Se você não for tutor da Pimenta, que caça os brinquedinhos da caixa sozinha e guarda tudo embaixo do sofá, provavelmente já entendeu que precisa participar ativamente das brincadeiras para despertar a gatitude do seu amigo ― e ajudar a estabelecer uma rotina livre de tédio, sinfonia de madrugada, casa destruída.
Brincar de forma estruturada significa separar um tempinho por dia para estimular o peludo a praticar o ritual ancestral do Gato Essencial: caçar, apanhar, matar e comer (CAMC). Para isso, a gente precisa primeiro identificar sua presa favorita (voadora, rastejante, saltadora) e o estilo de caça preferido (emboscada em campo aberto, esconderijo para ataque surpresa, tocaia em buracos ou tocas).
Simular, então, o movimento do animal, em vez de mexer aleatoriamente a varinha, torna a interação muito mais sedutora. Um passarinho, por exemplo, pode passar voando em um rasante, se permitir ser apanhado e, quando o bichano se afasta, ir se esconder devagar atrás do vaso. As pupilas dilatadas e a balançadinha de bumbum indicam que o pequeno entrou no personagem: ele dá o bote, mas a ave levanta voo de novo, até você decidir que é hora de "morrer".
Jackson Galaxy, autor de O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série, lembra ainda que a "perseguição" é tão importante quanto o "ataque" e o "abate", porque deixa o peludo 100% concentrado ― a exaustão da caça acontece mesmo quando ele não se move. Sim, todos os gatos brincam, até os velhinhos que esperam a presa chegar bem perto para dar duas patadas. E está valendo!
Respeitar o ritmo do bichano também se faz essencial. Tem animal que funciona como um carro esporte: você mostra o brinquedo e ele sai em disparada. E há os modelos a álcool, que demoram para embalar, mas depois ninguém segura. Não adianta, aliás, esperar que um gato corra 15 minutos sem parar. Eles são caçadores de velocidade (com explosões curtas, seguidas por breves períodos de descanso), não de distância.
E não esqueça de recompensar o esforço com petiscos para a experiência ficar completa.
:: Tipos de brinquedos
Interativo: varinha com penas ou qualquer brinquedinho amarrado a uma corda, que permita exercitar os três Rs (rotina, ritual e ritmo) da caçada, estimulando o desejo pela presa ― a ferramenta mais crucial.
Remoto: bolinhas e ratinhos de pelúcia, que a gente joga na esperança de que a criatura trará de volta e acabam embaixo da geladeira, até a próxima faxina ― não devem ser a única opção.
Automático: escolha do preguiçoso, funciona a pilha e seus movimentos previsíveis não despertam tanta emoção ― válido para os dias em que chegamos exaustos do trabalho.
:: Alerta!
A famosa caneta a laser pode abrir os trabalhos, mas nunca ser um fim em si, porque não dá para pegar (e morder) efetivamente a luzinha ― em algum momento, você deve apontá-la para um brinquedinho "matável".
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos e meio de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
3 comentários:
E há os modelos a álcool, que demoram pra embalar: Lembrei dos carros velhos a álcool do meu pai! kkkkkkkkkkk
E dá pra dizer que filhotes são os híbridos: tem energia de carro esporte e a álcool tudo junto! ;)
Eu que não sabia das diferenças das brincadeiras achava que uns gatos não gostavam de brincar, pura besteira!! Ronron era louco por cordinhas nas varinhas, Sushi já gosta de bolinha pelo chão, cada um de um jeito e uma intensidade...
Sem contar que criar hábito de brincar também pode ser um desafio para humanos movidos a pilha fajuta, kkkk Com a primeira tentativa de se meter numa caçada, vira a presa abatida, kkkkk
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