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28.10.08

Um é pouco, dois é bom, três vira festa! – parte 5

Infância tardia

Aos três anos de idade, segundo estimativa do veterinário, Simba tomava leite no potinho com a empolgação dos personagens de desenho animado. Chorava doído se Mariana o esquecia para fora do quarto. E mordia quando a gente menos esperava. Seu miado tagarela lembrava uma criança pentelha na fase dos "porquês".

Desafio

Passar o remédio contra pulgas nos três peludos só foi possível depois de trancá-los no jardim de inverno da sala e descer o dedo no spray, tentando acertar barrigas, costas e cabeças, enquanto os desesperados corriam em círculos. Nem as madrugadas escapavam da bagunça:


*continua*

Capítulo anterior: Um é pouco, dois é bom, três vira festa! – parte 4

24.10.08

Três anos passaram voando!

No dia 24 de outubro de 2005, o amor desceu à Terra disfarçado de bigode. E eu, que nunca pensara em ter um animal de estimação, seria incapaz de imaginar a revolução que aquele frajolinha utinguense de olhos verdes provocaria em nossas vidas. Essa novela só estréia em dezembro, após o período de desmame, quando o pequeno Mercvrivs aportou em Gatoca trazendo mil cores, cheiros e sons.

Mas eu precisava contar que a programação de festividades do seu terceiro aniversário promete varar a madrugada! Já teve colo de mãe, requeijão, ratinho novo exclusivamente dele por dois minutos e meio, brincadeira de caçar ração, água da torneira para refrescar. Saio agora, com o coração apertado, mas volto a tempo de dormir abraçadinho. :)

22.10.08

Tecla SAP

Eu já havia respondido nos comentários, mas para evitar outros ataques desnecessários, resolvi explicar o post TPM neste espaço bem visível e de forma didática: Marley passeava animado na calçada quando a velha decidiu atravessar a rua com o neto na direção dele. Como criança é sem noção e vem para cima, toda estabanada, achei melhor alertá-la sobre a sociabilidade duvidosa do nosso cão-indoável. Meu comentário simpático, porém, ganhou uma réplica grosseira e arrogante, escorada nos cabelos brancos. Justamente por não me julgar superior, concedi-me o direito dos demais mortais de extravasar o mau humor guardado para ocasiões especiais. Preciso desenhar?

P.S.: Antes de criar nova polêmica, quero deixar claro que adoro crianças! E velhinhas educadas. rs

21.10.08

TPM

― Ei, dona! É melhor a senhora continuar do outro lado da rua, porque parece que meu cachorro não gosta muito de criança...
― Se você não consegue controlar seu animal, você que mude o percurso!
― Ótimo! Já que a senhora não se importa de voltar para casa com os restos do seu neto nessa sacola de supermercado, nenhuma de nós duas precisa trocar de calçada.

Claro que a velha girou nos calcanhares rapidinho. E praguejando.

20.10.08

Em duendes até posso acreditar...

Cansei de ouvir que medicar cachorro é fácil, porque eles engolem qualquer coisa sem mastigar. Abri, então, uma exceção no supermercado veg da semana, comprei o menor pacote de salsicha da geladeira e em cada pedacinho escondi um comprimido de vermífugo para o Marley (o peso da criatura exigia duas drágeas e meia).

Empolgado, nosso cão-indoável saiu correndo com a primeira guloseima na boca, cuspiu na garagem, tornou a comer e reapareceu na janela da sala, pedindo mais. O processo se repetiu com a segunda. E com a terceira. Desconfiada do ritual, achei melhor checar a "samambaia" de perto. E lá estavam os três pontos brancos de remédio, cuidadosamente separados sobre o piso cinza. Da salsicha, nem poeira!

17.10.08

Tentativa 5.682!

