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22.2.19

Deixar ir

Eu contei, no segundo aniversário de ausência do Simba, que tinha conseguido ressuscitar a simbalenta, comprada no estágio terminal da doença renal e lentamente destruída pelos bigodes. Ela começou pequenina, de uma única folha ─ o segundo protótipo não foi para frente. E eu ficava entrando e saindo com o vaso de casa, em busca do melhor sol e à prova de qualquer garoa.


Um semestre de cuidados intensos se passou. Até que a bichinha também se pôs a morrer, muito antes de alcançar o tamanho da original. E eu entendi: acabava o luto, estava pronta para desapegar ─ da planta e do sofrimento do que não dura para sempre.


A verdade é que nós, ocidentais, não sabemos lidar com despedidas vitalícias. Mesmo acumulando perdas, como no meu caso. E deixar ir esvazia. Mas do vazio nascem universos.

4 comentários:

Maria disse...

Tive que chorar um pouco, pelo Rei Sol, pela plantinha e pelos meus que já se foram

Paulo disse...

Difícil mesmo essas despedidas. Já vai fazer um ano que um dos meus amores partiu, e suas cinzas ainda estão aqui em casa comigo. Uma hora a gente consegue !

Anônimo disse...

Nunca estaremos preparados para a partida de nossos amados, sejam eles humanos ou não. Fato.

Beatriz Levischi disse...

Aperto coletivo! <3