Se eu tinha alguma dúvida sobre ficar com o Simba, ela desbotou quando o vi correndo atrás do carro pelo retrovisor, como os cachorros das campanhas contra o abandono, após nos despedirmos para comemorar o aniversário do seu Humberto. E desapareceu de vez às 3h da madrugada, quando eu acordei preocupada com a tempestade e encontrei o leãozinho encolhido no barraco improvisado, super assustado.
No dia seguinte, perdi meia hora tentando convencer seu choro doído a entrar na caixa de transporte, para a funcionária do pet shop avisar que não davam banho em animais de rua. Como prova de que o coração laranja era inofensivo, dispus-me a segurá-lo e acabei levando de brinde três jatos d´água com shampoo na blusa.
O secador barulhento terminou de aterrorizar a criatura da roça, que tremia das orelhas à ponta do rabo rajado. Em nenhum momento, porém, o coitado fez menção de morder ninguém. E ainda deixou colocarem a gravatinha clássica! Eu rumei para o dentista fedendo à loção de gato, mas com a sensação de dever cumprido.
*continua*

Capítulo anterior: Um é pouco, dois é bom, três vira festa! - parte 3
P.S.: Só agora eu consegui terminar os textos do Prêmio Victor Civita! Estou praticamente respirando com a ajuda de aparelhos, mas não podia deixar o Gatoca criar teia de aranha. rs