.
.

22.10.19

Três anos sem Simba

Se me contassem que eu montaria guarda nos potinhos a cada refeição para a Jujuba deixar os outros gatos comerem, daria patê na colherzinha de joelhos aos enjoados, ganharia uma tendinite das seringadas de água (102.930 até agora!) e acordaria muitas horas antes de qualquer compromisso para encaixar também as medicações, eu debocharia.

E várias vezes, confesso, sinto a rotina pesar. Fico brava quando preciso ir ao banheiro e Jujuba vomita toda a ração que roubou dos irmãos. Mercvrivs passa cinco minutos cheirando a colherzinha suspensa no ar e sai andando. Ou Guda, com a seringa ainda na boca, cospe o líquido bem devagarzinho pelos lados.

Mas, aí, eu lembro do gordinho ─ da nossa despedida em salgadas 33 prestações, de todos os dias que seguem amanhecendo e escurecendo sem ele. E persisto.

Se me contassem que um animal pode virar buraco no peito, eu debocharia.


O conteúdo do Gatoca é financiado por gente que acredita que o mundo pode ser melhor. Quer fazer parte da transformação? www.catarse.me/apoiegatoca

5 comentários:

Celia disse...

Perdi a minha menina de 19 aninhos a três semanas.eu sei o que é esse buraco no peito.

Michele disse...

Dia 12 de novembro completa um ano da minha perda. E... nâo há o que dizer, apenas secar as lágrimas e tentar seguir da melhor forma possível...

Giovanna disse...

Nossa, você conseguiu sintetizar todo o sofrimento que passamos com poucas palavras. Me senti representada em cada uma das situações: a colher, as seringadas, as vomitadas, tudo. Os buracos, são tantos...mas 03 deles são crateras... O Yuri,aos 17 anos,com urina solta queria dormir na cama e eu colocava um saco de lixo sobre a colcha e outro pano (além do tapete higiênico) por cima para tentar ficar seca durante os curtos períodos de sono. O Sacha, pai deste de 17 anos, quando estava com 15 anos, passou a ter falta de ar por conta de uma condição rara e eu dormia com ele sobre o peito p/q se desse uma crise na madrugada eu podia acudir com rapidez. Mas a gente sabe que a nossa vida é essa, e não vai mudar, p/q por por mais esgotadas e tristes que ficamos, já está no nosso DNA. E sei que o Apollo, que está escorrido no meu colo agora,quando chegar a hora, vai deixar outra cratera. Força e saúde para vocês.

Maria disse...

Acompanhei aquele diário, chorando todos os dias.
Qdo lembro dos meus que já partiram (sete), lembro também do Simba, como se tivesse sido um pouco meu...

Anônimo disse...

Nunca estamos preparados pra perde-los. Sempre ficamos devastados