O ataque que Keka sofreu em agosto foi tão traumatizante que nem ela nem eu recuperamos o peso perdido. E como o intruso entrou no gatil, sem telhado porque o alambrado alto já dá conta da nossa gangue idosa, a pequena nunca mais conseguiu relaxar nos passeios — espia da sala se a barra está limpa, faz xixi no gramado e volta correndo, rosna para qualquer coisa que se aproxime durante o percurso, incluindo as irmãs.
E o cara de pau segue rondando! No dia da faxina, ignorou dois humanos descabelados e um aspirador de pó para espiar, com o focinho praticamente grudado na porta de vidro, o que tinha de interessante dentro de casa — por causa justamente dos humanos descabelados e do aspirador de pó, as gatas estavam fora do campo de visão.
Ao contrário dos serial killers clássicos, porém, que levam troféus de suas vítimas, o frajola mascarado nos presenteia, a cada visita, com o ambicioso projeto de marcar 1 mil m² de terreno, passando desaforadamente pelos pneus do meu carro, o portãozinho da entrada, as lavandas do Leo, o castelinho da caixa d’água.
E quem resiste a esta carinha?
24.10.23
Um 'plot twist' chamado Mercvrivs
Há 18 anos, eu não gostava de gato — nem de cachorro, nem de planta, nem de nada que demandasse mais dor de cabeça do que já tinha. Recusei a sugestão do então namorado de adotar um dos filhotes acolhidos pela avó, na intenção de tornar um luto mais leve, mas Mercv, como bom mentor, esperou pacientemente pelo almoço de domingo que mudaria tudo.
Na travessia para casa, 39 dias depois, não fazia ideia de que aquela criaturinha, prestes a quebrar na próxima lombada, colocaria em teste todo um jeito de ver e estar no mundo, trazendo novos relacionamentos, trabalhos, um projeto de vida. Quase duas décadas e, mesmo assim, não estava preparada para me despedir.
Na nossa jornada do herói, ainda não alcancei a ressurreição. Mas você ia ficar orgulhoso de saber que tomei coragem de trocar o computador comprado há 12 anos, já usado, do irmão. Eu, que detesto mudanças! Ok, não me restou muita escolha porque a placa-mãe queimou na transferência para o gabinete novo, com filtros, justamente para evitar que o acúmulo de pelos queimasse a placa-mãe.
Só que podia ter me limitado a praguejar e gastei apenas uma semana — primeiro com a assistência técnica, que demorou três dias para constatar que não haveria conserto, depois com a descoberta de que as memórias e o processador antigos não funcionariam na placa-mãe moderna e, finalmente, com o marketplace que não aceitava nosso CEP genérico de cidade pequena no cadastro.
Escrevo este post em um notebook improvisado, sem editor de imagem, mas nos próximos talvez me anime até a arriscar uns vídeos. Já pensou virar TikToker? Acho que nem toda a suspensão de descrença daria conta. rs
Despedida
:: Saudade
:: Cicatriz
:: Luto seco: um luto estranho
:: Ainda não acredito
:: Primeiro aniversário sem Mercv
:: Colo vazio
:: Ele veio me visitar!
:: Um ano sem Mercv
Na travessia para casa, 39 dias depois, não fazia ideia de que aquela criaturinha, prestes a quebrar na próxima lombada, colocaria em teste todo um jeito de ver e estar no mundo, trazendo novos relacionamentos, trabalhos, um projeto de vida. Quase duas décadas e, mesmo assim, não estava preparada para me despedir.
Na nossa jornada do herói, ainda não alcancei a ressurreição. Mas você ia ficar orgulhoso de saber que tomei coragem de trocar o computador comprado há 12 anos, já usado, do irmão. Eu, que detesto mudanças! Ok, não me restou muita escolha porque a placa-mãe queimou na transferência para o gabinete novo, com filtros, justamente para evitar que o acúmulo de pelos queimasse a placa-mãe.
Só que podia ter me limitado a praguejar e gastei apenas uma semana — primeiro com a assistência técnica, que demorou três dias para constatar que não haveria conserto, depois com a descoberta de que as memórias e o processador antigos não funcionariam na placa-mãe moderna e, finalmente, com o marketplace que não aceitava nosso CEP genérico de cidade pequena no cadastro.
Escrevo este post em um notebook improvisado, sem editor de imagem, mas nos próximos talvez me anime até a arriscar uns vídeos. Já pensou virar TikToker? Acho que nem toda a suspensão de descrença daria conta. rs
Despedida
:: Saudade
:: Cicatriz
:: Luto seco: um luto estranho
:: Ainda não acredito
:: Primeiro aniversário sem Mercv
:: Colo vazio
:: Ele veio me visitar!
:: Um ano sem Mercv
20.10.23
Ração de insetos para gato e novidades gringas!
Salva-vida de libélulas interioranas e dona de uma geladeira que não vê carne há quase 17 anos, com um pequeno intervalo para o teste fracassado de alimentação natural caseira dos bigodes, eu não tinha ideia de como ilustrar o post em questão até trombar com esta foto da Chocolate no arquivo.
Sim, ainda uso um caderno de papel para preparar pratos especiais, que nem veganos são (vou fazendo as substituições de cabeça), porque ganhei quando minha mãe morreu, para ajudar na estreia forçada na cozinha. Junto com as receitas da Rose e a letrinha da Lelê, família que escolhi para a vida, incluí um lendário passo a passo de arroz, duas décadas atrás!
Este texto, porém, fala de futuro (ainda que de gosto duvidoso): sabiam que na Europa já se vende ração para gato à base de insetos? O veterinário Carlos Gutierrez explica as vantagens e desvantagens, comparando com a dieta Barf (crua), outra novidade na gringa, e a alimentação natural, que a gente conhece mais por aqui.
