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7.10.07

Apelo-desabafo

Ontem, perdemos outro gatinho da dona Lourdes. Nesses 16 dias, conseguimos ração, remédios, dinheiro para pagar as consultas veterinárias. Temos usado cada minuto do nosso tempo livre (já que trabalhamos fora da proteção animal) batalhando doações, correndo com os bigodes para cima e para baixo, procurando interessados em adotá-los. Mas parece que o Barbudão está sendo mais rápido.

Abrigar um esqueletinho temporariamente não é difícil, pessoal: ele só precisa ficar separado dos bichos da casa –pode ser num quartinho, banheiro, lavanderia– até termos certeza de que não possui dodóis contagiosos. Já irá "despulgado" e medicado. Se quiserem lacinho, a gente coloca também. Nos comprometemos ainda a passar o chapéu, caso não consigam arcar com os gastos relativos à alimentação. Para tratamento (se necessário!), basta levar o peludo à Drª. Angélica, perto do Shopping Santa Cruz. Marina topou o desafio e escolheu um negão. Peçam para ela contar a experiência.

E pensem com carinho no meu apelo cabisbaixo.

5.10.07

Aviso!

Estimados (meia dúzia de) leitores,

Não desisti de relatar as peripécias aprontadas pelos bigodes aqui em casa. Só vou deixar o pedido de ajuda à dona Lourdes mais um pouco na "vitrine" para ver se outros anjos se sensibilizam. Aí, as crônicas voltam ao normal e, semanalmente, escreverei contando em que pé está o projeto de resgate dos esqueletinhos.

Desejem-me sorte. :)

3.10.07

Eu podia estar roubando, eu podia estar matando, mas estou aqui pedindo

Em um mundo perfeito, as crônicas do Gatoca renderiam acessos suficientes para que eu pudesse negociar parcerias em prol de projetos de conscientização da população sobre posse responsável de bigodes, campanhas de castração, adoção e vacinação, resgates rocambolescos. Em um mundo, perfeito, aliás, essas iniciativas nem precisariam existir, porque cada animal de estimação teria direito a um amigo fiel, comida sem restrições e dois sofás macios para estragar à vontade na vigência da vida.

Quis o Universo, porém, que alguns montinhos de ossos cruzassem meu caminho antes do sucesso do blog e cá estou eu há dez noites sem dormir direito, tecendo mil articulações para ajudá-los. Por isso, inclusive, os posts andam rareando. Tudo começou no domingo do dia 23 de setembro, quando Eduardo sugeriu almoçarmos na Paulista e eu vi dois gatinhos esqueléticos passeando pelo quintal de uma casa abandonada.

Aborrecida, desisti do programa na hora e nós voltamos a São Bernardo para buscar comida e água. Cerca de 40 minutos depois, segurando 1 kg de FIT 32 e uma garrafa pet, eu pulei o portão de ferro, montei um verdadeiro piquenique no chão de cimento e chamei os peludos. Eis que, de uma porta emendada com sacos de lixo e papelão, foram saindo vários outros felinos, seguidos por uma senhora de roupas puídas e cabelo desgrenhado, ainda mais magra.

Desde a morte da irmã, dona Lourdes passou a alimentar os bichanos com o arroz e salsicha do próprio prato, despedindo-se da ração, cara demais. Para melhorar, os folgados do bairro ainda fizeram o favor de jogar outros gatos lá, ano após ano, aumentando a família de quatro para 30, incluindo filhotes. Na trama, tem também um vizinho que insiste em envenená-los, porque almeja comprar o imóvel a preço de banana para ampliar o estacionamento.

Quando eu comentei sobre doação, a velhinha disse sentir vergonha de receber visitas no estado em que se encontrava. Acontece que a imagem daqueles corpos esquálidos de crânios gigantes não parava de me atormentar e acabei pedindo o contato da ONG responsável pelas feirinhas do Hospital Veterinário Dr. Hato. Cecília foi a primeira pessoa a acolher minha inexperiência de jornalista apaixonada por bigodes e indicar o caminho das pedras.

No dia 26, eu entreguei à dona Lourdes parte de um pacote incarregável de Cat Meal (25 kg por R$ 39) + arroz, feijão, carne moída de músculo, coxa e sobre-coxa de frango, macarrão, molho de tomate, óleo, sal, cenoura, batata, cebola, alho, tomate, ovo, ervilha, milho, sardinha, banana, limão, maçã, leite, açúcar, café em pó, farinha ― impressionante como se pode encher um carrinho de supermercado com R$ 72,77, sem comprar porcarias. E cada sacola aberta vinha acompanhada de um suspiro: "Minha filha, você não esqueceu de nada". A cabeça nem levantava, na tentativa de disfarçar a emoção.

