"Você não é a Bia Levischi? Menina, eu adoro suas crônicas! Acesso o blog várias vezes por dia, para ver se tem novidade. Seus bigodes são fantásticos!".
Enquanto a abordagem acima rolava do lado de fora do Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo, representantes das maiores ONGs da cidade discutiam o futuro dos animais confinados do lado de dentro, sem comida, sem assistência veterinária, sem chance de adoção. Jornalistas "coração de pudim" não puderam participar, mesmo com todo o fã-clube presente.
E como as informações divulgadas no G1, no Virgula, no blog da Barbara Gancia e no SP Record soavam desencontradas, preferi caçar alguém que tivesse cruzado o portão do Carandiru dos bichos, antes de escrever qualquer coisa. Renato, do Projeto Natureza em Forma (responsável pela doação de mais de 3 mil cães e gatos, no antigo casarão da Av. Paulista), ficou até o fim da reunião com Marco Antonio Vigilato, o diretor do "presídio", e topou dar essa entrevista exclusiva ao Gatoca:
Quem participou da conversa de ontem?
Vou te falar na ordem em que o pessoal foi se apresentando: Feliciano Filho (deputado do PV), Luiz Scalea (ex-Associação Protetora de Animais São Francisco de Assis - Apasfa), Roberto Tripoli (vereador do PV), Carlos Rosolen (Projeto Esperança Animal – PEA), Nina Rosa (Instituto Nina Rosa), Silvana Andrade (Agência de Notícias de Direitos Animais – Anda), Sônia Fonseca (Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e Sociedade Zoófila Educativa, representando a Elizabeth McGregor, da World Society for the Protection of Animals – WSPA), Barbara Gancia (Folha de S.Paulo e Band News), Julio César de Oliveira (vereador de Jundiaí), Luisa Mell ("De lugar nenhum, mas protetora de alma!"), Marco Antonio Vigilato (CCZ-SP), Regiane Souza (Coordenação de Vigilância em Saúde – Covisa), Rita Garcia (Programa de Proteção Animal da Covisa), Rogério Bráulio (CCZ-SP) e José Curti (Projeto CEL). Havia também um pessoal da Record, mas sem identificação.
E o que foi discutido nesse encontro?
Após as apresentações, cada um deveria explicar por que estava lá. Sônia começou, falando o que achava certo e errado no CCZ, e quis saber sobre o programa para a contenção da Leishmaniose. Nina Rosa insistiu na necessidade de segregação entre o controle das zoonoses e o trato de cães e gatos, por meio da construção de um novo prédio, com outros funcionários, triados pelo fato de gostarem de animais. Como as explanações demoraram muito, Luiz acabou encerrando a rodada de reivindicações.
Ele contou que esteve no CCZ dois meses antes da comissão de vereadores denunciar aquele cachorro comido pela bicheira e deu de cara com outro animal apodrecendo. Os funcionários disseram que o bicho havia acabado de chegar, mas as fichas acusavam uma estadia de sete meses, sem qualquer atendimento veterinário. Indignado, Luiz chamou a polícia e fizeram um boletim de ocorrência. O B.O. provava a divergência entre os números de resgates e eutanásias costumeiramente informados pelo órgão à imprensa.
"Por esse episódio, você não tem uma segunda chance!", ele disparou. Vigilato permaneceu de cabeça baixa o tempo inteiro, mexendo em seu BlackBerry. Tripoli cobrou datas (de feiras de adoção e de abertura das castrações para as ONGs) e finalmente passou a palavra ao diretor, que avisou que comentaria tópico por tópico, partindo da Leishmaniose. Quinze minutos depois, porém, Tripoli e Feliciano cochicharam, o segundo levantou, tomou-lhe o microfone e anunciou para a câmera da Record que, como estavam sendo enrolados, eles mesmos montariam um cronograma para o CCZ.
Todo mundo saiu da sala. Eu fiquei, com o Luiz e a Barbara, porque tinha propostas a fazer. Quando Silvana terminou de sabatinar Vigilato, apresentei-me e ofereci apoio voluntário para as feiras de adoção e os mutirões de castração. Mão de obra e inteligência, sem agressão. Ele respondeu que havia 200 animais lá dentro para doar, se eu quisesse entrar, e me mandou conversar com a Rita. Fui andando atrás dele, mas o advogado reforçou que a pessoa responsável era a Rita.
Questionei, então, se ela possuía autonomia para aprovar os projetos que a gente propusesse, porque se estivesse lá para barrar, eu não a conhecia e não teria pudores de ir para cima. Voltei para a sala com cara de bosta, acompanhando o advogado. Luisa Mell reclamava que a reunião fora marcada por ela para as ONGs e não para os parlamentares. Pelo menos os funcionários do CCZ pareciam preocupados. Como só enxergavam o portão abarrotado de gente e os gritos ecoavam absurdamente, deviam pensar que umas 15 mil pessoas estavam prestes a invadir o pátio e acabar com tudo.
Quais são os próximos passos?
Parece que uma nova manifestação ocorrerá, dessa vez em frente à prefeitura, para exigir que Gilberto Kassab tome uma atitude.
Fachada do CCZ que virou velório
Faixas para todos os gostos
Abraço pelos animais
Galera impedindo a passagem dos carros, na Av. Santa Eulália
Roberto Tripoli (vereador do PV) anunciando as ONGs que participariam da reunião com o Vigilato
Luisa Mell (ex-Late Show) conversando com Feliciano Filho (deputado estadual do PV)
Fábio Paiva (Holocausto Animal) e George Guimarães (Veddas)
Nina Rosa (Instituto Nina Rosa)
Simone (Pinxi), Virgínia Lee (irmã da Rita) e Dani Xavier (voluntária do AUG)
Gabriela Toledo (PEA)
Fabiana Pino (Mopi) e Fowler (Focinhos Gelados)
Cynthia, Dani Xavier, eu e Ju Bussab (AUG)
Organizadores do evento: Lilian Rockenbach (ex-Apasfa), Carlos Rosolen (PEA) e Ângela Caruso (Quintal de São Francisco)