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19.12.07

Milagre natalino

Lembram das ex-queletinhas brancas resgatadas do cortiço da dona Lourdes que perderam as orelhas por causa do câncer de pele? Pois graças ao site do Adote um Gatinho as duas passarão o Natal em família!

Smeagol ficou com a Liliam, estagiária da Drª. Angélica responsável pela transformação da ratinha em princesa.


E Satie ganhou o colo de Letícia, uma menina de 17 anos que conquistou nossos corações com a seguinte resposta no formulário de adoção:

Procuro por gatinhos que precisem de muito amor e carinho e que as pessoas rejeitem! Amo animais, mesmo que não sejam "perfeitos" fisicamente!


P.S.: Infelizmente, os filhotes da tigrada recheada de bigodinhos surpresa não sobreviveram.

18.12.07

Sete dias: contagem regressiva!

Essa gatinha trufada passa horas sentada na porta da casa do Eduardo. Mas como ele já coleciona quatro bigodes, um trabalho escravizante do outro lado do planeta, pais avessos à idéia de aumentar a família e duas tartarugas, tem se contentado em alimentá-la na calçada. Acontece que ela é super doce, mia fininho, cabe numa caixa de bombons e não deve durar muito na selva de pedras. Hoje de manhã, levamos a pequena para castrar. Dr. Ernanes se comprometeu a abrigá-la na clínica até tirar os pontos e aplicar as vacinas. Temos, portanto, sete dias para encontrar um chocólatra-gateiro!

17.12.07

Amigo secreto felino

No mês de dezembro, a lista "Gatos" organiza um amigo oculto virtual divertidíssimo, que até pessoas de fora do Brasil participam. A coisa toda é muito bem sacada! O sorteio ocorre por meio de um programa, evitando que o último neguinho tire seu próprio nome no saco plástico improvisado e o processo tenha de ser refeito. O site também oferece ferramentas para enviar mensagens anônimas e o presente com temática felina vai pelo correio. Os mais experientes aproveitam para mandar lembrancinhas paralelas e confundir a galera. Num dia pré-determinado, todos entram no chat do UOL para contar o que ganharam.

Sábado rolou a abertura dos pacotes de 2007. Escolhi desembalar os meus pela manhã para relembrar os bons tempos de criança, quando papai e mamãe organizavam verdadeiras "caças ao tesouro" aqui em casa e o barbudão sempre deixava um rastro misterioso. No último ano em que acreditei, foi o pozinho mágico de seu trenó. Um quinto de século depois, Mariana sacou caixinha e cartinhas da gaveta das meias e me entregou sem o menor glamour. Coisas da vida adulta...

O envelope da Tyanne, que Chocolate havia mastigado no momento em que peguei do correio, continha um aviso gatal de pendurar na porta escrito "não perturbe". Gabby me emocionou com o recado de que acreditar faz toda a diferença. A medalhinha de São Francisco de Assis já está na bolsa para proteger as tentativas atrapalhadas de ajuda animal relatadas aqui no Gatoca.

Quem me sorteou foi André Luz, o único menino da lista (quase como ganhar na loteria!) e seu embrulho de Sedex humilhou todas as habilidades femininas que eu pensava possuir! É que o moço decorou a embalagem com adesivos, escreveu um texto fofo e ainda acrescentou fotos dos peludos famosos.

Cortei com o estilete para guardar de lembrança. Ao esticar a mantinha artesanal catarinense sobre a cama, fui obrigada a aceitar que era para os bigodes. Combinava com a cor dos dez, aliás. E com a sala. E com o tigrinho de pelúcia surrupiado do quarto. E com a caixinha de transporte... Mal consegui registrar o mimo de tão empolgados que eles ficaram.

Ah! Eu tirei a Giane Portal, dona das fotografias de gato mais arrasadoras do planeta e comprei um calendário do Bicho no Parque, torcendo para que as imagens apresentassem o mínimo de qualidade.

12.12.07

Visita adiantada do Papai Noel

Nesse mês de luzes piscantes e panetones superinflacionados, Gatoca recebeu as primeiras doações para os casos de "ajuda solo", realizados atabalhoadamente. Daniela depositou R$ 30 aos "bigodes, gudinhas e ossinhos" e Silvana nos deu uma caixinha de transporte extra para emergências como a da gatinha envenenada. Obrigada pela força, meninas! Gudoleta e eu ficamos muito felizes com os presentes (só que ela é mais fotogênica). Aproveito a deixa para agradecer também os cartões de Natal fofos. :)

11.12.07

O Rei Leão

Soube que Léo já está dominando a casa nova, superpopulacionada por quatro humanos (Isabel, Fábia, Ana e Toninho), três gatas (Bombom, Xany e Pitty), três cachorros (Chulie, Billy e Tuquinha) e três canários (Óclinhos, Patinha e Tico). Dorme enroscado na mãe e ainda reclama se ela decide mudar de posição na cama. Tem o maior xodó pela avó, que segue por toda parte, ronronando. Até deixa beijar a barriguinha. Quando duas das irmãzinhas felinas resolvem brigar, ele coloca as orelhas pra trás e fica parado, assistindo a discussão murchar instantaneamente. Patrícia contou que o leãozinho adorou a árvore decorada. Talvez, esse seja o primeiro Natal de sua vida.

8.12.07

Febem felina

Cinco indivíduos menores de idade e trajando bigodes foram surpreendidos essa manhã ao rolar uma cabeça de boneca pela sala. BarriGuda, a mãe, garantiu que a trupe receberá os corretivos necessários à ressocialização.

5.12.07

Seis meses e 13 dias de pura cara-de-pau!

Quando contei que, apesar de já estarem perdendo os dentes de leite, as Gudinhas continuavam mamando, alguém me pediu provas. Reparem na esmagação dos corpos gigantes abaixo. Pimenta, que de boba não tem nada, preferiu esperar a segunda leva.

3.12.07

Alergia a gente?

Sei que as pessoas têm crises de rinite alérgica ao inalar a proteína que sai da saliva, pele ou urina do gato e infesta a casa. Mas não imagino porque Guda sempre espirra quando passa do meu lado.

Gato preto no cemitério: mais clichê impossível!

Terça-feira fez quatro anos que minha mãe passou a tomar conta da gente do outro lado das nuvens. Deixei um punhado de flores baratas em seu túmulo (já que o vaso seria roubado antes mesmo deu atravessar a rua) e voltei para a casa com um bigodinho preto agitado. Dois meses no máximo, arremessado de um carrão! No pet shop do Sonda, a calorosa acolhida da Chocolate se repetiu: "Estamos lotados de filhotes para doação, infelizmente. Volta na semana que vem". Mas como eu conhecia de cor o final dessa história, sentei na porta da loja e choraminguei até que uma das vendedoras resolveu ficar com ele. A poeira no rosto é da ração de adulto, que o pequenino devorou em segundos, ronronando mais alto que o motor do Escort 98. Finalmente, um final feliz. :)

30.11.07

Onde estará Wally agora?

