28.11.14

Etiqueta ao bebedouro

Jujuba Pascolato ensina como tomar água com requinte e sofisticação.



P.S.: Os gatos bebem água com a pata para não encostar os bigodes no pote, sabiam? É que eles são cheios de terminações nervosas, que servem para identificar se o bichano consegue caber em determinado lugar ou como estão as condições do ar para caçar aquele insetinho barulhento. Melhor optar pela tigela tamanho GG, de cachorro.

27.11.14

Chove, dos dois lados da janela

Há 11 anos, a tristeza me pega na curva. Eu acho que vai ser um dia normal e ensopo o tapete de ioga. Ou a cabeça do Mercv. Ou o peito do Leo. Com ela (a dona do sorriso da foto, não a tristeza herdada), muita coisa teria sido mais fácil. E muita coisa não existiria ― como este blog. Mas saudade de mãe não brinca em gangorras de prós e contras. Não bate ponto com intervalo para almoço. Não se preocupa com o que os outros vão pensar.

E hoje eu senti. Sempre pressa. Sem peso.

26.11.14

Água sanitária e animais não combinam

Aposto que a maioria de vocês já ouviu uma história trágica envolvendo água sanitária (ou cândida, alvejante, lixívia, hipoclorito de sódio) e bicho de estimação ― eu vivi uma, sem ter culpa. Quando ingerida, ela pode causar insuficiência respiratória, lesões no esôfago e no estômago, parada cardiorrespiratória e até morte. O que quase ninguém sabe é que basta inalar o produto repetidamente para se intoxicar.

E olha que o focinho dos peludos dá um pau no nosso! Na sequência de fotos abaixo, Guda está "viajando" porque sentiu o cheiro das três gotas de água sanitária que eu misturei ao sabão em pó para lavar um pano de prato encardido. Esse comportamento, com esfregadas e roladinhas, equivale ao êxtase do catnip, só que nada inofensivo. Na dúvida, melhor usar outra coisa. E aproveitem para pendurar na geladeira nosso post sobre primeiros socorros. ;)

25.11.14

A arte imita a vida

Nas telas de Gatoca, também existe desigualdade. Bigodes que acumulam brinquedinhos, que roubam comida dos amigos, que não dividem cafuné (muito menos colo), que se recusam a usar o banheiro comunitário, que se esparramam no almofadão com vista para a fonte d'água, enquanto o resto da família mora espremida na periferia.

24.11.14

O segredo do Gatoca

Em 2000, eu larguei o emprego concursado de bancária para realizar o sonho de ser jornalista ― com 9 anos, brincava de apresentar o Jornal Nacional no Polo Norte. Fui escolhida para trabalhar no Terra, época da bolha da internet, pelo texto, porque sequer sabia abrir dois navegadores ao mesmo tempo. "Aprendi" em uma semana a programar, tratar imagens, fazer upload no Cumbuco, o servidor de Porto Alegre. E chorava toda noite no Urubupungá.

Quando a Dani Bertocchi voltou de férias, marcou uma reunião para conversar sobre meu desempenho, segurando uma folha repleta de rabiscos. O coração foi encolhendo a cada comentário. Só me restava pedir demissão ― a empresa merecia alguém que soubesse fazer o serviço. Surpresa, ela me deu este mantra vitalício: "Estou te criticando porque você é boa e pode melhorar. Senão, não perdia meu tempo".

Os anos passaram. E eu segui aprendendo na marra a atuar com periferia em ONG, a entender as leitoras da classe C, a revisar revista de madrugada, a blogar sobre animais, a assentar tijolos, a dizer "não". Era boa e podia sempre melhorar. Quatorze calendários novos depois, Dani me convidou para uma nova parceria. A primeira vez que me pagam para postar no Facebook. :)

Eu levei quatro horas para escolher as dez matérias (trata-se do maior portal feminino do país!), escrever os textinhos e caçar as imagens nos bancos. Precisava fazer bonito. E fiz. Mas sei que ainda posso melhorar.

21.11.14

Unidos por um bisturi - capítulo 4

O que Nenê, Simba, Sansão, Tom e Maru têm em comum ― além dos bigodes e de morarem em bairros humildes? Eles deixaram de multiplicar o sofrimento nas ruas. Por causa do projeto Um Post por Dia para Salvar Vidas (e da Natali Souza :*), a Gatto de Botas doou cinco castrações ao Gatoca, feitas com anestesia inalatória.