Pode parecer bizarro, mas inseto é uma das presas dos bichanos selvagens, representando 6% do cardápio diário — por isso chamam de alimento instintivo. E, para satisfazer as necessidades calóricas, eles precisam comer menos grilos e baratas do que frango. Eu arriscaria? Não sei e não tenho de pensar sobre isso agora porque nem vende no Brasil. 😂
Comecemos pelas vantagens, então: de acordo com os estudos linkados na descrição do vídeo do vet espanhol, as rações feitas de insetos têm alta digestibilidade e valor nutricional (ricas em proteínas, energia e, dependendo da criatura asquerosa, gordura), além de grande quantidade de fibras, no caso das carapaças.
Elas também provocam menos impacto ambiental, já que sua produção demanda menos recursos naturais e emite menos gases do efeito estufa. Só que a composição varia de acordo com a fase de desenvolvimento do inseto (larvas, por exemplo, são bem mais nutritivas), precisa balancear os aminoácidos, faltam estudos para avaliar possíveis riscos causados pelos agrotóxicos e nem todo gato curte.
A Barf, abreviação em inglês para "comida crua biologicamente apropriada", é bem mais palatável, hidratada e igualmente de fácil digestão — dizem que o cocô fica até mais compacto. Por outro lado, às vezes deixa a desejar na formulação, custa mais caro, dura menos e não só o peludo como os humanos estão sujeitos a contrair bactérias que não morrem no congelamento, como a salmonella.
Esse problema se resolve com a alimentação natural comercial, adequadamente balanceada e tão gostosa, hidratada e eficiente na compactação de cocô quanto, embora também estrague rápido e pese no bolso. Eu provavelmente continuaria optando por ela, mas adoraria uma versão feita em laboratório, sem sofrimento animal.
Sim, ainda uso um caderno de papel para preparar pratos especiais, que nem veganos são (vou fazendo as substituições de cabeça), porque ganhei quando minha mãe morreu, para ajudar na estreia forçada na cozinha. Junto com as receitas da Rose e a letrinha da Lelê, família que escolhi para a vida, incluí um lendário passo a passo de arroz, duas décadas atrás!
Este texto, porém, fala de futuro (ainda que de gosto duvidoso): sabiam que na Europa já se vende ração para gato à base de insetos? O veterinário Carlos Gutierrez explica as vantagens e desvantagens, comparando com a dieta Barf (crua), outra novidade na gringa, e a alimentação natural, que a gente conhece mais por aqui.
Pode parecer bizarro, mas inseto é uma das presas dos bichanos selvagens, representando 6% do cardápio diário — por isso chamam de alimento instintivo. E, para satisfazer as necessidades calóricas, eles precisam comer menos grilos e baratas do que frango. Eu arriscaria? Não sei e não tenho de pensar sobre isso agora porque nem vende no Brasil. 😂
Comecemos pelas vantagens, então: de acordo com os estudos linkados na descrição do vídeo do vet espanhol, as rações feitas de insetos têm alta digestibilidade e valor nutricional (ricas em proteínas, energia e, dependendo da criatura asquerosa, gordura), além de grande quantidade de fibras, no caso das carapaças.
Elas também provocam menos impacto ambiental, já que sua produção demanda menos recursos naturais e emite menos gases do efeito estufa. Só que a composição varia de acordo com a fase de desenvolvimento do inseto (larvas, por exemplo, são bem mais nutritivas), precisa balancear os aminoácidos, faltam estudos para avaliar possíveis riscos causados pelos agrotóxicos e nem todo gato curte.
A Barf, abreviação em inglês para "comida crua biologicamente apropriada", é bem mais palatável, hidratada e igualmente de fácil digestão — dizem que o cocô fica até mais compacto. Por outro lado, às vezes deixa a desejar na formulação, custa mais caro, dura menos e não só o peludo como os humanos estão sujeitos a contrair bactérias que não morrem no congelamento, como a salmonella.
Esse problema se resolve com a alimentação natural comercial, adequadamente balanceada e tão gostosa, hidratada e eficiente na compactação de cocô quanto, embora também estrague rápido e pese no bolso. Eu provavelmente continuaria optando por ela, mas adoraria uma versão feita em laboratório, sem sofrimento animal.
13.10.23
Qual é o arquétipo do seu gato? | EG #23
Vocês já sabem que a gatitude permite que os bichanos fiquem à vontade no próprio corpo, sintam-se donos de seu território e transformem o espaço ao redor em lar, né? Mas, para chegar lá, precisamos identificar primeiro em que estágio eles estão. Jackson Galaxy propõe três arquétipos em O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série: mojito, napoleão e invisível.
Mojito
É aquele que vai encontrar a visita no centro da sala, de rabo erguido, peito estufado, orelhas prontas para explorar (mas sem girar para todo o lado, como se tentasse captar pistas do invasor) e olhos focados à frente, cumprimentando, em vez de verificar os arredores em busca de rotas de fuga.
Se fosse humano, ofereceria mojitos. Como nasceu gato, porém, se põe a andar entre as pernas do visitante e esfrega testa e bochechas quando ele estica os dedos, marcando-o com seu cheirinho. Ao entrarem na sala de estar, sobe no andar mais alto do arranhador, mostrando orgulho de suas posses. Na cozinha, come sem preocupação com a conversa que rola próxima.
Se a pessoa sentar em qualquer lugar, deita e cochila ao lado ou até no colo, um farol de confiança, sem nada a provar. Ama tanto seu ambiente que quer partilhá-lo.