Há 19 dias, quando Eduardo decidiu voltar da padaria por uma viela arborizada e fugir do barulho da avenida, demos de cara com uma gatinha magrela, cinza e salmão. Lembrei logo do conselho da Denise de ficar trancada em casa, pedir delivery, ler um livro do Manoel de Barros, ouvir Loreena Mckennitt. Mas, àquela altura, eu já tinha visto a bichinha judiada e não adiantava correr.

Busquei um pouco da ração dos bigodes e deixei num cantinho. Com as nossas figuras ameaçadoras em seu campo de visão ela se recusava a margear a sacola. E se a gente tentava fazer um social, desaparecia entre os carros estacionados. Demorávamos, então, uma eternidade até perceber a cabecinha espiando do novo esconderijo, sempre metade do rosto visível.

Segunda-feira, toquei o interfone do predinho comercial, cuja garagem Wally parecia fazer de lar (e de banheiro, fato que deixava os funcionários furiosos), e prometi tirá-la o quanto antes. Lucia só precisaria me ligar quando ela aparecesse. Segundo os vizinhos, a anti-social se esquivava pela rua há cerca de 15 dias.

Retornei inúmeras tardes. Depositava a comida no mesmo lugar, preparava a máquina fotográfica, assistia seu rabinho sumir sob os entulhos da garagem, sondava outros moradores. Wally era incapturável! Principalmente sem caixinha de transporte (ainda com o Léo, em Santana)!

Terça-feira, na última visita ao predinho, a pessoa que me recebeu proibiu de alimentá-la. Não a queriam mais lá e mesmo com a creolina a "peste" insistia em ficar. Pelo cheiro insuportável, aposto que não tinha escolha. Acomodei o potinho na calçada (pública!) e parti aborrecida. O estômago dizia que o tempo chegava ao fim.

Hoje, ao passar pela viela na saída do banco, resolvi checar se a tonelada de ração permanecia acessível. Encontrei Wally deitada e, pela primeira vez em semanas, consegui me aproximar sem que ela fugisse. Estava dura, os olhos abertos, saliva espumante na boca. Sentei ao seu lado inconformada. Todo mundo sabia que pretendia arrumar-lhe uma família. Por que não esperaram um tico mais?

Ainda tive de ouvir, nauseada, que, na faxina da manhã, haviam encontrado sua ninhada inteira apodrecendo sob os mesmos entulhos da garagem. Por isso que ela (ao contrário dos filhotes) resistia à creolina! Deviam faltar-lhe subsídios racionais para entender o motivo da inércia repentina daqueles pequenos corpos.

Sem achar o assassino, pedi um pano e um saco de lixo, embrulhei a estátua com o cuidado quase infantil de não quebrá-la e procurei um pet shop. Susan dissera que, por R$ 50, eles entregavam o bichinho à prefeitura para cremação. Era o mínimo que minha consciência culpada podia fazer. Mas o freezer estava lotado e o atendente não se solidarizara.

Continuei arrastado o saco pelo bairro, enquanto o vento gelado secava as lágrimas de ódio na blusa. Sorte que existem meninas como as da Clínica Veterinária Kennedy (4122-5675), que acolheram Wally junto com o meu desespero e não aceitaram um centavo sequer. Torço para que, nesse momento, ela esteja decorando uma nuvem de Natal bem rechonchuda com seus bebês serelepes. E se o Papai Noel permitir que o infeliz que a matou seja devorado pelo peru da ceia, agradeço.

P.S.: Esse post não tem foto porque eu prefiro lembrar dos olhinhos da Wally me fitado a distância, ansiosos para atacar a comida.

29.11.07

Era uma vez um leãozinho

Léo foi encontrado vagando pelas ruas de Santos com o nariz sangrando. Diziam que adorava outros animais, mas morria de medo de gente. Desde que Patrícia o resgatou, em agosto desse ano, até o almoço de quinta-feira passada, morou no Capão Redondo (uma adoção fracassada), mudou de lar temporário duas vezes, entrou e saiu de várias clínicas veterinárias. Nunca chegava a hora de descansar o coração no tapete macio de uma daquelas famílias dos comerciais de margarina. Culpa da saúde frágil e do gênio arisco. Após reviver tantas situações de abandono, seu olhar cobriu-se de resignação. Parecia que havia deixado de acreditar.

Quando me perguntaram se eu podia hospedá-lo aqui em casa durante três dias, pois no Ipiranga, onde fizera a biopsia devido a uma suspeita de câncer de pele, ele estava se recusando a comer, não tive como negar. Comprei uma bacia nova para a areia, três latinhas Sabor & Vida (as únicas que ele gosta) e dirigi duas horas sob o sol causticante de São Paulo. No final de semana, o leãozinho iria para sua morada definitiva, na Zona Norte, onde quatro bigodes e um casal de velhinhos aposentados andavam colecionando baldes de amor para despejar-lhe.

Soltei o peludo no meu quarto e fiquei surpresa em ver que, ao invés de se esconder embaixo da cama, como de costume, ele preferiu deitar no cobertor. Levantava apenas para mudar de posição e não era raro pegá-lo sentado com o focinho misteriosamente grudado na parede.

No primeiro dia, encaixei o pote de ração no colar elisabetano, mas o desastrado mexeu a cabeça bruscamente e voou bolinha para todo canto. Passei, então, a colocar uma a uma na base de plástico e fazer barreira com o dedo. Se elas rolavam para o fundo, ele entrava em pânico e gastava mais tempo tentando limpar o pescoço do que comendo. Aí, eu o enchia de carinho e o ronronar vinha acompanhado de massinha no colchão.

Ele não queria saber de colo, mas se arrastava sorrateiramente para perto do meu braço e tombava a cabeça encapada ao menor sinal de cafuné. Apesar de não miar, emitia um monte de sons engraçados pela boca.

No segundo dia, percebendo que o sofrimento desgastara também o comportamento feral, decidi oferecer a ração seca direto na mão. Se ele esquecia de mastigar e ficava vidrado, eu investia na latinha. Ao aborrecer-se com a dificuldade de engolir, reforçava a propaganda e o cheiro tratava logo de abrir o apetite. Só faltava beber água e usar a caixinha.

Tarde da noite, quando resolveu dar as caras, o cocô provocou uma verdadeira revolução: farejei o perfume da sala, deparei-me com o colar elisabetano completamente lambuzado, escancarei as janelas e corri para buscar o vidro de álcool. Na volta, Mercvrivs sorria do lado de dentro do recinto e o ser laranja passeava entre as folhagens do jardim de inverno. Revigorada, a criatura secou a tigela de água em cinco segundos e ainda deu dois tapas certeiros na minha perna.

