Cães e gatos tratados como gente acabam sofrendo de estresse, ansiedade e depressão. Aprenda a respeitar a natureza do seu melhor amigo
Você pode comprar petiscos e brinquedinhos, deixar o peludo dormir na cama e bater altos papos enquanto lhe acaricia as orelhas. O que se deve evitar é encher um animal que tem um olfato 200 vezes mais desenvolvido do que o nosso de perfume, prática comum nos banhos de pet shop. Ou colocar gargantilhas de strass sufocantes e sapatinhos de lycra que obrigam o coitado a caminhar como se estivesse patinando.
"Pouco se sabe sobre as causas de problemas psicológicos como estresse, ansiedade e depressão em cães e gatos, mas o principal causador chama-se ser humano", garante o veterinário Nivaldo Albolea. Ciúme de um recém-nascido na família, morte do companheiro de longa data ou viagens do dono até causam alterações comportamentais, mas elas são passageiras. Descubra se há algo errado com seu bichinho e reverta já a situação!
:: 4 sinais de alerta
1) Descuidar da higiene ou lamber as patas e a barriga até provocar ferimentos.
2) Fazer as necessidades fora do lugar habitual para chamar a atenção.
3) Ficar agressivo sem motivo aparente.
4) Parar de comer ou devorar tudo que vê pela frente, tornando-se obeso ou diabético.
:: Como cuidar
Converse com um profissional especializado
Juntos vocês podem decidir o melhor tratamento.
Incentive o animal a praticar exercícios físicos
Gatos adoram bolinhas de papel e cães raramente recusam um passeio.
Experimente tratamentos alternativos
Florais, remédios homeopáticos e sessões de acupuntura costumam dar bons resultados.
Jamais medique por conta própria
Antidepressivos só devem ser usados em casos extremos e com acompanhamento veterinário!
:: Prevenir é melhor do que remediar
- Passe mais tempo com seu animal de estimação.
- Permita que ele seja ele, não uma imitação sua.
- Evite submetê-lo a rotinas impróprias.
- Aprenda a decifrar as dicas comportamentais que ele deixar escapar.
* Texto escrito para a revista AnaMaria, agora da Editora Caras.
19.8.16
8 gatos salvos do cubículo imundo, 2 pedidos de ajuda
Carol Costa diz que o mundo se divide em dois tipos de pessoas: as terapeutizadas e as não-terapeutizadas. Sem o segundo grupo, a senhora que manteve os bigodes presos por dez anos num quarto de móveis velhos e teias de aranha não existira. Como eu faço parte do primeiro, porém, além de entender o descompasso, não tenho problema em reconhecer limites. E sabia que, apesar de gigante no meu coração, o Gatoca não conseguiria doar sozinho bichanos ariscos, pretos e idosos.
Pedi, então, ajuda com a divulgação do caso às ONGs parceiras do projeto e Tatis me deu oito vagas na Confraria dos Miados e Latidos. Para quem não é protetor, isso equivale a ganhar na loteria acumulada, depois de se endividar até as tampas com as compras de Natal. A viagem ao Campo Limpo durou meia hora a mais do que os 60 congestionados minutos previstos pelo Waze ― Jubão e Michele toparam me acompanhar para reduzir o risco de cárcere privado.
Na zona leste, outro extremo da cidade, os peludos foram cadastrados, despulgados e transferidos para gaiolões, onde seus xixis, cocos e apetite seriam monitorados. Fortunato, Fidelis e Vitória demandaram um verdadeiro esquema de guerra para sair das caixas de transporte, tamanho o desespero. E eu voltei para casa sete horas depois, quando o sábado já virava domingo.
Nós fizemos a parte mais difícil. Agora precisamos de ajuda para doar todo mundo ― Tatis contou que eles já estão desabrochando! E para pagar as despesas veterinárias: R$ 440 de vacinas e R$ 640 dos testes de FIV e FeLV (a ração foi doada pela Farmina). Mandem e-mail que passo os dados da conta. E compartilhem este post até chegar nas famílias de comercial de margarina. Aqui, tem as descrições dos pequenos, com fotos melhores. :)
Pedi, então, ajuda com a divulgação do caso às ONGs parceiras do projeto e Tatis me deu oito vagas na Confraria dos Miados e Latidos. Para quem não é protetor, isso equivale a ganhar na loteria acumulada, depois de se endividar até as tampas com as compras de Natal. A viagem ao Campo Limpo durou meia hora a mais do que os 60 congestionados minutos previstos pelo Waze ― Jubão e Michele toparam me acompanhar para reduzir o risco de cárcere privado.
