27.2.20

Exclusivo: o final feliz da cachorra que mobilizou a internet!

Pela primeira vez em 12 anos, eu chegaria no horário para almoçar com a Rosa e o Casé — lembrando que eles ainda moram em Santo André e Sorocaba fica à 132 quilômetros de distância. A pizzada vegana foi marcada à tarde justamente para encaixar entre as medicações dos bigodes. Eis que vejo um cachorro de peitoral vermelho cruzar a Bandeirantes na frente dos carros e faço Leo frear instantaneamente, antes de chegar no nosso.

Desço, sem lenço nem documento, abro os braços para impedir uma tragédia e a criatura passa como uma bala. O que os motoristas presenciaram na sequência foi uma desajustada ziguezagueando entre os caminhões, agitando as mãos para o alto e pedindo para pararem, enquanto o animal diminuía no horizonte. E a cena se repetiu quando ele resolveu correr o mesmo percurso de volta e subir a Alberto Willo, em direção a Moema.


No cruzamento do final da ladeira, a asma e eu estancamos, indecisas para onde continuar. E Bruno e Rafael, que estavam indo almoçar na Castelo Branco, caminho inverso do nosso original, ofereceram a milagrosa carona — que nem por meio segundo cogitei recusar, enquanto eles consideravam a hipótese de os meus 48 quilos integrarem uma quadrilha.


Até a Miosótis, Com Bruno dirigindo feito ambulância e espalhando nossos contatos de boteco a PM, as pistas dos moradores seguiam quentes. Já na Praça da Árvore, quase 40 minutos depois do início da perseguição, ninguém mais tinha visto o bicho. Pedi, então, o celular emprestado do Rafael para avisar que estava viva, ligando para o meu próprio telefone, único que sei de cor, e Leo me resgatou no metrô.

Inconformada, na continuação do trajeto a Santo André, publiquei um post no Facebook, que alcançou 194 compartilhamentos. Mas foi pelo Instagram que Cristine Busch indicou o grupo "Cachorro Perdido em SP, capital", onde encontrei este cartaz, já de volta a Sorocaba, divulgado apenas 53 minutos antes — e com uma única curtida, no fim do feed:


O maratonista era uma cachorra! Telefonei para a Camila na hora, dividi a experiência do Gatoca com fugas, publiquei um texto caprichado no mesmo grupo do Facebook, que alcançou mais 222 compartilhamentos, e de tempos em tempos curtia cada um deles para que Nina ficasse sempre visível. Domingo virou quarta-feira de cinzas.

Às 14h45, depois de três insônias e duas gastrites, chegou a tão esperada notícia: a bichinha havia entrado no quintal de uma casa no Planalto Paulista (!), exausta, e a família a reconheceu pelos nossos apelos nas redes sociais! Camila, com quem eu conversei durante todo esse período, a estava hospedando para que Ana Paula, a verdadeira tutora, curtisse o carnaval em Natal. E é claro que a coitada bateu no aeroporto e pegou o avião de volta.

O vídeo do reencontro das duas emociona até paralelepípedo:


Mas tinha mais! A história de adoção da Nina fez valer cada minuto do esforço coletivo para recuperá-la:

Eu me mudei para São Paulo em janeiro, mas trouxe a Nina não faz nem duas semanas. Ela estava ficando na casa da minha mãe, em Minas mesmo. Vim para trabalhar, sou engenheira. Nina deu cria na rua da casa em que eu morava, há uns quatro anos, de seis filhotinhos. A menina que morava comigo encontrou-os no meio do mato, mas ninguém conseguia chegar perto, porque ela é muito medrosa. Saía correndo toda vez. Você viu como ela corre! É assim com todo mundo, traumatizada.

Essa menina e eu resolvemos levar os filhotes para casa, contra a vontade das outras, que moravam com a gente. Coloquei, então, todo mundo na garagem, deixei o portão aberto e, quando a Nina entrou para ficar junto, fechei. E foi assim que a resgatei. Doei os filhotes e acabei adotando-a porque ninguém iria querer uma cachorra tão medrosa, que não gosta nem de carinho.

Paguei consulta com adestradores, tratei o medo dela com medicação. Comigo ela é quase uma cachorra normal. Das outras pessoas, não chega nem perto. Acho que nem era cachorra de rua, porque eles geralmente são carentes, acostumados com pessoas ao redor. Acredito que ela tinha um dono e era maltratada para sentir esse medo gigante de humanos.

Por isso fiquei desesperada quando ela fugiu. Ela tem muito medo de carros, de barulho, de sombras até. Imagino o desespero em ficar perdida nas ruas movimentadas de São Paulo. Disse para minha mãe hoje que isso me fez ver quanta gente boa ainda existe neste mundo!

Muita gente se dispôs a ajudar, muita gente se preocupou — claro que encontrei também pessoas que me desanimavam, que falavam que ela devia estar morta, que riam quando eu confessava meu desespero.

O amor da Nina é o mais puro que já conheci, porque ela me ama sem querer nem ao menos um carinho.