O terceiro dia foi o da despedida. Tomei banho com o bichano tagarelando no tapete de toalha e aguardamos angustiados a Patrícia tocar a campainha. Como na clínica do Ipiranga ele adentrara a caixinha de transporte sozinho e viera o percurso inteiro quieto, imaginei que não criaria problemas. Acontece que do flat Levischi o gatão escaldado não pretendia ir embora. Debateu-se tanto contra as grades de ferro, que o rosto virou uma poça de sangue com orelhas. E ao aportar em Santana, tornou a se enfiar embaixo da cama. Fiquei me sentindo um monstro. Se eu morasse sozinha, se o jornalismo pagasse melhor, se a fazenda de bigodes saísse do mundo dos sonhos...

Eis que, ontem, Alexandre ligou para contar que, livre do colar elisabetano, o leãozinho está até brincando! Espero que, finalmente, possa curtir a aposentadoria merecida, com direito a muitos sachês de frango e ratinhos de catnip! *dedos cruzados*

27.11.07

Histórias que perdem a cor

A tigrada recheada de bigodinhos surpresa morreu ontem, na clínica da Drª. Angélica, após dar a luz a dois bebês fraquinhos e sequer conseguir cortar seus cordões umbilicais. Susan disse que ficou agonizando um tempão, mas não podia passar pela cesárea sem melhorar, pois sucumbiria à anestesia. Eis que uma convulsão a levou junto com outros dois filhotes, ainda na barriga. Culpa da desnutrição.

Essa notícia trágica me fez lembrar que tem mais duas fêmeas não-castradas no cortiço da dona Lourdes. Elas precisam de lar temporário urgente, já que todas as esqueletinhas operadas estavam em início de gravidez e a casa da Susan (superlotada) entrou em reforma por tempo indeterminado! Alguém se habilita a quebrar a maldição das ninhadas da fome?!

23.11.07

Adoção relâmpago!

Em um mês e nove dias, Gianecchini ganhou uma amiga fiel, comida sem restrições e a sonhada cota de dois sofás macios para estragar à vontade na vigência da vida! Essas são Aelita e sua nova casa. Espero que a adoção do primeiro ex-queletinho da dona Lourdes traga sorte para os outros 29. :)

Sinais de fumaça dos três lares temporários

Cris, Yone e Marina enviaram notícias atualizadas dos ex-queletinhos da dona Lourdes, resgatados em outubro. Cada vez mais gordinhos, eles continuam sonhando com uma família de verdade!

Cris

A peladinha (que já não parece mais peladinha) foi castrada e estava prenhe. Logo poderá ir para adoção. O frajola também castrou. Só sobrou o tigrado, porque brigou com o amigo e ganhou um novo abscesso na cara. Tem feito duas punções por dia no veterinário. Mas parece bem.

Ando pensando em soltar o frajola aqui em casa, assim que se recuperar da cirurgia, e ver se ele arruma um local no quintal, pois fechado faz muito barulho (especialmente à noite, quando mia feito um condenado). Ele é bem selvagem.


Yone

Keiko (aproveitando que as outras duas também tinham nomes japoneses), já foi castrada e vacinada. Falta só o vermífugo, que vai ser administrado até o fim da semana. No mais, ela continua um doce. Só fica insegura quando há outros gatos ou pessoas ao redor. Para falar a verdade, ela parece não gostar muito de gatos!! Acho que, por ser pequena, deve ter passado maus bocados lá na dona Lourdes. Grunhe, faz fuzzzz e até sai no tapa!! Coitada... Passou o maior apuro na minha casa esse feriado, porque, além dos meus quatro, estava hospedando três da minha sobrinha!!! Mas no fim ela relaxou e até dormiu com um dos meus gatos!!!

Marina

Umaga ganhou um segundo nome (ou sobrenome): Kaladev. É um dos nomes de Krishna, na mitologia hindu, e significa "deidade negra". Achei que combinava com ela! Ela está ótima. Come bem, demonstra segurança no "calabouço" e tenta, a todo custo, fazer amizade com a Olívia, que persiste nos fuzzzzz. Sahara bem que anda se esforçando para ser uma boa anfitriã. Tenho deixado ela solta pela casa e parece que está começando a se sentir à vontade por aqui. Drª. Angélica disse que não tem vermes! Dia 6, foi castrada e fez limpeza de tártaro e de ouvido. No começo da semana, tomou as vacinas. Só esqueci de perguntar a idade.

16.11.07

Mutirão do vermífugo

Dar vermífugo para a Guda foi tão fácil que, esquecendo o fator "sorte de principiante", subestimei o desafio de medicar Mercvrivs por intermináveis 24 dias. Concluído o intensivão, porém, sentia-me apta a enfrentar os bigodes mais ferais. Ontem, chegou a vez das Gudinhas. Mariana segurou Pufosa e o comprimido desligou garganta abaixo. Com Kekinha, a mesma coisa. Pimenta e Jujuba nem precisaram de reforço. Mas Pipoca quase nos deixou malucas: retorcia, gritava, arranhava, mordia, chorava, cuspia, babava. Perdi a conta de quantas vezes juntei a drágea do chão. De quanto tempo corremos atrás dela pela casa. De quantos dedos despediram-se da sensibilidade a dentadas. Coisinha tão doce...

15.11.07

Ainda a seborréia seca!

Depois do quarto banho no pet shop, Mercvrivs continua com caspa e decidiu resolver a questão sozinho:


Eis o registro dos bastidores da tortura quinzenal:

Histórias que se renovam

Domingo, enquanto o resto da humanidade entupia as salas de cinema, discutia o relacionamento ou trabalhava por causa do Natal, Susan conseguiu doar dois gatinhos do AUG e pôde buscar mais esqueletinhos na casa da dona Lourdes. A tigrada maior lhe foi entregue com o diagnóstico de gravidez, mas a outra, que a velha jurava usar chuteiras, é que estava recheada de bigodinhos surpresa. Na clínica da Drª. Angélica, essa ninhada deve ter mais sorte que as anteriores, impiedosamente devoradas pelos felinos famintos do cortiço.

Sabem por que as baratas dominam o lugar, aliás? Porque "não-sei-quem possuía feridas pelo corpo, pisou numa asquerosa envenenada, o veneno entrou pela corrente sanguínea e acabou morrendo de infecção". Palavras de dona Lourdes.

Castrados e vacinados, Chococat, Umaga e Keiko acabam de se juntar à Smeagol, Satie, Sayuri e Gianecchini, na esperança de encontrar uma família de verdade. Candidatos dispostos a amar duas dessas vidinhas surradas (na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe) já apareceram, mas não posso contar ainda.

10.11.07

Careca, mas com dignidade

Já ouviram falar na história do homem que procura um sábio para reclamar da palhoça em que vive com duas crianças endiabradas, uma sogra amarga e a esposa a suspirar pelos cantos? Para quem não conhece, eis o desenrolar: após ouvir a queixa atentamente, o sábio instrui o homem a colocar um dos bodes que criava dentro de casa e voltar em uma semana. O animal come os poucos móveis, ameaça chifrar os pequenos, berra o tempo inteiro, deixa o lugar com um cheiro horrível. Incrédulo, o homem torna a visitar o sábio, que o aconselha a devolver a criatura no mato. Magicamente, a casa se transforma em um paraíso.