Napoleão
Embora o complexo de Napoleão não apareça na Classificação Internacional de Doenças, da Organização Mundial da Saúde (OMS), a expressão é usada para descrever indivíduos com complexo de inferioridade, que tendem a supercompensar suas limitações e massacrar os outros para se reafirmar — comportamento que também se aplica aos felinos com a pior falta de gatitude.
Um gato napoleão, portanto, receberá visitas com as orelhas para frente, olhos fixos e talvez uma postura baixa, quase agressiva. Se pudesse, cruzaria os braços bem na porta ou no meio do caminho — nada de mojitos! Primeiro, se questiona sobre quem é a criatura, depois pensa o que ela veio roubar. Fica paranoico com a possibilidade de expulsão e exagera para evitar.
Emboscará humanos e animais quando menos esperarem, mesmo que demonstrem abrir mão da posição de líder. Faz questão de demarcar seu território com urina. Por outro lado, recebe pouco amor e empatia, o que só agrava a insegurança. Pode não parecer, mas napoleões precisam muito de proteção.
Invisível
Como o nome dá a pista, ele desaparece quando a campainha toca. É o gato que mora dentro do armário, embaixo da cama ou no alto da geladeira, esperando que você não note quando passar sorrateiramente. Acredita que não domina seu território, usa apreensível a caixinha de areia e sai correndo com o rabo entre as pernas.
Em casas com mais de um bichano, vira o pária, mesmo evitando confronto a todo custo e agindo de forma exageradamente assustada e tímida. Chega a fazer xixi e cocô "na calça" para não sair do lugar seguro, independente de existir uma ameaça real. Também não tem gatitude, já que se esconder consiste em um comportamento reativo, não ativo.
O maior obstáculo na jornada de napoleões e invisíveis são nossas visões pré-concebidas sobre eles. Enquanto o primeiro fica com as broncas, terminando preso em um cômodo onde não agredirá ninguém, o segundo ganha nossa pena e reforços para se manter no bunker. E nenhuma das estratégias os ajuda a se tornarem sua melhor versão mojita.
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
Mojito
É aquele que vai encontrar a visita no centro da sala, de rabo erguido, peito estufado, orelhas prontas para explorar (mas sem girar para todo o lado, como se tentasse captar pistas do invasor) e olhos focados à frente, cumprimentando, em vez de verificar os arredores em busca de rotas de fuga.
Se fosse humano, ofereceria mojitos. Como nasceu gato, porém, se põe a andar entre as pernas do visitante e esfrega testa e bochechas quando ele estica os dedos, marcando-o com seu cheirinho. Ao entrarem na sala de estar, sobe no andar mais alto do arranhador, mostrando orgulho de suas posses. Na cozinha, come sem preocupação com a conversa que rola próxima.
Se a pessoa sentar em qualquer lugar, deita e cochila ao lado ou até no colo, um farol de confiança, sem nada a provar. Ama tanto seu ambiente que quer partilhá-lo.
Napoleão
Embora o complexo de Napoleão não apareça na Classificação Internacional de Doenças, da Organização Mundial da Saúde (OMS), a expressão é usada para descrever indivíduos com complexo de inferioridade, que tendem a supercompensar suas limitações e massacrar os outros para se reafirmar — comportamento que também se aplica aos felinos com a pior falta de gatitude.
Um gato napoleão, portanto, receberá visitas com as orelhas para frente, olhos fixos e talvez uma postura baixa, quase agressiva. Se pudesse, cruzaria os braços bem na porta ou no meio do caminho — nada de mojitos! Primeiro, se questiona sobre quem é a criatura, depois pensa o que ela veio roubar. Fica paranoico com a possibilidade de expulsão e exagera para evitar.
Emboscará humanos e animais quando menos esperarem, mesmo que demonstrem abrir mão da posição de líder. Faz questão de demarcar seu território com urina. Por outro lado, recebe pouco amor e empatia, o que só agrava a insegurança. Pode não parecer, mas napoleões precisam muito de proteção.
Invisível
Como o nome dá a pista, ele desaparece quando a campainha toca. É o gato que mora dentro do armário, embaixo da cama ou no alto da geladeira, esperando que você não note quando passar sorrateiramente. Acredita que não domina seu território, usa apreensível a caixinha de areia e sai correndo com o rabo entre as pernas.
Em casas com mais de um bichano, vira o pária, mesmo evitando confronto a todo custo e agindo de forma exageradamente assustada e tímida. Chega a fazer xixi e cocô "na calça" para não sair do lugar seguro, independente de existir uma ameaça real. Também não tem gatitude, já que se esconder consiste em um comportamento reativo, não ativo.
O maior obstáculo na jornada de napoleões e invisíveis são nossas visões pré-concebidas sobre eles. Enquanto o primeiro fica com as broncas, terminando preso em um cômodo onde não agredirá ninguém, o segundo ganha nossa pena e reforços para se manter no bunker. E nenhuma das estratégias os ajuda a se tornarem sua melhor versão mojita.
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
6.10.23
Como deixar o patê do gato lisinho (para seringa!)
Duas coisas me salvaram no primeiro semestre deste ano, enquanto cuidava de três gatas idosas que morriam ao mesmo tempo — e mais quatro renais, que ainda estão por aqui: as latinhas da Pet Delícia (tenho uma dívida de gratidão eterna com a Nathália Vieira!) e a descoberta do blender.
Pet Delícia é parceira do Gatoca há seis anos e meio. Acompanhou o fim de vida de cinco bigodes, garantindo que ninguém ficasse de barriga vazia quando a ração seca já não descia tão bem. E segue favorita no café da manhã da gangue, enquanto as mais variadas marcas de sachê perdem a graça sucessivamente. Comida com cara, cheiro e gosto de comida, sem corantes nem conservantes.
