.
.

11.12.07

O Rei Leão

Soube que Léo já está dominando a casa nova, superpopulacionada por quatro humanos (Isabel, Fábia, Ana e Toninho), três gatas (Bombom, Xany e Pitty), três cachorros (Chulie, Billy e Tuquinha) e três canários (Óclinhos, Patinha e Tico). Dorme enroscado na mãe e ainda reclama se ela decide mudar de posição na cama. Tem o maior xodó pela avó, que segue por toda parte, ronronando. Até deixa beijar a barriguinha. Quando duas das irmãzinhas felinas resolvem brigar, ele coloca as orelhas pra trás e fica parado, assistindo a discussão murchar instantaneamente. Patrícia contou que o leãozinho adorou a árvore decorada. Talvez, esse seja o primeiro Natal de sua vida.

8.12.07

Febem felina

Cinco indivíduos menores de idade e trajando bigodes foram surpreendidos essa manhã ao rolar uma cabeça de boneca pela sala. BarriGuda, a mãe, garantiu que a trupe receberá os corretivos necessários à ressocialização.

5.12.07

Seis meses e 13 dias de pura cara-de-pau!

Quando contei que, apesar de já estarem perdendo os dentes de leite, as Gudinhas continuavam mamando, alguém me pediu provas. Reparem na esmagação dos corpos gigantes abaixo. Pimenta, que de boba não tem nada, preferiu esperar a segunda leva.

3.12.07

Alergia a gente?

Sei que as pessoas têm crises de rinite alérgica ao inalar a proteína que sai da saliva, pele ou urina do gato e infesta a casa. Mas não imagino porque Guda sempre espirra quando passa do meu lado.

Gato preto no cemitério: mais clichê impossível!

Terça-feira fez quatro anos que minha mãe passou a tomar conta da gente do outro lado das nuvens. Deixei um punhado de flores baratas em seu túmulo (já que o vaso seria roubado antes mesmo deu atravessar a rua) e voltei para a casa com um bigodinho preto agitado. Dois meses no máximo, arremessado de um carrão! No pet shop do Sonda, a calorosa acolhida da Chocolate se repetiu: "Estamos lotados de filhotes para doação, infelizmente. Volta na semana que vem". Mas como eu conhecia de cor o final dessa história, sentei na porta da loja e choraminguei até que uma das vendedoras resolveu ficar com ele. A poeira no rosto é da ração de adulto, que o pequenino devorou em segundos, ronronando mais alto que o motor do Escort 98. Finalmente, um final feliz. :)

30.11.07

Onde estará Wally agora?

Há 19 dias, quando Eduardo decidiu voltar da padaria por uma viela arborizada e fugir do barulho da avenida, demos de cara com uma gatinha magrela, cinza e salmão. Lembrei logo do conselho da Denise de ficar trancada em casa, pedir delivery, ler um livro do Manoel de Barros, ouvir Loreena Mckennitt. Mas, àquela altura, eu já tinha visto a bichinha judiada e não adiantava correr.

Busquei um pouco da ração dos bigodes e deixei num cantinho. Com as nossas figuras ameaçadoras em seu campo de visão ela se recusava a margear a sacola. E se a gente tentava fazer um social, desaparecia entre os carros estacionados. Demorávamos, então, uma eternidade até perceber a cabecinha espiando do novo esconderijo, sempre metade do rosto visível.

Segunda-feira, toquei o interfone do predinho comercial, cuja garagem Wally parecia fazer de lar (e de banheiro, fato que deixava os funcionários furiosos), e prometi tirá-la o quanto antes. Lucia só precisaria me ligar quando ela aparecesse. Segundo os vizinhos, a anti-social se esquivava pela rua há cerca de 15 dias.

Retornei inúmeras tardes. Depositava a comida no mesmo lugar, preparava a máquina fotográfica, assistia seu rabinho sumir sob os entulhos da garagem, sondava outros moradores. Wally era incapturável! Principalmente sem caixinha de transporte (ainda com o Léo, em Santana)!

Terça-feira, na última visita ao predinho, a pessoa que me recebeu proibiu de alimentá-la. Não a queriam mais lá e mesmo com a creolina a "peste" insistia em ficar. Pelo cheiro insuportável, aposto que não tinha escolha. Acomodei o potinho na calçada (pública!) e parti aborrecida. O estômago dizia que o tempo chegava ao fim.

Hoje, ao passar pela viela na saída do banco, resolvi checar se a tonelada de ração permanecia acessível. Encontrei Wally deitada e, pela primeira vez em semanas, consegui me aproximar sem que ela fugisse. Estava dura, os olhos abertos, saliva espumante na boca. Sentei ao seu lado inconformada. Todo mundo sabia que pretendia arrumar-lhe uma família. Por que não esperaram um tico mais?

