A gente deveria cadastrar só cachorros machos, mais rápidos de castrar, para liberar espaço na clínica aos bichanos, maioria em número de inscrição, e uma panelinha não estressar a outra. Mas havia sobrado 19 vagas da epopeia de sábado e eu sou mole, vocês sabem. Na quarta-feira, liguei para a Ilma Teresa e a Ana Carolina, e voltei ao DER munida dos formulários e vermífugos.
Ilma levou a Cindy, de 7 anos, e o pacote família com recém-nascida, sobrinho e cunhada. Marli ajuda a cuidar da cadelinha da sogra, que tem Alzheimer e não a reconhece mais. E sofre todo dia para convencê-la a comer ração, porque suas refeições vinham da pizzaria. Carol chegou sozinha, para evitar o assédio à peluda no cio. Há dois anos, sua vizinha deixou na garagem uma caixa cheia de filhotes, para que pegassem feito saldão. Agatha sobrou porque era fêmea.
No fim de semana do carnaval, lá fui eu sambar pelas vielas da comunidade de novo. Cida, diarista-protetora que merece um post exclusivo, me acompanhou para quebrar a possível desconfiança do pessoal. E, como São Francisco deve ter se sensibilizado com nosso esforço, um morador passou a indicar outro, completando finalmente as 50 fichas.
Minha xará aparece na foto com o Branquinho, de 7 meses, porque os mais velhos vivem na rua. Pixano, de 4 anos, já foi envenenado três vezes. E Luki, de 1, caiu no esgoto e teve de ser resgatado pela casa da vizinha.
Maria Neusa resolveu mudar o visual e saiu da cabeleireira com o Neném, de 4 anos.
Desde pequeno, Lucas leva para o casebre da Maria Verônica os animais que encontra pelo caminho. Mel e Listrado, irmãozinhos de 8 meses, estavam na laje de uma amiga ― caminho não é só terrestre.
Desta pretolina, a gente não sabia nada. Só que era da dona Ermínia, a senhora responsável por superpopulacionar a comunidade com sua coleção de gatos não castrados e que se recusou a nos receber. Dona Cida topou abrigá-la durante o pré e o pós-operatório e eu ganhei um talho na mão tentando medicá-la.
Na prateleira de remédios da dona Maria José, não pode faltar antitóxico. Com o vidrinho milagroso, ela salvou Pixano e vários outros bichos de lá. O filho, coração de pudim igual, faltou à escola para buscar Bebê na casa da namorada, de ônibus, há sete anos.
Esta não é a melhor foto, mas me tira o sorriso mais gostoso. :)
Lembram da dona Ermínia? Antes de ir embora, eu arrisquei bater mais uma vez a sua porta. Disse que entendia o receio e mostrei os bigodes no celular. Mas quem a amoleceu foi Karolyne, a neta, que confessou não aguentar mais cuidar do Azulão machucado de briga. Pretinha entrou na lista também e só depois eu me toquei que se tratava da gata do talho na mão ― da segunda vez, ela tomou o vermífugo numa boa. rs
"E os oito animais restantes?", um leitor atento deve estar se perguntando. São cópias desta coisícula, que ainda não podem entrar na faca. Nós também castraremos as duas mamães, assim que terminar o período de amamentação, porque Gatoca é de humanas, não de exatas.
Leiam também:
:: Panfletagem por uma causa nobre
:: Inscrição em três etapas - parte 1
:: Protetor é quem cuida
:: Mutirão de castração é para os fortes
:: Se há uma chance, Gatoca é a favor
:: Da favela para Hollywood!
:: Mutirão de castração é para os fortes - parte 2
:: O primeiro de nove!
:: Sementes
:: Adoção platônica
:: Adoção Gremlin
:: Quase famosos
:: Ossos e um coração partidos
:: Felicidade que nunca chega
:: Descanso merecido
:: Para bater recordes de bilheteria!
:: A arte de enxugar gelo
:: Quando a coisa fica preta
:: Desfecho frustrante
:: Refilmagem
:: Os últimos de nove
:: Favela com emoção
:: Conscientização: o trabalho por trás dos holofotes
:: Ossos e um coração colados
:: NeverEnding Story
:: De Hollywood para o Japão
:: De Hollywood para os palcos
:: Halloween da sorte 2015
:: De Richard Gere para os braços do Pepê
:: Black Friday fracassada
3 comentários:
Cada vez melhor! Bom trabalho, Beatriz! Que Deus te abençoe! Bjs,
Regina Haagen
Parabéns, Bia.
Estou convencendo a moca da limpeza castrar os auaus dela.
Com muito esforço, castraremos 1 dos seus 6 auaus.
Somente a fêmea, pois o marido não deixa castrar os machos.
Afinal, muita gente acredita que a castração deixa os machos menos machos.
Ou que os machos precisam extravasar e por isso tem que pegar fêmeas no cio.
Como te disse, não tenho muito jeito por esbarrar em crendices, machismo e inúmeras desinformação.
:)
O trabalho de conscientização é complicado mesmo. Mas vale o esforço.
Postar um comentário