Na zona leste, outro extremo da cidade, os peludos foram cadastrados, despulgados e transferidos para gaiolões, onde seus xixis, cocos e apetite seriam monitorados. Fortunato, Fidelis e Vitória demandaram um verdadeiro esquema de guerra para sair das caixas de transporte, tamanho o desespero. E eu voltei para casa sete horas depois, quando o sábado já virava domingo.
Nós fizemos a parte mais difícil. Agora precisamos de ajuda para doar todo mundo ― Tatis contou que eles já estão desabrochando! E para pagar as despesas veterinárias: R$ 440 de vacinas e R$ 640 dos testes de FIV e FeLV (a ração foi doada pela Farmina). Mandem e-mail que passo os dados da conta. E compartilhem este post até chegar nas famílias de comercial de margarina. Aqui, tem as descrições dos pequenos, com fotos melhores. :)
17.8.16
Pequenas alegrias da vida
Aquele momento olímpico em que você grita no banheiro para o prédio inteiro ouvir:
Zeeeeeeeeeeeeeroooooooo diarreeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaa!
Zeeeeeeeeeeeeeroooooooo diarreeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaa!
12.8.16
O primeiro projeto com crianças!
"Tenho uma notícia ruim e outra boa para vocês. A ruim é que o mundo é difícil e cruel". Eu queria dizer "uma merda", mas havia pais presentes. "A boa é que a gente sempre pode fazer alguma coisa para deixá-lo melhor". Mal acabei a frase e os dedinhos já estavam levantados. Suas donas integram o Bororos, grupo de escoteiros e bandeirantes de Santo Amaro. E, com mais 50 crianças e adolescentes, trocaram a diversão do fim de semana para apoiar o Ajudanimal, de Ribeirão Pires.
A ideia era ensiná-las a produzir conteúdo para as campanhas de adoção e apadrinhamento da cachorrada, garantindo a sustentabilidade da ONG até o fim do ano. Amanda Herrera me convidou para dar a oficina de texto, que acabei transformando em sensibilização de olhar, Taciane Ribeiro, amiga importada de Indaial, ficou com a de cuidados e Leo Eichinger, com a de fotografia ― não basta amar, tem de participar!
Aqui, vale abrir um parêntese para louvar a complexidade da vida: quando nós trabalhávamos juntas, uma pá de anos e transformações atrás, Amandica sonhava com o Greenpeace e eu queria mais era distância de bicho. Fecha parêntese com fotos para dar tempo de os leitores novatos se recuperarem.
Junto com o Gatoca, veio a vontade de abraçar o universo infantil para que o projeto por um mundo melhor não se limite a enxugar gelo, com o número de vidas descartadas superando eternamente as resgatadas. E este foi só o test-drive (aguardem!).
As frases das campanhas ficaram do jeitinho que eles falaram/escreveram porque não há chacoalhão maior do que criança ajudando a gente a relembrar o que realmente importa nesta existência. Curtam os posts e fotos no Facebook, espalhem para os amigos, mostrem aos pequenos que nós temos salvação. :)
"Quero apadrinhar um cachorro. Na verdade, é uma ela. Chamei de Sol porque lembra o sol. E até me deu a pata!", Kim, 9 anos.
"Escolhi esse aqui porque ele é fofo e ficou pulando em cima de mim", Manuela, 8 anos, mesmo depois de carimbada na calça pelo parceiro. rs
"Ele manja muito da voadora! Vou chamar de morcego", Richard, 8 anos.
"Eu adotaria a Clara porque fiquei com dó. Ela tem um machucadinho no olho. É bem preguiçosa e os cachorros preguiçosos não dão trabalho", Nicky, 9 anos.
"Também levaria ele para casa porque não é tão agitado. Vou chamar de... Pretinha. É uma menina! Amo todos os animais porque eles têm um bom coração", Nicky Felicia.
"O Carente está roubando a atenção de todo mundo, supercarente", Maya, 11 anos.
"Quero o Mano Preto! Ele subiu em mim milhões de vezes e me lambeu. É um cachorro muito legal", Aliyah, 11 anos.
