Gatoca

Educação, sensibilização e mobilização pelos animais

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20.11.25

Por que nunca se deve dar tapinhas na bunda do gato

Quando eu vi a chamada no Youtube, provavelmente fiz essa mesma cara com que vocês estão encarando a tela agora. Que exagero! São tapinhas de amor, não? Acontece que não dá para argumentar contra fatos e Jujuba esfrega meu erro na cara todos os dias.


O veterinário Tiago Franco começava o vídeo explicando a anatomia felina: a coluna lombar dos peludos tem uma alta concentração de terminações nervosas, e, como a medula não é bem-formada nessa região, os nervos ficam meio soltos, facilitando a ocorrência de lesões em uma área já naturalmente mais sensível.

Ele apelava, então, ao comportamento: avessos a estímulos brutos, os bichanos tendem a preferir carinho leve, na face, nas bochechas, no queixo e nas têmporas, sempre respeitando a direção do pelo. Alguns animais até toleram a pandeirada, mas não quer dizer que gostem.


Aí, entrava a parte neurológica: o que a gente traduz como prazer pode significar hiperexcitação e o excesso de estímulos acaba causando frustração, estresse e, muitas vezes, agressividade (contra bípedes e quadrúpedes) ― quando não incômodo físico. Nos casos de hiperestesia, em que o bicho percebe os estímulos sensoriais normais de forma ainda mais intensa, a situação se agrava.

E veio o golpe final: os microtraumas gerados ao longo da vida, tanto na musculatura quanto na articulação e na cartilagem, uma vez que na natureza os felinos não interagem com nada que tenha essa força, provavelmente virarão artrose na velhice ― seja na coluna ou na articulação coxofemoral.

Lembrei na hora da dificuldade de subir e descer dos móveis que Chocolate e Pufosa, as gatas que mais "amavam" os tapinhas, demonstraram no final. A insistência também pode causar dor crônica, piorando a doença. E as microlesões musculares ainda atrapalham a regeneração, formando estruturas cartilaginosas que enrijecem o músculo com o tempo.

Mas eu abri o texto falando da Jujuba, né? Pois a gata que não dava esse tipo de intimidade porque só aprendeu a ronronar aos 13 anos passou ilesa pelos tapinhas e chegou às vésperas dos 19 voando pela casa. Entre as poucas coisas que eu faria diferente com a gangue se tivesse chance, essa certamente encabeçaria a lista.

7 comentários:

Renata disse...

😱😱 Estou chocada! Tenho dois aqui que parecem amar esses tapinhas brutos! Mais uma importante contribuição de Gatoca na conscientização dos tutores! 😍

Anônimo disse...

Deus do céu... errei com todos..
AliceGap

Carla disse...

Nossa! Que informação importante, não fazia ideia disso. Já vou parar de fazer isso com os bichanos aqui em casa.

Neide Rodrigues disse...

Parando hoje mesmo com os tapinhas, mas temerosa por 5 anos fazendo isso. Obrigada, Bia, por compartilhar este alerta importantíssimo!

Anônimo disse...

Eita 😩

Anônimo disse...

Bateu um sentimento de culpa aqui! 😢

Tatiana Pagamisse disse...

Pior que tem até jogo em vídeo viral no IG onde as pessoas ficam dando tapas em um objeto que simula a anca do gato e na tela vê-se o bicho gostando