O atendimento dos bichanos, aliás, foi inteiro VIP (ou seria VIC?). Quando a tigradinha começou a se debater na caixa de transporte, as meninas lhe arrumaram um quarto na internação com cafunés. E eu devolvi a moça de antibiótico comprado, para os R$ 37 não saírem das necessidades básicas ― nem o pós-operatório terminar em tragédia.


Tata adotou o primeiro gato do meu bairro, para caçar ratos. E se apaixonou. Os vizinhos gostaram da ideia e acabaram amolecendo também. As esquinas do mundo escondem histórias incríveis. E pessoas também.

*fim*

Capítulo anterior: Unidos por um bisturi – parte 3

20.11.14

Unidos por um bisturi - capítulo 3

Existe gente que troca presente mesmo tendo servido, que repassa para outra pessoa sem nem tirar da embalagem, que esquece o embrulho de fita colorida no bar. E existe gente que não se importa se o "presente" for uma vida. Dona Maria acabou sobrando com o Tom porque a neta não quis mais o brinquedo ― nem só para preparar bolos e contar histórias servem as avós.


E já tinha resgatado o Maru, abandonado no lixo (sempre dá para piorar, né?). Quem me colocou em contato com a humana e os bichanos, que moram em um bairro igualmente pobre de Santo André, foi a Carol, mãe do Ganglere. Enquanto a gente conversava, eu não fazia ideia de que os animais adotados é que haviam salvo sua tutora de um câncer de mama.

*continua*


Capítulo anterior: Unidos por um bisturi – parte 2

19.11.14

Unidos por um bisturi - capítulo 2

Simba não é amarelo. E de leão também não tem nada. Diferente da maioria dos gatos aqui do bairro, não quer saber de sair de casa. Passa a maior parte do tempo meditando na fruteira de três prateleiras, prática que destoa de sua forma esbelta. Foi presente do namorado da Renata, mãe da Nenê, para Tata, sua tia. As duas moram no mesmo terreno, com outra parente. Eu sempre confundo as campainhas.


Sansão não puxou o irmão adotivo. Adora uma rua. E uma boa briga. Vira e mexe aparece com a cabeça machucada e unhas enfiadas pelo corpo. Certa vez, tomou uma paulada de gente que quase encerrou sua carreira. Tata não tinha dinheiro para levá-lo ao veterinário e tratou o estrago quase que xamanicamente. A história do peludo começou em Ribeirão Pires, quando sua mãe resolveu dar cria dentro do carro da família.

*continua*


Capítulo anterior: Unidos por um bisturi - parte 1

18.11.14

Unidos por um bisturi - capítulo 1

Antes de completar 4 meses, Julie virou Nenê. E engravidou (mas isso a gente ainda não sabe). Renata, apesar de já ter tido um gato assassinado pelos vizinhos, alega ser impossível prender a tigradinha em casa. E só não ficou sem ela também porque um casal que trocou a privacidade do cinema para namorar na rua de madrugada me avisou sobre a existência da tutora ― eu contei a primeira parte dessa história, lembram?

Nenê consegue superar o Sparky e o Lázaro em grudice. Saiu do terreno em obras aqui do bairro para fazer uma sucessão de poses engraçadas no meu colo, enquanto ronronava como se estivesse dentro de um megafone. E não custou a arrancar um sorriso do policial à paisana que tomava conta do trator ― sim, há pessoas que roubam tratores.

*continua*

17.11.14

Dexter, um milagre e duas rosquinhas para viagem

O cenário era de sacrifício animal: sangue esguichado ao lado do arranhador, portas respingadas, borrões vermelhos espalhados por toda a sala. Mas os bigodes me receberam animados e limparam os potes de café da manhã. Com o coração na boca, eu olhei cada pata, cada orelha, cada nariz, cada rabo, cada caixa de areia. Nenhum sinal de tragédia, exceto pela cabeça do Simba, que ostentava outra daquelas feridinhas que levaram dez caixas de remédio para desaparecer.

Em vez de continuar tratando a infecção de pele bacteriana, Dr. N. preferiu investir no corticoide, para levantar a imunidade. E receitou uma pomada humana antifúngica e anti-inflamatória, porque pegaria mal prescrever um Pai-Nosso e três Ave-Marias. Eu aproveitei e pedi um check-up do loiro, incluindo hemograma e função renal, pois 11 anos merecem ― e no R&K a gente ganha 30% de desconto.

Ele voltou para casa do avesso e Gatoca agora tem mais um mistério sanguinolento insolúvel.