"Tenho pena porque ninguém escolheu ela. E não entendi por que. Ela faz amizade com qualquer um. Vou chamar de Alegria", Catarina, 10 anos.
"Muitos cães como a Lyla estão precisando de um lar melhor. É um nome que significa muito para mim. Foi personagem da minha primeira peça de teatro. Eu era muito tímida", Luiza, 11 anos.
A ideia era ensiná-las a produzir conteúdo para as campanhas de adoção e apadrinhamento da cachorrada, garantindo a sustentabilidade da ONG até o fim do ano. Amanda Herrera me convidou para dar a oficina de texto, que acabei transformando em sensibilização de olhar, Taciane Ribeiro, amiga importada de Indaial, ficou com a de cuidados e Leo Eichinger, com a de fotografia ― não basta amar, tem de participar!
Aqui, vale abrir um parêntese para louvar a complexidade da vida: quando nós trabalhávamos juntas, uma pá de anos e transformações atrás, Amandica sonhava com o Greenpeace e eu queria mais era distância de bicho. Fecha parêntese com fotos para dar tempo de os leitores novatos se recuperarem.
Junto com o Gatoca, veio a vontade de abraçar o universo infantil para que o projeto por um mundo melhor não se limite a enxugar gelo, com o número de vidas descartadas superando eternamente as resgatadas. E este foi só o test-drive (aguardem!).
As frases das campanhas ficaram do jeitinho que eles falaram/escreveram porque não há chacoalhão maior do que criança ajudando a gente a relembrar o que realmente importa nesta existência. Curtam os posts e fotos no Facebook, espalhem para os amigos, mostrem aos pequenos que nós temos salvação. :)
"Quero apadrinhar um cachorro. Na verdade, é uma ela. Chamei de Sol porque lembra o sol. E até me deu a pata!", Kim, 9 anos.
"Escolhi esse aqui porque ele é fofo e ficou pulando em cima de mim", Manuela, 8 anos, mesmo depois de carimbada na calça pelo parceiro. rs
"Ele manja muito da voadora! Vou chamar de morcego", Richard, 8 anos.
"Eu adotaria a Clara porque fiquei com dó. Ela tem um machucadinho no olho. É bem preguiçosa e os cachorros preguiçosos não dão trabalho", Nicky, 9 anos.
"Também levaria ele para casa porque não é tão agitado. Vou chamar de... Pretinha. É uma menina! Amo todos os animais porque eles têm um bom coração", Nicky Felicia.
"O Carente está roubando a atenção de todo mundo, supercarente", Maya, 11 anos.
"Quero o Mano Preto! Ele subiu em mim milhões de vezes e me lambeu. É um cachorro muito legal", Aliyah, 11 anos.
"Tenho pena porque ninguém escolheu ela. E não entendi por que. Ela faz amizade com qualquer um. Vou chamar de Alegria", Catarina, 10 anos.
"Muitos cães como a Lyla estão precisando de um lar melhor. É um nome que significa muito para mim. Foi personagem da minha primeira peça de teatro. Eu era muito tímida", Luiza, 11 anos.
10.8.16
Nono aniversário do Gatoca
Se o Gatoca fosse uma criança, estaria aprendendo frações. Se pagasse as contas, não existiria mais, porque meu recorde se resumiu a meia década empregada no mesmo lugar ― trabalhar em casa de pijama não conta. Nove anos é tanto tempo que recebi mensagem de uma leitora fofa esta semana dizendo que sua mãe, fã do projeto, já havia falecido.
E nós colecionamos um monte de números juntos! 1.130 posts, mais de 1 milhão de visualizações, 9.258 comentários, 4.236 curtidas no Facebook, 115 bichos socorridos, 25 parceiros, R$ 21.110 financiados coletivamente (R$ 3 mil do Wings For Change), 240 apoiadores na campanha, 51 cães e gatos castrados em mutirão, 1 e-book, com direito a entrevista para a Rádio Bandeirantes, 15 integrantes no Clube da Kickante (esse pode melhorar, rs), 65 quilos de ração doados pela Farmina (os primeiros!).
E teve também o puxadinho no Yahoo!, para mostrar aos engravatados que nem só de raças e acessórios vivem os amantes de animais, a participação no Global Causes, iniciativa do Facebook para ONGs realizada em 30 países simultaneamente, a conta na rede social verificada.
