As duas mães e oito bebês viraram três mães e nove bebês. Mais a Pretinha para passar em consulta (história que já contei aqui). E, às 22h, nós rastejávamos pela casa da vizinha para resgatar um filhote fugitivo sob a máquina de lavar. Fracassadamente.
Deitei esgotada e logo acordei com a ligação da Karol: Mel havia esfolado o rosto inteiro na grade da caixa. Ela foi boazinha e omitiu a informação de que os bichanos tinham feito xixi e cocô até nas janelinhas. E que a vizinha não conseguira pegar o fugitivo, alegando ataques impiedosos. Seguimos para Santo André com o carro aromatizado e o grupo desfalcado.
Conforme o Dr. Rodrigo ia operando os peludos, eu lavava as caixas meladas no fundo da clínica.
A Mel esfreguei no banho e tosa ― não dava para devolver a coitada assim, né?
Marcela, estudante de veterinária, deu uma superajuda.
E Bruna, bombeiro (!), foi nos instruindo ― ela cursou o técnico em veterinária e trabalha no banho e tosa aos sábados para aumentar a renda.
Com o incêndio apagado, retornamos a São Bernardo para buscar o Napoleão ― lembram do cachorro que quase me levou ao infarto em fevereiro?
Como eu sou brasileira e não desisto nunca, toquei a campainha da vizinha da Karol de novo, segurando uma lata de sardinha (pet shop de favela não vende sachê). A peste do filhote se escondeu nos entulhos do corredor, me fazendo pensar antes de cada objeto levantado: "Gato, rato ou barata?". E, dez minutos de buscas depois, voltou para a máquina de lavar.
Quando o marido, já sem paciência, levantou a dita cuja no muque, segurei o riso. A criatura assassina não media mais do que 10 centímetros. Fêmea, branquelinha, toda encolhida. E ainda soltou um "miu" para mim de cabeça inclinada dentro da caixa de transporte ― claro que, com os dedos oleosos de sardinha, eu não fotografei.
Napoleão precisou ser anestesiado com cambão, depois de morder o Dr. Rodrigo, tentar morder a própria dona e fazer cocôs aéreos pelo consultório.
Da gravidade do quadro da Pretinha vocês já sabem, mas faltou publicar a foto impressionante das gengivas amareladas.
Às 16h, nós conseguimos parar para almoçar. Nunca pensei que pisaria no McTrash´s de novo. Mas, entre as 200 opções da praça de alimentação do shopping, Karol, que sonha ser professora de dança, escolheu o sanduíche de papelão e ficou tão empolgada com o acréscimo de batata e refrigerante que não deu para falar de alimentação saudável ― e olha que meu nhoque custou metade do preço!
No caminho para casa, o Focus parecia um Fusca de palhaço: Karol com Pretinha no colo, Emily com Napoleão, oito bebês na caixa de transporte maior, um temperamental separado e três gatas adultas em caixas individuais.
Dona Ermínia, avó da Karol, não sabia como agradecer. Jane, mãe da Emily, me deu um cartão para trocar o óleo na oficina mecânica em que trabalha, por sua conta. E fez questão de mostrar como o Bebê havia se curado do machucado e das brigas depois da castração na primeira parte do mutirão.
E eu doei à Cida, protetora-diarista da comunidade, todos os vermífugos e antibióticos que sobraram da empreitada, porque assim funciona a corrente do bem. :)
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Eu ainda estou engatinhando nessa vida de protetora de animais, seu blog é uma baita fonte de inspiração! Estou num daqueles dias dificeis - passei o dia inteiro limpando a bagunça que os gatos fizeram, lavando os tapetes que o novo cachorro que resgatei insiste em usar como banheiro, essas coisas. Está tudo uma loucura: o filhote novo brigando com os anciões da casa, enfio o pé em xixi/cocô cada vez que me distraio, a despesa no veterinário deixando a conta ainda mais no vermelho... Bateu um desânimo, sabe? Pedi aos deuses um sinal de que estou fazendo a coisa certa e apareceu seu post na tela do computador. É, agora eu sei que vai ficar tudo bem, tudo isso vale a pena sim! Obrigada!
ResponderExcluirÀs vezes desanima mesmo, Erika. Mas aí a gente recebe uma foto do bigode na casa nova ou um comentário fofo como o seu e tem certeza de que vale a pena. Só não desrespeite seus limites. ;)
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