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16.5.08

Golpe da Barriga - parte 5

Abre parêntese: essa novelinha é da Guda, cujas filhotas estão quase completando um ano de vida, gente! Não tem ninhada nova vindo por aí, graças a São Francisco de Assis! Achei melhor explicar também que troquei o título dos posts, atendendo a pedidos, para que as Gudinhas ganhem uma série exclusiva. Fecha parêntese.

Não se mexe com quem está quieto

Depois de invadir a favelinha três vezes com a espada em punho, Clara Luz levou uma surra da Chocolate Tamanho Família! Na primeira investida, a obsessiva entrou pela lavanderia quando eu abri um milímetro da porta para jogar o guardanapo no lixo. Na segunda, pulou o vitrô do banheiro, que alguém esquecera aberto. E na última, aproveitou a micro-fresta da janela do próprio quartinho, alargando o buraco obstinadamente com a cabeça. Não preciso dizer que o incidente a deixara toda dengosa, né?!

Arrumação para a maternidade

Quando voltamos do almoço de Dia das Mães na casa do Eduardo, a barriguda estava tão branquinha e macia, que parecia ter ficado de molho no Comfort. Pelo jeito, os preparativos para o grande dia haviam começado! Na hora de dormir, inclusive, ela passou um tempão no meu armário, procurando um cantinho para se acomodar. Desconhecendo as necessidades de grávida (e tendo constatado que banheiro e potes de comida jamais caberiam junto com os sapatos), porém, levei-a de volta ao quartinho.

*continua*

ANTES


DEPOIS


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15.5.08

O que seria do Gatoca sem vocês?!

Aos nove meses de existência (porque os dois primeiros foram gastos com o layout precário - rs), Gatoca acaba de ultrapassar os 1.000 comentários! Para comemorar a participação animada a cada peripécia dos bigodes e, simultaneamente, desculpar-me pela distância das últimas semanas, resolvi responder as mensagens atrasadas aqui neste post!

Lili, Inês, Mônica, Claudia Regina, Camila, Francine, Thiane, As Mimadas, Lyra e mãe da Guiga, sejam bem-vindas! :)

Bella e Sônia, parece que Romeu e Julieta continuam na mesma situação.

Celina, como está o Dangô? "Marley & Eu" vale muito a pena! Só tome cuidado para não acordar inchada no dia seguinte. rs

Márcia, eu não tenho caixa postal, mas o Mercvrivs disse que podemos abrir uma se a Petúnia ensinar como. Em 2006, viajei ao Canadá para escrever sobre intercâmbios culturais e fiquei impressionada com a gentileza do povo, a limpeza das ruas, a qualidade do sistema educacional, as casas sem muros (como nos filmes), os esquilos fugindo das máquinas fotográficas. Foi a única vez que saí do Brasil. Não queria mais voltar.

Meu o olho esquerdo está bem melhor, mas não dá para saber se sobrou algum grau antes da cirurgia de miopia completar seis meses. Eu comecei a usar óculos aos dois anos de idade e lentes de contato, aos 14. Só que o organismo resolveu rejeitá-las depois de velha e ninguém merece entrar no mar de armação na cara para conseguir voltar para a esteira.

Lisy e Lu Fuoco, valeu pelos textos! Lu, você já pensou em bloquear o acesso dos peludos à rua, evitando novos riscos?

Juliana, minha voz ao telefone é péssima, você não perdeu nada. O convite para a festa do Adote um Gatinho estava no blog das meninas. Pode repassar as dicas de cuidados felinos aos amigos, claro! Adorei o episódio das pílulas espalhadas pela sala! Em "Bigodes alados" aparecem dormindo com a Guda a Jujuba, a Pipoca e a Keka.

Cris Senna, apesar do sufoco (e da falta de familiaridade desta jornalista com segredos de maquiagem, combinação de estampas de almofadas e vídeos de modelos em baladas paulistanas), trabalhar na Editora Globo foi uma grande experiência. Obrigada pela indicação!

Michelle e Gisele, será que conseguimos papear no sábado?!

Kalu, se os bigodes viverem 32 anos, vou direto para o céu!

Silvana, como está a resgatinha? Você não esclerosou, não: as novelinhas serão publicadas somente nos respectivos aniversários dos protagonistas.

A atual, aliás, conta a saga da Guda, que completou um ano aqui em casa e todo mundo ainda confunde com a Chocolatinha. Não tem ninhada nova vindo por aí, gente. Graças a São Francisco de Assis! rs

Já vi que se tomar coragem de escrever um livro, venderei quatro exemplares. Ueba!

Charles, a Lili sarou?

Ana Cláudia, BBB (Blog dos Bigodes da Beatriz) foi ótemo! Agüenta firme, porque seu peludo vai precisar de você mais do que nunca agora. Depois, a gente te dá colo.

Silvana Tavano e Maria Amália, garanto que não atiro confetes despropositados. "Diários da Bicicleta" e "Na Contramão do Pelo Contrário" ganharam uma leitora assídua, apesar do tempo curto.

Ana Paula, que fim levou o resgatinho dos bombeiros? Deixe a Minhau solta com a turma, mas não force a aproximação. E se rolar briga feia, intervenha. Aqui, Chocolate e Clara ainda pegam fogo, sem sinal de progresso.

Kiki, não consegui assistir o vídeo do milho.

Débora, acho que mãe faz falta até para quem tem 90 anos.


