna de bigodes

Reparem no sofá da sul-africana que deixou o emprego de 22 anos para realizar o sonho de morar com nove guepardos, três leopardos, um leão, uma onça-pintada e dois lobos (foto 5). Agora, vejam o sofá de Gatoca e me dêem um bom motivo para não despachar os bigodes para o Azerbaijão:

22.4.09

Hora do show, Energia!

Depois que a Record denunciou as barbáries que acontecem no Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo (parte 1, 2, 3 e 4), o apelo dos protetores por mudanças ganhou novo fôlego. Dia 29, às 13h, haverá uma super manifestação em frente ao CCZ, localizado na rua Santa Eulália, 86, próximo à estação Carandiru do metrô.

Várias organizações de referência estarão presentes: Instituto Nina Rosa, Adote um Gatinho, Projeto Esperança Animal, Veddas, Clube das Pulgas, Projeto dos Grandes Primatas, Aliança Internacional do Animal, Quintal de São Francisco, Movimento dos Protetores Independentes. E esta jornalista "coração de pudim" também.

Vamos dar um basta às mortes e ao confinamento de vidas saudáveis, sem comida, sem assistência veterinária, sem chance de adoção. A história do cartaz abaixo, infelizmente, se perde entre muitas outras. Divulguem, participem, arrastem os amigos, procurem uma louca usando camiseta de bigode em meio à multidão. ;)

Para ampliar, cliquem na imagem

21.4.09

Lá se vai minha obra de arte...

- Sabe o que seria perfeito para o Hórus, Mari?
- O quê?
- Um adotante que trabalhasse em casa, como eu. Assim, ele teria companhia em tempo integral e estranharia menos a mudança.
- Você não quer mais nada, né?

O problema é que o pequeno acabou instalado aqui no escritório (onde eu passo a maior parte do dia), por causa dos vômitos pós-castração, e criou uma falsa idéia de exclusividade. Como abrigar dois Mercvrivs sob o mesmo teto, se ninguém topar adotá-lo? Eis que, na tarde seguinte, eu recebo este e-mail de arrepiar até os fios de cabelo que já haviam caído da cabeça:

Olá, Beatriz!
Tudo bem? Eu moro em um prédio, no Alto de Pinheiros, em São Paulo. Comecei a trabalhar em casa recentemente e gostaria muito de uma companhia. Você sabe qual é a idade do Hórus?
[]s
Paulo


Bem que dizem que a gente deve tomar cuidado com o que pede! Respondi a mensagem do Paulo e fiquei ainda mais surpresa de constatar, ao longo do vai-e-vem de bits, que não precisaria convencê-lo sobre a importância das telas de segurança. Combinamos a entrega para depois da instalação, que demorou umas duas semanas, por culpa das mancadas da empresa.

No último sábado, a caminho do Alto de Pinheiros, metade de mim vibrava de felicidade, enquanto a outra metade planejava pegar o retorno na Marginal e esconder o doce de batata doce na gaveta das meias. E se ele se sentisse novamente abandonado? Acho que esse receio é que faz o coração de quem doa dividir o espaço com as lascas de madeira no depósito dos apontadores.

Cintia, a namorada, atendeu a campainha ostentando um sorriso de dar a volta na nuca, que não diminuiu com as proporções de javali do filhote (ufa!). Hórus saiu da caixa de transporte receoso, cheirou o sofá e sumiu de vista. Soube que a busca do casal por um peludo já durava meses e o tigrinho só ganhou a concorrência pelo nome. A engenheira de software adora mitologia egípcia e pretende tatuar o olho do deus celeste em breve.

No pet shop, enfiaram-lhe uma cama gigante de oncinha, areia de sílica, shampoo para banho a seco, brinquedinhos variados. O mal agradecido retribuiu a enxurrada de presentes se espremendo no fundo oco do rack da TV, esconderijo que nós só descobrimos após revirar o apartamento inteiro (incluindo a lixeira do banheiro e os eletrodomésticos da lavanderia).


Tirei meia dúzia de fotos da família recém-formada, despedi-me do companheiro de labuta e corri para alcançar o carro antes da primeira lágrima.


Hórus faz uma falta danada. O escritório ficou morbidamente silencioso sem os gritinhos empolgados quando a gente chega da rua ou quando o saco de ração dá sinais de vida na sala.


As cordinhas de pijama permanecem inertes, o rolo de papel higiênico inteiro, os ímãs no mural. Ninguém se joga no chão assim que a porta se abre, oferecendo o barrigão para um cafuné.


Nem seu rostinho desponta mais na janela da cozinha, enciumado pela presença de algum intruso no meu colo, durante o café da manhã.


Eu podia, sim, cuidar de mais um bigode. Mas Hórus não é mais um.



Epopéia do Hórus na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: Caçador de cabelo
:: Doce de batata doce
:: Festa do papel higiênico
:: Era uma vez um dente de leite...
:: Cera de ouvido para o jantar
:: Zé do Caixote

20.4.09

Doação: exercício de desapego

Piores momentos:

* Fazer a malinha da partida.
* Despedir-se do peludo na casa do adotante.
* Não encontrá-lo de volta na sua casa.

Melhores momentos:

* Confirmar que ele realmente ganhará atenção exclusiva ou um espaço maior para brincar.
* Ver o sorriso estampado na cara da nova família.
* Receber notícias com fotos irreconhecíveis.

É por isso que a razão vive brigando com o coração. E a gente toca a campainha, em vez de sair correndo.

P.S.: Notícias do Hórus em breve. :)

17.4.09

Sorte no jogo, azar dos outros

- Jubão, olha só que legal: http://catsnecropolis.blogspot.com/2009/04/e-o-relogio-vai-para.html.
- Você levou os R$ 600 mil?!??!?!?!??!?!?!??!?!