Resolvi seguir o conselho da dona Cachorreira Militante e, como última esperança, experimentar os florais de Saint Germain com o Marley: patiens para situações de pressão, goiaba para medos, leucantha para insegurança e imaturidade, arnica silvestre para ferimentos emocionais/psicológicos, unitatum para rejeição, verbena para "mandonismo", obstinação, tensão, agitação e necessidade constante de atenção, sergipe para disciplina, mangífera para acalmar.

A terapeuta responsável pela manipulação tomou a liberdade, ainda, de acrescentar amygdalus, para minimizar o ciúme dos bigodes. Quando o figura mastigou a colherinha de plástico e engoliu, porém, fiquei em dúvida se realmente conseguiremos transformá-lo num cão equilibrado.

16.10.08

Quem ama, continua protegendo

Em outubro de 2007, quando os leitores do Gatoca não passavam de três integrantes familiares e alguns amigos piedosos, a Merial acreditou no projeto e doou uma caixa cheinha de Frontlines para ajudar os esqueletinhos da dona Lourdes. Ontem, com o blog dez vezes mais acessado, chegou pelo correio uma nova embalagem de papelão. Dessa vez, para despulgar os bigodes e nosso cão-indoável: 12 pipetas de gato + 2 de cachorro + 1 vidrão de spray, vindos de Campinas. Só quem tem um animal de estimação sabe o valor dessa parceria. Obrigada, Marta! :)

15.10.08

Os últimos moicanos adotados!

Em um mês e meio, os três últimos esqueletinhos resgatados do cortiço da dona Lourdes* encontraram sua cara-família, como diz a Gaby. Piri Piri (escaminha) foi adotada pelo Rodrigo, no final de setembro, e hoje mora num apartamentão da Vila Mariana, com mais três irmãos felinos. Domingo retrasado, Talita (pretinha) conquistou a simpatia de José Renato, que já tinha uma siamesa de sete meses, e rumou para a Pompéia.

E esse final de semana, Daniela Karasawa, que sonhava com o número cabalístico de seis bigodes, decidiu levar o Romeu (amarelo) + a Amelie, o Angus e a Ricotta. Em companhia dos veteranos da casa, eles poderão montar o primeiro time felino de qualquer-coisa-com-bola do Morumbi! – porque eu nunca fui muito ligada em esportes mesmo. rs

Agora, só falta o Cartoon e o Leão ganharem um lar de comercial de margarina, com comida sem restrições e a merecida cota de dois sofás macios para estragar à vontade na vigência da vida. Tem também o Menino, mas primeiro ele precisa deixar a misantropia de lado para poder entrar na fila da adoção. O cortiço, aliás, já começou a ser demolido. Logo, logo não restará nem o pó das baratas da dona Lourdes. Espero, de coração, que alguém a ajude a descansar com decência.


*História completa dos montinhos de ossos da dona Lourdes, constantemente atualizada.

13.10.08

2 mil!

Lembram que em maio o Gatoca alcançou a marca dos 1 mil comentários? Pois cinco meses depois, vocês conseguiram dobrar esse número! E como deixei acumular mais de 300 causos/elogios/dúvidas/reflexões existenciais (por culpa da correria profissional, doméstica e felino-canina), usarei este post comemorativo novamente para respondê-los:

Beatriz Vieira, Vani Vomit, Ana, Jô, Eliane, Kell, Rayssa, Sandra, Débora R., Mayara Luma Maia, Patrícia Carvoeiro, Joana Diggle, Lana, Renata, Luciana, Denise, Cruela, Mary Joss, Hilda, Vanessa, Claudia Vertemati, Dé e Amauri Santos, sejam bem-vindos ao blog!

Meninas do Alguém mais viu ou fui só eu?, Bigodes e Ronrons, Teodoro e Maquinim de Ronron, obrigada pelo carinho!