Obrigada pelas palavras de carinho, pelas histórias engraçadas, pelos ataques de ira partilhados. Quando a vida começa a pesar, eu lembro que existe este blog e tudo fica com gosto de bala. :)

14.5.08

Mercvrivs & Eu

Antes de me encantar pelo algodão com pernas mais comum de uma ninhada de cinco, eu criticaria ferrenhamente alguém que perdesse tempo enterrando um cachorro. Ontem, estava aos prantos com o final de "Marley & Eu". Que o desfecho é triste, todo mundo sabe, mas constatar que passarei por isso, no mínimo, dez vezes ao longo da existência roubou-me o sono.

A simples idéia de ver partir o bigode que forçou as janelas desse coração escaldado para o amor entrar, cheio de cores, cheiros e gostos, faz o corpo inteiro doer. Como decidir a hora de dizer adeus? Nem com todo o sofrimento de minha mãe eu consegui! Olha que ela sempre pregou preferir morrer a terminar numa cama de hospital. Mas e se tivesse reconsiderado?!

Queria poder obrigar Mercv a jamais cruzar a ponte do arco-íris sem mim. Agarro-me, no entanto, à esperança infantil de que nunca deixarei de ouvir seus passinhos pela casa. Às vezes, a vida parece intensa demais para a minha pequenez.

Golpe da Barriga - parte 4

Subversivos caricatos

Quando Simba conseguia furar o cerco armado em torno da futura mamãe, corria direto para a favelinha e se esmagava na parede do fundo, onde as mãos não alcançavam, com ar de vitória. A alegria transformava-se rapidamente em embaraço, porém, se a gente resolvesse levantar a caixa de papelão. Chocolatinha Extra P escondia-se sob o fogão, almejando espiar a intrusa sem ser expulsa no rebanho. Barriguda respondia a todas as investidas dos bigodes com miados que mais pareciam apitos de carnaval.

Badaladas

O primeiro trajeto que Chocolate Tamanho Família decorou foi o que levava ao jardim de inverno do meu quarto. Acontece que ela insistia em atravessar dando saltitos engraçados, com medo de encontrar os outros gatos, e o barrigão acompanhava balançando feito sino. Quando finalmente chegava na janela de vidro, as perninhas de trás até arriavam.

*continua*


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13.5.08

Bigodes alados

Yone Sassa, amiga de grande coração que abrigou uma das ex-queletinhas da dona Lourdes temporariamente ano passado, acabou de me contar que os posts do Gatoca ganharam vida em seus sonhos, enchendo a madrugada de ontem de bigodes. Esse deve ser o maior elogio para uma escrevinhadora de histórias. :)

12.5.08

Golpe da Barriga - parte 3

Corpo mole

Chocolate Tamanho Família só queria saber de ficar esparramada sobre o cobertor que eu havia ajeitado no quartinho. Certa manhã, quando a forcei a caminhar para aproveitar o sol tímido que despontara no quintal, tive de agüentar um rosário interminável de lamentos. De hora em hora, então, eu a colocava no colo, acariciava seu barrigão e assistia a gordinha fazer massinha na minha perna, completamente hipnotizada.

Estratégias de convivência pacífica

Para evitar que a futura mamãe apodrecesse no quartinho, embora eu achasse que ela estava realmente gostando da idéia, arrumei um jeito de dividir a casa em duas partes (ela morria de medo dos bigodes e os bigodes não morriam de amores por ela): quando abria a porta da lavanderia que dava para o corredor externo, deixava o resto dos cômodos e o jardim da frente para os veteranos. Se fechava os bagunceiros na sala, levava a gordinha para passear pelos quartos. Acontece que sempre tinha um infeliz que ultrapassava o bloqueio e Clara chegou a partir para cima da coitada duas vezes com uma seqüência impiedosa de tapas, enquanto ela se encolhia assustada embaixo do armário da cozinha.

*continua*


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Foto da Umaga na casa nova!

http://gatoca.blogspot.com/2008/05/esqueletinhos-palavras-ao-vento_08.html

P.S.: A ex-queletinha agora se chama Nina e ganhou um irmão felino que atende pelo nome de Dink.

10.5.08

Especial: Dia das Mães 2008

Ser mãe é estar junto...


...trocar carinhos, confissões, angústias e sonhos.


Mas também faz parte saber a hora de brigar...


...e de impor limites.


Dedico este post à minha mãe, que não chegou a conhecer Gatoca, e às milhares de mães felinas abandonadas pelo mundo, que não tiveram a chance de dar a seus filhotes uma família como a nossa.

9.5.08

Golpe da Barriga – parte 2

The day after

Almejando melhorar a estadia da Chocolate Tamanho Família na garagem, improvisei um banheiro no pratão do vaso de flor e roubei tupperwares da cozinha para comida e bebida. O cobertor fedia desgraçadamente a mofo, mas ela só o abandonava para esconder-se dos curiosos sob o meu carro.

Quando a previsão máxima de temperatura bateu 16ºC, resolvi trazer a favelinha para dentro de casa. Isnard avisara que não decidiria sobre a adoção antes da viagem a trabalho e seria desumano deixar a barriguda congelando por tempo indeterminado, num imóvel com tantos cômodos. Principalmente porque toda vez que me ouvia na sala ela chorava.

Quentinha e segura, a futura mamãe nem se importou com o tamanho limitado do quartinho de bagunça. Mercv, Clara, Simba e Cho permaneceram dominando o resto do território, igualmente felizes. E eu insisti no esforço de não lhe dar um nome, porque dá-la depois disso ficaria bem mais difícil.