Ontem, acabou o remédio para a infecção de pele do Mercv. Depois de 24 dias, o pêlo ainda parece ralo e duro, mas nós dois nunca estivemos tão felizes. Nas primeiras tentativas, se o rebelde não cuspia o comprimido, eu errava o buraco da boca com as contorções. Aí, foi ficando mais fácil. Só que o espertinho pegou o esquema da coisa e passou a fugir quando o relógio marcava 9h. Recompensei o suplício com latinha, requeijão, leite, pão integral, caça-comida (brincadeira de arremessar a ração seca o mais longe possível e assistir o desastrado sair arrastando gatos e móveis para alcançá-la). Até que, no final, entramos num acordo: eu não segurava, ele não se debatia e na parte de abrir a boca ganhava o mais forte.


Obs.: Foto pós-terceiro banho quinzenal, por causa da caspa.

7.11.07

Gata x Florais de Bach

Depois de constatar que o comportamento repentinamente agressivo da Chocolate nada tinha a ver com a medicina tradicional e de gastar R$ 20 na benzedeira sem sucesso do padre Gusmão, Bruna aconselhou-me a experimentar os Florais de Bach: Vervain, Sweet Chestnut, Star of Bethlehem, Holly e Rescue Remedy. Paguei metade do valor entregue à igreja e despejei as primeiras quatro gotas num potinho de água exclusivo. A peste cheirou, fez que ia tomar, deu meia-volta. Tentei na colher. Nada. Na tigela coletiva. Só a família Guda Marley bebeu. Comprei uma seringa. Patas para todo lado, mas engoliu. Continuei investindo na tigela coletiva. Três dias depois, só de olhar o vidrinho, a birrenta passou a vomitar. Pensei em desistir. Mudei de idéia ao vê-la atirar-se contra o armário, mirando a Clara lá no alto, e cair de costas no chão, completamente irada. Misturei no leite, na ração úmida, no atum. Duas lambidas em cada, quando muito. Semana passada, soube da possibilidade de manipular sem o abominável vinagre (conservante para animais) e aplicar diretamente na têmpora, massageando com um algodão. A farmácia esqueceu de avisar que a fórmula ficara pronta e o conteúdo venceu antes de chegar às minhas mãos. :\

6.11.07

Frio na barriga ao cubo

Mês passado, Clara Luz fugiu de casa e apareceu dentro do telhado de um vizinho, na rua de trás. Como a curiosa entrou lá ninguém sabe, mas o fato é que ficou presa dois dias inteiros, até que consegui ouvir seus miados e (acompanhada da dona do lugar) indiquei-lhe um buraco no sótão onde poderia atravessar comprimindo a cabeça.

Durante as buscas da inconseqüente pelo bairro, meu sensor de bigodes em risco voltou a funcionar e dei de cara com um gatinho atropelado, bem mais magro, sujo e fedido que os esqueletinhos da dona Lourdes. Na verdade, eram dois. Mas o outro não resistiu e, após passar a madrugada sob os cuidados do sobrevivente, entregaram seu corpo ao lixeiro (!). Ele, que ainda se mexia, continuou jogado num canto: três dias arrastando-se em desespero, três dias sem comida, três dias urinando sobre si mesmo.

Tratei de pegar a caixa de transporte e uma latinha de Whiskas e, em meia hora, aportávamos na clínica utinguense. Dr. E. acolheu o pano de chão sem cobrar-me um centavo, disse que o entupiria de Royal Canin para a cirurgia de inserção dos pinos nos fêmures e dispensou-me.

Voltei na tarde seguinte, de máquina fotográfica em punho. O leãozinho se recusava a comer, iria para a sonda. Na sexta-feira, soube que a operação havia sido um sucesso e o apetite retornara, mas ele amanheceu morto. Culpa da desnutrição? De outro problema, desconhecido? Da demora no socorro? Não importava mais. Depois de uma eternidade estirado na calçada, sofrendo, assistiu a vida esvair-se entre as grades da gaiola veterinária, igualmente sozinho. E o máximo que consegui fazer foi dar-lhe umas colheradas de ração úmida.


No mesmo malfadado dia, encontrei também uma filhote parecida com a Clara, dois quarteirões para baixo de casa. Os moradores explicaram que se revezavam na tarefa de alimentá-la há cerca de 20 dias, quando chegara pele e osso, mas a cena da espevitada atravessando a rua na frente dos carros me fez pensar em arrumar-lhe uma família de comercial de margarina logo.

Levei comida para ajudar algumas vezes, acariciei outras tantas. Tirei fotos de ângulos variados, conversei com amigos, parentes, vizinhos. Lembrava dela sempre que chovia. Mas não podia trazer para cá, porque sabia que não doaria. Já aconteceu três vezes! Sequer um post de divulgação no Gatoca publiquei. Não adianta mais. Ela sumiu.


Smeagol, a ratinha que virou princesa, perdeu as orelhas na semana passada por causa do câncer de pele. Aos sete meses, tomou mais sol do que deveria, deu o azar de nascer num cortiço infestado de baratas e depender de uma senhora idosa, extremamente pobre. Na clínica da Drª. Angélica, sequer imagina como é ter um lar de verdade. Essa história ainda pode ganhar um desfecho de conto de fadas. Só depende de vocês.


P.S.: Satie, a outra gatinha branca resgatada, está passando pela mesma intervenção cirúrgica hoje. Assim meu coração não agüenta! :ó(

Notícias do segundo e do terceiro lar temporário

Depois da Marina, primeira voluntária a abrigar um dos esqueletinhos da dona Lourdes, Cris e Yone contam como estão os bigodes que acolheram, respectivamente, nos dias 13 e 28 de outubro:

A pequena (um dengo só!) já está com o pêlo crescendo e o ferimento no queixo do tigrado fechou. O Frajola come para caramba.

Se pudesse, pegava todos os esqueletinhos. Vou orar muito para que São Francisco ajude vocês encontrarem outros lares temporários. Se precisarem de mais ajuda, contem comigo. Susan sabe que tenho um carro próprio para missões impossíveis.

Espero poder mandar fotos de um depois muito melhor para estes 3 bbs. Mantenho vocês informadas de tudo.

Beijos
Cris


Estou te mandando algumas fotos da filhotona tricolor "careca", que chegou aqui em casa no domingo passado. A primeira foi tirada na terça-feira, quando ela ainda estava confusa e assustada! Ração?? Acho que nunca tinha visto antes [!?]. Cheirava sem saber muito o que fazer com ela!! Começou a comer misturada com um pouco de latinha, sob minha supervisão. A partir daí, o apetite tem crescido e os pêlos também, como você pode perceber.

Ontem, levei-a para a Angélica dar uma olhada geral. Ela está bem, só com uma leve sarna no ouvido. Até a diarréia, que tinha ameaçado na casa da Susan, desapareceu!! Angélica acredita que deve ter entre um e um ano e meio, apesar do tamanho de seis meses. Será castrada na terça-feira, para evitar que entre no cio. Vacina e vermífugo ficam para as próximas etapas.

