Muito antes de as temperaturas baixarem, já sonorizava nossas madrugadas com uma miação sofrida ― parte pela solidão, parte pela idade (quase 18 anos!). Decidi, então, comprar uma caminha fechada, na esperança de emular acolhimento e, seguindo as regras da física, manter a pequena aquecida.
Podia ter escolhido um modelo tradicional, mas, nessas raras oportunidades da vida, o mais barato era justamente o mais legal: um tubarão!

A caminha chegou em 9 de abril e Jujuba saltou direto na bocarra dentuça, enquanto eu estava filmando ― qual é a chance de isso acontecer duas vezes? Lavei o bicho para ficar com o cheirinho da nossa casa e, graças ao sol araçoiabano e ao material importado, depois do almoço já peguei a criatura encolhida lá dentro.
Esgotada a sorte de principiante, porém, ela nunca mais quis saber da novidade ― testei os dois lados da almofada: o liso, que pela cor imita melhor uma língua, e o peludinho, que usa o mesmo material azul da parte externa do tubarão. Até uma semana atrás, quando a carente finalmente tomou coragem de deitar e relaxar.

O lance da física funcionou ― fazia tempo que suas orelhas não ficavam tão quentinhas! Mas os lamentos noturnos continuam.
Não, uma caminha não pode substituir uma família.
3 comentários:
🥰
É uma situação difícil mesmo, todos precisam de adaptação, aqui (Curitiba) no frio coloco garrafinha de água quente enrolada na coberta dentro da casinha, amam o calorzinho... Mas tem a mais friorenta que está com 16 anos, começou a vocalizar muito na porta (todas elas dormiam fora do quarto) sem nenhum acordo, então para ela abrimos uma exceção e dorme conosco para se aquecer, parece que resolver até agora...
😻❤️
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