13.6.25

Um colo que demorou 18 anos!

Pode ter sido a combinação de frio e ausência do montinho felino. Ou carência pelo meu sumiço do escritório por duas semanas. Talvez medo de que a dengue me derrubasse de vez, sem oposição. O fato é que, no dia 29 de maio, coloquei a Jujuba no colo para acolher a miação desorientada, enquanto tomava café, e ela ficou.

Ficou e deitou. Deitou e ronronou. Ronronou e amassou pãozinho. 18 anos depois — a gata da escarificação, que só aprendeu a arte do purrrr aos 13.

Lembrei daquela tirinha do ladrão angustiado com o amanhecer, segurando o saco de dinheiro sem se mexer no sofá para não acordar o gato. Se pudesse escolher um momento para reviver em sequência com a encardida, seria esse, apesar da febre, da dor no corpo, da sopa de canudo. ❤️

11.6.25

Peguei dengue salvando três árvores

Bem no dia em que Leo foi para São Paulo cuidar dos pais, o progresso bateu à porta de Gatoca. Não, não eram bilionários querendo comprar a casinha de contêiner para construir o resort de nossas aposentadorias e, sim, a prefeitura ameaçando derrubar as árvores que a gente aduba desde o ano passado, na esperança de ter abacate e flores, para asfaltar a estrada de terra.

Pensei em chamar de mudas, mas desmereceria o esforço que fiz para tirá-las do chão durante uma manhã inteira, usando cinco modelos diferentes de pá, até despertar a comoção de quatro pessoas, um trator e uma vira-lata caramelo ― se tem alguém aí pensando que plantamos as árvores no meio da rua, vale esclarecer que era a tubulação de esgoto que precisava se enfiar embaixo da nossa "calçada".


Missão comprida cumprida, voltei para o computador, ignorando que o pior desafio ainda estava por vir. Pela primeira vez, nas últimas duas décadas, meu corpo inteiro desandou, enquanto nariz e pulmões continuaram funcionando perfeitamente ― quem tem alergia a gatos, dez gatos e asma vivencia o exato oposto disso. Claro que não podia ser bom sinal.

Com a dor nas costas, ombros e pescoço, veio a febre, sucedida por choques na cabeça e 24 comprimidos de Neosaldina ingeridos feito Confete. Qualquer comida parecia absurdamente salgada. E acho que nunca bebi tanta água no frio ― quem pega uma doença de calor no inverno? A cada duas noites, sonhava que a dengue havia evoluído para a versão grave (ou hemorrágica) e amaldiçoava o ipê, a pata-de-vaca e o abacateiro salvos no meu lugar.


Como desdobramento de um quadro já preocupante, todo o lado direito da cabeça inflamou (ouvido, garganta, mucosas e linfonodos), me obrigando a tomar sopa, aquela já sem sal nenhum, de canudo. A bochecha do lado esquerdo abriu uma lesão que fazia tomate parecer ácido sulfúrico. E a gengiva descolou do dente do fundo, como calça arriada.

Voltei ao hospital, onde havia feito o teste e tomado soro da primeira vez, para sair com uma receita de anti-inflamatório, que, em 0,1% dos casos, faz sangrar o nariz.


Esqueçam o Bial e usem repelente!