Em 2009, a gente pode organizar uma excursão nacional para a festinha de aniversário! Ainda não deu tempo de pensar na lojinha, aliás. Perdoem-me, consumistas de bom coração. rs

Bárbara, trabalhando num escritório chato, com algo chato e um chefe horrível, você deve receber uma fortuna (rs)! Quero ler a HQ! Quando vai rolar aquele encontro lendário? Você conseguiu levar o Meleca para passear na coleira? Thereza, os bigodes se adaptaram? Ana, como está o focinho estabanado? Amandinha, nossa tarde de fofoca precisará esperar um tico mais. É que ganhei de presente o worshop da Pilar Ogalla, uma super bailarina espanhola de flamenco! :)

O Marley continua aqui, Li (valeu pelo depósito, Itacira!). Provavelmente, porque não troquei o nome por Gandhi ou Buda, como sugeriu a Guiga. O problema de tentar permutá-lo, T.B., é que a fera não aceita outros animais. E segue lutando contra o enforcador de nylon, Bella. Até fiquei malhada, Leila. Mas só do braço direito, que segura a guia. Os adestradores costumam cobrar R$ 300 a mensalidade, dinheiro que não temos nem para consertar as coisas que ele estragou (duas portas, o vidro da janela da sala, a seta da moto da Mariana, a caixinha do correio, a pitangueira e as flores do jardim, vários adereços de plástico do meu carro). Vou experimentar o floral, dona Cachorreira Militante. Só não pega bem uma vegetariana comprar courinho, né, Estela? rs

Por causa do instinto caçador do hóspede eterno, os bigodes nunca mais viram o sol, Michelle. E isso anda me chateando bastante. A garagem de duas vagas, inclusive, vira prisão para um bicho desse porte. Mas parece que os apelos não ecoam. O músculo cardíaco do nosso cão hiperativo é grande demais para pessoas ordinárias.

Patrícia, o que aconteceu com a gata-onça? Márcia, você recebeu o meu e-mail? Saudade, Adri Quadrado! Alguém adotou o coelho do AUG, Sil? Denise, cadê você? E o pequeno Daniel? Quem dera ter o dom de encantar elefantes, Marta... Apesar da péssima influência do Marley, ainda não comecei a morder, Lu Aith. Pode se apresentar da próxima vez que me encontrar de bobeira no shopping, viu? rs

Carol, somos mesmo educados a acreditar que a picanha nasce na embalagem de isopor do supermercado. Mas o aquecimento global acabará mudando essa mentalidade. E há inúmeras alternativas de produtos vegetarianos no mercado. Semana passada, comprei um iogurte de soja com pedaços de morango que quebrava bem o galho.

O vermífugo de colocar na nuca custa muito mais caro, gente. E só resolvi submeter os bigodes à tortura da medicação, porque a Clara estava infestada de minhocas. No fim das contas, Cris, deu tudo certo. Ufa!

Quarta-feira, repeti os exames da finada miopia para confirmar se não havia sobrado nenhum grau e receber alta definitiva, Ana C. A operação mesmo ocorreu em março. Sofri um bocado, aliás, Lucy. Mas valeu cada lágrima. Principalmente porque meu corpo decidiu rejeitar a lente de contato, após dez anos, e com cinco graus ficava impossível achar a esteira ao sair do mar, assistir shows no meio da muvuca, caprichar na maquiagem para casamentos. Não desista, Dê! Um belo dia, você acorda cheia de coragem e, quando vai ver, já foi (rs). Dona Felina Família, se cuida!

Eduardo, descobri umas poesias antigas do Bitter Angel na internet, graças ao aniversário do Google, e lembrei de você. Leia "Sobre a tristeza", de 2000.

8.10.08

Minha miopia...

...zerou COMPLETAMENTE!!! Acabo de voltar da bateria de exames pós-operatórios e não estou exergando quase nada, por causa da pupila dilatada, mas precisava gritar para os quatro cantos do planeta que, depois de quase 30 anos de cegueira, hoje é um dia muito feliz! :)

Saiba mais:
:: O dia da cirurgia
:; A recuperação

Não me odeiem!