*continua*


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8.5.08

Esqueletinhos: palavras ao vento

Atualizado em 12.05.08

Lembram da cartinha da Thaís, dizendo que Umaga teria um lar com muito amor até que fosse para o céu dos gatinhos? Pois soube que ela se separou do marido no final de abril e não pensou meia vez em desovar a ex-queletinha*. Sorte que Susan arrumou-lhe um cantinho na semana seguinte, com vista para a Avenida Paulista, sob os cuidados de uma professora de história e seu filho advogado. A pequena agora se chama Nina e ganhou um irmão felino que atende pelo nome de Dink.


*História completa dos montinhos de ossos da dona Lourdes, constantemente atualizada.

7.5.08

Golpe da Barriga

Na manhã do dia 7 de maio de 2007, dona Jane tocou a campainha aqui de casa para dizer que minha gata grávida estava dormindo na soleira de sua porta e quase foi atropelada por um carro ao tentar segui-la rumo à feira. Eu não tenho bigodes que mendigam no jardim dos vizinhos, muito menos grávidos, mas achei melhor checar e dei de cara com a Chocolate tamanho família: mesmo nariz sujo de cacau, mesmo corpo branco com as extremidades escuras, mesmos olhos azuis. E uma barriga invejável!

Deixei-a ficar na garagem, esperando convencer algum amigo a adotá-la. Pelo bairro, os bombonzinhos se multiplicariam como gremlins, engordando as estatísticas de animais famélicos e maltratados. Sem demonstrar vontade alguma de partir, a futura mamãe logo transformou o capacho da entrada em cama e ainda compôs uma sinfonia de miados engraçados para louvar o primeiro pote de ração.

Numa das vezes em que saí para conferir se estava tudo bem, encontrei Clara Luz sentada ao seu lado. Na visita seguinte, Mercvrivs e Simba haviam se juntado à rodinha de fofoca. Soltei, então, a pequena Chocolate para ver se a natureza as fazia reconhecer-se, mas, ironicamente, esse foi o único contato que rendeu ruídos de calabouço.

*continua*

6.5.08

Tem mensagem para você!*


*Como nem todo mundo deve ter pego essa fase da internet, achei melhor explicar: as fotos acima são da caixinha do correio aqui de casa.

4.5.08

Cada doido com a sua mania

Eu já estava na contagem regressiva para a quermesse aqui do bairro, quando papai resolveu cozinhar um panelão de pinhão e dividir com a gente. Eis que Chocolate também se interessou pela guloseima junina e ontem, na hora do lanche, a semente saiu voando da minha mão, atravessou a cozinha e se chocou contra o chão. Para a minha surpresa, porém, ao invés de comê-la, a pequena pôs-se a estapeá-la alucinadamente, como se fosse uma das bolinhas de alumínio.

1.5.08

Parquinho

Observar a Pimenta brincar no jardim me faz lembrar dos tempos de pré-primário, quando Mariana e eu voltávamos exaustas da escola, com o uniforme completamente imundo. Mamãe vivia ameaçando jogar no lixo e papai não casava de perguntar se a gente andava com os pés ao contrário, para conseguir gastar o tênis de velcro bege mais na parte de cima que na sola. Detalhe: no dia em que tirei essas fotos, a pestinha ainda estava com os pontos da castração!

29.4.08

Sala de estar... passada de vergonha!

Abaixo, a cartela do meu anticoncepcional, que fica guardada dentro do armário do quarto. No canto direito superior da foto, a libertina que desfilou com ela pela casa inteira, em frente às visitas. À esquerda, o cúmplice de pelúcia.

25.4.08

Gatoca no mundo encantado da literatura

Silvana Tavano é editora de saúde da revista Marie Claire, autora de vários livros infantis e dona do "Diários da Bicicleta", onde publicou um post sobre o Gatoca na tarde de ontem, com destaque especial à Chocolate, que está toda metida. Maria Amália Camargo também integra o mundo das letrinhas, viu o texto da Silvana e resolveu deixar um comentário fofo aqui no blog. Confesso que fiquei honrada com essas visitas! Admiro quem sabe dar nós na imaginação para conquistar uma criança. Enquanto os videogames modernos fazem cada vez mais sucesso simulando a realidade, eu queria era matar a curiosidade de ler "O mistério da gaveta", "Creuza em Crise", "Romeu suspira, Julieta espirra", "Muito pano pra manga"...


P.S.: Mercvrivs já aprendeu a publicar posts. E eu precisei apagar a primeira versão desse aqui, porque faltava colocar os links. Não duvido que logo, logo o peludo esteja escrevendo também.

21.4.08

O cúmulo da preguiça!

Contando ninguém acredita, mas quando uma das Gudinhas vomita aqui em Gatoca, as outras disputam a tapa a comida mastigada! E se a gente consegue limpar a sujeira antes, as pestes estraçalham o papel higiênico jogado na lixeira, sem a menor cerimônia.

18.4.08

Amar é...

...jantar pizza fria no trabalho e guardar o papel alumínio para fazer bolinha para os bigodes.

16.4.08

Dividir para multiplicar - parte 4

Show de horrores

Os pesquisadores da esquizofrenia deveriam estudar os gatos. Sempre que as coisas pareciam ter entrado nos eixos entre os bigodes, Mercvrivs decidia pular na cabeça da novata e a perseguia pela casa durante horas a fio, sem motivo aparente. Eu tentava trocá-los de quarto, brigava, batia também (de levinho!), colocava no colo. E quando estavam prestes a pegar no sono, a novela recomeçava. O mimado até perdeu a voz, de tanto protestar.

