28.2.24

Pele flácida em gato: velhice ou desidratação?

Atualizado em 11 de março de 2024

Em algum mês de 1994, eu passava vergonha inclinando cada vez mais na cadeira do oftalmologista, enquanto a assistente tentava alcançar o olho em fuga para ensinar como colocar a lente de contato ― morro de aflição, cheguei a desmaiar nos exames pré-operatórios dos 5,5 graus de miopia. Três décadas depois, eis que o veterinário me manda puxar a pálpebra inferior justo da Chocolate.


A vida é mesmo uma roda gigante, não?

Mas me atropelo. Essa conversa começa com uma possível rinotraqueíte, em uma gata de 17 anos, doente renal crônica. E sem que eu soubesse avaliar se a pele estava flácida pela queda na produção de colágeno, como acontece com idosos humanos, ou por desidratação, apesar da persistência nas seringadas de patê.


Aqui entra a orientação do vet de puxar a pálpebra, porque elas dificilmente ficam flácidas por velhice, servindo de critério de desempate ao apontar graus maiores de desidratação. O teste funciona desta forma:


Como a pele retorna assim que Leo solta (vocês não acharam que eu encararia essa bomba, né?), diferente da lateral do corpo, que demora mais, a hidratação da pequena pode ser considerada sob controle. E para dar um parâmetro de comparação, segue um vídeo da Keka quando era mais nova:


Se a pele do seu amigo levar três (ou mais) segundos para se reestruturar e ele não estiver velhinho como a gangue aqui, corra ao veterinário. Vale ressaltar também que mesmo a flacidez de velhice pode mudar de animal para animal, porque depende da compleição física de cada um ― Keka ainda tem a pele mais firme e a diferença de idade para Choco é de apenas sete meses.


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23.2.24

Intrú: 59 dias sem acidentes!

Sempre que dizem que um mundo liderado por mulheres não teria guerras, o patriarcado esperneia, mas Intrú está aqui para provar que, 88 dias depois da castração e com 75% menos testosterona na cachola, os ataques cessaram. Quer dizer, ele mordeu quando Leo enfiou a mão dentro da casinha nova, só que invasão de propriedade privada é crime, né?


E anteontem afastou meus dedos do cafuné com os caninos porque o café da manhã estava atrasado, comportamento justificado, pois qualquer um fica mal-humorado com fome ― e nem saiu sangue. Cada dia mais carente, posso fazer carinho sem usar a comida como distração, que ele recebe de boca aberta e com uma cara de bobo irresistível.

Acabei não registrando a primeira vez que baixamos a guarda, humana e felina, quase três meses depois do início desta epopeia. Mas foi mais ou menos assim:


Continua faltando a família que possa amar o frajola FeLV+ do outro lado da porta de vidro da lavanderia (contato@gatoca.com.br).


Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!

21.2.24

Existe gato dominante (ou alfa)? | EG #27

Chocolate adoraria. Mas a verdade é que ninguém liga para os esbravejos dela. O mais perto de um líder que Gatoca teve foi Simba, aquele ímã social que Jackson Galaxy, autor de O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série, chama de "mojito" ― falamos sobre os arquétipos felinos aqui. Confiante, ele tirava a vida de letra, enquanto "napoleões" e "invisíveis" ficam obcecados em cuidar das próprias coisas, passando a maior parte do dia ansiosos por isso.

A dominância clássica só existe em relacionamentos marcados por uma hierarquia rígida e há poucas evidências de grupos de bichanos que tenham um único gato sempre no topo. Adeptos à flexibilidade e ao compartilhamento, eles ocupam diferentes funções, dividindo o tempo em seus pontos favoritos, e podem revezar o papel de manter tudo sob controle.

Comportamentos que entendemos como agressivos ou "dominantes", demonstram as pesquisas, estão mais relacionados à idade e à familiaridade dos integrantes da gangue. E esse rótulo acaba fazendo com que a gente enxergue os peludos como adversários, tentando subjugá-los em vez de compreendê-los.



(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)

14.2.24

Aniversariante do mês – fevereiro de 2024

Hoje, Chocolate* completa 17 anos de adoção e a sensação é de montanha-russa. No último aniversário, contei que ela havia passado a sair cada vez menos do cantinho seguro desde que ficou surda, lembram? Acontece que sua arqui-inimiga unilateral morreu 37 dias depois e a pequena tornou a ganhar confiança de se espalhar pela casa.


E ocupa espaço, viu? Miado de cabrita com ego de leoa compactados em 2,5 kg de gata, nossa gata-anã. Nas últimas semanas, porém, sintomas respiratórios e desidratação se juntaram à doença renal crônica, à ataxia intermitente e ao desconforto de uma provável artrose ― a gente nunca sabe se a criatura sente dor ou está só sendo rabugenta ela. Novo retrocesso.


