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29.7.08

Merda nunca vem em gramas!

Para as vidas abaixo, a Cidade da Criança não lembra amigos, nem pipoca, muito menos diversão. Elas foram abandonadas no parque de coleira e tudo, há cerca de três semanas, e só não passam fome graças à Cecília, uma senhora aposentada super humilde, que faz bicos de faxineira para pagar o saco extra de ração no fim do mês. Quando Mariana mostrou-me o amontoado de pêlo preto encolhido num buraco de terra, tentando se proteger do frio, decidi lançar outra campanha aqui no Gatoca. Mas, antes de passar o chapéu, precisava me certificar de que os cachorros não eram mesmo castrados, né?

Hoje de manhã, Cecília, a trinca do latido e eu praticamente abrimos a clínica do Dr. E. Ainda precisei esquecer o pânico de focinhos para levar um dos fugitivos espertalhões no colo! Segundo o veterinário, Caramelo tem 2 anos, Geada (a única previamente operada) sequer completou 2 e Pingo, o ruivinho menor, já passou dos 8. No dia em que voltarmos para tirar os pontos dos meninos, todo mundo tomará a V-10 e a anti-rábica.

A conta ficou em R$ 182* (incluindo os vermífugos). Esse post deveria acabar com o clássico pedido de divulgação das criaturas para adoção. Acontece que quem abre mão do comodismo para ajudar o próximo sempre se ferra e, na metade do caminho para São Bernardo, atravessaram meu carro! A batida foi tão absurda, que o motorista do disco voador subiu no canteiro central da Pereira Barreto. Eu só machuquei de leve o pé esquerdo. Mas confesso que estou chateada, cansada, desesperançada. E completamente falida. Vontade de sumir do mundo...


*Quem quiser colaborar, por favor, mande um e-mail para bialevischi@yahoo.com.br. Propostas irrecusáveis de trabalho também são bem-vindas. rs

28.7.08

Senilidade precoce

Hoje de manhã, ao sair do chuveiro, dei de cara com três fios de cabelo prateados reluzindo ameaçadoramente no espelho! Esfreguei os olhos, mudei o ângulo da cabeça, corri para o banheiro mais iluminado da casa. Eles permaneciam lá, alvos de ponta a ponta. Ano passado, por duas vezes, confesso que apaguei os rastros da senilidade precoce. Mas essa manifestação decrépita grupal me deixou com medo de acabar careca. É fato, gente: os bigodes conseguiram me levar à velhice antes dos 30! Já avisei todo mundo, aliás, que se Gatoca continuar essa fábrica de fazer doido, vou anunciá-los no Freecycle.

27.7.08

As Brumas de Gatoca

Ao longo da semana, rodei uma infinidade de farmácias usando meu super disfarce de óculos com bigode, até conseguir comprar amônia suficiente para intoxicar o bairro. E finalmente chegara o dia de brincar de Morgana Lefay! Pena que ao invés de limpar as supostas "energias dissonantes da casa", acho que acabei é traumatizando os bigodes. Justo na noite mais fria do mês, os coitados tiveram de ficar 12 horas ao relento, porque a catinga nuclear da solução se recusava a abandonar o recinto. O incenso de canela, aliás, cuja embalagem prometia atrair dinheiro, bons fluídos e paz, não cheirava muito melhor. :\

25.7.08

Deus ajuda quem cedo madruga

Quanto mais atrasado você acorda, maior a chance de descobrir que as gatas que estão dormindo com cara de anjo no colchão da sala picaram o rolo inteiro de papel higiênico do lavabo (graças ao encantador de portas – tema para uma próxima crônica), fizeram xixi no pote de água e cocô no trilho do jardim de inverno. Amanhã, esqueça os "cinco minutinhos".

22.7.08

Trilogia da vida

Como eu nunca estive tão longe de ter um filho e já quase escrevi um livro com as crônicas dos bigodes, nesse final de semana resolvi plantar uma árvore. Ou melhor, uma amoreira, uma pitangueira, três pimenteiras e 15 mudinhas coloridas de flor. Graças à liquidação, Mariana e eu ainda saímos da loja carregando uma enxada de abrir cova e um tesourão. Se um transeunte desavisado prestasse atenção nos barulhos que cruzavam as paredes da nossa casa domingo à noite, imaginaria uma infinidade de atividades obscuras, menos a criação de um jardim.

Para ajudar no falatório, Simba fazia questão de correr das ferramentas em uso como se fosse alvo de um experimento macabro. No outro extremo da falta de bom senso, as Gudinhas divertiam-se urinando dentro dos buracos preparados para receber os torrões ou cavando a terra vegetal recém-ajeitada sobre as plantas.