Um zigalhão de motivos para comemorar (obrigada! ♥). E outro zigalhão para continuar a educar, conscientizar e mobilizar corações de pudim. A festa ocorrerá no Tubaína Bar, dia 20, a partir das 18h. Fica pertinho da Paulista (e do metrô Consolação) e o cardápio é caprichado, inclusive para veganos ― nhoque, pastel, salgadinhos, bolo de chocolate.
Venham ganhar apertos! :)
Festinhas anteriores: 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008
E nós colecionamos um monte de números juntos! 1.130 posts, mais de 1 milhão de visualizações, 9.258 comentários, 4.236 curtidas no Facebook, 115 bichos socorridos, 25 parceiros, R$ 21.110 financiados coletivamente (R$ 3 mil do Wings For Change), 240 apoiadores na campanha, 51 cães e gatos castrados em mutirão, 1 e-book, com direito a entrevista para a Rádio Bandeirantes, 15 integrantes no Clube da Kickante (esse pode melhorar, rs), 65 quilos de ração doados pela Farmina (os primeiros!).
E teve também o puxadinho no Yahoo!, para mostrar aos engravatados que nem só de raças e acessórios vivem os amantes de animais, a participação no Global Causes, iniciativa do Facebook para ONGs realizada em 30 países simultaneamente, a conta na rede social verificada.
Um zigalhão de motivos para comemorar (obrigada! ♥). E outro zigalhão para continuar a educar, conscientizar e mobilizar corações de pudim. A festa ocorrerá no Tubaína Bar, dia 20, a partir das 18h. Fica pertinho da Paulista (e do metrô Consolação) e o cardápio é caprichado, inclusive para veganos ― nhoque, pastel, salgadinhos, bolo de chocolate.
Venham ganhar apertos! :)
Festinhas anteriores: 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008
Categorias:
Coração de pudim,
Datas comemorativas,
Gatoca
5.8.16
Olimpíada Gatoca 2016
Nossos gatletas treinaram duro ao longo do ano para competir nas modalidades "air swimming", "ginástica artística sentada", "levantamento de próprio peso", "salto em fundura" e "luta egípcia". O comitê técnico informa que nenhum dinheiro de ração foi desviado e as prateleiras seguem sólidas na parede para receber os turistas.
Que vença o menos preguiçoso!
Que vença o menos preguiçoso!
4.8.16
8 gatos, 1 cubículo imundo e logo cubículo nenhum
A filha me escreveu em março do ano passado pedindo ajuda para os bigodes da mãe de 68 anos (SP). Todos eram castrados, vacinados e gordinhos, mas moravam em um cômodo de 3 m², repleto de móveis velhos, poeira e teias de aranha. A interação humana se limitava às refeições. E a única janela ventilável, disputada em dias de sol, fracassava na missão de disfarçar o cheiro dos xixis e cocôs, que começavam nas caixas de areia, raramente limpas, e se espalhavam pelo chão.
Eu sugeri acompanhamento psicológico e, se a senhora aceitasse doar os animais, fotografaria todo mundo e divulgaria aqui no blog. A resposta chegou 16 meses depois, com uma reviravolta: os prisioneiros se tornaram personae non gratae e podem ir para a rua a qualquer momento. Alguns têm dez anos. Dez anos sem caminha, brinquedinhos, cafuné nas orelhas. Dez anos e descartados. As histórias de resgate são igualmente tristes, mas os peludos seguem acreditando no ser humano e, pasmem, esbanjam carinho.
Por favor, compartilhem. O Gatoca não conseguirá salvar essas vidas sozinho. :\
África (6 anos)
Com quatro semanas de existência, os irmãozinhos dividiam uma gaiola de 30 cm² no petshop do bairro, sem água nem comida. Como ninguém quer os pretolinos, exceto às vésperas do Halloween (e não é para amar), a senhora acabou pegando os três, mais o sialata. E não conseguiu doar nenhum. África adora companhia e dengo.
Fidelis (6 anos)
É um ronronento tímido. Desconfia de estranhos em um primeiro contato, mas, se não for pressionado, logo se põe a fazer graça.
Fortunato (6 anos)
Bonito e bonzinho, o afortunado não poderia ter outro nome. É o gato mais doce da casa: não pode ver alguém que já se atira nos pés.