A gata e a fada

Os olhos da pequena pareciam de vidro, a boca já vinha com batom de fábrica e o pêlo brilhava dourado, ofuscando uma das patinhas e o focinho completamente negros. Ela saltava como se voasse e o caminhar lembrava o das bailarinas. Ao brincar sozinha, dava vida às bolinhas de papel. Nunca se opunha a um cafuné.

Clara Luz não podia ter outro nome! Era a fadinha do meu primeiro livro da escola, que se recusava a seguir as regras do manual de magia dos seres encantados e sempre se metia em trapalhadas. Quinta-feira, antes deu sair atrasada para o trabalho, comemoramos seus dois anos aqui em casa do jeitinho que ela gosta: só nós duas, um ratinho de catnip e muito dengo.

* FIM *


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Outros aniversários: 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 |2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

Despedida
:: Saudade
:: Nunca foi tão difícil plantar girassóis
:: Os primeiros 30 dias
:: Clara finalmente virou girassol!
:: Girassóis góticos de Halloween
:: Uma caixinha especial
:: Luto: tempo contado em girassóis
:: Segundo aniversário sem ela, depois do caos

14.4.08

Dividir para multiplicar - parte 3

Laço de fita: o segredo da felicidade

O passatempo preferido da nova dupla felina era visitar o box do meu banheiro: bastava a gente se distrair um segundinho que lá estava o Mercvrivs bebendo água velha com shampoo e a gatinha brincando de carimbeira. Só então me dei conta de que não fazíamos a menor idéia de onde aqueles pezinhos imundos haviam pisado antes de parar no saco de lixo e decidi levá-la para tomar banho no pet shop. A experiência foi sofrida, mas quando colocaram um laço rosa gigante em seu pescoço, os miados escandalosos cessaram e a pequena voltou para casa toda empinada. Ao vê-la na porta de auto-estima renovada e elegante, Mercv saiu correndo para o abraço e os dois passaram o dia de namorico, espalhando pêlos perfumados sobre os móveis.

Criatividade esgotada

Depois de quatro dias sem conseguir escolher um nome para a gatinha, apelei ao Deus Google: pesquisamos princesas, bruxas, personagens de histórias da infância, músicas, contos de fadas, quadrinhos, filmes dos anos 80, pedras preciosas, deusas da mitologia e até palavras em latim. Nada. Mariana sugeriu Niagara, por causa da cor dos olhos e da intensidade da personalidade. Jubs queria Nala ou Kiara, as meninas de "O Rei Leão". Eu fui indecentemente vaiada com o singelo Estrela (em português mesmo) e acabei ficando sem graça de propor qualquer outra coisa.

*continua*


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12.4.08

Dividir para multiplicar - parte 2

Aprendendo a partilhar...

Assim que a correria para socializar os bigodes passou, tive medo da minha cama ganhar outro inquilino espaçoso. Mas a gatinha preferiu dormir na mesa dura do escritório e nem reclamou. Era visivelmente mais autônoma que o Mercvrivs. Não tardou, aliás, para se sentir à vontade em fazer xixi no jardim, derrubar o vaso de flor da estante, espalhar ração pela sala perseguindo o novo amigo, pular dentro do meu prato de comida.

Ao observar a nuvem de pêlos que ela produzia no simples ato de caminhar, confesso que cheguei perto de me arrepender. Mas bastou ouvir os resmungos tristonhos do pequeno, quando não a encontrava, para que a crise passasse. Se durante cinco minutos eles trocavam olhares apreensivos, caretas e tapinhas, nos outros cinco estavam brincando empolgados com a mesma bolinha de papel.

Eu sabia que ele não curtia a idéia de ter que dividir as atenções, guloseimas e quinquilharias com a intrusa. Mas onde quer que ela fosse, lá estava o curioso tentando imitá-la. As encostadas de nariz ainda soltavam faíscas, mas o armistício parecia próximo.

...ou não

Quem ensinou a gatinha a usar a caixa de areia, acreditem, foi o mimado. E ela fazia igualzinho ao mestre: abaixava concentrada, centralizava o bumbum no buraco e, na hora de enterrar, jogava mais pedrinhas para fora do que sobre o cocô. A vida com os bigodes pré-Gatoca lembrava os comerciais de margarina da televisão... se não fossem os ataques repentinos de ciúme do primogênito! Teve uma vez em que ele marchou decidido para a bacia e desenterrou o passado da concorrente em tom de provocação. Ela cobria, ele descobria. Ela cobria, ele descobria. Até que eu intervi e assisti perplexa o egoísta urinar na Severina de vingança.

*continua*


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10.4.08

Dividir para multiplicar

Quando Gatoca ainda nem existia e Mercvrivs demorava um mês para comer o pacotinho mínimo de ração da Royal Canin, eu costumava fazer as compras no pet shop do Sonda, como qualquer mortal. Ajoelhava em frente à prateleira colorida e ficava horas pensando num sabor inédito, para variar.

Até o dia em que fui fisgada: de dentro da gaiola, uma gata pintadinha conseguira enroscar as garras na minha blusa de lã e desfilava de um lado a outro, esfregando o rosto contra as grades para me conquistar. Seu miado enchia a loja de tristeza.

Soube que ela e os filhotes haviam sido abandonados em sacos de lixo separados, sem o menor sinal de compaixão. O encanto dos pequenos logo atraiu candidatos à adoção. Mas a mamãe sobrou. Tão jovem (um ano no máximo), já considerada velha. Sem dinheiro nem tempo para cuidar de outro bichinho, trouxe-a para casa.