O blender, por sua vez, é um liquidificador que mistura, tritura e processa alimentos com alta potência e precisão, permitindo que o patê delas fique lisinho, sem entupir a seringa (dicas importantes no pé do post!). O multiprocessador herdado da irmã, com o copinho de grãos, também funcionava, mas cabia uma quantidade menor, o que me obrigava a bater e lavar tudo duas ou três vezes por dia — no frio, na chuva, numa casinha de sapê.
Escolhi, então, um modelo com dois copos, de 400 ml e 1 l, deixando o menor para as felinas, que já comporta a latinha inteira, e o maior para os sucos, molhos e sopas dos humanos. A potência seria de 1000 w, se não tivesse comprado por engano o modelo de 220 v — nada que não compense, porém, repetindo a batida. Só precisa tomar cuidado para não esquentar ou juntar pressão.
Com a facilidade, acabei substituindo as seringadas de água da turma, que não precisa de alimentação forçada, por seringadas de patê mais diluído, que, além de ajudar nos rins, revertem parte da perda de peso generalizada pela idade. Chocolate, a modelo da foto, logo completa 17 anos — resgatamos a pequena com uns 4 meses! E as gudinhas sobreviventes fizeram 16 em maio. ❤
Esta xicrinha lascada, aliás, tem história!
Outras infos importantes:
:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: Quando correr ao veterinário?
:: Dicas salvadoras (e vídeo) para dar remédio
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois
:: Pele flácida: velhice ou desidratação?
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: Em quanto tempo o soro faz efeito?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Como ensinar o bichano a amar ração úmida natural
:: Truque para quem não come ração úmida 'velha'
:: Ração em molho: nós testamos!
:: Alimentação de emergência para animal desidratado
:: Suco para gato debilitado que não aceita comida
:: Calculadora de ração felina, seca e úmida
:: Cuidado com alimentação forçada!
:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Gato vomitando: 4 dicas que ninguém dá
:: Diarreia em bichanos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?
Pet Delícia é parceira do Gatoca há seis anos e meio. Acompanhou o fim de vida de cinco bigodes, garantindo que ninguém ficasse de barriga vazia quando a ração seca já não descia tão bem. E segue favorita no café da manhã da gangue, enquanto as mais variadas marcas de sachê perdem a graça sucessivamente. Comida com cara, cheiro e gosto de comida, sem corantes nem conservantes.
O blender, por sua vez, é um liquidificador que mistura, tritura e processa alimentos com alta potência e precisão, permitindo que o patê delas fique lisinho, sem entupir a seringa (dicas importantes no pé do post!). O multiprocessador herdado da irmã, com o copinho de grãos, também funcionava, mas cabia uma quantidade menor, o que me obrigava a bater e lavar tudo duas ou três vezes por dia — no frio, na chuva, numa casinha de sapê.
Escolhi, então, um modelo com dois copos, de 400 ml e 1 l, deixando o menor para as felinas, que já comporta a latinha inteira, e o maior para os sucos, molhos e sopas dos humanos. A potência seria de 1000 w, se não tivesse comprado por engano o modelo de 220 v — nada que não compense, porém, repetindo a batida. Só precisa tomar cuidado para não esquentar ou juntar pressão.
Com a facilidade, acabei substituindo as seringadas de água da turma, que não precisa de alimentação forçada, por seringadas de patê mais diluído, que, além de ajudar nos rins, revertem parte da perda de peso generalizada pela idade. Chocolate, a modelo da foto, logo completa 17 anos — resgatamos a pequena com uns 4 meses! E as gudinhas sobreviventes fizeram 16 em maio. ❤
Esta xicrinha lascada, aliás, tem história!
Outras infos importantes:
:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
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:: Quando a alimentação natural não dá certo
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:: Gato vomitando: 4 dicas que ninguém dá
:: Diarreia em bichanos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?
4.10.23
Gata do tempo e o tempo do relógio
Abro este post com um arco-íris de Pimenta para contar que...
...trombei com esta imagem na internet e guardei para recriá-la com os bigodes em 4 de janeiro de 2017!
Nos quase sete anos que dividem planejamento de publicação, esmagaram-se duas mudanças de casa, três cidades (São Bernardo, Sorocaba e Araçoiaba), uma obra com pandemia e desgoverno, cinco gatos mortos (Clara, Mercv, Guda, Pipoca, Pufosa) — e outras intensidades que meu senso de autopreservação provavelmente enfiou nas samambaias.
Foi quando compartilharam esta ilustração no Instagram, mês passado, que decidi tirar do papel o que sem querer acabou virando um projeto de longo prazo.
E não poderia escolher melhor modelo do que nossa performer de soneca.
Está liberado imprimir e colar na geladeira! 😂
...trombei com esta imagem na internet e guardei para recriá-la com os bigodes em 4 de janeiro de 2017!
Nos quase sete anos que dividem planejamento de publicação, esmagaram-se duas mudanças de casa, três cidades (São Bernardo, Sorocaba e Araçoiaba), uma obra com pandemia e desgoverno, cinco gatos mortos (Clara, Mercv, Guda, Pipoca, Pufosa) — e outras intensidades que meu senso de autopreservação provavelmente enfiou nas samambaias.
Foi quando compartilharam esta ilustração no Instagram, mês passado, que decidi tirar do papel o que sem querer acabou virando um projeto de longo prazo.
E não poderia escolher melhor modelo do que nossa performer de soneca.
GATA DO TEMPO
Chuvoso
Encoberto
Nublado
Parcialmente nublado
Ensolarado
Aquecimento global
Chuvoso
Encoberto
Nublado
Parcialmente nublado
Ensolarado
Aquecimento global
Está liberado imprimir e colar na geladeira! 😂
Categorias:
Gatoca,
Pimenta,
Vale a pena ler de novo
29.9.23
Cuidados que podem salvar seu gato no calor!