Hexa (6 anos)
Parece arisca, mas, com pouco tempo de convívio, já distribui cabeçadinhas, lembrando a Copa do Mundo que não deve ser nomeada.
Bebê (8 anos)
Resgatada do motor de um carro estacionado na igreja, toda suja de óleo, a tigrada não havia completado um mês. Esbanja carência e não economiza nos miados para ganhar atenção.
Cocadinha (10 anos)
Apareceu na escola em que a senhora trabalhava, já adulta, com uma sacola inteira saindo pelo ânus ― provavelmente ingerida no desespero da fome. Dizem que fugiu da casa da vizinha, onde era criada em uma gaiola de pássaro. Quando a pegavam no colo, se urinava de pânico. Hoje, faz cara de brava para a fotografia, mas é ultrameiga. Só não troca muito calorzinho com os outros bigodes.
Mel (10 anos)
Conheceu o abandono ainda na barriga da mãe, que vagava perdida em Peruíbe quando sensibilizou uma amiga da senhora. Primeira quadrúpede do recinto, é quem dá as ordens. Mas exerce esse poder com tranquilidade e gentileza. E não dispensa um afago.
Vitória (2 anos)
Arremessada sobre a cobertura de uma quadra de esportes, há 12 metros do chão, e descoberta três dias depois, Vicky quase morreu de desidratação. Vive fora do cubículo imundo, mas sem contato com pessoas e animais. E precisa de um tutor experiente na arte da conquista, que não se intimide com o festival de fuzzzzzz.
Eu sugeri acompanhamento psicológico e, se a senhora aceitasse doar os animais, fotografaria todo mundo e divulgaria aqui no blog. A resposta chegou 16 meses depois, com uma reviravolta: os prisioneiros se tornaram personae non gratae e podem ir para a rua a qualquer momento. Alguns têm dez anos. Dez anos sem caminha, brinquedinhos, cafuné nas orelhas. Dez anos e descartados. As histórias de resgate são igualmente tristes, mas os peludos seguem acreditando no ser humano e, pasmem, esbanjam carinho.
Por favor, compartilhem. O Gatoca não conseguirá salvar essas vidas sozinho. :\
África (6 anos)
Com quatro semanas de existência, os irmãozinhos dividiam uma gaiola de 30 cm² no petshop do bairro, sem água nem comida. Como ninguém quer os pretolinos, exceto às vésperas do Halloween (e não é para amar), a senhora acabou pegando os três, mais o sialata. E não conseguiu doar nenhum. África adora companhia e dengo.
Fidelis (6 anos)
É um ronronento tímido. Desconfia de estranhos em um primeiro contato, mas, se não for pressionado, logo se põe a fazer graça.
Fortunato (6 anos)
Bonito e bonzinho, o afortunado não poderia ter outro nome. É o gato mais doce da casa: não pode ver alguém que já se atira nos pés.
Hexa (6 anos)
Parece arisca, mas, com pouco tempo de convívio, já distribui cabeçadinhas, lembrando a Copa do Mundo que não deve ser nomeada.
Bebê (8 anos)
Resgatada do motor de um carro estacionado na igreja, toda suja de óleo, a tigrada não havia completado um mês. Esbanja carência e não economiza nos miados para ganhar atenção.
Cocadinha (10 anos)
Apareceu na escola em que a senhora trabalhava, já adulta, com uma sacola inteira saindo pelo ânus ― provavelmente ingerida no desespero da fome. Dizem que fugiu da casa da vizinha, onde era criada em uma gaiola de pássaro. Quando a pegavam no colo, se urinava de pânico. Hoje, faz cara de brava para a fotografia, mas é ultrameiga. Só não troca muito calorzinho com os outros bigodes.
Mel (10 anos)
Conheceu o abandono ainda na barriga da mãe, que vagava perdida em Peruíbe quando sensibilizou uma amiga da senhora. Primeira quadrúpede do recinto, é quem dá as ordens. Mas exerce esse poder com tranquilidade e gentileza. E não dispensa um afago.
Vitória (2 anos)
Arremessada sobre a cobertura de uma quadra de esportes, há 12 metros do chão, e descoberta três dias depois, Vicky quase morreu de desidratação. Vive fora do cubículo imundo, mas sem contato com pessoas e animais. E precisa de um tutor experiente na arte da conquista, que não se intimide com o festival de fuzzzzzz.
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