Por isso eu insisto, há quase 13 anos, no poder que a gente tem juntos! E que cada ação importa, mesmo uma curtida em redes sociais. Na semana que vem, aliás, compartilharei as dicas de seis experiências bem-sucedidas para recuperar cachorros e gatos perdidos — ou tutores. rs

Seguimos coladinhos? ❤️

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26.2.20

Carnaval de Cinzas: Bloco dos Enfermos

Hoje é dia de ressaca para quem pulou e bebeu o feriado. E de começar a quaresma para os cristãos, que em algum momento abrirão mão da carne para se empanturrar de bacalhau. Eu, que não tenho religião, sou vegana e curti o Carnaval cuidando de cinco gatos doentes, só quero que pare de chover para voltar a abrir as janelas.

Pufosa andou dando umas vomitadas e retomamos a medicação para a doença renal. Pipoca, também renal, parou de comer de novo e, além do remédio, recebeu reforços de patê na seringa. A alergia persistente da Pimenta seguiu acrescentado novas cores e texturas às paredes da casa. Clara vira e mexe encrenca com o carcinoma e passou boa parte do tempo de colar elisabetano.

A novidade foi o abscesso do Mercv. Mais especificamente na glândula ad-anal, do lado esquerdo. O excesso de lambedura na região, para um gato não muito asseado, chamou a atenção e a quantidade de pus que saiu do buraquinho deveria demandar duas bundas. Agora, ele está jururu, com febre e depilado.

Os apoiadores acabaram de receber "Carnaval em Gatoca", aliás, a superproducinha tragicômica de fevereiro. E em março vai rolar o segundo encontro virtual — sugiram datas! Para ajudar o projeto a crescer, ganhar recompensas e transformar vidas (humanas e animais), basta clicar aqui. Todo realzinho faz diferença! Estou animada para começar a série nova — faltam só 12%! :)))


Guda revezando a enfermagem comigo

21.2.20

Vocês salvaram meu carnaval!

Toda vez que as coisas começam a dar errado em cadeia, eu leio os comentários de vocês, vejo os nomes no Catarse, lembro das vidas transformadas. Quando a humanidade parece inviável, vocês me provam o contrário. E eu persevero. A cada piora na insuficiência renal da Pipoca, no carcinoma da Clara ou na alergia da Pimenta, encontro aqui acolhimento — de desconhecidos-amigos. 💜

Neste feriado de carnaval, confesso que não estava muito para confetes e serpentinas. Mas a Amanda Midori apoiou o Gatoca de Londrina, no Paraná, e a Karine de Cabedelo, na Paraíba. Teve ainda a Fabiana Ribeiro, aqui de Sorocaba, dona do primeiro "cat café" do Brasil, o Café com Gato, que a gente visitou antes mesmo de se mudar. E Pufosa entrou no gramado para agradecer!


Obrigada também Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo...

...Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Roberta Roque Baradel, Rosana Rios, Lilian Gladys de Carvalho, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças e Lorena da Fonseca, por não deixarem o pandeiro cair!

Para quem está chegando no bloguinho agora, o Gatoca resiste, educando, conscientizando e mobilizando corações pelos animais em tempos sombrios, graças a um financiamento continuado. É possível contribuir com qualquer valor e ainda ganhar recompensas! — assinaturas a partir de R$ 15, por exemplo, dão acesso ao nosso "netflix", com vídeos exclusivos (já vai sair o de fevereiro!).

Despioradores de mundo, uni-vos!

20.2.20

Bebedouro para gato que não toma água!

Há seis anos, eu descobri o milagre do Gatolino, o único bebedouro elétrico que os bigodes se dignaram a usar. E eles são queridinhos até hoje em Gatoca. Mas, como toda casa sempre tem um espírito de porco, Clara prefere chacoalhar o potinho manual para tomar água em movimento — e essa água vai escorrendo pelo chão até encontrar o pé da cama, onde se transforma em ferrugem.

Na Black Friday do ano passado, vocês já vão entender a demora do post, Taciane Ribeiro compartilhou um modelo de bebedouro gringo, que eu jamais compraria, pela metade do preço e resolvi arriscar — meu surto capitalista se resumiu a ele e um livro para as enteadas (e existe gente que diz que filho precisa sair da barriga).

Primeiro, o produto chegou com peças faltando. Depois, eu fui à loja para trocar e esqueci a caixa na sala. Aí, o carro ficou um mês no funileiro porque, não contei aqui, conseguiram bater em mim parada. Vencidos os contratempos, bebedouro funcionando a toda eletricidade, os bigodes se dividiram, então, em dois grupos:

Os que sentiam medo do presente e os que o encaravam com desprezo — os apoiadores do projeto receberam os registros de "Autoestima em Xeque", a superproducinha de janeiro. rs


Eu estava quase desistindo de reabastecer o trambolho quando vi Mercv finalmente esfregando a língua no chuveirinho — e foi exatamente essa dinâmica que duvidei que funcionaria. Depois dele, veio Pipoca, a lavadora de patas. E até Clara se rendeu à modernidade!