Consegui separar cinco minutinhos para escrever esse post, dizendo que não vou publicar post nenhum de novo. É que ando mesmo atrapalhada com os subfrilas (já até desencanei de dormir de madrugada). E hoje tem vacina nas Gudinhas, segunda dose de vermífugo em todo mundo e o tão esperado exame pós-operatório da finada miopia. Como nem só de desgraça vive um jornalista, porém, conto em primeira mão aqui no blog que fui convidada a rechear quatro páginas da Revista do Idec de novembro com um especial sobre adoção animal! Entrevistei tanta gente legal (Nina Rosa, Ana Gabriela de Toledo, Vanice Orlandi, deputado Feliciano Filho), que valeu cada quilo perdido na correria. Notícias em breve! :)

4.10.08

Seres sencientes

Hoje, começa a Semana Mundial dos Animais! E, para comemorar, a WSPA lança o primeiro documentário sobre a capacidade das nossas refeições de sentirem dor, medo, prazer, alegria, estresse, saudade. Algum leitor deste blog tem dúvida?

3.10.08

Naftalina

Em comemoração aos dez anos, Google publicou o index mais antigo disponível em seus servidores, ressuscitando os resultados da busca de 2001. E três matérias minhas, escritas para o Terra em 2000, aparecem na listagem! Eis a pergunta que não quer calar: por que eu demorei tanto para criar o Gatoca? Ah, lembrei! Por vergonha. E também porque, naquela época, a gente não tinha gatos. rs

1.10.08

Um é pouco, dois é bom, três vira festa! – parte 4

Do outro lado da janela

Se eu tinha alguma dúvida sobre ficar com o Simba, ela desbotou quando o vi correndo atrás do carro pelo retrovisor, como os cachorros das campanhas contra o abandono, após nos despedirmos para comemorar o aniversário do seu Humberto. E desapareceu de vez às 3h da madrugada, quando eu acordei preocupada com a tempestade e encontrei o leãozinho encolhido no barraco improvisado, super assustado.

No dia seguinte, perdi meia hora tentando convencer seu choro doído a entrar na caixa de transporte, para a funcionária do pet shop avisar que não davam banho em animais de rua. Como prova de que o coração laranja era inofensivo, dispus-me a segurá-lo e acabei levando de brinde três jatos d´água com shampoo na blusa.

O secador barulhento terminou de aterrorizar a criatura da roça, que tremia das orelhas à ponta do rabo rajado. Em nenhum momento, porém, o coitado fez menção de morder ninguém. E ainda deixou colocarem a gravatinha clássica! Eu rumei para o dentista fedendo à loção de gato, mas com a sensação de dever cumprido.

*continua*


Capítulo anterior: Um é pouco, dois é bom, três vira festa! - parte 3

P.S.: Só agora eu consegui terminar os textos do Prêmio Victor Civita! Estou praticamente respirando com a ajuda de aparelhos, mas não podia deixar o Gatoca criar teia de aranha. rs

26.9.08

Civil War

Se levar Mercvrivs, Clara, Simba, Chocolate e Guda ao veterinário fora uma tarefa hercúlea, imaginem a minha cara de pânico ouvindo o Dr. E. dizer que os vermes não deixariam de empestear os cobertores de Gatoca sem que TODOS os bigodes tomassem o remédio. Notem que ele estava se referindo a cinco gudinhas-do-mato, um projeto de leão e nenhuma espécie de ajuda! De volta a São Bernardo, respirei fundo e me esforcei para ignorar o tamanho grotesco das drágeas. Ao final de quase uma hora de batalha, baixas significativas assombravam o recinto: três comprimidos, um pedaço do meu dedo indicador esquerdo e a dignidade haviam partido em busca da luz. Sangue, patê e Endal coloriam os objetos do entorno, conferindo um aspecto surreal ao cenário pós-guerra: