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1.9.07

Só falta parar de tomar banho e limpar a mão no cachorro

Acabo de me deparar com um montinho de cocô bem ao lado do Edifício Gatoca. Como a caixinha de areia nem está suja, sou levada a crer que os bigodes decidiram reviver o período medieval da história em que se atiravam excrementos pela janela dos castelos.

31.8.07

Muito com pouco

Essa manhã, o Edifício Gatoca passou uma reforma geral: a fachada ganhara cores vibrantes e o interior, mobiliário de design arrojado. No bairro, bem localizado, seguro e arborizado, costumam passear felinos famosos como Garfield, Félix, Tom e Cheshire.

Ok, ok, eu só mudei as caixas empilhadas de lugar na sala. Mas foi como se recebessem um sopro de vida. Sempre me surpreendo com a paixão dos bigodes por novidades (principalmente quando qualquer mínima alteração no contexto se enquadre em tal descrição).

No dia em que montamos a primeira versão do predinho, Clara Luz pulou logo para o último andar, Simba ficou com o segundo (bem longe do gatil) e Mercvrivs, invejando a coragem dos destemidos, acabou por recusar o térreo. Hoje, não há telhado no bairro que o peludo desconheça em suas escapadelas – e alguns pisos também, mas isso já é história para uma outra crônica.

30.8.07

Crescimento em ritmo de bolo

Parece que toda a manhã, quando abro a porta do quartinho para os Gudos, eles estão maiores. Como se dormissem no forno, polvilhados com fermento. Essa fase dos tamanhos compactos, barulhos de Atari e brincadeiras malucas deveria durar mais tempo.

29.8.07

Presentes fedidos

Esses amigos que dão tigrinhos de pelúcia encardidos obrigam os gatos a submetê-los a intermináveis sessões de beleza. Praticamente o Dia da Noiva. Obrigada pelo mimo, Fê. :)

28.8.07

Etiqueta das ruas

A idéia de usar recipientes maiores para a comida e bebida dos gatos parecia tão perfeita, que não me lembrei da falta de sociabilidade do Simba à mesa. Agora, se alguém chega perto da assadeira quando ele está almoçando, é presenteado com um croque relâmpago: a gente nem vê a pata laranja se mexendo, só a cabeça do coitado abaixando e levantando com o impacto.

27.8.07

Evolução em potes

O primeiro potinho de comida do Mercvrivs era um tapeware. Até comprarmos as clássicas tigelas de plástico no pet shop. Quando Clara e Simba chegaram, tive de substituir o recipiente de água pelos de alumínio com areia no fundo, evitando que a sala vivesse alagada. Hoje, trouxe da loja de R$ 1,99 uma assadeira tamanho família para a ração do exército de bigodes e uma vasilha de cachorro para as bebidas.

24.8.07

Hospedeiro seguro

Suspeito que Simba é o único gato aqui de casa que traz pulgas da rua porque elas não devem gostar de emoções fortes. Se Clara vive pulando, Chocolate correndo e Mercv chafurdando, quem sobrou?

23.8.07

Pacote turístico com injeção

Quando Guda foi ao veterinário pela primeira vez, o chorinho de pânico era o mesmo dos outros gatos. Mas ao invés de se esconder sob os assentos do carro, preferiu viajar o caminho inteiro olhando a paisagem da janela. Ontem, para tirar os pontos da cirurgia, a curiosa ainda testou três novos ângulos de contemplação: em cima do gatil, equilibrada em duas patas, empoleirada no encosto do meu banco.

Playground gigante

Os pequenos estão na fase mais divertida da existência: aquela em que tudo vira brinquedo. Começaram afogando um dos ratinhos de gatária (primeiro presente) no pote de água, descobriram as primeiras bolinhas de papel, mastigaram as primeiras cordinhas, fizeram o primeiro caixote de mansão, com direito a teto solar.

Agora, qualquer coisa que consigam tirar do lugar –durex, baralho, toco de árvore da lareira, revista, lixo reciclável– transforma-se, rapidamente, em entretenimento. E reaparece nos cantos mais inusitados da casa.

Ontem, perceberam que as pedrinhas do jardim rolavam, apesar das arestas, e resolveram empurrá-las por toda a sala, riscando o piso. Lembro-me da época em que investia fortunas nas tranqueiras coloridas do pet shop para o Mercvrivs filhote divertir-se com a meia furada da Mariana.

20.8.07

Duro de Matar – ainda em cartaz

A força da Guda continua me impressionando. Em nenhum desses dias ela demonstrou qualquer incômodo com a faixa do veterinário. E ainda deixou os pirralhos mamarem em sua barriga costurada. Na vez da Clara Luz, o corpete ficou tão esfiapado que mais parecia um vestido do Herchcovitch.

19.8.07

Portafechadafobia

Depois de velha, resolvi ter problemas respiratórios. E eles vieram todos juntos: rinite alérgica, bronquite, sinusite. Os médicos foram categóricos ao dizer que eu deveria me livrar dos gatos (quatro na época). Retornei apenas à consulta da pneumologista, que acreditava em florais e homeopatia. Os bigodes passaram a dormir na sala.

Noite após noite, ao ouvir o barulho da porta batendo, eles se reuniam instantaneamente do outro lado, sob o ideal compartilhado de reconquistar o direito de embalar em cama macia suas aventuras oníricas, e davam início a uma arranhação sem fim. Até que o movimento perdeu a força.

Mercvrivs (primogênito mimado), porém, não se conformou até hoje. E quando comecei a trancar o corredor também, aprendeu a miar de megafone. Agora, sobe no telhado pela janela do escritório, dá a volta na casa inteira e desce no jardim de inverno do quarto, só para poder se jogar em protesto contra o batente de madeira.

17.8.07

Sugestão do chef: picolé de barata e escargot

No dia em que quase caí do muro ao perceber a cabeça de uma cascuda-asquerosa-gigante saindo da boca da Clara, jurei guardar os beijos para animais que não tivessem o costume de limpar o próprio traseiro com a língua. Meses depois, porém, os Gudinhos nasceram –lindos, macios e perfumados– e a promessa fora esquecida. Até essa manhã, quando assisti de camarote o Vaquinho mastigar uma minhoca inteira e engolir!

16.8.07

Crescer: um mal necessário

"Eu sei que é gostoso e a vida fica uma merda quando a gente pára de mamar, mas precisa". Essa foi a única explicação que consegui dar à Queixinho, depois de tirá-la do peito da Guda por ordem do veterinário.

Modelo 82 com cheiro de novidade

Quando seu Celso terminou de consertar a instalação elétrica do meu banheiro, deu de cara com sua Brasília verde calcinha transformada em poleiro. Chocolate ainda tivera a empáfia de dormir dentro porta-malas do hómi e quase acordou na favela.

Gatinha de rua

Se um dia eu puder escolher o modelo das portas da minha casa, juro que evitarei detalhes transparentes na cozinha. Não tem coisa pior que almoçar com o nariz da Guda comprimido contra o vidro.