Neste fim de inverno, quando os termômetros de Araçoiaba alcançaram bizarramente 39ºC, peguei Chocolate hiperventilando dentro da caixa trambolhuda que havia deixado no jardim, para liberar a passagem (casa de 60 m2!). E achei importante compartilhar as dicas do veterinário espanhol Carlos Gutierrez — gatos são realmente sem-noção e quem deve ficar alerta somos nós.
Entre os primeiros sinais de calor estão:
- Trocar a cama ou o cobertor pelo chão, esparramando-se no piso frio.
- Passar a comer menos, porque a digestão também aquece o corpo.
- Respirar mais rápido para ajudar a baixar a temperatura.
- Dormir mais para gastar menos calorias.
Já o golpe de calor (ou hipertermia) pode ocorrer quando...
- A temperatura do ambiente sobe muito.
- Os peludos esquecem da vida no sol forte.
- O animal tem mais de 15 anos, pois doenças de coração, pulmões e rins, comuns nessa faixa etária, prejudicam a hidratação.
Para identificar os sintomas você não precisa de termômetro intrarrenal:
- O estado de consciência do bichano se altera, como se estivesse dormindo, e ele deixa de responder adequadamente aos estímulos.
- As mucosas ficam roxas.
- Podem surgir vômitos e diarreias — às vezes com sangue, porque os mecanismos para coagular não funcionam tão bem.
- O coração acelera — mede-se colocando a mão no peito e acima de 37 pulsações a cada dez segundos já indica problema (se não conseguir contar, pior ainda).
Curiosidade: a temperatura de um gato doméstico oscila entre 37ºC e 38ºC, cerca de 1ºC mais baixo do que a dos selvagens.
Para socorrer...
- Passe um pano com água fresca pelo corpo — não se deve baixar a temperatura bruscamente! Se optar pela gaze, deixe-a sobre o corpo para refrescar mais.
- Molhe as almofadinhas das patas, zonas por onde os felinos perdem muito calor.
- Evite estresse.
- Ofereça o caldinho do sachê ou ração úmida processada para reforçar a hidratação.
- Se o bicho não melhorar, leve ao veterinário.
E claro que a estratégia mais certeira é prevenir:
- Tire o joselito do sol forte.
- Coloque um abrigo na área externa — caixa de papelão com tampa não vale. rs
- Deixe água fresca sempre à disposição, espalhando bebedouros pelos cômodos.
- Faça picolés de ração úmida — basta colocar em forminhas, no congelador, com um tico de água.
- Ajude o peludo a se refrescar com um pano úmido — após se lamber, a temperatura corporal deles baixa até 1ºC.
Entre os primeiros sinais de calor estão:
- Trocar a cama ou o cobertor pelo chão, esparramando-se no piso frio.
- Passar a comer menos, porque a digestão também aquece o corpo.
- Respirar mais rápido para ajudar a baixar a temperatura.
- Dormir mais para gastar menos calorias.
Já o golpe de calor (ou hipertermia) pode ocorrer quando...
- A temperatura do ambiente sobe muito.
- Os peludos esquecem da vida no sol forte.
- O animal tem mais de 15 anos, pois doenças de coração, pulmões e rins, comuns nessa faixa etária, prejudicam a hidratação.
Para identificar os sintomas você não precisa de termômetro intrarrenal:
- O estado de consciência do bichano se altera, como se estivesse dormindo, e ele deixa de responder adequadamente aos estímulos.
- As mucosas ficam roxas.
- Podem surgir vômitos e diarreias — às vezes com sangue, porque os mecanismos para coagular não funcionam tão bem.
- O coração acelera — mede-se colocando a mão no peito e acima de 37 pulsações a cada dez segundos já indica problema (se não conseguir contar, pior ainda).
Curiosidade: a temperatura de um gato doméstico oscila entre 37ºC e 38ºC, cerca de 1ºC mais baixo do que a dos selvagens.
Para socorrer...
- Passe um pano com água fresca pelo corpo — não se deve baixar a temperatura bruscamente! Se optar pela gaze, deixe-a sobre o corpo para refrescar mais.
- Molhe as almofadinhas das patas, zonas por onde os felinos perdem muito calor.
- Evite estresse.
- Ofereça o caldinho do sachê ou ração úmida processada para reforçar a hidratação.
- Se o bicho não melhorar, leve ao veterinário.
E claro que a estratégia mais certeira é prevenir:
- Tire o joselito do sol forte.
- Coloque um abrigo na área externa — caixa de papelão com tampa não vale. rs
- Deixe água fresca sempre à disposição, espalhando bebedouros pelos cômodos.
- Faça picolés de ração úmida — basta colocar em forminhas, no congelador, com um tico de água.
- Ajude o peludo a se refrescar com um pano úmido — após se lamber, a temperatura corporal deles baixa até 1ºC.
27.9.23
A melhor escova para gatos idosos!
Com a velhice, os bigodes vão sentindo cada vez mais dificuldade para se limpar e a gente precisa dar uma força — principalmente nesta época do ano, em que o casaquinho de pelo reforçado durante o inverno resolve se desmanchar pela casa ou acumular no estômago, com o objetivo de deixá-los mais refrescados para o verão.
Quem tem gatos a partir de 7 anos já pode começar a prestar atenção nos sintomas de artrose, aliás. E, acima dos 12, ela é praticamente certa — nove em cada dez bichanos. Foi em uma escovação, inclusive, um tanto violentamente, que Pufosa tentou me avisar. Até pouco tempo atrás, a gente usava a Furminator, que funciona maravilhosamente para os nós, mas causa desconforto nas regiões sensíveis.