Ainda tive de ouvir, nauseada, que, na faxina da manhã, haviam encontrado sua ninhada inteira apodrecendo sob os mesmos entulhos da garagem. Por isso que ela (ao contrário dos filhotes) resistia à creolina! Deviam faltar-lhe subsídios racionais para entender o motivo da inércia repentina daqueles pequenos corpos.

Sem achar o assassino, pedi um pano e um saco de lixo, embrulhei a estátua com o cuidado quase infantil de não quebrá-la e procurei um pet shop. Susan dissera que, por R$ 50, eles entregavam o bichinho à prefeitura para cremação. Era o mínimo que minha consciência culpada podia fazer. Mas o freezer estava lotado e o atendente não se solidarizara.

Continuei arrastado o saco pelo bairro, enquanto o vento gelado secava as lágrimas de ódio na blusa. Sorte que existem meninas como as da Clínica Veterinária Kennedy (4122-5675), que acolheram Wally junto com o meu desespero e não aceitaram um centavo sequer. Torço para que, nesse momento, ela esteja decorando uma nuvem de Natal bem rechonchuda com seus bebês serelepes. E se o Papai Noel permitir que o infeliz que a matou seja devorado pelo peru da ceia, agradeço.

P.S.: Esse post não tem foto porque eu prefiro lembrar dos olhinhos da Wally me fitado a distância, ansiosos para atacar a comida.

29.11.07

Era uma vez um leãozinho

Léo foi encontrado vagando pelas ruas de Santos com o nariz sangrando. Diziam que adorava outros animais, mas morria de medo de gente. Desde que Patrícia o resgatou, em agosto desse ano, até o almoço de quinta-feira passada, morou no Capão Redondo (uma adoção fracassada), mudou de lar temporário duas vezes, entrou e saiu de várias clínicas veterinárias. Nunca chegava a hora de descansar o coração no tapete macio de uma daquelas famílias dos comerciais de margarina. Culpa da saúde frágil e do gênio arisco. Após reviver tantas situações de abandono, seu olhar cobriu-se de resignação. Parecia que havia deixado de acreditar.

Quando me perguntaram se eu podia hospedá-lo aqui em casa durante três dias, pois no Ipiranga, onde fizera a biopsia devido a uma suspeita de câncer de pele, ele estava se recusando a comer, não tive como negar. Comprei uma bacia nova para a areia, três latinhas Sabor & Vida (as únicas que ele gosta) e dirigi duas horas sob o sol causticante de São Paulo. No final de semana, o leãozinho iria para sua morada definitiva, na Zona Norte, onde quatro bigodes e um casal de velhinhos aposentados andavam colecionando baldes de amor para despejar-lhe.

Soltei o peludo no meu quarto e fiquei surpresa em ver que, ao invés de se esconder embaixo da cama, como de costume, ele preferiu deitar no cobertor. Levantava apenas para mudar de posição e não era raro pegá-lo sentado com o focinho misteriosamente grudado na parede.

No primeiro dia, encaixei o pote de ração no colar elisabetano, mas o desastrado mexeu a cabeça bruscamente e voou bolinha para todo canto. Passei, então, a colocar uma a uma na base de plástico e fazer barreira com o dedo. Se elas rolavam para o fundo, ele entrava em pânico e gastava mais tempo tentando limpar o pescoço do que comendo. Aí, eu o enchia de carinho e o ronronar vinha acompanhado de massinha no colchão.

Ele não queria saber de colo, mas se arrastava sorrateiramente para perto do meu braço e tombava a cabeça encapada ao menor sinal de cafuné. Apesar de não miar, emitia um monte de sons engraçados pela boca.

No segundo dia, percebendo que o sofrimento desgastara também o comportamento feral, decidi oferecer a ração seca direto na mão. Se ele esquecia de mastigar e ficava vidrado, eu investia na latinha. Ao aborrecer-se com a dificuldade de engolir, reforçava a propaganda e o cheiro tratava logo de abrir o apetite. Só faltava beber água e usar a caixinha.

Tarde da noite, quando resolveu dar as caras, o cocô provocou uma verdadeira revolução: farejei o perfume da sala, deparei-me com o colar elisabetano completamente lambuzado, escancarei as janelas e corri para buscar o vidro de álcool. Na volta, Mercvrivs sorria do lado de dentro do recinto e o ser laranja passeava entre as folhagens do jardim de inverno. Revigorada, a criatura secou a tigela de água em cinco segundos e ainda deu dois tapas certeiros na minha perna.

O terceiro dia foi o da despedida. Tomei banho com o bichano tagarelando no tapete de toalha e aguardamos angustiados a Patrícia tocar a campainha. Como na clínica do Ipiranga ele adentrara a caixinha de transporte sozinho e viera o percurso inteiro quieto, imaginei que não criaria problemas. Acontece que do flat Levischi o gatão escaldado não pretendia ir embora. Debateu-se tanto contra as grades de ferro, que o rosto virou uma poça de sangue com orelhas. E ao aportar em Santana, tornou a se enfiar embaixo da cama. Fiquei me sentindo um monstro. Se eu morasse sozinha, se o jornalismo pagasse melhor, se a fazenda de bigodes saísse do mundo dos sonhos...

Eis que, ontem, Alexandre ligou para contar que, livre do colar elisabetano, o leãozinho está até brincando! Espero que, finalmente, possa curtir a aposentadoria merecida, com direito a muitos sachês de frango e ratinhos de catnip! *dedos cruzados*

27.11.07

Histórias que perdem a cor

A tigrada recheada de bigodinhos surpresa morreu ontem, na clínica da Drª. Angélica, após dar a luz a dois bebês fraquinhos e sequer conseguir cortar seus cordões umbilicais. Susan disse que ficou agonizando um tempão, mas não podia passar pela cesárea sem melhorar, pois sucumbiria à anestesia. Eis que uma convulsão a levou junto com outros dois filhotes, ainda na barriga. Culpa da desnutrição.

Essa notícia trágica me fez lembrar que tem mais duas fêmeas não-castradas no cortiço da dona Lourdes. Elas precisam de lar temporário urgente, já que todas as esqueletinhas operadas estavam em início de gravidez e a casa da Susan (superlotada) entrou em reforma por tempo indeterminado! Alguém se habilita a quebrar a maldição das ninhadas da fome?!

23.11.07

Adoção relâmpago!

Em um mês e nove dias, Gianecchini ganhou uma amiga fiel, comida sem restrições e a sonhada cota de dois sofás macios para estragar à vontade na vigência da vida! Essas são Aelita e sua nova casa. Espero que a adoção do primeiro ex-queletinho da dona Lourdes traga sorte para os outros 29. :)

Sinais de fumaça dos três lares temporários

Cris, Yone e Marina enviaram notícias atualizadas dos ex-queletinhos da dona Lourdes, resgatados em outubro. Cada vez mais gordinhos, eles continuam sonhando com uma família de verdade!

Cris

A peladinha (que já não parece mais peladinha) foi castrada e estava prenhe. Logo poderá ir para adoção. O frajola também castrou. Só sobrou o tigrado, porque brigou com o amigo e ganhou um novo abscesso na cara. Tem feito duas punções por dia no veterinário. Mas parece bem.

Ando pensando em soltar o frajola aqui em casa, assim que se recuperar da cirurgia, e ver se ele arruma um local no quintal, pois fechado faz muito barulho (especialmente à noite, quando mia feito um condenado). Ele é bem selvagem.


Yone

Keiko (aproveitando que as outras duas também tinham nomes japoneses), já foi castrada e vacinada. Falta só o vermífugo, que vai ser administrado até o fim da semana. No mais, ela continua um doce. Só fica insegura quando há outros gatos ou pessoas ao redor. Para falar a verdade, ela parece não gostar muito de gatos!! Acho que, por ser pequena, deve ter passado maus bocados lá na dona Lourdes. Grunhe, faz fuzzzz e até sai no tapa!! Coitada... Passou o maior apuro na minha casa esse feriado, porque, além dos meus quatro, estava hospedando três da minha sobrinha!!! Mas no fim ela relaxou e até dormiu com um dos meus gatos!!!

Marina

Umaga ganhou um segundo nome (ou sobrenome): Kaladev. É um dos nomes de Krishna, na mitologia hindu, e significa "deidade negra". Achei que combinava com ela! Ela está ótima. Come bem, demonstra segurança no "calabouço" e tenta, a todo custo, fazer amizade com a Olívia, que persiste nos fuzzzzz. Sahara bem que anda se esforçando para ser uma boa anfitriã. Tenho deixado ela solta pela casa e parece que está começando a se sentir à vontade por aqui. Drª. Angélica disse que não tem vermes! Dia 6, foi castrada e fez limpeza de tártaro e de ouvido. No começo da semana, tomou as vacinas. Só esqueci de perguntar a idade.

16.11.07

Mutirão do vermífugo

Dar vermífugo para a Guda foi tão fácil que, esquecendo o fator "sorte de principiante", subestimei o desafio de medicar Mercvrivs por intermináveis 24 dias. Concluído o intensivão, porém, sentia-me apta a enfrentar os bigodes mais ferais. Ontem, chegou a vez das Gudinhas. Mariana segurou Pufosa e o comprimido desligou garganta abaixo. Com Kekinha, a mesma coisa. Pimenta e Jujuba nem precisaram de reforço. Mas Pipoca quase nos deixou malucas: retorcia, gritava, arranhava, mordia, chorava, cuspia, babava. Perdi a conta de quantas vezes juntei a drágea do chão. De quanto tempo corremos atrás dela pela casa. De quantos dedos despediram-se da sensibilidade a dentadas. Coisinha tão doce...