14.11.14

Despedida sem abraço

Cinco pessoas sabem o número do meu telefone fixo. Quando ele toca, o coração vem à boca. Hoje, a profecia se confirmou: meu avô morreu. Seu Domenico sempre foi um cara duro, de poucos afagos ― nós nem temos fotos juntos. Brigava com meu pai de voz grave, obrigava minha avó a cozinhar banquetes com ingredientes em promoção, ceava antes de todo mundo no Natal, trocava os canais da TV até não sobrar ninguém na sala.

Na única visita que me fez, ainda na casa antiga, contou, rodeado pelos bigodes, que seu avô serviu o gato da família no almoço e depois apareceu com a cabeça, para o horror das crianças. Sensibilidade não era seu forte. Quando chegou minha vez de retribuir, na UTI, de barba por fazer, ossos à mostra e sem o sorriso de resina, não o reconheci. A fortaleza impenetrável havia virado fragilidade. Não se mexia, não falava, respirava por fios, mas chorou assim que toquei seu peito.

Uma lágrima comprida, sem começo nem fim. Pedido de desculpas e vale-afeto. Para uma próxima vez.


Registro querido do primo Rafael Levi

13.11.14

7 perguntas e respostas sobre prisão de ventre

Cães e gatos também ficam com o intestino preso ― e não só por ansiedade, estresse ou depressão. Saiba o que fazer para dar uma forcinha

1. O que causa prisão de ventre?
Há várias explicações para que o animal tenha dificuldade de evacuar. Bigodes e focinhos são capazes de engolir coisas que a gente nem imagina, como pedras, chupetas, bolinhas de borracha, prendedores de roupas e partes de brinquedos. Esses objetos podem obstruir o intestino, assim como as clássicas bolas de pelos e até alguns tipos de medicamentos. Existe ainda o risco de as fezes grudarem na região anal de um bicho mais peludo, formando um "tampão" que impedirá futuras idas ao banheiro. Mas a principal vilã da prisão de ventre é a alimentação inadequada.

2. Como identificar os sintomas?
Um animal com dor ou cólica intestinal certamente se comportará de forma diferente, deixando claro que tem algo errado. Se ele tentar fazer cocô sem sucesso, a suspeita de prisão de ventre estará confirmada.

3. Há risco de morte?
Nos casos mais graves, sim. Se um objeto perfura a parede do intestino, por exemplo, causará uma infecção generalizada na barriga, matando em pouco tempo.

4. Qual é o tratamento mais adequado?
Algumas vezes, um simples laxante dá conta do recado. Outras, necessita-se de remédio para dissipar os gases. Há situações que só a cirurgia resolve.

5. Existem soluções caseiras?
Mel, mamão, aveia, azeite, óleo mineral, chá e outros alimentos que soltam o intestino de crianças também podem ser usados com cães e gatos.

6. Como evitar?
Oferecendo uma dieta equilibrada de fibras, proteínas, gorduras e carboidratos. É por isso que muita gente opta pelas boas marcas de ração. Elas concentram tudo o que os peludos precisam e na quantidade certa, poupando a barriga dos donos de passar horas no fogão.

7. Quantas vezes por dia o animal deve evacuar?
Depende da qualidade do alimento ― alguns bichos fazem até quatro cocôs por dia! Quanto mais ruinzinha for a ração, mais eles terão de comer para se sentirem saciados. E maior será o volume de fezes.

FONTE: Nivaldo Albolea, veterinário


* Texto escrito para a revista AnaMaria, da Editora Abril.

12.11.14

Bailado jornalístico

Trabalhar com gatos é aprender a valsar. Você desliza a cadeira para um lado, eles acompanham. Desliza para o outro, eles se reposicionam. E, na frente do monitor, sempre tem um rabo, corpo, cabeça. As criaturas ainda conseguem dormir assim, só para não abandonar o salão.

11.11.14

Um é pouco, dois é bom, dez vira Gatoca

― Qual é o coletivo de gato?
― Gangue.

Eu amo os bigodes ― mesmo com suas arisquices, as roupas empesteadas de pelo, os remédios para alergia na cabeceira da cama, as viagens escassas. Mas não canso de repetir aos adotantes corações de pudim: bichanos não gostam de viver em grandes grupos. Em algum momento, que a gente nunca consegue dizer exatamente qual, surgirão as brigas e os xixis fora da caixa.