O encontro dos bigodes saiu de improviso: primeiro, deixamos que se cheirassem pelo vão da porta da sala. Depois, passamos para a etapa visual, na janela. Mercv, poço de ingenuidade felina, queria tocar a escaldada de qualquer forma. Ela recuava.

No momento em que finalmente se encontraram no jardim, não dava para dizer qual coração batia mais rápido. E bastou os focinhos se encostarem para que a recém-chegada soltasse o clássico fuzzzzzzzzzzz. A noite caiu sem progressos, em meio a tentativas frustradas de aproximação e rosnadas gratuitas.

Com a gente, o tratamento era diferente. Doce e meigo. Mas o choro pela perda da ninhada não cessava e a nova hóspede recusava-se terminantemente a comer.

*continua*

8.4.08

Dicas para cuidar do seu gato

Neguinho descobre que você coleciona gatos e faz uma lista enorme de perguntas sobre os cuidados que deverá tomar para que a criatura recém-adotada cresça bonita e viçosa, como os feijões nos potes de danoninho da escola. Almejando minimizar os percalços dos marinheiros de primeira viagem, resolvi partilhar minha experiência com os dez bigodes de cores, tamanhos e idades variadas que tocaram a campainha aqui de Gatoca.

Antes de escolher tornar-se responsável por outra vida, espero que você tenha se lembrado do Pequeno Príncipe. Soa piegas, mas já vi gente abandonar companheiros fiéis porque ficaram doentes, porque envelheceram, porque estragaram o sofá, porque brincavam demais, porque brincavam de menos, porque a raça saiu da moda, porque a criança enjoou do presente, porque o bichinho engravidou, porque a dona engravidou, porque o relacionamento acabou, porque o casal mudou de apartamento, de cidade, de país.

Gatos são considerados independentes, mas não cozinham sua comida sozinhos, não tomam táxi até a clínica veterinária em caso de dor, não limpam a caixinha de areia puxando a descarga. Na rua, aliás, correm o risco de morrer envenenados por um vizinho descontente, de parar sob a roda de um carro desenfreado, de brigar com outros animais, de pegar mil doenças. O planeta está caótico demais e as pessoas, cada vez mais cruéis para acreditarmos no mito da liberdade felina. Se você ama aquele ser que afia as garras no auto-falante do seu home theater, coloque telas em janelas e muros baixos.

Castração não serve apenas para controle populacional. Ela ajuda nos problemas de comportamento e temperamento, evita o estresse físico e emocional causado pelo cio, além das demarcações de território inconvenientes, diminui o risco de infecções uterinas e o aparecimento de tumores (mama e próstata), aumenta a expectativa de vida. A cirurgia, realizada a partir dos quatro meses de existência terrena, é simples e rápida. O anestesiado volta para casa no mesmo dia, traçando as pernas e trombando nas paredes.

Vacinas (anti-rábica + tríplice, quádrupla ou quíntupla) devem ser aplicadas anualmente, mesmo que o bibelô não saia do tapete da sala. Cada peludo ganha uma carteirinha exclusiva, como a sua. Se encontrar minhocas no cocô ou falsos grãos de arroz na caminha, dê a quantidade de vermífugo equivalente ao peso do parasitado. Frontline acaba com as pulgas, aparentemente inofensivas, mas responsáveis por várias enfermidades. Pensando no preço, bem que podia durar mais que dois meses...

Banho, só quando necessário, já que o evento costuma traumatizar os envolvidos e felinos se viram bem com suas línguas mágicas. Pêlos longos obviamente merecem cuidados especiais, como escovações diárias e tosa higiênica, a menos que você não se importe com as bolinhas de cocô penduradas nos fundilhos, feito enfeite de Natal. Hum... Preciso falar sobre a importância do acompanhamento veterinário e os benefícios de uma alimentação decente (com ração de qualidade à vontade e água fresca)?

Alguns gatos gostam de caçar fitinhas tremelicantes, estapear bolinhas barulhentas e enroscar-se nos ratinhos de catnip. Outros fazem você gastar uma fortuna no pet shop para se divertir com a meia furada da sua irmã, o rolo de durex do escritório, as revistas da visita, o lixo reciclável. Impossível prever pela carinha de santo!


Obs: Mercvrivs, o primogênito, recém-aportado em Gatoca, no dia 2 de dezembro de 2005.

7.4.08

Mais de 2 mil motivos para comemorar!

Ontem, rolou a festa de aniversário de cinco anos do Adote um Gatinho. As meninas pensaram em tudo: decoração amarela e roxa, bazar de tentações felinas, vídeo dos resgatinhos no telão, bolo enfeitado com o logo da ONG. Assim que cheguei, mesmo não tendo conseguido ajudar na preparação do evento, ganhei um crachá de staff com o meu nome e o dos bigodes.

Era o mais populoso do recinto! Pelos corredores, aliás, espalhavam-se leitores do Gatoca. Creio que nunca estive em frente a uma mesa inteirinha de sanduíches sem carne antes (e sem ninguém mandando, de má vontade, que eu separasse os cadáveres). Ainda saí carregando uma bexiga para cada peludo, por insistência das organizadoras, que pareciam querer desová-las a qualquer custo. rs

6.4.08

O que faremos amanhã à noite, Cérebro?

Quem quiser matar a saudade quando o Gatoca ficar muito tempo sem atualização, dê uma navegada pelo blog da Marie Claire. ;)


Obs.: O primeiro post, sobre o show do Rod Stewart, já está na capa do site da revista!