Se no domingo passado andava super assustada e desconfiada, hoje é uma outra gatinha: ronrona sem parar, adora se esfregar, se joga no chão pra ganhar carinho!! E fica quietinha no banheirinho, super comportada!!! Quando eu apareço e começo a falar, ela responde!! Uma graça, toda conversadora, rs!!! Acho que também nunca tinha visto um brinquedo! Agora, se esbalda com as bolinhas que deixo lá. Até o arranhador já aprendeu a usar!!!

Mandei as fotos para você colocar no blog e estimular mais gente a pegar temporariamente esses "esqueletinhos", que tanto precisam de ajuda. Ter um cantinho limpo, com comida adequada, água e um pouco de carinho faz uma diferença incrível na vida deles!!

Vou te mandando notícias. Boa semana.

bj
Yone Sassa

1.11.07

10 motivos irresistíveis para abrigar um esqueletinho!

* O imóvel-cortiço está à venda!
* Dona Lourdes é uma senhora bastante idosa, sofre do coração e parece prestes a morrer a cada respirada.
* Seu sobrinho acredita que gatos trazem doenças e já avisou que "dará um fim neles", caso demoremos para resolver a situação.
* Vizinhos também sinalizaram desgostar dos felinos, envenenando-os freqüentemente.
* Quando a gente chega, todos correm para disputar espaço com as baratas nos buracos dos móveis, dificultando o tratamento.
* Se o adotante temporário não conseguir arcar com os gastos relativos à alimentação dos bigodes, nos comprometemos a passar o chapéu.
* Para atendimento veterinário, basta dirigir-se à clínica da Drª. Angélica, perto do Shopping Santa Cruz.
* Os esqueletinhos cabem em qualquer banheiro, lavanderia, corredor.
* Nascidos em berço de asfalto gelado, se entregam à primeira manifestação de carinho, comem sem frescuras, aprendem rápido.
* Com duas migalhas de atenção e três de ração, sapos feios, sujos e tristes se transformam em verdadeiros príncipes encantados (os intervalos das imagens variam de uma semana a um mês):

Smeagol - antes

Branca de Neve - depois


Pulgas e piolhos - antes

Sayuri e Satie - depois


Pânico - antes

Gianecchini - depois


Pênis exposto - antes

Nariz rosinha - depois


Obs.: Assim que as fotografias pós-resgate dos outros peludos chegarem, eu publico no aqui blog.

Baratas versus sobrinho assassino

Restam, ainda, cerca de 15 bigodes na casa da dona Lourdes. Eles estão desnutridos, cheios de vermes, pulgas e piolhos. Alguns foram diagnosticados com problemas hormonais, alergias às picadas, stress e intestino solto. Nada muito sério. Batalhei doação de Frontlines com a Merial, mas é impossível tratá-los no cortiço porque, assim que a gente chega, eles fogem em pânico.

No último sábado, sequer conseguimos resgatar os que iriam para os lares temporários: enquanto corríamos atrás das criaturas apavoradas pelo quarto, as carcaças de baratas estalavam no chão e terminavam todos (gatos e asquerosas) entocados num buraco do armário. Deixamos, então, as caixas de transporte com a velhinha e Susan voltou no domingo para buscar. Sorte que a mulher finalmente decidiu colaborar.

Sem voluntários para abrigar os esqueletinhos, temos de nos contentar em levar ração super premium semanalmente (tarefa assumida pela Meg) e torcer para que agüentem mais tempo. Duas, infelizmente, já morreram: a tigrada com suspeita de esporo e a idosa envenenada. A filhote frajola, cega de um olho, desapareceu há dias, fazendo-nos acreditar que se juntou a elas.

Dos 12 resgatados, três ficaram com a Cris, num sítio em São Roque. Precisam comer bem para enfrentar a esterilização e as vacinas. Um deles parece que desenvolveu um abscesso no queixo e vem sendo acompanhado pelo veterinário. Marina (da Vila Mariana) castrou e vacinou Umaga, negona super chameguenta. A branquinha com câncer de pele nem saiu da clínica da Drª. Angélica. Mas de rato passou à princesa. Agora, espera por um adotante que a aceite sem as orelhinhas. Satie, Sayuri e Gianecchini, sob os cuidados de Susan, também aguardam uma família de verdade. E outros três continuam na fase de engorda. A filhote tricolor rumou direto para o apartamento de uma amiga.

Semana passada, um sobrinho da dona Lourdes ligou cobrando que resolvêssemos logo a situação, pois felinos trazem doenças e pretendia "se desfazer deles a qualquer custo". Para melhorar, o imóvel foi colocado à venda. :\

31.10.07

“Quem ama protege”

Quando fui retirar os Frontlines doados pela Merial aos esqueletinhos da dona Lourdes e o moço apareceu segurando uma caixona de papelão, tive vontade de dar-lhe um abraço apertado e desejar feliz Natal. Hoje, chegou o banner animado que a Marta mandou fazer especialmente para o Gatoca. Não é um charme esse bigodinho piscante? :)

25.10.07

Açúcar e canela

Mercvrivs está com cheiro de Pretzel. Juro! E olha que tomou banho na semana passada...

Pós-operatório freak

Cada Gudinha desenvolveu um comportamento particularmente estranho após a cirurgia de castração: Kekinha anda cabisbaixa, Jujuba (ex-Vaquinho) deu para rosnar para as irmãs, Pimenta se põe a gritar e morder de hora em hora, Pipoca (ex-Pimpão) foge da gente e Pufosa finalmente resolveu aceitar carinho. Gudona, ao invés de cuidar das meninas, só quer saber que brincar de bolinha.

Equívocos que comprometem uma vida inteira!

- Trouxe os filhotes para castrar, Beatriz?
- Estão no carro, Dr. E.
- Pega primeiro os machos.

Como num conto de fadas, os dois me esperavam dentro da caixinha de transporte, outrora vazia.

- Pode colocar um deles sobre a mesa.
- Ok.

Vaquinho tomou a anestesia em silêncio e foi para a sessão de tosa, na sala ao lado, com a ajudante do veterinário.

- Bia, o E. não falou para começar pelos machos?
- Falou.
- Mas essa é fêmea.
- Ãhn?
- Me dá o outro.
- Aqui.
- É fêmea também.
- O Pimpão?!?!?

Como num pesadelo, lembrei do dia em que me contaram que Papai Noel não existia. Há cinco meses, quando os pequenos nasceram, olhamos os sexos diminutos e concluímos tratarem-se de dois meninos e duas meninas. Kekinha, a fugitiva não analisada, passou por gravata durante 45 dias (culpa do rosto com traços masculinos), até confirmarmos que era lacinho. Mas essa extrapolou os limites do ridículo!

- Os gatinhos ainda não têm cadastro aqui, né?
- Esses não, Dr.
- Fala os nomes, então.
- Pimenta, Pufosa, Keka... Pipoca e Jujuba.

