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20.4.09

Doação: exercício de desapego

Piores momentos:

* Fazer a malinha da partida.
* Despedir-se do peludo na casa do adotante.
* Não encontrá-lo de volta na sua casa.

Melhores momentos:

* Confirmar que ele realmente ganhará atenção exclusiva ou um espaço maior para brincar.
* Ver o sorriso estampado na cara da nova família.
* Receber notícias com fotos irreconhecíveis.

É por isso que a razão vive brigando com o coração. E a gente toca a campainha, em vez de sair correndo.

P.S.: Notícias do Hórus em breve. :)

17.4.09

Sorte no jogo, azar dos outros

- Jubão, olha só que legal: http://catsnecropolis.blogspot.com/2009/04/e-o-relogio-vai-para.html.
- Você levou os R$ 600 mil?!??!?!?!??!?!?!??!?!

Na verdade, não. Mas a felicidade foi a mesma, porque eu não ganho nem colher de pau em bingo de igreja. O relógio chegou hoje, tão bem embalado, que rendeu vários presentes para os bigodes:

Caixa de papelão tamanho família
(contanto que a família se antecipe à Chocolate)


Caixa de pizza para felinos solteiros descolados


Papel pardo, em caso de crise


Tocar um projeto de castração de colônia, como o dos gatos do cemitério de Santos, exige muita coragem e um travesseiro à prova de lágrimas. Se eu soubesse do sorteio, nem teria deixado a Patrícia gastar dinheiro com o Sedex. O relógio espera em Gatoca por uma nova rifa, para que os mausoléus da baixada abriguem flores, em vez de ninhadas.

14.4.09

Fortaleza de papel crepom

Tirando o olho azul e o rabo quebrado, Chocolate se parece muito comigo. Viajou até Utinga sem soltar um miadinho, tomou vacina sem piscar, voltou para a caixa de transporte com toda a classe do mundo. Em casa, se encolheu num canto (daqueles bem isolados) e passou o resto do dia colando os caquinhos.

10.4.09

Aniversariante do mês – abril de 2009

Há três anos, eu tinha certeza que não conseguiria cuidar do Mercvrivs e de um vaso de planta. Há três anos, Clara Luz* faz nosso coração bater mais forte em Gatoca. Para comemorar a adoção que deu início à superpopulação de bigodes, comprei sachês de atum e salmão, dois saquinhos de catnip e essa coisa penosa e barulhenta de pendurar na parede.


Claro que a geniosa preferiu passar a tarde abraçada com o meu chinelo sujo.

*Novelinha: conheça a história da Clara

7.4.09

Hay que endurecer, pero sin perder la ternura

Eu não pretendia contar esse causo, porque sei que os leitores do Gatoca preferem protagonistas de bigode. Mas como a Débora perguntou nos comentários, aí vai:

Quinta-feira retrasada, a caminho da academia, eu quase fui atropelada por um cachorro desgovernado. A maioria das pessoas juraria que o filhotão Duracell fugira de casa. Essa jornalista calejada pensou logo em abandono – com direito à gravatinha amarela, para que o primeiro coração de pudim do bairro se sentisse obrigado a resgatá-lo.

Botei o peso-pesado no colo e saí tocando as campainhas da rua. Todo mundo se sensibilizava com a história, mas ninguém podia ajudar. Suspeito que os arquitetos modernos andam cometendo a gafe de projetar mansões sem banheiros. Passei também em vários pet shops e veterinários (esses, por incrível que pareça, só faltavam torcer o nariz).

Na última tentativa, a moça da recepção confirmou que o focinho havia tomado banho lá, bem no dia anterior. Ligaram para a responsável, só que ela que estava ocupada demais para atender o telefone. Vinte minutos depois, enquanto eu encarava o rostinho machucado do pequeno, já pensando em desistir da busca, a fulana retornou.

Fiz questão de entregá-lo pessoalmente, graças à carona de uma cliente da clínica, para avaliar as chances de nova desova, em local ainda mais distante. Eis que Obama havia mesmo escapado. E fora recebido com festa, por uns seis indivíduos diferentes. Eu perdi a musculação (e a fisioterapia*), mas minha esperança na humanidade ganhou duas colheres de açúcar àquela tarde.