Tratei, conseguimos reverter boa parte da nhaca, ontem comemoramos o passeio no jardim das fotos acima. Até assistir à coitada sair correndo manquitola para alternar banheiros. Cistite, que só acalmou quando deitou na pia geladinha do lavabo ― reparei agora nessa fixação por lavabos (2010 e 2023). rs


A longevidade tem sabor de brigadeiro, mas às vezes cobra seu preço em jiló.


*Novelinha: Conheça a história da Chocolate

Outros aniversários: 2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

8.2.24

Intrú ganhou madrinhas e um chalé!

Ele tem até chaminé ― eu escreveria, se este post fosse um livro infantil. Mas, como se trata de vida real, preciso confessar que nosso pedido por madrinhas não conseguiu furar a bolha. Sorte minha poder contar com a comunidade maravilhosa de apoiadores do Gatoca, que apertou um tico mais para incluir o Intrú nas contas do mês.


Em janeiro de 2024, nascia Intrusoca, nosso grupo-amor no WhatsApp, com Telhado da Fama em agradecimento! Alice, Samanta, Renata, Vanessa, Paula, Elaigne, Bárbara, Melissa, Reginas, Solimar, Lorena, Michele, Adrina, Fernanda, Roberta, Viviane, Liliane, Neide, Glaucia, vocês sabem o valor dessa rede, né? E seja bem-vinda, Elisa Serikawa! 💙


A casinha, que eu já havia comprado porque o toldo não estava dando conta dos temporais, virou a primeira empreitada coletiva, pois só chegou depois. E o frajola surpreendeu todo mundo entrando assim que desembrulhamos! Escolhi um modelo desencaixável porque, se a criatura desconfiada não acostumasse com ela fechada, ao menos salvaria a parte debaixo.


Ainda paguei pelo tamanho de cachorro de porte médio! 😂


Para facilitar a adaptação, inventei a configuração "teto solar" ― Leo tentou convencê-lo a testar o formato original, logo no primeiro dia, e tomou uma mordida.


Intrú prefere criar livremente.



Mas, quando choveu feio, acabou cedendo ― mentira! Primeiro ele esgoelou, profundamente indignado.



Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas!

2.2.24

Artista mostra como os gatos enxergam!

Eu já falei sobre a visão dos bichanos na série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy. Mas o artista digital Nickolay Lamm mostrou como eles efetivamente enxergam usando fotografias editadas. O projeto What do Cats See? contou com a orientação de biólogos e veterinários, e eu fiquei sabendo dele pelo canal espanhol Mascotas y Familias Felices.

O que vocês imaginam que a Chocolate estava vendo quando olhava para mim?


Campo visual

A visão panorâmica dos peludos é maior que a nossa (200 graus contra 180), por isso as imagens que simulam nosso olhar têm uma tarjinha preta nas pontas ― nas laterais eles enxergam 30 graus, contra os nossos 20.


Visão noturna

Como os gatos possuem mais bastonetes, que capturam a luz com mais eficiência, também veem melhor no escuro ― de seis a oito vezes, em comparação ao ser humano.




Em plena luz do dia, por outro lado, ficam saturados, como se o mundo fosse um filme esbranquiçado.


Foco

A predominância dos bastonetes também faz com que os bichanos enxerguem mais embaçado, já que a nitidez é de responsabilidade dos cones, que eles têm em menor quantidade. No geral, nós conseguimos ver imagens bem-focadas a uma distância máxima de 30 a 60 metros, enquanto para os peludos essa distância se reduz a 6 metros.


Cor

Os cones respondem, ainda, pela captação das cores, portanto, outra vantagem nossa, que contamos com uma paleta não só mais variada como vívida. Os gatos são considerados dicromáticos, distinguindo comprimentos de onda de 450 a 454 nanômetros (azul-violeta) e de 550 a 561 nanômetros (amarelo-verde), e não enxergam vermelho. Há estudos, porém, que dizem que o verde para eles fica mais brilhante.




Movimento

Deixei o mais curioso para o final: os peludos veem em câmera lenta! Isso não significa mais devagar, mas, sim, que percebem coisas que nos passam batido, porque se movem muito rápido, como o bater de asas do beija-flor ― habilidade muito útil quando se lida com pequenos animais que mudam de direção rapidamente durante uma perseguição.

Esse poder, no entanto, vem com uma fraqueza associada: aos seus olhos, objetos que se movem muito lentamente parecem parados ― nós temos a capacidade enxergar velocidades dez vezes mais lentas do que nossos amigos.