4.4.08

Epidemia de carência

A saudade aqui em casa chegou num ponto que basta eu sentar na privada para que Mercvrivs* pule no meu colo e comece a fazer massinha. Até a Keka ronrona quando me vê! E olha que ela é das Gudinhas ariscas, que mal deixam a gente encostar. Estava fazendo as contas ontem, antes de dormir (às 3h da madrugada), e vi que passaram-se apenas três dias do frilão na Editora Globo. rs


*Para quem tem perguntado, a perna do Mercv ficou ótima. Mas claro que o mimado insiste em dar umas mancadinhas forçadas se percebe que estou olhando.

2.4.08

Labuta no Jaguaré

Atualizado às 20h10 (culpa da correria!)

Ontem, antes de encarar o desafio de trabalhar por um mês na Editora Globo (a convite da Cris Senna, graças ao Gatoca!), pensei em mil estratégias para os bigodes se virarem bem aqui em casa durante a minha ausência, como uma mulher angustiada despedindo-se da licença maternidade.

Enchi os potes de comida com ração extra, bolei um jeito da Clara ficar apartada da Chocolate, comprei outra caixinha de areia para evitar cocôs-supresa sob o sapato, blindei portas e janelas (apesar dos muros de dois metros de altura).

Na redação, após confirmar os endereços de todos os vencedores do concurso cultural da revista "Casa e Jardim" de abril (tarefa de presidiário do dia), dei de cara com esse e-mail:

Olá Beatriz,
Acredite que esse foi o melhor 1º de abril que já me passaram! rs
Sorteada com o vaso da Imaginarium, ainda tive o prazer de falar contigo ao telefone.
Sou fã do teu blog e do teu jeito de misturar as letrinhas.
Envio um carinhoso abraço.
Silvia Meziat


Pois não é que os leitores das publicações de verdade também acessam o Gatoca?! rs

Voltei a Bernocity tarde da noite, o crachá da empresa balançando esquecido no pescoço. Simba esfregou-se tanto em minhas pernas que parecia aliviado com o "desabandono". Culpada, hoje levantei às 6h da madrugada para lhe fazer carinho fedido de sabonete, atualizar o blog, dar colinho para o Mercv, tomar café com as Gudinhas pedindo itens diferentes do cardápio, abrir as portas e janelas para um passeio coletivo monitorado no jardim, brincar de graveto.


P.S.: Troquei o título do post porque lembrei que já havia me separado dos bigodes quando viajei a trabalho para o Canadá.

31.3.08

Não fiquei cega!

Mas ainda estou me adaptando à variedade de cores da vida sem lentes. O olho direito parece recém-saído da concessionária. O esquerdo, porém, anda rateando. De perto, aliás, ambos embaçam feio. Tudo normal, se amanhã não começasse o frilão de 23 dias na Editora Globo. :\

Ah! Quem falou que a impressão do pós-operatório é de areia nos olhos mentiu. Eu sentia cacos de vidro envoltos em arame farpado! E só consegui desgrudar as pálpebras depois de sete horas de lamentos. Vontade de encaixar o colírio "para o caso de irritação" num funil.

29.3.08

Adeus miopia!

Assim que desligar o computador, rumarei para a cirurgia que me fará enxergar um mundo completamente diferente, depois de 28 anos! Volto a postar quando os olhos pararem de lacrimejar de emoção. Tia Roseli nunca mais me dará bronca por esconder os óculos na mochila para brincar no parquinho. Ai, que medo...

26.3.08

Imagens fortes

Eis o primeiro dos ratinhos de catnip que Patrícia trouxe para os bigodes a ter um final trágico. Tudo em três dias!


Lembrei do tempo em que Mercvrivs reinava sozinho em Gatoca e não desgrudava de seu amigo verde. Após meses servindo fielmente os caprichos bélicos do mimado, a bola de sujeira e feltro recebeu as devidas honrarias e foi sepultada na lixeira do banheiro. Inconformado com o sumiço do parceiro de guerras, o bigode adentrou o meu quarto, deu três cheiradinhas breves e saiu correndo para resgatá-lo em meio a uma infinidade de papéis higiênicos e absorventes usados. A nós, família vil e cruel, coube a lição de aprender a respeitar o diferente.

25.3.08

O aniversário do Rei Leão

Sábado, recebi o convite para minha primeira festinha de aniversário felina! Léo –o gatão abandonado em Santos que precisou fazer biópsia e ficou três dias aqui em casa no mês de novembro– continua mau humorado, mas um mau humorado feliz. Passa horas sendo afofado pela avó, enquanto Isabel se mata de trabalhar para comprar a melhor ração. Se alguém mexe com Xany, sua irmã de bigode preferida, leva mordidas ferozes. Parece que até com a cachorrada e os canários ele se dá bem. Almejando comemorar o desfecho raro de conto de fadas, Patrícia e eu enchemos a sacola de latinhas, sachês, bolinhas barulhentas e rumamos para a zona norte. O bolo era torta mousse de limão, acompanhado por dois potes gigantes de sorvete. Eita família bonita de se ver!

24.3.08

Pirata da perna-de-pau

Passada a fase "Gatorade de limão", nunca vi o Mercvrivs tão quieto aqui em casa. Parece mais uma camiseta velha de pijama, mancando três passos e tornando a esparramar-se no chão. Não sei se foi briga, se caiu do armário, se dormiu de mau jeito. Dr. E. disse que não quebrou nada, mas deve estar doendo pacas. Tomou a clássica injeção de antiinflamatório e precisará encarar outros cinco dias de remédio. Chego à conclusão de que o inferno astral virou azar de longo prazo.

23.3.08

Presente de Santos vem com mar junto!