Pimenta comeu várias amorinhas, enquanto nossas mãos enchiam de bolhas. Mercvrivs rapidamente vislumbrou uma possibilidade de sombra no projeto de pitangueira e achou melhor guardar lugar. Chocolate enamorou-se das pimenteiras. Menção honrosa seja dada ao meu novo corte de cabelo, que concluiu a missão com dignidade!



20.7.08

Nova chance à Beatriz

"Quando cheguei ao abrigo, ela grudou na minha perna e ficou!". Foi assim que Cíntia descreveu sua adoção pela cadelinha Beatriz, no final do mês passado, em meio a 84 animais de cores, tamanhos e manias variadas. Diferente da candidata anterior, aliás, a menina de 25 anos soube respeitar o período de adaptação da nova integrante da família e hoje se diverte ao vê-la subir no muro para acompanhar as pipas das crianças tremelicando no ar ou devorar um cacho de banana.

Claro que nos primeiros dias o choro da pequena ecoava insistentemente pelos corredores. Mas logo lhe ajeitaram um cantinho especial, com casinha, coleira, guia de passeio, e a crise passou. Ela virou dona do pedaço. Para os estranhos de Mauá, Magrela* ainda mostra os dentes, só que Cíntia encara como proteção. "Basta sentir confiança que ela se entrega, toda meiga e carinhosa", conta.

Quem a levou até a morada provisória da minha xará foi a sogra (!), na esperança de que encontrassem outra companheira para Bob Nelson, um vira-lata estilo lingüicinha que perdera sua parceira de aventuras em janeiro, por causa da velhice, e não se conformava de jeito nenhum. Eis um conto de fadas com final feliz atípico. :)


*Nome trocado para evitar confusão com a prima, mas homenagem mantida. rs

18.7.08

Convivência perfeitamente saudável

Com o objetivo de provar que só se pega toxoplasmose na gravidez se seu gato integrar a população felina contaminada (por comer carne crua ou caça) inferior a 1%, se as fezes com os cistos ficarem juntando mosca na caixa de areia durante dias e se, após toda essa porqueira, você ainda tiver coragem de botar a mão impregnada na boca sem lavar, o barrigão de oito meses da Amanda veio visitar Gatoca! Quando ouvirem aquela tia velha dizer que precisam se desfazer dos bigodes em prol da saúde do bebê, portanto, saibam que é bem mais arriscado tomar água não filtrada, manusear um bifão sangrando (ecat!) ou cuidar das plantinhas, aparentemente inofensivas, do jardim.

15.7.08

Telas, por que tê-las?

Se Eva detonou o paraíso, quem trouxe o pecado a Gatoca foi Clara Luz. O calendário marcava maio de 2006 quando a peste ensinou Mercvrivs, incapaz de imaginar os prazeres da rua, a fugir de casa. De lá para cá, aumentou a população felina local e, com ela, as gambiarras envolvendo sacos de lixo, chapas de raio-x e caixas de leite recheadas de pedras para manter os diabinhos seguros.

Acontece que eles sempre descobrem uma rota alternativa, terminando trancafiados na sala, caso eu precise sair, e bombardeando o cômodo inteiro de excrementos em retaliação. Meses se passaram neste impasse de vontades até que Jair, o dono da Telas São Judas, aceitou trocar 20 metros de paz pela divulgação da loja aqui no blog.

Sábado, Rosa e Case me ajudaram com a instalação do material, a prova de garra, chuva e, praticamente, de manuseio. Domingo, logo cedo, Clara já nos obrigou a rever alguns conceitos. E, quando a gente estava quase concluindo os reforços dos pontos críticos, Mercv apareceu desfilando de rabo em pé no telhado. Sensação ingrata de que todo o esforço só servira para desafiar os Bigodes Du Soleil.

Ontem, como eu sou capricorniana e não desisto fácil, perdi a manhã com remendos estratégicos, sem furadeira, arame, muito menos telas extras. Hoje, mal acreditei ao ver que Pimenta e Jujuba haviam conseguido abrir um rombo na blindagem do corredor, soltando dois parafusos da parede! E ainda martelei o dedo tentando enfiar a porcaria da bucha de volta no buraco. Eita família Metralha!

13.7.08

A primeira doação a gente nunca esquece!

Em três dias, encontramos uma família para Pituca. Depois de três anos, eu finalmente consegui doar um bigode que pisou aqui em casa! E olha que ela era filhote, linda e espertinha.