Com a morte dela (e seu rastafári), decidi testar a dica da escova de bebê. E, após pesquisar em lojas físicas, acabei comprando pela internet para levar também o pente, por mais R$ 2. Combinação perfeita, já que ele desembaraça melhor o pelo longo da Pimenta, sem a dureza da Furminator, ainda ajuda a limpar a escovinha.
As quatro meninas amaram o carinho com cerdas! Além de liberar serotonina, aumentando a sensação de bem-estar e felicidade, a escovação também reforça o vínculo com seu amigo. E Jujuba está dois tons menos vermelha de rolar no nosso deck de bairro não asfaltado — poeirão que a Furminator não limpava tão bem.
Quem tem gatos a partir de 7 anos já pode começar a prestar atenção nos sintomas de artrose, aliás. E, acima dos 12, ela é praticamente certa — nove em cada dez bichanos. Foi em uma escovação, inclusive, um tanto violentamente, que Pufosa tentou me avisar. Até pouco tempo atrás, a gente usava a Furminator, que funciona maravilhosamente para os nós, mas causa desconforto nas regiões sensíveis.
Com a morte dela (e seu rastafári), decidi testar a dica da escova de bebê. E, após pesquisar em lojas físicas, acabei comprando pela internet para levar também o pente, por mais R$ 2. Combinação perfeita, já que ele desembaraça melhor o pelo longo da Pimenta, sem a dureza da Furminator, ainda ajuda a limpar a escovinha.
As quatro meninas amaram o carinho com cerdas! Além de liberar serotonina, aumentando a sensação de bem-estar e felicidade, a escovação também reforça o vínculo com seu amigo. E Jujuba está dois tons menos vermelha de rolar no nosso deck de bairro não asfaltado — poeirão que a Furminator não limpava tão bem.
20.9.23
Inchaço pós-briga de gato pode ser abscesso
Eu custei a acreditar, admito. Mas uma das unhadas bobas que Keka levou do frajola cara de pau que invadiu nosso gatil, no dia 22 do mês passado, acabou infeccionando e virando um abscesso. Gigante — nunca vi tanto pus sair de uma ferida! Gato é bicho fácil de desenvolver esse tipo de problema porque sua pele cicatriza rápido, bloqueando a saída das bactérias.
Na luta pela expulsão, as células de defesa, conhecidas como glóbulos brancos, produzem o pus, um líquido espesso, geralmente amarelado, com cheiro de podre e, às vezes, sangue. E, quando a batalha fica muito difícil, o organismo cria uma espécie de parede em volta do processo inflamatório, impedindo a migração para outras regiões.
Essa bolha, macia, mais quente do que o resto do corpo e doída, chamamos de abscesso. Eu já havia ficado impressionada com a "explosão" do pescoço da Guda, em 2008. Mas não imaginava que um caroço surgido três dias depois do ataque, inicialmente duro e que demorou duas semanas para deixar vazar um sorinho discreto, pudesse ter ligação.
Com a orientação do veterinário, mediquei e fiz compressas quentes para acelerar a drenagem — 15 minutos, duas vezes por dia, começando com a bolsa enrolada na toalha para não queimar a coitada.
E no 16º, graças à persistência das lambidas, a bolha estourou. Diferente do episódio da Guda, porém, o conteúdo saiu a prestações — só dei uma ajuda no final, para garantir que não sobraria nada.
E fui limpando o machucado com Líquido de Dakin. Essa é uma dica salvadora de antisséptico, apesar de vender apenas em loja de material cirúrgico, porque os bigodes podem ingerir — dentistas usam para a irrigação de canais.
Keka perdeu meio quilo (comentei que abscesso dói, né?), mas finalmente habemus casquinha!
Na luta pela expulsão, as células de defesa, conhecidas como glóbulos brancos, produzem o pus, um líquido espesso, geralmente amarelado, com cheiro de podre e, às vezes, sangue. E, quando a batalha fica muito difícil, o organismo cria uma espécie de parede em volta do processo inflamatório, impedindo a migração para outras regiões.
Essa bolha, macia, mais quente do que o resto do corpo e doída, chamamos de abscesso. Eu já havia ficado impressionada com a "explosão" do pescoço da Guda, em 2008. Mas não imaginava que um caroço surgido três dias depois do ataque, inicialmente duro e que demorou duas semanas para deixar vazar um sorinho discreto, pudesse ter ligação.
Com a orientação do veterinário, mediquei e fiz compressas quentes para acelerar a drenagem — 15 minutos, duas vezes por dia, começando com a bolsa enrolada na toalha para não queimar a coitada.
E no 16º, graças à persistência das lambidas, a bolha estourou. Diferente do episódio da Guda, porém, o conteúdo saiu a prestações — só dei uma ajuda no final, para garantir que não sobraria nada.
E fui limpando o machucado com Líquido de Dakin. Essa é uma dica salvadora de antisséptico, apesar de vender apenas em loja de material cirúrgico, porque os bigodes podem ingerir — dentistas usam para a irrigação de canais.
Keka perdeu meio quilo (comentei que abscesso dói, né?), mas finalmente habemus casquinha!
15.9.23
Gatos dormem menos do que parece | EG #22
Eles podem até passar mais da metade do dia de olhos fechados, mas boa parte desse tempo é gasta com sonecas curtas, estratégia de quem está no meio da cadeia alimentar, precisando se manter protegido de outros predadores e também caçar seu próprio alimento — cerca de 30 tentativas para uns oito ratinhos, segundo Jackson Galaxy em O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série.
Quando pegam no sono profundo, porém, sonham como a gente, chegando a tremelicar olhos, bigodes e patinhas com a contração dos músculos — a gangue aqui protagoniza altas batalhas e banquetes oníricos! E o ritmo circadiano (o famoso relógio biológico) dos bichanos também muda com a duração do dia e a incidência de luz, assim como o nosso.