24.10.07

Dia de fortes emoções

Quando eu marquei a castração dos Gudinhos, ignorei que ela coincidiria com o aniversário de dois anos do Mercv*. E também não imaginava que teria de ficar subindo e descendo do carro embaixo de chuva, com os gatos balançando na caixa de transporte. O dia já começou turbulento: enquanto o primogênito ganhava sachê escondido para comemorar (e compensar o remédio da infecção de pele), os pequenos protestavam contra o jejum de focinho colado na porta da cozinha.

Almejando minimizar a ausência veterinária, eu deixei o dono da festa sapateando no quintal molhado (gosto não se discute!) e rumei para a clínica do Dr. E. Cada poça d´água atravessada detonava o coral de miados. Pufosa, Pimenta e Kekinha ainda fizeram questão de guardar o vibrato para a hora da injeção. Já os meninos merecem uma crônica à parte.

Eu passei o resto da tarde dividindo a atenção entre os Alcoolizadinhos da Estrela e o aniversariante mimado, que queria colo a qualquer custo. Para completar o caos, antes de dormir Pimpão se pôs a pular e girar sobre o colchão da sala aos berros, atirando-se contra a parede no final da performance. E toca dormir com a Chocolate para evitar que ela batesse nos desfalecidos...

*Novelinha: Conheça a história do Mercvrivs

Calvície precoce

Mercvrivs filhote chegou aqui em casa anêmico, com pulgas, vermes, diarréia e quase morreu, porque a veterinária incompetente do bairro não viu nada disso. Sorte que meu espírito hipocondríaco desconfiou do seu narizinho sem cor e acabamos viajando até Utinga, onde Dr. E. (responsável pelos gatinhos do Eduardo há 13 anos) aplicou-lhe uma injeção, receitou Gatorade de limão e avisou que as chances de sobrevivência dependeriam do meu amor. Nascia uma flor de estufa de bigode.

Agora, qualquer coisinha que acontece com o peludo me faz colocá-lo no carro e correr para a clínica, do outro lado do mundo. Semana retrasada, quando percebi que ele estava ficando careca, pensei em todas as doenças que leio nas listas de discussão (FIV, FeLV, Hemobartonella), mesmo desconhecendo os sintomas. Mas era só infecção de pele. Recebi o diagnóstico no dia 16, junto com a missão de enfiar-lhe o remédio goela abaixo por 24 dias! O pior é que os banhos contra a caspa ainda não acabaram. Mercv só podia estar mesmo no seu inferno astral.

17.10.07

Rifa de bigode

A idéia inicial era replicar o layout do Gatoca, montar uma tabela com 100 números e divulgar o link da rifa o quanto antes. Mas as cores do quadro da Vicky destoavam do blog e como ensinaram-me, desde pequena, a evitar a combinação de calça rosa e blusa vermelha, gastei um tempão reestruturando tudo. Também achei frio o esquema dos números. Bem que podiam ser nomes de bigodes famosos... Opa! Frajola, Garfield, Félix. Só faltavam 97. Lá se foi outro dia. Pesquisando na Internet, descobri até Muezza, o peludo do Maomé. Para completar a lista, porém, tive de abrir exceções aos gatos mutantes do Thundercats e aos grandinhos de "O Rei Leão".

― Glomer [Punky Brewster] já é demais, Beatriz!
― Ué. Um felino alienígena, Divardo.
― Aquilo não é um felino.
― Quem não quiser, não compra.
― ...

Tirei o Glomer. E encontrei 20 opções extras na literatura! Quadrinhos, cinema, séries de TV, desenhos animados serviram de inspiração básica. Se deixei algum clássico de fora, escrevam nos comentários. Acabo de descobrir uma nova obsessão!

10.10.07

Puxadinho

Como os dias têm sido curtos demais para a quantidade de iniciativas sem qualquer retorno financeiro em que me meti, este post cumprirá a função de "puxadinho":

* A epopéia do final de semana passado está no blog do Adote um Gatinho, sob o título "Caso D. Lourdes", com fotos dos primeiros bigodes que pegamos para adoção! Os quatro assustados já receberam um banho de Frontline da Drª. Angélica, para acabar com as pulgas e piolhos, e serão cuidados até que possam enfrentar a cirurgia de castração e as vacinas. Agora, precisamos de mais lares temporários para retirar os outros esqueletinhos da casa.

* Meg vem publicando no Mundo Miau as doações recebidas em produtos. Parece que ganhamos vários pacotes pequenos de ração, mas, pela quantidade de peludos que dona Lourdes acumulou, não vão durar muito. Aproveito para agradecer a Alice, Beatriz (xará), Daniela, Érica, Gisele, Leonice, Marisa, Silvana, Renata e Doris pela ajuda em cash.

* Alex, da Mundial Pet (distribuidora da Merial), continua batalhando remédios para os esqueletinhos. E Pedro, do Virtual Pet, ofereceu-nos um help mensal. Assim que eles mandarem os banners dos sites, acrescentarei na seção "parceiros", recém-criada para retribuir suportes assim.

* Estou terminando de montar o blog da rifa! Quem não comprar é mulher do sapo!

9.10.07

Notícias do primeiro lar temporário

Lembram da Marina, que eu disse que havia escolhido abrigar um negão da dona Lourdes temporariamente? Na verdade, o bigode era menina. E agora se chama Umaga. Hoje, recebemos notícias delas:

Aqui está tudo indo muito bem!

A gatinha, que eu chamo de Umaga [em homenagem a um jogador de rugby samoano], é muito doce e carinhosa. Ela é muito magrinha, mas parece estar bem porque come, bebe água e faz muito cocô! Ela não come tanto quanto eu imaginei que comeria, mas acredito que deva fazer parte da adaptação, né?

Ela encontrou um esconderijo numa caixa de papelão, onde fica a maior parte do tempo. Mas domingo eu e ela nos entendemos finalmente! Quer dizer, ela nunca fez "fuuu", nem mordeu ou arranhou. Mas quando eu colocava a mão nela, parecia meio desconfiada. Porém, domingo nós ficamos amigas de vez! Ela ronrona e fica se esfregando em mim, parece uma doida!

Aparentemente todas as pulgas morreram naquele banho de Frontline! Viva!

Ontem, até o Gustavo [marido] fez questão de ir conhecê-la comigo! Ele já a tinha visto, claro, mas sem muito entusiasmo. Mas ontem ficou com ela um pouquinho e hoje já contou que entrou no quartinho pra pegar alguma coisa e a Umaga achou que era eu e saiu toda-toda; quando viu que não era, se afundou mais ainda no esconderijo!

Acho que está tudo indo "nos conformes". Se quiser vir visitá-la, está convidada.

Um beijo e obrigada pela oportunidade!

Marina Kater-Calabró

p.s.: uma foto da Umaga quando ainda estava com medo de mim, encharcada de Frontline, escondida atrás da mochila que fica dentro da caixa de papelão, e outra de agora, já confortável na caminha que eu instalei dentro do "esconderijo".


