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1.9.23

Nunca segure seu gato pelo cangote!

Antes que alguém aponte a contradição, a foto do post é cenográfica: Pimenta tem a pele do pescoço mais flácida por causa da idade (16 anos!) e eu puxei de levinho só para ilustrar a prática ultrapassada — e imagino que a maioria de vocês já deve ter visto um veterinário deixar o gato japonesinho de tanto esticar, né?

Pois essa estratégia é altamente contraindicada porque a região da nuca possui inúmeras terminações nervosas, sensíveis a dor. E, para conseguir a imobilização desejada, garganta, traqueia e esôfago acabam pressionados, aumentando o desconforto. Ficar parado, aliás, não significa que o bichano se acalmou. Trata-se de um comportamento chamado de "congelamento", típico de presas em casos de medo excessivo.


Vocês podem argumentar que a mãe carrega os filhotes assim, só que ela abocanha o pescoço todo, não apenas a pele. E, com poucas semanas de vida, eles também pesam menos. Nem boas lembranças sobram porque esse transporte ocorre em situações de perigo, quando a família precisa se mudar para um local seguro.

Confesso que não sabia disso tudo, mas tem post de 2016 comentando que a gente não imobilizava os bigodes pelo cangote porque parecia aumentar o estresse. E no ano passado a American Association of Feline Practitioners (AAFP) junto com a International Society of Feline Medicine (ISFM) publicaram um guia atualizado com as melhores práticas de manuseio felino.

As diretrizes focam em uma interação amigável, paciente, que respeite o tempo dos peludos e crie associações emocionais positivas — do preparo em casa antes de ir à consulta, passando pelos cuidados com o ambiente da clínica até o manejo em procedimentos específicos, como limpar os ouvidos ou coletar sangue.

E vocês podem compartilhar o PDF em português com o vet que cuida do seu amigo — para curiosos de outras profissões, recomendo a leitura até a página 13 (ou 1.105 do documento). :)



8 comentários:

Anônimo disse...

E o veterinário desce do salto? "Sempre fiz assim e não matei gato nenhum"... "não é vc que vai ensinar o padre a rezar missa".... em muitos casos seria mais fácil trocar de veterinário...
AliceGap

wcris disse...

Concordo com vc Aline. Esse povo do salto é difícil. Mas se a gente não plantar neles a semente da dúvida, também não adianta muito. Na minha já vou plantar pelo whats e depois pessoalmente.
Obrigada Bia! A gataria agradece a pesquisa! Beijão da Cris

Michele disse...

Confesso que em raros momentos de "frustração" (ou seja, raiva minha...) dá vontade de pegar pelo cangote. Mas nem faço mais isso porque os bichinhos de casa estão num peso que nem conseguiria segurá-los por ali :)

Mas ótimo texto. A gente vai entendendo e melhorando cada dia mais.

Beatriz Levischi disse...

Tive a sorte de cruzar com veterinários que, mesmo desconhecendo o guia, já atendiam com um olhar mais humanizado. Não deve ser fácil lidar com os egos mesmo, Alice.

❤️

Anônimo disse...

Obrigada por sempre nos trazer informações e conhecimento

Anônimo disse...

Sou gratíssima à veterinária dos meus gatos que nunca forçou nada assim pra imobilizar ou pra saírem do transporte. Outro dia Khaleesi estava nervosa e ela gastou quase um pacote de dreamies até a gata acalmar e sair da caixa, mas jamais subjugou nenhum gato assim.

Vanessa Araújo

Anônimo disse...

Muito obrigada pelas informações e pelo material! Conteúdo muito importante e exclusivo!

Beatriz Levischi disse...

😘