*Joelho direito e esquerdo resolveram tirar férias juntos, por tempo indeterminado, após quatro anos de dedicação exclusiva ao flamenco. :\

3.4.09

Nojento, tchan!

Passada a fase "caçador de cabelo", Hórus descobriu que gosta de lamber cera de ouvido. Dos outros, claro.

2.4.09

Bigodes x raízes: 5 dias sem acidentes

Pode alguém que cuida de dez gatos e vários peludos temporários (incluindo um Marley!) ser um serial killer de flores? Carol Costa, dona de 86 vasos e do Estáquio, uma planta carnívora que ainda não decidiu se pertence ao reino animal ou vegetal, acha que não. E para provar sua tese, deu-me de presente esta orquídea pomposa, junto com meia dúzia de dicas de como mantê-la viva, até mesmo numa casa recheada de bigodes. Durante o level basic, porém, preferi isolar a coitada na cozinha, onde o acesso dos vândalos é monitorado. E lá permanece a pobre mártir desde sábado. Façam suas apostas!

31.3.09

Diga-me com quem andas...

Depois de quase 30 anos de escola particular, ovo de Páscoa da Kopenhagen e dentes sem cárie, eu fui parar no mailing de supostos ecoterroristas. Mamãe deve ter dado cambalhotas no túmulo de orgulho! Para quem não sabe, ontem à tarde, jornalistas e ativistas receberam uma carta assinada pela Frente de Libertação Animal, assumindo a autoria do incêndio na fábrica da Perdigão, em Goiás. Verdade ou mentira, justo o endereço de e-mail que eu nunca divulgo estava entre eles. Caro Lobo Mau, se você acompanha esse blog, não mate a Chapeuzinho de curiosidade.

29.3.09

Quem espera sempre alcança

Devotas à mãe felina, as Gudinhas raramente se misturam com seres humanos. Pimenta até que se comporta de forma menos selvagem, mas o fato da Pufosa ser justo a gata mais peluda e macia da casa me obrigava a acreditar num Deus irônico. Eis que, 676 dias depois do nascimento, a misantropa se deixou acariciar. Por três minutos inteirinhos. E ainda ronronou!

27.3.09

O mico da década!

Sabe aquele trabalho de presidiário, que você passa dias se perguntando por que aceitou fazer? Pois graças a um deles, eu estou entre os finalistas do Prêmio Abril de Jornalismo 2009! Morta de vergonha, tentei adestrar os cachos rebeldes, pintei o olho pela primeira vez esse ano e atravessei São Paulo para tirar a foto da premiação. Como se as 3x4 de funcionário do mês já não fossem suficientemente constrangedoras, o moço atrás da câmera me cumprimentou e lascou:

- Fica em pé naquele fundo preto e vai mudando a pose.
- Como assim?
- Vira para um lado, para o outro, coloca a mão na cintura...
- Posso mandar um retrato dos meus gatos?

23.3.09

Notícias de Curitiba – parte 4

4 de março de 2009

Desisti de administrar as encrencas que Merlin conseguia aprontar com um focinho diferente a cada dia, para quebrar a monotonia. Miti, o akita, até gostou de ter um parceiro de brincadeiras, só que Hime que não curtiu nadinha a idéia de dividi-lo com o intruso. E Severina sentiu falta dos amigos, isolada na horta.

O figura aprendeu, então, a se divertir sozinho, perseguindo os passarinhos que aterrissam no terreno e provocando o cachorro do vizinho. Nem pede mais para sair. No domingo, convenci a Sev a lhe fazer uma visita. Mas depois do quinto “cain”, achei melhor socorrer a companheira de folguedos.

Infelizmente, os florais de Bach não amenizam a força do destrambelhado. Com os exercícios diários de corrida no espaço de 400 m², aliás, Merlin está ainda mais musculoso e sarado. Quando a agitação toma conta, porém, basta acarinhar as orelhas para que ele deite e feche os olhinhos. Uma paixão!

Semana passada, o bebezão desencavou um pedaço da sua camiseta e carregou para cima e para baixo, por um bom par de dias. Vou mandar teus beijos. Ele ficará feliz.

Um grande abraço!