Eu aproveitei o clima receptivo para tirar fotografias sensibilizadoras da situação. Os bichinhos não estavam apenas desnutridos. Alguns eram cegos, vários tinham o corpo sem pêlos e os olhos inchados. Havia uma branquinha com ferida nas costas e outra com as orelhas carcomidas por um possível câncer de pele. A tigrada, encolhida sobre a televisão da sala, escondia o rosto deformado, como nos filmes de terror.

Não sei de onde tirei força para clicar figuras tão tristes, que continuam me assombrando. Mas era por um bom motivo: conseguir lares de verdade para aquelas criaturas. Meia dúzia de anjos, inclusive, já se ofereceram para colaborar no manuseio dos felinos, diagnóstico das doenças, empréstimo de caixas de transporte, doação de remédios, cobertores, ração, areia, produtos de limpeza, tigelas, roupas, cesta básica. As meninas da lista Gatos iniciaram o mutirão. :)


Linha do tempo

No último sábado (29.09), Meg e Susan me ajudaram a tirar dona Lourdes da cama para levar os casos mais graves a Dr. Angélica. A tigrada da televisão havia morrido de madrugada e seu corpo jogado em um saco, rapidamente recolhido pelo lixeiro. Eu confesso que fiquei aliviada de não precisar decidir sobre a eutanásia. Se confirmassem a suspeita de esporotricose (altamente contagiosa e em estágio avançado), as chances de o tecido do nariz se reconstruir seriam pequenas e o sofrimento, enorme. Mas bateu uma tristeza por ter chegado tarde demais.

A ratinha branca está com câncer mesmo e ficou na clínica para tratamento, graças ao Adote um Gatinho. Pode ser que ela perca as orelhas. A envenenada, que dona Lourdes considera como dela e não queria deixar colocar no carro de jeito nenhum, corre risco de morte. Mas preferimos não segurá-la, pensando nos outros bichos. Quem sabe da próxima vez.

A tricolor, mais magrinha de todos, serviu de amostragem para o conjunto dos felinos: enfraquecidos, cheios de vermes, pulgas e piolhos, com problemas hormonais, alergias às picadas e intestino solto. Isso quer dizer que o organismo terá dificuldade em absorver os nutrientes. Investiremos, então, na ração super premium, já que a tarefa de enfiar vitaminas goela abaixo de um batalhão diariamente mostra-se inviável a uma senhorinha debilitada.

Resta convencê-la a permitir a boca-livre. É que dona Lourdes arremessa a comida aos bigodes como se alimentasse pombas: cada bolinha vai parar em um canto diferente do jornal. E, no segundo seguinte, recolhe tudo para não ter desperdício. Espero que seja mesmo medo de acabar e não um jeito de evitar que eles façam cocô mole pelos cômodos.

Em uma população de proporções tão grandes, aliás, estranhamos a ausência de ninhadas. Talvez, as próprias mães estejam devorando a cria quando bate o desespero da fome. Senti falta também de alguns pequeninos da primeira visita. Mas como o acesso à rua é liberado, por causa do rombo na porta principal, fica impossível controlar. Nem mesmo a velha sabia a qual bichinho eu me referia.

Próximos passos

* No sábado agora (06.10), eu escolho os três primeiros gatos que Susan preparará para a adoção. Instruíram-me a priorizar os claros e peludos. Mas e os outros critérios? Como decidir com justiça? Quanta responsabilidade...

* Na próxima semana, os dez bigodes mais fortinhos irão para a castração em Utinga, por conta do Dr. E. É bom começar a treinar a concentração para dirigir com sirenes múltiplas no ouvido.

* Vicky Dolabella, artista conhecida pela simpatia à causa, concordou em doar um de seus quadros para a rifa, que organizaremos em breve aqui no Gatoca. Separem seus trocados!

* Existe a possibilidade, ainda, de conseguir Frontline a preço de custo com a Mundial Pet (distribuidora da Merial), porque os bichinhos precisam ser "despulgados" urgentemente.

Ajuda emergencial

Apesar de a dona Lourdes passar o dia limpando as sujeiras do exército de bigodes, a casa é escura e as condições de moraria, precárias. Soma-se ao contexto a dificuldade de monitorar os bichanos, graças às idas e vindas constantes da rua, e o tabu da alimentação self service para pombos. Lares temporários, portanto, fariam toda a diferença no tratamento. Alguém se habilita a acolher um amigo fragilizado?

Idéias fantásticas, doações diversas, auxílio na divulgação, palavras de carinho ou serviços voluntários também renderão sorrisos e agradecimentos repetidos à exaustão. Basta mandar um e-mail para bialevischi@yahoo.com.br. As contas abaixo recebem depósitos de quaisquer valores, só não esqueçam de me avisar.

BB
Beatriz Levischi
Ag: 1561-X
C/c: 6830905-8

Itaú
Textrina
Ag: 0185
C/c: 08360-7

Para ver os detalhes, cliquem na imagem