Na verdade, não. Mas a felicidade foi a mesma, porque eu não ganho nem colher de pau em bingo de igreja. O relógio chegou hoje, tão bem embalado, que rendeu vários presentes para os bigodes:

Caixa de papelão tamanho família
(contanto que a família se antecipe à Chocolate)


Caixa de pizza para felinos solteiros descolados


Papel pardo, em caso de crise


Tocar um projeto de castração de colônia, como o dos gatos do cemitério de Santos, exige muita coragem e um travesseiro à prova de lágrimas. Se eu soubesse do sorteio, nem teria deixado a Patrícia gastar dinheiro com o Sedex. O relógio espera em Gatoca por uma nova rifa, para que os mausoléus da baixada abriguem flores, em vez de ninhadas.

14.4.09

Fortaleza de papel crepom

Tirando o olho azul e o rabo quebrado, Chocolate se parece muito comigo. Viajou até Utinga sem soltar um miadinho, tomou vacina sem piscar, voltou para a caixa de transporte com toda a classe do mundo. Em casa, se encolheu num canto (daqueles bem isolados) e passou o resto do dia colando os caquinhos.

10.4.09

Aniversariante do mês – abril de 2009

Há três anos, eu tinha certeza que não conseguiria cuidar do Mercvrivs e de um vaso de planta. Há três anos, Clara Luz* faz nosso coração bater mais forte em Gatoca. Para comemorar a adoção que deu início à superpopulação de bigodes, comprei sachês de atum e salmão, dois saquinhos de catnip e essa coisa penosa e barulhenta de pendurar na parede.


Claro que a geniosa preferiu passar a tarde abraçada com o meu chinelo sujo.

*Novelinha: conheça a história da Clara

7.4.09

Hay que endurecer, pero sin perder la ternura

Eu não pretendia contar esse causo, porque sei que os leitores do Gatoca preferem protagonistas de bigode. Mas como a Débora perguntou nos comentários, aí vai:

Quinta-feira retrasada, a caminho da academia, eu quase fui atropelada por um cachorro desgovernado. A maioria das pessoas juraria que o filhotão Duracell fugira de casa. Essa jornalista calejada pensou logo em abandono – com direito à gravatinha amarela, para que o primeiro coração de pudim do bairro se sentisse obrigado a resgatá-lo.

Botei o peso-pesado no colo e saí tocando as campainhas da rua. Todo mundo se sensibilizava com a história, mas ninguém podia ajudar. Suspeito que os arquitetos modernos andam cometendo a gafe de projetar mansões sem banheiros. Passei também em vários pet shops e veterinários (esses, por incrível que pareça, só faltavam torcer o nariz).

Na última tentativa, a moça da recepção confirmou que o focinho havia tomado banho lá, bem no dia anterior. Ligaram para a responsável, só que ela que estava ocupada demais para atender o telefone. Vinte minutos depois, enquanto eu encarava o rostinho machucado do pequeno, já pensando em desistir da busca, a fulana retornou.

Fiz questão de entregá-lo pessoalmente, graças à carona de uma cliente da clínica, para avaliar as chances de nova desova, em local ainda mais distante. Eis que Obama havia mesmo escapado. E fora recebido com festa, por uns seis indivíduos diferentes. Eu perdi a musculação (e a fisioterapia*), mas minha esperança na humanidade ganhou duas colheres de açúcar àquela tarde.

*Joelho direito e esquerdo resolveram tirar férias juntos, por tempo indeterminado, após quatro anos de dedicação exclusiva ao flamenco. :\

3.4.09

Nojento, tchan!

Passada a fase "caçador de cabelo", Hórus descobriu que gosta de lamber cera de ouvido. Dos outros, claro.

2.4.09

Bigodes x raízes: 5 dias sem acidentes

Pode alguém que cuida de dez gatos e vários peludos temporários (incluindo um Marley!) ser um serial killer de flores? Carol Costa, dona de 86 vasos e do Estáquio, uma planta carnívora que ainda não decidiu se pertence ao reino animal ou vegetal, acha que não. E para provar sua tese, deu-me de presente esta orquídea pomposa, junto com meia dúzia de dicas de como mantê-la viva, até mesmo numa casa recheada de bigodes. Durante o level basic, porém, preferi isolar a coitada na cozinha, onde o acesso dos vândalos é monitorado. E lá permanece a pobre mártir desde sábado. Façam suas apostas!

31.3.09

Diga-me com quem andas...

Depois de quase 30 anos de escola particular, ovo de Páscoa da Kopenhagen e dentes sem cárie, eu fui parar no mailing de supostos ecoterroristas. Mamãe deve ter dado cambalhotas no túmulo de orgulho! Para quem não sabe, ontem à tarde, jornalistas e ativistas receberam uma carta assinada pela Frente de Libertação Animal, assumindo a autoria do incêndio na fábrica da Perdigão, em Goiás. Verdade ou mentira, justo o endereço de e-mail que eu nunca divulgo estava entre eles. Caro Lobo Mau, se você acompanha esse blog, não mate a Chapeuzinho de curiosidade.

29.3.09

Quem espera sempre alcança

Devotas à mãe felina, as Gudinhas raramente se misturam com seres humanos. Pimenta até que se comporta de forma menos selvagem, mas o fato da Pufosa ser justo a gata mais peluda e macia da casa me obrigava a acreditar num Deus irônico. Eis que, 676 dias depois do nascimento, a misantropa se deixou acariciar. Por três minutos inteirinhos. E ainda ronronou!