Ficam, portanto, três lições: algum modelo agradará seu gato, mesmo que você já tenha tentado vários. Bichanos possuem um tempo próprio, persista. E, o disco quebrado (ainda dá para usar essa gíria?), mantê-los hidratados é essencial para evitar problemas renais, já que a umidade da ração não passa de 10%, enquanto o corpo da presa que eles caçariam na natureza concentra 70% de água — infos importantes no pé do post.




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14.2.20

Aniversariante do mês – fevereiro de 2020

No Valentine’s Day, o Dia dos Namorados gringo, os casais trocam bombons, flores, perfumes. Eu ganhei uma gata! E nem foi do namorado. Tentei entregá-la no pet shop onde adotei a Clara, mas é claro que, na minha vez, não tinha vaga. Isso faz 13 anos! Chocolate* ostentava a maior parte do nariz rosa. E, conforme o gênio se pôs a encardir, o coração marrom ganhou forma.

O amor é assim: usa delicadezas para te convencer a abraçar o estranho do outro.


*Novelinha: conheça a história da Chocolate

Outros aniversários: 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

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12.2.20

Diarreia em gatos: o que fazer?

Guda está com diarreia e eu achei que era um bom gancho para escrever este post. Foi só abrir o editor de texto, aliás, que ela entrou no banheiro para o registro fotográfico — quando a gente escolhe o caminho certo, o Universo conspira! rs

A primeira coisa que se deve fazer é observar se a diarreia persiste. Casos isolados costumam se resolver sozinhos, já os recorrentes precisam de investigação. E o veterinário certamente perguntará coisas como consistência, quantidade e cor, então vale fotografar — eu tenho uma coleção de cocôs no computador!

Além do aspecto pastoso ou líquido, as fezes podem conter muco (uma espécie de catarro), sangue escuro (do estômago ou começo do intestino) ou vivo (aquele vermelhão, do final do intestino). E o animal tende a dar outras pistas do problema. Entre os principais sinais estão: apatia, cansaço, perda de apetite e peso, flatulência, urgência ou esforço para defecar, febre, dor, vômitos.

Mas o que causa diarreia? Basicamente tudo! Estresse, medicamentos, mudança na dieta, alergia ou intolerância alimentar, ingestão de porcarias e substâncias ou plantas tóxicas, infecções bacterianas ou virais, vermes e protozoários, câncer e tumores no trato digestivo, inflamação no intestino, doenças autoimunes e hepáticas.

O quadro atual da Guda se deve à insuficiência renal. E Pipoca protagonizou as piores diarreias da casa em 2014, com uma colite provocada por ingestão de cândida — novatos, cliquem no link antes de me xingar. O tratamento varia de acordo com a enfermidade e o histórico do peludo. Mas é essencial mantê-lo hidratado, sob risco de morte.

Como as redes sociais sabotam o alcance de conteúdo que envolve grana, vou reforçar aqui que o Gatoca está em campanha para estrar uma série nova, com dicas e curiosidades (ilustradas!) da bíblia "O Encantador de Gatos", escrita por Jackson Galaxy e Mikel Delgado, especialistas em comportamento felino. Vejam os detalhes e as recompensas novas!

Apoiem projetos independentes de mundo melhor! ❤️


Guda fazendo projeções sobre o cenário político e econômico do país

7.2.20

Série nova: dicas do livro "O Encantador de Gatos"

Leo me deu essa bíblia dos gateiros no ano passado e eu, que achava que não tinha mais muita coisa a aprender sobre o assunto, me vi rabiscando e fazendo orelhas no pobre livro como criança em oficina de artes. Em "O Encantador de Gatos", Jackson Galaxy e Mikel Delgado, especialistas em comportamento felino, explicam de forma didática e divertida como entender a natureza dos bichanos para resolver tanto problemas simples quanto mais complexos.


Como nossa vida bandida é corrida, quero poupar o trabalho de vocês de ler as quase 400 páginas, compartilhando aqui no Gatoca uma seleção das informações mais importantes e curiosas, com fotos e, talvez, vídeos dos bigodes para ilustrar. Para conseguir produzir esse conteúdo mensalmente, tem meta nova no Catarse, nosso financiamento continuado!

Se a gente alcançar até o fim do mês, já publico o primeiro post no comecinho de março. Assinaturas acima de R$ 15 ainda dão acesso ao "netflix" do projeto, com superproducinhas exclusivas. Os detalhes todos estão aqui. Divulguem a campanha em suas redes sociais para que bípedes e quadrúpedes vivam cada vez mais em harmonia — missão do Gatoca há 12 anos e meio. ❤️

6.2.20

Quando os gatos te levam à tabacaria

— Tudo bem, moço? Vocês vendem aquele limpador de cachimbo peludinho?
— Para fazer o boneco do Toy Story?
— Oi?
— O Garfinho, do Toy Story 4! As mães estão procurando bastante.
— E eu tenho cara de quem faz bonequinho com criança? É para limpar o bebedouro dos gatos.




O conteúdo do Gatoca é financiado por gente que acredita que o mundo pode ser melhor — e merece dar risada de vez em quando. Quer fazer parte da transformação? www.catarse.me/apoiegatoca