Miharu

* FIM *

Para ampliar, cliquem na imagem
(Da esquerda para a direita: Merlin se divertindo com o nó de corda ganho da Mari; trilha feita nas brigas com o cachorro do vizinho; vaso de plástico que virou brinquedo; Severina, a cara-metade na falta de noção; ataque de meiguice.)


Epopéia do Marley na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: O dia da castração
:: Cão antifurto
:: Destruição em massa
:: O macho alfa
:: Tentativa de assassinato
:: Aberta a temporada de passeio!
:: Felicidade nas pequenas coisas
:: Coleta seletiva de lixo
:: O primeiro banho
:: Marloca
:: Experiência com florais
:: Separando remédios e guloseimas
:: Vida em sociedade
:: No limite!
:: Adestramento, faça chuva ou faça sol
:: O primeiro banho fora
:: Cão em fuga
:: Classe até para doença
:: Petisco mágico
:: Rumo ao estrelato
:: Alexandre Rossi criou um monstro
:: A tão sonhada adoção
:: Notícias de Curitiba

19.3.09

Notícias de Curitiba – parte 3

14 de janeiro de 2009

Na segunda-feira do quebra-pau, fui trabalhar com o coração na mão, pensando se deveria soltar o Merlin de novo com o pessoal, à noite. Caso não o fizesse, a socialização terminaria no mal estar e, se eles tornassem a se encontrar, seria briga na certa. Peguei então meu medo, enfiei no bolso do jaleco e reduzi o tempo de confraternização para dez minutos. Merlin voltou para a casinha feliz da vida. Acontece que hoje ele resolveu cheirar a traseira da Cléo e a rottweiler ficou louca. Toca apartar outro rebu! No caminho da horta, o destemido ainda brigou com dois cachorros! Acho que vou tentar a adaptação com os akitas...

19 de janeiro de 2009

Continuo deixando o Merlin com a galera, de manhã e à noite. Pena que ele não consegue brincar de forma mais delicada. Severina, aliás, é sua cara-metade na falta de noção. Quando os dois estão juntos, os outros focinhos até saem de perto. Merlin já aprendeu a comer na hora em que eu coloco a ração e a não passar pelos portões sem autorização. Por incrível que pareça, a horta permanece intacta!

*continua*

18.3.09

Enxugando gelo

Nos últimos quinze minutos, acho que meu coração alcançou o tamanho de uma ervilha, de tanto se apertar de tristeza. Larguei o trabalho, dirigi uma hora no barro de São Caetano para resgatar um gato que quase se afogara na enchente, a pedido de um amigo querido, e o vi morrer na mesa do veterinário. Era menina. Frajola. Minha perdição. O corpo ainda se mexia, o coração lembrava de bater vez ou outra, só que faltara oxigênio no cérebro e ela já não tinha mais reflexo palpebral.

Segundo Dr. N., a sensibilidade dos olhos ao toque é a última coisa que a gente deve perder, se pretende continuar vivo. Quando ele terminou a frase, a pequena partiu por inteiro. Poucas situações no universo fazem chorar quem assistiu o último suspiro da própria mãe, talvez a mais amarga das impotências. Até porque, na pior das hipóteses, do outro lado da ponte do arco-íris essa criatura azarada estará livre de nós. Dói-me constatar, porém, que fica cada vez mais difícil ajudar.

Essa noite, eu vou sonhar com aqueles olhos amarelos...

16.3.09

Mijolinas

Há um mês, Clara e Guda resolveram fazer xixi quando bate a vontade, onde quer que estejam. Já ensoparam meus livros, meu tênis, o filtro de água da cozinha. E com as caixas de areia limpinhas! O pior é que o odor impregnante funciona como um convite para que os outros bigodes repitam a porquice. Eu não sabia mais que produto de limpeza usar, até que a Michele comentou sobre os milagres do vinagre.

Aqui, vale abrir um parêntese explicativo: vinagre, para mim, tem cheiro de piolho, porque mamãe despejava vidros inteiros em nossos cabelos, antes de dar seqüência ao escalpelamento, almejando expulsar os parasitas pegos na escola da cabeça que não os pertencia. Mas a causa merecia o esforço. Só o meu quarto tomara quatro bombas ontem. Fecha parêntese explicativo.

Espirrei, então, o líquido fedorento por todos os lados, sem poupar paredes nem prateleiras, e sonhei que dormia no buffet de saladas do Viena.