Ok, eles dão um baile na gente à noite, mas não são animais verdadeiramente noturnos e, sim, crepusculares, com picos de atividade ao anoitecer e amanhecer, como os roedores, sua principal presa — e nesses períodos ainda enxergam melhor do que eles! Isso não significa que vocês precisam trabalhar no fuso japonês, porque os peludos acabam se adaptando à nossa rotina.
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
Quando pegam no sono profundo, porém, sonham como a gente, chegando a tremelicar olhos, bigodes e patinhas com a contração dos músculos — a gangue aqui protagoniza altas batalhas e banquetes oníricos! E o ritmo circadiano (o famoso relógio biológico) dos bichanos também muda com a duração do dia e a incidência de luz, assim como o nosso.
Ok, eles dão um baile na gente à noite, mas não são animais verdadeiramente noturnos e, sim, crepusculares, com picos de atividade ao anoitecer e amanhecer, como os roedores, sua principal presa — e nesses períodos ainda enxergam melhor do que eles! Isso não significa que vocês precisam trabalhar no fuso japonês, porque os peludos acabam se adaptando à nossa rotina.
*
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
8.9.23
Dormindo com o inimigo?
Primeiro Jujuba resolve tocar ao contrário, depois dou de cara com a Marie Kondo no potinho de ração:
Compartilho minha localização com amigos?
Compartilho minha localização com amigos?
6.9.23
Ronco de gato ou possessão?
Estava eu jantando absorta em pensamentos sobre o sentido da vida, os rumos da humanidade e o preço do óleo de girassol, quando o além resolveu conversar comigo. Chequei a geladeira, os bebedouros elétricos, a velocidade do vento, até me tocar que o som bizarro vinha da Jujuba.
O veterinário respondeu que um diagnóstico certeiro demandaria água benta, mas o mais provável seria ronco mesmo. Quase 18 anos de gatos e não sabia que eles também roncavam! Não é comum, mas não precisam se preocupar se o bichano estiver dormindo pesado, quando a respiração profunda e lenta favorece o ruído.
Principalmente se ele for obeso ou pertencer a uma das pobres raças de focinho curto, fatores que atrapalham ainda mais a entrada e saída de ar — acordado, qualquer barulho no nariz, garganta ou peito demanda investigação. Só não confundam com o ronrom, né?
O veterinário respondeu que um diagnóstico certeiro demandaria água benta, mas o mais provável seria ronco mesmo. Quase 18 anos de gatos e não sabia que eles também roncavam! Não é comum, mas não precisam se preocupar se o bichano estiver dormindo pesado, quando a respiração profunda e lenta favorece o ruído.
Principalmente se ele for obeso ou pertencer a uma das pobres raças de focinho curto, fatores que atrapalham ainda mais a entrada e saída de ar — acordado, qualquer barulho no nariz, garganta ou peito demanda investigação. Só não confundam com o ronrom, né?
1.9.23
Nunca segure seu gato pelo cangote!
Antes que alguém aponte a contradição, a foto do post é cenográfica: Pimenta tem a pele do pescoço mais flácida por causa da idade (16 anos!) e eu puxei de levinho só para ilustrar a prática ultrapassada — e imagino que a maioria de vocês já deve ter visto um veterinário deixar o gato japonesinho de tanto esticar, né?
Pois essa estratégia é altamente contraindicada porque a região da nuca possui inúmeras terminações nervosas, sensíveis a dor. E, para conseguir a imobilização desejada, garganta, traqueia e esôfago acabam pressionados, aumentando o desconforto. Ficar parado, aliás, não significa que o bichano se acalmou. Trata-se de um comportamento chamado de "congelamento", típico de presas em casos de medo excessivo.
Vocês podem argumentar que a mãe carrega os filhotes assim, só que ela abocanha o pescoço todo, não apenas a pele. E, com poucas semanas de vida, eles também pesam menos. Nem boas lembranças sobram porque esse transporte ocorre em situações de perigo, quando a família precisa se mudar para um local seguro.
Confesso que não sabia disso tudo, mas tem post de 2016 comentando que a gente não imobilizava os bigodes pelo cangote porque parecia aumentar o estresse. E no ano passado a American Association of Feline Practitioners (AAFP) junto com a International Society of Feline Medicine (ISFM) publicaram um guia atualizado com as melhores práticas de manuseio felino.
As diretrizes focam em uma interação amigável, paciente, que respeite o tempo dos peludos e crie associações emocionais positivas — do preparo em casa antes de ir à consulta, passando pelos cuidados com o ambiente da clínica até o manejo em procedimentos específicos, como limpar os ouvidos ou coletar sangue.
E vocês podem compartilhar o PDF em português com o vet que cuida do seu amigo — para curiosos de outras profissões, recomendo a leitura até a página 13 (ou 1.105 do documento). :)
Pois essa estratégia é altamente contraindicada porque a região da nuca possui inúmeras terminações nervosas, sensíveis a dor. E, para conseguir a imobilização desejada, garganta, traqueia e esôfago acabam pressionados, aumentando o desconforto. Ficar parado, aliás, não significa que o bichano se acalmou. Trata-se de um comportamento chamado de "congelamento", típico de presas em casos de medo excessivo.
Vocês podem argumentar que a mãe carrega os filhotes assim, só que ela abocanha o pescoço todo, não apenas a pele. E, com poucas semanas de vida, eles também pesam menos. Nem boas lembranças sobram porque esse transporte ocorre em situações de perigo, quando a família precisa se mudar para um local seguro.
Confesso que não sabia disso tudo, mas tem post de 2016 comentando que a gente não imobilizava os bigodes pelo cangote porque parecia aumentar o estresse. E no ano passado a American Association of Feline Practitioners (AAFP) junto com a International Society of Feline Medicine (ISFM) publicaram um guia atualizado com as melhores práticas de manuseio felino.