7.10.07

Apelo-desabafo

Ontem, perdemos outro gatinho da dona Lourdes. Nesses 16 dias, conseguimos ração, remédios, dinheiro para pagar as consultas veterinárias. Temos usado cada minuto do nosso tempo livre (já que trabalhamos fora da proteção animal) batalhando doações, correndo com os bigodes para cima e para baixo, procurando interessados em adotá-los. Mas parece que o Barbudão está sendo mais rápido.

Abrigar um esqueletinho temporariamente não é difícil, pessoal: ele só precisa ficar separado dos bichos da casa –pode ser num quartinho, banheiro, lavanderia– até termos certeza de que não possui dodóis contagiosos. Já irá "despulgado" e medicado. Se quiserem lacinho, a gente coloca também. Nos comprometemos ainda a passar o chapéu, caso não consigam arcar com os gastos relativos à alimentação. Para tratamento (se necessário!), basta levar o peludo à Drª. Angélica, perto do Shopping Santa Cruz. Marina topou o desafio e escolheu um negão. Peçam para ela contar a experiência.

E pensem com carinho no meu apelo cabisbaixo.

5.10.07

Aviso!

Estimados (meia dúzia de) leitores,

Não desisti de relatar as peripécias aprontadas pelos bigodes aqui em casa. Só vou deixar o pedido de ajuda à dona Lourdes mais um pouco na "vitrine" para ver se outros anjos se sensibilizam. Aí, as crônicas voltam ao normal e, semanalmente, escreverei contando em que pé está o projeto de resgate dos esqueletinhos.

Desejem-me sorte. :)

3.10.07

Eu podia estar roubando, eu podia estar matando, mas estou aqui pedindo

Em um mundo perfeito, as crônicas do Gatoca renderiam acessos suficientes para que eu pudesse negociar parcerias em prol de projetos de conscientização da população sobre posse responsável de bigodes, campanhas de castração, adoção e vacinação, resgates rocambolescos. Em um mundo, perfeito, aliás, essas iniciativas nem precisariam existir, porque cada animal de estimação teria direito a um amigo fiel, comida sem restrições e dois sofás macios para estragar à vontade na vigência da vida.

Quis o Universo, porém, que alguns montinhos de ossos cruzassem meu caminho antes do sucesso do blog e cá estou eu há dez noites sem dormir direito, tecendo mil articulações para ajudá-los. Por isso, inclusive, os posts andam rareando. Tudo começou no domingo do dia 23 de setembro, quando Eduardo sugeriu almoçarmos na Paulista e eu vi dois gatinhos esqueléticos passeando pelo quintal de uma casa abandonada.

Aborrecida, desisti do programa na hora e nós voltamos a São Bernardo para buscar comida e água. Cerca de 40 minutos depois, segurando 1 kg de FIT 32 e uma garrafa pet, eu pulei o portão de ferro, montei um verdadeiro piquenique no chão de cimento e chamei os peludos. Eis que, de uma porta emendada com sacos de lixo e papelão, foram saindo vários outros felinos, seguidos por uma senhora de roupas puídas e cabelo desgrenhado, ainda mais magra.

Desde a morte da irmã, dona Lourdes passou a alimentar os bichanos com o arroz e salsicha do próprio prato, despedindo-se da ração, cara demais. Para melhorar, os folgados do bairro ainda fizeram o favor de jogar outros gatos lá, ano após ano, aumentando a família de quatro para 30, incluindo filhotes. Na trama, tem também um vizinho que insiste em envenená-los, porque almeja comprar o imóvel a preço de banana para ampliar o estacionamento.

Quando eu comentei sobre doação, a velhinha disse sentir vergonha de receber visitas no estado em que se encontrava. Acontece que a imagem daqueles corpos esquálidos de crânios gigantes não parava de me atormentar e acabei pedindo o contato da ONG responsável pelas feirinhas do Hospital Veterinário Dr. Hato. Cecília foi a primeira pessoa a acolher minha inexperiência de jornalista apaixonada por bigodes e indicar o caminho das pedras.

No dia 26, eu entreguei à dona Lourdes parte de um pacote incarregável de Cat Meal (25 kg por R$ 39) + arroz, feijão, carne moída de músculo, coxa e sobre-coxa de frango, macarrão, molho de tomate, óleo, sal, cenoura, batata, cebola, alho, tomate, ovo, ervilha, milho, sardinha, banana, limão, maçã, leite, açúcar, café em pó, farinha ― impressionante como se pode encher um carrinho de supermercado com R$ 72,77, sem comprar porcarias. E cada sacola aberta vinha acompanhada de um suspiro: "Minha filha, você não esqueceu de nada". A cabeça nem levantava, na tentativa de disfarçar a emoção.

Eu aproveitei o clima receptivo para tirar fotografias sensibilizadoras da situação. Os bichinhos não estavam apenas desnutridos. Alguns eram cegos, vários tinham o corpo sem pêlos e os olhos inchados. Havia uma branquinha com ferida nas costas e outra com as orelhas carcomidas por um possível câncer de pele. A tigrada, encolhida sobre a televisão da sala, escondia o rosto deformado, como nos filmes de terror.

Não sei de onde tirei força para clicar figuras tão tristes, que continuam me assombrando. Mas era por um bom motivo: conseguir lares de verdade para aquelas criaturas. Meia dúzia de anjos, inclusive, já se ofereceram para colaborar no manuseio dos felinos, diagnóstico das doenças, empréstimo de caixas de transporte, doação de remédios, cobertores, ração, areia, produtos de limpeza, tigelas, roupas, cesta básica. As meninas da lista Gatos iniciaram o mutirão. :)


Linha do tempo

No último sábado (29.09), Meg e Susan me ajudaram a tirar dona Lourdes da cama para levar os casos mais graves a Dr. Angélica. A tigrada da televisão havia morrido de madrugada e seu corpo jogado em um saco, rapidamente recolhido pelo lixeiro. Eu confesso que fiquei aliviada de não precisar decidir sobre a eutanásia. Se confirmassem a suspeita de esporotricose (altamente contagiosa e em estágio avançado), as chances de o tecido do nariz se reconstruir seriam pequenas e o sofrimento, enorme. Mas bateu uma tristeza por ter chegado tarde demais.

A ratinha branca está com câncer mesmo e ficou na clínica para tratamento, graças ao Adote um Gatinho. Pode ser que ela perca as orelhas. A envenenada, que dona Lourdes considera como dela e não queria deixar colocar no carro de jeito nenhum, corre risco de morte. Mas preferimos não segurá-la, pensando nos outros bichos. Quem sabe da próxima vez.

A tricolor, mais magrinha de todos, serviu de amostragem para o conjunto dos felinos: enfraquecidos, cheios de vermes, pulgas e piolhos, com problemas hormonais, alergias às picadas e intestino solto. Isso quer dizer que o organismo terá dificuldade em absorver os nutrientes. Investiremos, então, na ração super premium, já que a tarefa de enfiar vitaminas goela abaixo de um batalhão diariamente mostra-se inviável a uma senhorinha debilitada.