Mariana mandou um e-mail apelativo ao pessoal do trabalho, Chico se encantou com a foto da pequena, Laura veio conferir pessoalmente e mal deu tempo de nos despedirmos. Nem adiantou contar o episódio do cocô-miojo-com-azeitonas-pretas, por culpa dos vermes (claro que Dr. E. enfiou-lhe o vermífugo goela abaixo, passou Frontline e checou as orelhas antes de entregarmos).

A pacotinha agora se chama Carlota e já está tocando o terror no apartamento novo. Obrigada, casal fofo, por escolherem um animal abandonado. :)

11.7.08

Pimenta nos olhos dos outros

Quem acompanha o blog sabe o aperto que eu passo para cuidar de dez bigodes. Mesmo assim, jamais viraria as costas a uma vida, como a maioria das pessoas faz. Só peço que vocês dêem uma força na divulgação da Pituca. Ela é filhotica de tudo. Muita gente deve se interessar. Das outras nove vezes (porque o Mercv não conta) assumi a bomba sozinha. Agora, infelizmente, não posso mais.

Reconhecer os limites é também uma forma de continuar ajudando. De que adianta acumular animais sem conseguir comprar comida decente, vacinar todo ano, levar ao veterinário quando eles ficam doentes? Já cortei os brinquedinhos de pet shop. Ração de patê só para tapear gosto ruim de remédio. Gatoca está quase virando um CCZ. Por favor, divulguem!

10.7.08

Brinde

Está confirmado: eu consegui outra parceria em prol dos bigodes graças ao Gatoca ― o blog não-remunerado mais bem relacionado do universo felino! O objetivo deste post-emergencial, porém, é contar que, quando estacionei o carro em frente à loja de Ribeirão Pires para buscar a "mercadoria", Jair apontou na direção dos arames farpados e bombardeou: "Parece que ela sabia que você viria. Entrou pela porta há meia hora e se instalou naquele cantinho, à sua espera".

Começo a questionar se esses escambos valem mesmo a pena. Uma semana após a entrega das coleirinhas do Pet Center Marginal, a atendente da padaria recolheu meu aparelho móvel (embrulhado no guardanapo) junto com os copos de suco vazios e me fez revirar dez sacos de lixo de 100 litros para resgatá-lo, incluindo o do banheiro, em vão.

Resmungos à parte, preciso de uma alma caridosa urgentemente para tirar a Pituca do banheiro aqui de casa e dar-lhe uma vida digna. Ela é tão pequena que cabe dentro do potinho de comida. E ronrona ininterruptamente se a gente resolve lhe fazer companhia no chão gelado. Quem se habilita? Olhem a foto de novo antes de responder:


P.S.: Obrigada à Rosa pela indicação do Jair, pela participação animada na viagem e pelas latinhas de patê para a pequena! :)

9.7.08

Carro velho tem suas vantagens

Se o porta-malas do Escortinho não tivesse rangido quando Simba resolveu pular bem no topo, metade de mim estaria fazendo companhia às compras do supermercado agora.

8.7.08

Não era vômito!

Como não encontrei machucados significativos nos bigodes, nem meio cadáver de criatura irreconhecível estraçalhado pela casa, fui obrigada a creditar o sangue espalhado no chão da sala ao e-coli do Simba. O curioso é que o leãozinho parece ótimo e, nove dias de remédio depois, o cocô até deu uma endurecida. Mesmo assim, continuo de olho. Só não consegui responder os comentários alarmados antes, por causa da correria de trabalho.

4.7.08

Filme B

A idéia da assistente do veterinário de embrulhar o remédio para o e-coli na ração da lata fracassou, porque Simba soube separar direitinho o elemento da composição que não interessava. Mas ao menos ajudou a disfarçar o gosto ruim do comprimido, socado goela abaixo comigo literalmente montada no leãozinho. Nem acreditei quando completei a missão sozinha pela segunda vez! Tudo parecia comédia romântica, até abrir a porta da sala e dar de cara com esse cenário de terror:

1.7.08

Coleiras por conta do Pet!

Como o crachá de funcionário do mês durou ainda menos que as medalhinhas de identificação compradas no pet shop, decidi renovar o guarda-roupa de coleiras dos bigodes. Até porque as Gudinhas já completaram um ano em situação de indigência.

Acontece que qualquer jujuba multiplicada por dez vira uma fortuna e me vi obrigada a pensar em parcerias. Depois de uma rápida pesquisa na internet, escolhi o Pet Center Marginal, participante da campanha "Adotar é tudo de bom", enviei um e-mail falando do Gatoca e o pessoal do marketing topou! Mercvrivs, modelo e ator do blog, não cobrou cachê pela foto.