No fim de 2003, a cidade piscava suas luzes natalinas, enquanto dona Vera se apagava no hospital. E eu, que já sofria com o inferno astral, acabei brigando definitivamente com Noel. Essa talvez seja a primeira vez que não sinto vontade de emendar novembro com janeiro. Nos 11 anos que se costuraram fechando buracos, fui ganhando famílias ― não as de comercial de margarina, mas que também fazem a gente sorrir de graça.
Primeiro, os irmãos, que viraram mais do que irmãos. Depois os bigodes, amores quadrúpedes instantâneos. E os tios, que passaram a incluir pratos vegetarianos na ceia. E os amigos, que ainda emprestam seus colos, partilham ideais, ajudam a xingar. E vocês, leitores, que transformam carinho em comentários, doações, abraços reais. E o Leo, para trocar, cuidar e ser cuidada.
Este ano, não deu para comprar presentes caros. Mas fiz questão de providenciar dois especiais: batalhoada para a Tati, amiga-irmã de duas décadas, que decidiu parar de comer carne justo nas festas em que os parentes têm mais dificuldade para aceitar. E retirada de pontos de castração a domicílio para a Morgana, gatinha da Vera que agora viverá dobrado.
O Gatoca deseja que cada um de vocês possa comemorar um Natal que faça sentido. :)
3 comentários:
O meu fez bastante sentido. Me poupei de ir às casas da família com as tradicionais ceias mortais. Ficamos em casa: eu, a filhota, o namorado dela e nossos gatos. No dia 25 fui pra casa da mama depois do almoço, para nossa brincadeira de troca-troca, bem divertida. No café e no lanche tivemos muitas frutas e bolo. Lá vão 8 anos sem carne e com felicidade. Beijos Gatoca!
Que delícia, Cris! :)
Meu pai foi pra UTI em 22/12/2011. Foi um Natal triste, pq ele não pode estar conosco. Mas o tempo passou e, como ele sempre nos ensinou, o Natal não é uma festa nossa, mas é o aniversário de outro que sempre nos convida para a festa. Por isso o Natal meu e de meus irmãos nunca foi triste. E o meu acredito que nunca será, pq a casa do aniversariante sempre poderá nos receber, com pão e vinho. Bju
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