Resta convencê-la a permitir a boca-livre. É que dona Lourdes arremessa a comida aos bigodes como se alimentasse pombas: cada bolinha vai parar em um canto diferente do jornal. E, no segundo seguinte, recolhe tudo para não ter desperdício. Espero que seja mesmo medo de acabar e não um jeito de evitar que eles façam cocô mole pelos cômodos.

Em uma população de proporções tão grandes, aliás, estranhamos a ausência de ninhadas. Talvez, as próprias mães estejam devorando a cria quando bate o desespero da fome. Senti falta também de alguns pequeninos da primeira visita. Mas como o acesso à rua é liberado, por causa do rombo na porta principal, fica impossível controlar. Nem mesmo a velha sabia a qual bichinho eu me referia.

Próximos passos

* No sábado agora (06.10), eu escolho os três primeiros gatos que Susan preparará para a adoção. Instruíram-me a priorizar os claros e peludos. Mas e os outros critérios? Como decidir com justiça? Quanta responsabilidade...

* Na próxima semana, os dez bigodes mais fortinhos irão para a castração em Utinga, por conta do Dr. E. É bom começar a treinar a concentração para dirigir com sirenes múltiplas no ouvido.

* Vicky Dolabella, artista conhecida pela simpatia à causa, concordou em doar um de seus quadros para a rifa, que organizaremos em breve aqui no Gatoca. Separem seus trocados!

* Existe a possibilidade, ainda, de conseguir Frontline a preço de custo com a Mundial Pet (distribuidora da Merial), porque os bichinhos precisam ser "despulgados" urgentemente.

Ajuda emergencial

Apesar de a dona Lourdes passar o dia limpando as sujeiras do exército de bigodes, a casa é escura e as condições de moraria, precárias. Soma-se ao contexto a dificuldade de monitorar os bichanos, graças às idas e vindas constantes da rua, e o tabu da alimentação self service para pombos. Lares temporários, portanto, fariam toda a diferença no tratamento. Alguém se habilita a acolher um amigo fragilizado?

Idéias fantásticas, doações diversas, auxílio na divulgação, palavras de carinho ou serviços voluntários também renderão sorrisos e agradecimentos repetidos à exaustão. Basta mandar um e-mail para bialevischi@yahoo.com.br. As contas abaixo recebem depósitos de quaisquer valores, só não esqueçam de me avisar.

BB
Beatriz Levischi
Ag: 1561-X
C/c: 6830905-8

Itaú
Textrina
Ag: 0185
C/c: 08360-7

Para ver os detalhes, cliquem na imagem

2.10.07

Entre espécies

Finalmente Clara Luz encontrou uma companhia à altura do seu gênio: abraçava a babosa (esquecida em cima da geladeira para curar a gastrite, unha encravada, dor de dente e cabelos ressecados) e ganhava uma espetada, ensaiava um carinho e levava um arranhão, lambia as folhas e sobrava com a boca amarrada. Desistir do relacionamento, porém, jamais!

29.9.07

Desafio molhado

Você sabe que chegou a hora de levar um gato para tomar banho quando, por mais esforço que faça, não consegue lembrar sua cor original. Se o bigode adorar esfregar a barriga na sujeira, aliás, pode ter certeza que essa será a parte branca do corpo. Dessa vez, porém, Mercv precisava de intervenção especial:

― Pet shop, banho e tosa, Ana Luíza, boa tarde.
― Boa tarde, Ana Luíza. Vocês usam xampu anti-caspa?
― Só neutro.
― Mas meu gato está com caspa.
― Então a senhora tem de trazer o produto.
― E vocês dão desconto?
― Não.
― Pode me transferir para a loja?
― Pet shop, artigos para animais de estimação, Kátia, boa tarde.
― Boa tarde, Kátia. Quanto custa o xampu anticaspa?
― Nós não vendemos xampu anticaspa, senhora. Só para seborreia.
― E não é a mesma coisa?
― Qual seborreia?
― Como assim?
― Seca ou oleosa?
― Existe seborreia que não seja ensebada?
― ...
― Vou ligar para o veterinário.

E não é que a seborréia do Mercv era seca!? Comprei Sensun Azul na farmácia mesmo, seguindo a instrução do Dr. E., e lá fomos nós para o programa aquático. O peludo curtiu cada gotinha do jato quente que escorria pela cabeça, parecendo um pirulito somali ― a parte do secador continuou odiada. Quando voltou para casa, exausto, ainda pôde colher os louros do seu esforço higiênico: todos os bigodes, amigos e inimigos, amontoaram-se para cheirá-lo.

27.9.07

Cinco pães, dois peixes e um mistério

Como ninguém aqui em casa tem o dom da multiplicação e as guloseimas precisam ser divididas por dez, cada filhote desenvolveu uma estratégia diferente de degustação: Pufosa arrasta o potinho dos outros para si sem cerimônia, Vaquinho conta seis lambidas e empurra a cabeça do parceiro com a pata, Kekinha faz cara de choro para ver se ganha um recipiente extra, improvisado com as louças do armário. Essa manhã, porém, apesar da escassez, nenhum deles quis beber na tigela rosa. Demorou até descobrir que estavam morrendo de medo das bolinhas de ar que haviam se formado na última dose de leite.


Obs.: Lembrança da fase em que eles cabiam juntos no mesmo potinho.

24.9.07

Assistencialismo

Quando a gente abriga dez gatos, até as mocinhas que fazem promoção no pet shop solidarizam-se. Sábado, sem eu pedir, deram-me 17 amostras grátis da nova ração da Whiskas. Pena que deve ter gosto de isopor, porque só o Simba (apaixonado por novidades duvidosas) comeu.

23.9.07

Milagre!

Eis o brinquedo de pet shop mais genial de todos os tempos. E o primeiro a não ser trocado por um pedaço de sujeira sobrevivente à faxina da semana anterior. Ainda veio de brinde! Pena que em quatro horas os pequenos furaram o plástico com os dentes, tiraram o chocalho de dentro e mastigaram as penas.

21.9.07

Zumbis de bigode

De uma semana para a outra, McDia Feliz virou "A Volta dos Mortos-Vivos". É só a gente fingir que não viu os pequenos esperando a tigelinha de leite, que eles se juntam no centro da cozinha e começam miar lamentosamente, como nos filmes de terror.

20.9.07

Pufosa renascida

Depois de consultar tarólogos, astrólogos, sites de numerologia na Internet e o cabeleireiro aqui perto de casa, Bufosa deixa seu passado mal-cheiroso para abraçar o sucesso:

Número 9: Perseverança
Bastante talentosa, você possui a tolerância e perseverança para compreender as pessoas e situações. Suas realizações estarão ligadas à capacidade de não desistir frente aos obstáculos e encontrar soluções criativas e originais para os problemas. É independente e leal, sempre pronta a lutar pelo que acredita e ajudar os que precisam.


Só precisa tomar cuidado para não se tornar "egoísta, avarenta, e se fechar ao mundo por conta de timidez e falta de confiança em si mesma".