15.11.07

Ainda a seborréia seca!

Depois do quarto banho no pet shop, Mercvrivs continua com caspa e decidiu resolver a questão sozinho:


Eis o registro dos bastidores da tortura quinzenal:

Histórias que se renovam

Domingo, enquanto o resto da humanidade entupia as salas de cinema, discutia o relacionamento ou trabalhava por causa do Natal, Susan conseguiu doar dois gatinhos do AUG e pôde buscar mais esqueletinhos na casa da dona Lourdes. A tigrada maior lhe foi entregue com o diagnóstico de gravidez, mas a outra, que a velha jurava usar chuteiras, é que estava recheada de bigodinhos surpresa. Na clínica da Drª. Angélica, essa ninhada deve ter mais sorte que as anteriores, impiedosamente devoradas pelos felinos famintos do cortiço.

Sabem por que as baratas dominam o lugar, aliás? Porque "não-sei-quem possuía feridas pelo corpo, pisou numa asquerosa envenenada, o veneno entrou pela corrente sanguínea e acabou morrendo de infecção". Palavras de dona Lourdes.

Castrados e vacinados, Chococat, Umaga e Keiko acabam de se juntar à Smeagol, Satie, Sayuri e Gianecchini, na esperança de encontrar uma família de verdade. Candidatos dispostos a amar duas dessas vidinhas surradas (na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe) já apareceram, mas não posso contar ainda.

10.11.07

Careca, mas com dignidade

Já ouviram falar na história do homem que procura um sábio para reclamar da palhoça em que vive com duas crianças endiabradas, uma sogra amarga e a esposa a suspirar pelos cantos? Para quem não conhece, eis o desenrolar: após ouvir a queixa atentamente, o sábio instrui o homem a colocar um dos bodes que criava dentro de casa e voltar em uma semana. O animal come os poucos móveis, ameaça chifrar os pequenos, berra o tempo inteiro, deixa o lugar com um cheiro horrível. Incrédulo, o homem torna a visitar o sábio, que o aconselha a devolver a criatura no mato. Magicamente, a casa se transforma em um paraíso.

Ontem, acabou o remédio para a infecção de pele do Mercv. Depois de 24 dias, o pêlo ainda parece ralo e duro, mas nós dois nunca estivemos tão felizes. Nas primeiras tentativas, se o rebelde não cuspia o comprimido, eu errava o buraco da boca com as contorções. Aí, foi ficando mais fácil. Só que o espertinho pegou o esquema da coisa e passou a fugir quando o relógio marcava 9h. Recompensei o suplício com latinha, requeijão, leite, pão integral, caça-comida (brincadeira de arremessar a ração seca o mais longe possível e assistir o desastrado sair arrastando gatos e móveis para alcançá-la). Até que, no final, entramos num acordo: eu não segurava, ele não se debatia e na parte de abrir a boca ganhava o mais forte.


Obs.: Foto pós-terceiro banho quinzenal, por causa da caspa.

7.11.07

Gata x Florais de Bach

Depois de constatar que o comportamento repentinamente agressivo da Chocolate nada tinha a ver com a medicina tradicional e de gastar R$ 20 na benzedeira sem sucesso do padre Gusmão, Bruna aconselhou-me a experimentar os Florais de Bach: Vervain, Sweet Chestnut, Star of Bethlehem, Holly e Rescue Remedy. Paguei metade do valor entregue à igreja e despejei as primeiras quatro gotas num potinho de água exclusivo. A peste cheirou, fez que ia tomar, deu meia-volta. Tentei na colher. Nada. Na tigela coletiva. Só a família Guda Marley bebeu. Comprei uma seringa. Patas para todo lado, mas engoliu. Continuei investindo na tigela coletiva. Três dias depois, só de olhar o vidrinho, a birrenta passou a vomitar. Pensei em desistir. Mudei de idéia ao vê-la atirar-se contra o armário, mirando a Clara lá no alto, e cair de costas no chão, completamente irada. Misturei no leite, na ração úmida, no atum. Duas lambidas em cada, quando muito. Semana passada, soube da possibilidade de manipular sem o abominável vinagre (conservante para animais) e aplicar diretamente na têmpora, massageando com um algodão. A farmácia esqueceu de avisar que a fórmula ficara pronta e o conteúdo venceu antes de chegar às minhas mãos. :\