Se eu contasse que Chocolate babou tanto nos ratinhos de catnip da Patrícia que ficou parecendo recém-saída da piscina, vocês acreditariam?

22.3.08

Tortura chinesa

Como o gênio da Clara não bate com quase nenhum dos bigodes, costumo deixá-la na metade da casa em que ficam os quartos e fechar a porta. Ontem, na hora de dormir, Simba chorou e passou também. Mercv fez biquinho e conquistou acesso VIP à cama. 5h30 começou o tormento! Primeiro, o mimado acordou e, querendo atenção, pôs-se a caminhar sobre o meu rosto. Ignorado, decidiu arranhar a porta do banheiro. Cinco minutos depois, derrubou um molho de chaves inteirinho no chão e voltou para a sala. Aí, veio a encrenqueira, pendurou-se na janela, comeu metade do rolo de papel higiênico, arremessou meus óculos longe e ganhou idêntico destino. Solitário, o leãozinho desembestou a tagarelar no canto do corredor que dava mais eco. Levantei.

20.3.08

Tenha gatos!

Por trás de qualquer traquinagem que aconteça aqui em casa, há sempre um par de orelhas. Só mudam as cores. Meu medo de fantasmas até desapareceu!

18.3.08

Chuck Norris e Pudim

Hoje de manhã, Chocolate tomou duas vacinas no veterinário, a quádrupla e a anti-rábica, e não soltou um miadinho sequer. Pipoca, por sua vez, chorou histericamente do momento em que a coloquei na caixinha de transporte, às 9h45, até voltar para casa, às 11h15. Detalhe: Dr. E. apenas apalpou o antigo caroço das costas (que não sumiu como eu pensara, mas também não aumentou de tamanho) e disse que não valia a pena submetê-la ao sofrimento de uma cirurgia com anestesia geral. Adivinhem qual delas puxou a mim? rs

17.3.08

Ex-queletinhos: mais uma alta!

No último sábado, Pinta quase cruzou a divisa de Osasco com Carapicuíba, rumo ao seu novo lar. Susan, a motorista, garante que a viagem valeu a pena, porque doar gato preto e branco, adulto, para apartamento telado é coisa rara! David e a mãe já tinham uma filhotona Siamesa de oito meses, mas acharam que ela sentia falta de companhia. O ex-queletinho* chegou assustado e continua escondido pelos cantos. Rezemos para haja paciência extra nesses corações!


*História completa dos montinhos de ossos da dona Lourdes, constantemente atualizada.

15.3.08

Inconveniência em bigode

Quando Pimenta abriu a porta do escritório pela primeira vez, achamos que fosse sorte. Até Mariana surpreendê-la pendurada no trinco, com as patinhas traseiras balançando. Agora, ela também aprendeu a empurrar a porta camarão do banheiro. Só falta levar um jornal e sentar ao lado de quem está usando a privada.

13.3.08

Esqueletinhos: mais uma baixa

Ontem, quando Meg deixou a ração semanal para os quatro esqueletinhos* que sobraram no cortiço, dona Lourdes contou que a Cinza havia ficado doente e morreu. Assim a seco, sem mais explicações. Não consigo parar de pensar a que ponto chega o egoísmo do ser humano. Sei que a gente se apega aos bichinhos, mas recusar-se a doar sem ter dinheiro para alimentá-los com algo diferente de arroz, muito menos para levar ao veterinário em casos extremos me soa deveras cruel. Espero que o imóvel seja vendido antes dos outros virarem estrelinha também. Essa gatinha (pasmem!) era de raça (Azul da Rússia) e encontraria fácil uma família de comercial de margarina para encher-lhe de mimos. Inclusive os desnecessários! Ai, ai... Estou melancólica demais hoje. :\


*História completa dos montinhos de ossos da dona Lourdes, constantemente atualizada.

12.3.08

Adeus selva!

Quando deixei o matagal tomar conta do jardim aqui de casa, inspirada na história de "João e o Pé de Feijão", não imaginava a quantidade de seres que passariam a viver entre suas folhas. Na manhã do último sábado, bichos de todas as cores, formatos e tamanhos saltitavam em protesto contra o esforço do Eduardo de destruir suas moradas. O trabalho de limpeza durou quase três horas e rendeu oito sacos gigantes de lixo. Apesar de não terem gostado muito do resultado, boa parte dos bigodes quis participar da farra. E as Gudinhas logo encontraram uma função para os buracos que sobravam na terra: privadas ecologicamente corretas. Espero que nenhuma freira concepcionista esteja enterrada no nosso quintal.


11.3.08

O amor na sarjeta

Foi-se o tempo em que a história de "Romeu e Julieta" tinha o poder de fazer voar borboletas no estômago das pessoas. Hoje, quem passa pelo casal de poodles abandonados na Vila Rosa, zona norte de São Paulo, acelera a caminhada, ignorando os olhares de súplica por carinho.

Isabel, o anjo que adotou o Léo, até conseguiu um contato com o Late Show (que prometeu levá-los para tomar banho, tosar, castrar, vacinar), mas eles precisam de um lar temporário enquanto não aparecerem os interessados – coisa que não deve demorar, devido à repercussão do programa.

Algum leitor de bom coração deste blog pode hospedá-los? Ou, pelo menos, ajudar na divulgação? Se cada um fizer um pouquinho, daremos a esse romance um final bem mais feliz que o de Shakespeare! :)

8.3.08

Alegria para uns, suicídio para outros

Mercvrivs aprendeu a subir no armário do quarto do fundo, onde fica escondido o puff que vivia transformando em lago quando era pequeno. Aparentemente, o fetiche passou. Quem perdeu o sossego foi a Clara, que não tem mais canto alto o suficiente na casa para fugir dos ataques de ciúme do mimado.