As diretrizes focam em uma interação amigável, paciente, que respeite o tempo dos peludos e crie associações emocionais positivas — do preparo em casa antes de ir à consulta, passando pelos cuidados com o ambiente da clínica até o manejo em procedimentos específicos, como limpar os ouvidos ou coletar sangue.
E vocês podem compartilhar o PDF em português com o vet que cuida do seu amigo — para curiosos de outras profissões, recomendo a leitura até a página 13 (ou 1.105 do documento). :)
30.8.23
Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades
Keka caçou seu primeiro insetinho! Duas vezes, para ter certeza que conseguiríamos registrar. E desfilou toda orgulhosa com o grilo desconjuntado na boca, mostrando para a câmera do celular seu melhor ângulo. Faltou explicar aos novatos que a gata em questão tem 16 anos! — e, sim, eu salvei o coitado.
Com a autoestima turbinada, ela se pôs a rosnar para o frajola que visita nosso terreno — a florestinha ainda não cresceu o suficiente para chamar de chácara. E foram várias madrugadas acordando com taquicardia pela gritaria — fico com dó de tocar o intruso, que está gordinho e deixa a gente chegar relativamente perto, mas toma água do balde em que esvazio os bebedouros para regar as plantas.
Até que ele resolveu invadir o gatil (sem teto porque nossos velhinhos não ousam escalar o alambrado de 2 metros) e só cheguei a tempo de ver a valentona fugindo e Pimenta botando o cara de pau para correr. Foi a primeira, porém, que saiu machucada: um furo de unha nas costas, outro na lateral do corpo e a moral destroçada.
Passou o dia seguinte deitada, sem permitir que ninguém encostasse. E, quando voltou a procurar os croquetes escondidos no parquinho, apareceu esta corcunda — provavelmente um abscesso, causado pelas bactérias da falta de manicure do frajola.
Se o poder não tivesse subido à cabeça, continuaria Esmeralda.
Com a autoestima turbinada, ela se pôs a rosnar para o frajola que visita nosso terreno — a florestinha ainda não cresceu o suficiente para chamar de chácara. E foram várias madrugadas acordando com taquicardia pela gritaria — fico com dó de tocar o intruso, que está gordinho e deixa a gente chegar relativamente perto, mas toma água do balde em que esvazio os bebedouros para regar as plantas.
Até que ele resolveu invadir o gatil (sem teto porque nossos velhinhos não ousam escalar o alambrado de 2 metros) e só cheguei a tempo de ver a valentona fugindo e Pimenta botando o cara de pau para correr. Foi a primeira, porém, que saiu machucada: um furo de unha nas costas, outro na lateral do corpo e a moral destroçada.
Passou o dia seguinte deitada, sem permitir que ninguém encostasse. E, quando voltou a procurar os croquetes escondidos no parquinho, apareceu esta corcunda — provavelmente um abscesso, causado pelas bactérias da falta de manicure do frajola.
Se o poder não tivesse subido à cabeça, continuaria Esmeralda.
25.8.23
Para os gatos, água tem sabor!
Os bichanos claramente pularam a aula do "inodora, insipida e incolor" direto para "toma a forma do recipiente que a contém". É que, diferente da gente, eles possuem receptores gustativos na língua sensíveis a esse líquido. O estudo saiu na edição de fevereiro de 1971 da Science, revista científica badalada, mas até hoje não se encontra nada em português na internet.
Os pesquisadores levantaram também a suspeita de que os felinos, ao contrário da maioria dos mamíferos, só parecem indiferentes ao açúcar porque ele acaba mascarado pelo sabor da água em que está dissolvido — quando suprimem esse sabor adicionando cloreto de sódio, eles mandam ver!
Juntando a curiosidade à informação de que 60% dos gatos morrerão com algum grau de disfunção renal, segundo o veterinário Valdo Reche, justamente por falta de umidade na alimentação, eu passei a lavar os bebedouros elétricos com muito mais frequência — como são dois trambolhos, o de barro pesando uma bigorna, a cada dia esfrego um. Os potes estáticos já renovava de manhã e à noite, caprichando mais na limpeza semanalmente.
E a foto proposital vem com um alerta: apesar de eles amaram, não acostume seu amigo a beber água da torneira — note que Chocolate não dá a mínima. Quando você não estiver em casa para abrir, a criatura dificilmente aceitará o conteúdo morno e empoeirado do chão. Existe uma infinidade de modelos no mercado para substituir esse fetiche, basta adequar ao seu bolso. :)
Os pesquisadores levantaram também a suspeita de que os felinos, ao contrário da maioria dos mamíferos, só parecem indiferentes ao açúcar porque ele acaba mascarado pelo sabor da água em que está dissolvido — quando suprimem esse sabor adicionando cloreto de sódio, eles mandam ver!
Juntando a curiosidade à informação de que 60% dos gatos morrerão com algum grau de disfunção renal, segundo o veterinário Valdo Reche, justamente por falta de umidade na alimentação, eu passei a lavar os bebedouros elétricos com muito mais frequência — como são dois trambolhos, o de barro pesando uma bigorna, a cada dia esfrego um. Os potes estáticos já renovava de manhã e à noite, caprichando mais na limpeza semanalmente.
E a foto proposital vem com um alerta: apesar de eles amaram, não acostume seu amigo a beber água da torneira — note que Chocolate não dá a mínima. Quando você não estiver em casa para abrir, a criatura dificilmente aceitará o conteúdo morno e empoeirado do chão. Existe uma infinidade de modelos no mercado para substituir esse fetiche, basta adequar ao seu bolso. :)
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