Se eu soubesse disso há sete anos, teria dado à Guda e suas filhotas a oportunidade de ganhar uma atenção mais exclusiva. E, talvez, elas não se tornassem bichos do mato. Chocolate, aliás, adoraria se esticar em um sofá só dela, para reclamar da novela com uma turma de velhinhas aposentadas. E o apertamento ainda continuaria animado com Mercv, Clara e Simba.

Acontece que agora nós já viramos aquelas famílias de comédia romântica, com uma coleção de lágrimas, suspiros e gargalhadas no roteiro. E eu não imagino minha vida com tanto espaço vazio entre os pés.

10.11.14

Purê de batata especial

Ingredientes:
- 6 batatas médias
- 1 tico de leite de soja
- 1 colher caprichada de margarina vegetal
- Sal a gosto

Modo de preparo:
Cozinhe as batatas até ficarem macias. Descasque-as ainda quentes, sem queimar as mãos, e amasse bem. Observe seu gato sem noção pular na pia com o pé dentro do prato e sair correndo assustado. Certifique-se de que o tempero especial segue em segredo, coloque as batatas em uma panela e leve ao fogo (baixo), acrescentando o leite, a margarina, o sal.

7.11.14

Ressignificação de objetos

Se tem algo que os bigodes fazem melhor do que comer e dormir, é descobrir novos usos para objetos da casa ― priorizando o conforto e a comodidade, claro. Vocês já pararam para pensar, por exemplo, que...

Um pedaço de mesa e um cone de segurança embrulhado em sisal viram um excelente mirante?


O mouse tem a anatomia perfeita para aquele banho relaxante?


A acústica do banheiro convida a refletir sobre a vida?


O escorredor de louça pode embalar uma comprida noite de sono?


Obs.: Vejam também as 15 maneiras de armazenar e organizar bichanos, post de 2010 que continua atualíssimo.

6.11.14

O tempo do amor

A pergunta que mais me fazem aqui no blog é se vai demorar para o gato recém-adotado se acostumar com a nova família, a casa diferente ou o amigo peludo ― os comentários do post sobre adaptação não me deixam mentir. E muita gente se frustra quando eu respondo que pode levar três dias, uma semana, dois meses, dependendo do animal.

Eles não imaginam que a Pipoca só se deixou tocar aos 5 anos, quando chegou muito perto de morrer. E que eu esperei sete anos para ter a Chocolate enrodilhada assim no colo.


Uma dobradinha de Pipoca e Chocolate fora dos quiosques gourmet, então, era impensável.


E o que dizer das Gudinhas, que cresceram aqui e ainda se assustam quando nós caminhamos em sua direção? Jujuba, a mais arisca, está aprendendo agora a ganhar carinho-playcenter ― aquele em que a criatura passa correndo, com um misto de medo e prazer, e volta para o fim da fila.


O fato é que cada coração tem seu ponto de ebulição. Basta respeitar.

5.11.14

Verdades universais

1) Não importa quanto você gaste com caminhas e brinquedinhos de pet shop, os bigodes vão preferir o lixo reciclável ― com destaque especial às caixas de papelão e bolinhas de papel.

2) Em todas as espécies, sempre tem um parente folgado, que fica com a melhor parte do beliche e ainda espalha a perna para o seu lado.

3) Gatos saem bem na foto até fazendo cara feia.


Obs.: Nestes links (1 e 2), há um monte de dicas bacanas para entreter bichanos, cachorros e filhotes, sem colocar a mão no bolso. ;)

4.11.14

Superação

Chocolate fez coaching. Descobriu emoções que bloqueavam seu crescimento gatal, mapeou resistências e crenças limitantes, mudou padrões repetidos inconscientemente por gerações e gerações felinas, aprendeu a iluminar seus cantos escuros. É a única peluda de Gatoca que chega perto do aspirador de pó. E rola sobre seus medos.

3.11.14

Vômitos ornamentais

O fim do papel higiênico define a data da próxima compra de supermercado aqui em casa ― pode acabar o arroz, o sabonete, os produtos de limpeza, mas nunca o papel higiênico. E justamente quando os rolos estão contados, os bigodes decidem organizar um torneio de vômitos. O campeão dessa vez foi o que começou na janela, escorreu pela parede, caiu na mesa de jantar e terminou no chão. Nenhum peludo apareceu para retirar a medalha.


Simba, modelo e ator de Gatoca, porque vocês não iam querer os vômitos, né?


Update: com o calor, as bolas de pelos se multiplicam e costumam provocar mais vômitos. Vejam como minimizar os estragos.