Obs.: Ainda não respondi os comentários porque, graças ao pré-operatório da miopia, continuo cegueta. Vocês ficariam orgulhosos de ver como sou uma pessoa calma e controlada. Até desmaiei na sala de exame. Quem mandou a moça explicar que pingaria um colírio anestésico para medir a espessura da córnea e aproximar um objeto pontiagudo dos meus olhos, com cara de maluca?!

7.3.08

Cachorroca

Não sei porque eu insisto em buscar pão na padaria da esquina de casa a pé! Desta vez, cruzei com uma cachorrinha malhada mancando, os ossos da bacia à mostra. Ela possuía feridas de corda no pescoço e abocanhou as salsichas compradas no tio do dog com papel e tudo. Marlene, que trabalha aqui no bairro e também se condoeu com a situação da pobrezinha, levou-a até meu carro (não é só de pombas que eu sinto medo - rs) e nós rumamos para a clínica utinguense.

Diferente dos bigodes, a pequena deitou sobre o paninho, no banco de trás, e não arriscou um latido sequer. Só me olhava soltando puns fedorentos de nervoso e pedindo carinho ― mas quando a mão chegava perto da cabeça, punha-se a piscar freneticamente, sem conseguir esconder o receio.

Adentrou a sala do Dr. E. com ataque de tremedeira e o clássico rabinho entre as pernas. Para minha surpresa, não tinha cinomose nem problema na coluna. Só fraqueza e desnutrição. Lucia, protetora de Santo André, concordou em acolhê-la se eu pagasse a castração e as vacinas. Como Marlene havia cogitado uma vaquinha na empresa, eu aceitei.

― Você já pensou em um nome?
― Não...
― Então será o seu.

Constatei mentalmente que a população de cadelinhas Beatriz estava aumentando (na virada do ano, ajudei um casal de amigos a encontrar um lar para uma poodle abandonada de coleira em Santo Amaro) e precisei disfarçar o riso.

Minha xará ganhou uma gaiolinha exclusiva, mas não queria me deixar partir e, esticando o focinho estrategicamente, impediu que a porta se fechasse por um último cafuné. Se não fosse a Fabíola esmagá-la contra o peito, anunciando a amizade que se estabeleceria nos próximos dias, eu morreria de culpa.


P.S.: Pelo amor de Deus, não me façam piadas com Cavaloca, Papagaioca, Ramsteroca, Porcoca ou quaisquer variações! Cachorroca, Gatoca, Pomboca e Passarinhoca já bastam para 2008.

5.3.08

Como estragar um gato: curso intensivo

Só a Keka, aqui em casa, vomita a ração da lata. E eu morro de dó porque ela adora. Lambe o potinho empolgadíssima e, no segundo seguinte, bota tudo para fora. Sempre. Como forma de compensação, passamos oferecer-lhe outras guloseimas: leite, mamão, granola, pão integral. Acontece que agora basta alguém adentrar a cozinha para que a glutona monte plantão na porta, ansiosa pelo "prato do dia". Mariana já até reclamou que o café da manhã da pequena é mais completo que o seu.

4.3.08

Ex-queletinhos: adoções no atacado

Smoo passa o dia atrás de Mika, uma gatinha resgatada da rua, mas até agora só levou patada. Do Ricardo ele não quer nem saber. Deby contou que basta escutar uma voz masculina para sair correndo na direção contrária.


Chococat e Lourdes dormem juntos embaixo da máquina de lavar roupa e costumam levantar animados às 5h30 para tocar o terror na casa da Raquel: mexem em tudo, arranham o sofá, brincam de bolinha – coisa inimaginável no cortiço da dona Lourdes*!


Na mesma semana, Susan comunicou ao maridão que havia adotado Conie (a filhotinha de dois meses que levara um pontapé e foi parar na UTI), sua peluda número oito. Eis a cartinha que me fez admirá-la ainda mais:

Aos dois meses, Conie passou por uma cirurgia com 90% de chances de morrer. Devido ao estado crítico do diafragma rompido, a costura da operação ficou muito perto do pericárdio, deixando sua respiração mais curta que o normal. Ela acabou de sarar de uma bronquite, aliás. Se a tal costura colar no pericárdio durante o crescimento, a pequena correrá o risco de viver pouco. Deverá, portanto, fazer raio-x freqüentemente. Além de ser preta, apresenta duas falhas enormes de pêlo, culpa de uma reação durante o tratamento à base de antibióticos. E ainda parece a reencarnação da minha Courtney: mesma cor, mesmo jeito.

Agora, me explica como escolher um puuuuuta adotante para uma gata preta, com falhas de pêlo, que precisa de acompanhamento veterinário constante e pode morrer cedo? Como doar uma criatura que é a cara da minha filha falecida, que me acorda todo dia, que entra no banheiro comigo, que me segue pela casa inteira?

Ficou! rs

beijos!
Su



*História completa dos montinhos de ossos da dona Lourdes, constantemente atualizada.

3.3.08

Velho Oeste

Essa madrugada, como precisaria acordar para tomar remédio, deixei Mercvrivs e Simba dormirem comigo. Os coitados já estavam perseguindo meus chinelos pela casa há meia hora, com cara de choro, e até esqueceram as diferenças. Quando deitei na cama, porém, cada um se posicionou de um lado da perna e foi abaixando sincronicamente ao outro, para evitar a surpresa de um cascudo-relâmpago. Faroeste em digital sound!